“Eu, Beda, servo de
Cristo e sacerdote, e monge do mosteiro de São Pedro e São Paulo, da
Inglaterra, nasci neste país. Aos sete anos, fui levado ao mosteiro para ser
educado pelos monges.
Desde então, passei
toda a minha vida no mosteiro, e me dediquei sobretudo ao estudo da Sagrada
Escritura. Além de cantar e rezar na Igreja, minha maior alegria foi poder
dedicar-me a aprender, a ensinar e a escrever. Aos dezenove anos, recebi o
diaconato e aos trinta, o sacerdócio. Todos os momentos livres eu os dediquei a
buscar explicações da Sagrada Escritura, especialmente extraídas dos escritos
dos santos Padres”.
Além desses dados,
podemos acrescentar ainda, com segurança, que Beda nasceu no ano 672, tendo sido
educado e orientado espiritualmente pelo próprio são Bento Biscop, abade do
mosteiro, que, impressionado com seus dons e inteligência, o tratava como
próprio filho, na cidade de Wearmouth.
Cedo, Beda percebeu
que um sermão podia ser ouvido por apenas algumas pessoas, mas podia ser lido
por milhares delas e por muitos séculos. Por isso ele desejou escrever, e
escreveu muito, sem se cansar, com cuidado e esmero no conteúdo e estilo,
resultando em livros agradáveis de ler, verdadeiras obras literárias, sobre os
mais variados temas, indo do teológico ao intelectual.
Ao todo, foram
sessenta obras sobre teologia, filosofia, cronologia, aritmética, gramática,
astronomia, música e até medicina. Beda gostava de aprender, por isso
pesquisava e estudava; e também de ensinar, por isso escrevia e dava aulas.
Ajudou a formar várias gerações de monges, que, atraídos pela linguagem
simples, encantadora e acessível, eram dirigidos, por meio dessas matérias,
para os ensinamentos de Deus.
O papa Gregório II
chamou-o a Roma, para tê-lo como seu auxiliar, mas Beda implorou para
permanecer na solidão do mosteiro, onde ficou até seus últimos momentos de
vida. Só saiu por poucos dias para estabelecer as bases da Escola de York, na
qual, depois, estudou e se formou o famoso mestre Alcuíno, fundador da primeira
universidade de Paris.
Ainda em vida, era
chamado de “venerável Beda”, ou “Beda, o Venerável”. Morreu com sessenta e três
anos, na paz do seu mosteiro, em Jarrow, Inglaterra, no dia 25 de maio de 735.
Beda, muito doente,
estava traduzindo em anglo-saxão o Evangelho de São João. O copista lhe disse:
“Falta um capítulo.”
Beda ditou-lhe a tradução; logo, disse-lhe o copista:
“Falta uma linha, mas estás muito cansado.”
Beda ditou-lhe a linha; o copista
disse:
“Agora acabou-se.”
“Sim, acabou-se”, disse Beda, e pouco depois morreu.
É belo pensar que morreu traduzindo – quer dizer, cumprindo a menos vaidosa e a
mais abnegada das tarefas literárias – traduzindo do grego, do latim, para o
saxão, que, com o tempo, viria a ser o grande idioma inglês.
Muitos séculos
depois, pelo imensurável serviço prestado à Igreja, o papa Leão XIII, em 1899,
proclamou-o santo e doutor da Igreja. São Beda, é o único santo inglês que
possui o título de doutor da Igreja.
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