Raramente uma civilização
encontrou um espírito tão grande, que soubesse acolher os seus valores e
exaltar a sua intrínseca riqueza, inventando ideias e formas das quais se
alimentariam as gerações vindouras, como ressaltou também Paulo VI:
"Pode-se dizer que todo o pensamento da antiguidade
conflui na sua obra e dela derivam correntes de pensamento que permeiam toda a
tradição doutrinal dos séculos sucessivos".
Além disso, Agostinho é o
Padre da Igreja que deixou o maior número de obras. O seu biógrafo Possídio
diz: parecia impossível que um homem
pudesse escrever tantas coisas durante a vida.
Hoje a nossa atenção
concentra-se sobre a sua vida, que se reconstrói bem pelos escritos, e em
particular pelas Confissões, a extraordinária autobiografia
espiritual, escrita em louvor a Deus, que é a sua obra mais famosa.
E são precisamente as Confissões agostinianas,
com a sua atenção à interioridade e à psicologia, que constituem um modelo
único na literatura ocidental, e não só, também não religiosa, até à
modernidade. Esta atenção à vida espiritual, ao mistério do eu, ao mistério do
Deus que se esconde no eu, é uma coisa extraordinária sem precedentes e
permanece para sempre, por assim dizer, um "vértice"
espiritual.
Papa Bento XVI - 09 de janeiro de 2008
Aurelius Augustinus, mais conhecido como Santo Agostinho nasce em Tagaste, província romana ao norte da África em 13 de novembro de 354; primogênito do pagão Patrício e da fervorosa cristã Mônica. Criança alegre, buliçosa, entusiasta do jogo, travessa e amante da amizade, não gosta muito de estudar porque os mestres usam métodos agressivos e não são sinceros. Ante os adultos se revela como "um menino de grandes esperanças", com inteligência clara e coração inquieto.
Africano pela lei do solo, romano pela cultura e língua, e cristão por
educação. Agostinho, jovem, de temperamento impulsivo e
veemente, se entrega com afinco ao estudo e aprende toda a ciência do seu
tempo. Chega a ser brilhante professor de retórica em Cartago, Roma e Milão.
Sedento de Verdade e Felicidade
Em sua busca pela verdade vive longos anos com ânimo disperso. Vazio de Deus e
agarrado pelo pecado, a vontade "sequestrada", errante e peregrina,
"enganado e enganador".
Mas, seu coração, sempre aberto à verdade, chega ao encontro da graça pelo
caminho da interioridade, apoiado pelas orações de sua mãe, que na infância lhe
havia marcado com o sinal da cruz. E pelos
ensinamentos do Bispo Ambrósio de Milão.
Coração Sempre Jovem
Estando em Milão, no seu horto; uma voz infantil o anima - "TOMA E
LÊ" - a ler as Escrituras, ficando de repente iluminada a sua inteligência
com uma luz de segurança e satisfazendo o seu coração – Coração humano -
coração grande de jovem; era o outono do ano 386.
Deixando a docência, retira-se a Cassicíaco, recinto de paz e silêncio e põe em
prática o Evangelho em profunda amizade compartilhada: vida de quietude,
animada somente pela paixão à Verdade. Assim se prepara para ser batizado na
primavera de 387 por Santo Ambrósio.
Inspirador da Vida Religiosa
De novo em Tagaste - a mãe morre no porto de Roma - vende suas posses e projeta seu programa de vida comum: pobreza, oração e trabalho. Por seus dotes naturais e títulos de graça, cresce em torno dele um grupo de amizade e funda para a história o Monacato Agostiniano.
No ano 391 é proclamado sacerdote pelo povo, e cinco anos mais tarde, os
cristãos de Hipona o apresentam para o Episcopado. Consagrado Bispo de Hipona -
título de serviço e não de honra - converte a sua residência em casa de oração
e tribunal de causas. Inspirador da vida religiosa, pastor de almas,
administrador de justiça, defensor da Fé e da Verdade. Prega e escreve de forma
infatigável e condensa o pensamento do seu tempo.
A Deus se confiou Agostinho
todos os dias, até ao extremo da sua vida: atingido por febre, quando havia
três meses que Hipona estava assediada pelos vândalos invasores, o Bispo, narra
o amigo Possídio na Vita Augustini pediu para transcrever em letras grandes os
salmos penitenciais "e fez pregar as folhas na parede, de modo que estando
de cama durante a sua doença os podia ver e ler, e chorava ininterruptamente
lágrimas quentes". Transcorreram assim os últimos dias da vida de
Agostinho, que faleceu a 28 de Agosto de 430, quando ainda não tinha completado
76 anos.
Oração
Senhor, despertai na vossa Igreja o espírito
que animou Santo Agostinho, para que todos nós, sedentos da verdadeira
sabedoria, não nos cansemos de vos procurar, fonte viva do amor eterno.
Por nosso Senhor Jesus Cristo, na unidade do
Espírito Santo. Amém.
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