Hoje
a Igreja agradece ao seu Senhor, que a abençoa e a imbui de luz com o esplendor da santidade
destes filhos e filhas da China. (...)Nesta plêiade de Mártires
resplandecem também 33 missionários e missionárias, que deixaram a sua terra e
procuraram introduzir-se na realidade chinesa, assumindo com amor as suas
características, no desejo de anunciar Cristo e de servir aquele povo. Os seus
túmulos estão lá, como que a significar a sua definitiva pertença à China, que
eles, apesar dos seus limites humanos, amaram com sinceridade, despendendo por
ela as suas energias. "Nunca fizemos mal a ninguém responde D. Francisco
Fogolla ao governador que se prepara para o golpear com a espada. Ao contrário,
fizemos o bem a muitos".
Papa
João Paulo II – Homilia de Canonização – 01 de outubro de 2000
Luís
Versiglia (1873 – 1930)
Luís Versiglia nasceu em Oliva Gessi, na
província de Pavia, Itália, no dia 5 de junho de 1873. Desde pequeno ajudava na
Missa. O povo já o imaginava como padre, mas Luís não queria ouvir falar disso:
o que ele queria mesmo era ser veterinário. Aos 12 anos, de Dom Bosco ouviu um
dia: “Vem ter comigo, tenho uma coisa para te dizer”. Este encontro
nunca chegou-se a dar, porque Dom Bosco faleceu entretanto. Mas Luís foi
conquistado da mesma maneira e, no fim dos estudos, pediu para “ficar
com Dom Bosco”. Luís ficou muito impressionado com a cerimônia de
entrega do Crucifixo a sete missionários. Decidiu tornar-se salesiano, com a
esperança de partir para as missões.
Obtida a láurea em filosofia, em pouco tempo
se preparou para a ordenação sacerdotal, que ocorreu em 1895. Com apenas 23
anos de idade, Pe. Miguel Rua, sucessor de Dom Bosco, o nomeou mestre dos
noviços em Genzano, Roma, missão que cumpriu com bondade, firmeza e paciência
durante dez anos.
Por insistência do bispo de Macau, em 1906,
seis salesianos chegaram à China, guiados pelo Pe. Versiglia: estavam
realizando reiterada profecia de Dom Bosco. Estabelecida em Macau a “casa mãe”
salesiana, abriu-se também a missão de Heungchow. Pe. Luís animou toda aquela
região com o estilo de Dom Bosco, criando uma banda musical muito apreciada,
orfanatos e oratórios.
Em 1918 os salesianos receberam do Vigário
apostólico de Cantão a missão de Shiuchow. No dia 9 de janeiro de 1921, Pe. Versiglia
foi consagrado bispo. Sábio, incansável e pobre, viajava continuamente para
visitar e animar os irmãos e cristãos daquela região. Sua chegada era uma festa
para os povoados, sobretudo para as crianças. Foi um verdadeiro pastor,
dedicado por inteiro ao seu rebanho.
Deu ao Vicariato uma estrutura sólida, com um
seminário e casas de formação. Ele mesmo projetou várias residências e casas
para idosos e necessitados. Cuidou convictamente da formação dos catequistas.
Escreveu em seus apontamentos: “O missionário que não estiver unido a Deus
é um canal que se separa da fonte”. “O missionário que reza muito, também muito
realizará.” Como Dom Bosco, era um exemplo de trabalho e temperança.
Calisto Caravario (1903-1930)
Calisto Caravario nasceu em Cuorgnè, na província
de Turim, Itália, no dia 18 de junho de 1903. Desde pequeno, pelo seu caráter
manso e reflexivo, todos o consideravam um menino bom. Por natureza, era levado
à oração.
Amava ternamente sua mãe, como testemunham as
numerosas cartas que se escreviam. Aos 5 anos, transferiu-se com a família para
Turim, perto do oratório de Porta Nuova. Na escola salesiana era um dos
primeiros da classe. Todos os dias fazia questão de ajudar na Missa.
Aconselhado pelo diretor do oratório, Pe.
Sante Garelli, entrou para o noviciado e se tornou salesiano. Em 1922, Dom Luís
Versiglia estava em Turim e falou aos clérigos sobre as missões. Calisto lhe
disse: “Excelência, um dia eu estarei junto com o senhor na China”.
O Pe. Garelli foi para a China. Calisto tanto
insistiu que, depois de pouco tempo, conseguiu partir também. A mãe disse ao
Pe. Garelli: “De boa vontade deixo meu filho nas mãos de Dom Bosco”. E
Calisto escreveria: “Com todo o afeto de que sou capaz, eu te agradeço, Senhor, por me
teres dado uma mãe tão boa”. “Mamãe, uma notícia que te dará alegria: esta
manhã dei minha primeira aula de catecismo em chinês”.
Calisto foi mandado para Macau. Depois de
dois anos seu novo destino foi a ilha do Timor, onde edificava a todos pela sua
bondade e pelo seu zelo apostólico. Escreveu: “Minha boa mãe, reza para que o
teu Calisto seja sacerdote por inteiro, não só pela metade”.
No dia 18 de maio de 1929, voltando para
Shiuchow, Dom Versiglia o ordenou sacerdote e lhe confiou a missão de Linchow.
Em pouco tempo visitou todas as famílias e conquistou a simpatia dos meninos
das escolas.
O martírio.
De repente, a situação política da China
entrou em ebulição. Quem mais sofria eram os cristãos e os missionários
estrangeiros. As perseguições não se fizeram esperar.
No dia 13 de fevereiro de 1929, Pe. Caravario
estava em Shiuchow para acompanhar Dom Versiglia na visita pastoral à sua missão
de Linchow. Durante a viagem, piratas eivados de ideologia bolchevista tentam
capturar as catequistas que estavam na barca dos missionários.
Pe. Calisto falou gentilmente com eles. Sem
lhe dar ouvidos, espancaram os dois missionários e os obrigaram a descer da
barca. Levaram-nos para uma mata. Ali, a poucos instantes da morte, Pe.
Caravario se confessou com Dom Versiglia, que fez também o mesmo. Em seguida
foram fuzilados.
Era dia 25 de fevereiro de 1930. Oito anos
antes, Pe. Caravario dissera a Dom Versiglia: “Um dia eu estaria junto com o
senhor na China”. Esteve. Na vida e na morte.
João Paulo II beatificou os mártires Luís
Versiglia e Calisto Caravario em 15 de maio de 1983 e canonizou-os em 1º de
outubro de 2000.
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