A devoção ao Santíssimo Nome
de Jesus, já arraigada na Igreja desde os seus alvores, foi pregada e inculcada
de modo particular por São Bernardo, por São Bernardino de Sena e pelos
Franciscanos, os quais difundiram pequenos quadros trazendo as letras do Nome
de Jesus.
Em Camaiore di Luca, na
Itália, começou-se a celebrar a festa, depois de aprovada para a Ordem dos
Franciscanos (1530) e sob o pontificado de Inocêncio XIII (1721), estendida a
toda a Igreja.
O nome de Jesus é grande
pelo que significa. O nome de Jesus foi posto por Maria e José, em obediência à
ordem que lhe viera de Deus. Disse o Arcanjo a Maria: “Eis que conceberás e
darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus”. (Lc. 1, 31).
A São José o Anjo disse: “Não
temas receber Maria, tua mulher; porque o que nela se gerou, é obra do Espírito
Santo. E dará à luz um filho, e por nome o chamarás Jesus”. (Mt.
1, 20).
Ora, os nomes impostos a
alguém por ordem de Deus significam sempre qualquer dom gratuito
concedido pelo céu, assim como foi dado a Abraão. (Gen. 41, 51):
“Serás chamado Abraão, porque te constitui pai de muita gente”. A Pedro foi
dado o nome significativo: “Tu és Pedra, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja”.
Porque a Cristo tinha sido conferido o dom da graça, pela qual todos seriam
salvos, era conveniente que fosse chamado Jesus, isto é, “Salvador”. (São Tomás
de Aquino).
Este nome adorável, que
significa salvação, foi predito pelos profetas, que chamaram ao Messias “Emanuel”
(Is. 7,14), isto é, Deus conosco, para assim designar “a causa da
nossa salvação, que é a união da natureza divina com a humana, na pessoa do
Filho de Deus, que, como Deus, fica conosco, participando da nossa natureza”.
Chamaram-no (Is. 9, 6) “admirável, conselheiro, Deus forte, Pai do
futuro século, Príncipe da paz”, títulos estes que designam todos o “caminho e
o fim da nossa salvação, sendo nós, pelo admirável conselho e pela virtude
divina, conduzidos à herança do futuro século, em que gozaremos da paz perfeita
dos filhos de Deus, sob a própria soberania de Deus”. Chamaram-no:
(Zac. 6, 12) “o homem, o nascituro”, para exprimir todo o mistério da
Encarnação”. (São Tomás).
O nome de Jesus é o nome
próprio do Verbo encarnado; é o nome que nos relembra o maior das obras de Deus
e o maior benefício que d´Ele nos veio. O nome de Deus Redentor
inclui o de Deus Criador, se bem que este não contenha aquele, pois a Redenção
supõe a criação e a criação não encerra em si necessariamente a Redenção.
O nome de Jesus relembra-nos
não só o Salvador e a salvação, que por Ele nos veio, mas também o modo
admirável por que fomos salvos. Poderia salvar-nos por meio de uma só
palavra, como por uma palavra só criou o mundo; mas quis tomar sobre si nossa
enfermidade, para curar e tirar os nossos pecados; quis encarnar-se, nascer num
estábulo, viver pobre, sofrer, ser crucificado e morrer por nós.
Levou a humildade e
obediência até a morte, para assim merecer o nome de Jesus. Aniquilou-se a si
mesmo, tomando a forma de servo – diz São Paulo – “fazendo-se semelhante aos
homens e sendo reconhecido pelo exterior como homem. Humilhou-se a si mesmo,
feito obediente até a morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou, e
lhe deu um nome, que está acima de todo nome. A fim de que ao nome de Jesus
todo o joelho se dobre no céu, na terra e nos infernos; e toda a língua
confesse que o Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Padre”. (Fil. 2,
7-11).
O nome de Jesus produz
admiráveis efeitos naqueles que devotamente o invocam. Como os sacramentos não
só significam a graça, mas também a produzem, assim o nome de Jesus não só
significa, mas também produz a salvação de quem devotamente o invoca.
“Todo aquele que invocar o
nome do Senhor, será salvo”. (Joel, 2, 22; At. 2, 21; Rom. 10, 12). “Do céu
abaixo, nenhum outro nome foi dado aos homens pelo o qual nos cumpra fazer a
nossa salvação”. (Rom. 4, 12).
O nome de Jesus, devotamente
invocado, salva-nos do perigo de sermos vítima do inimigo infernal. Satanás tem
um verdadeiro pavor deste Nome. “Os demônios têm medo deste Nome, que os faz
tremer. E nós podemos afugentá-los, invocando o Nome de Jesus crucificado”. (São
Jerônimo).
O nome de Jesus dá vigor aos
mártires e a todos os fiéis que lutam pela fé. Fá-los triunfar generosamente de
todos os obstáculos, de todas as perseguições e da própria morte. O mundo, à
semelhança do demônio, seu soberano, se agita ao ouvir o Nome de Jesus. Queria
que não mais se pronunciasse este Nome e cheio de ódio, com o Sinédrio de
Jerusalém, até hoje declara: “Ameacemo-los, para que daqui em diante não falem
neste nome a homem nenhum”. (At. 4, 17). Mas em virtude deste Santo Nome
os eleitos, para a confusão do mundo, operam verdadeiros milagres, segundo a
profecia do próprio Salvador: “Em meu nome expulsarão os demônios, falarão
novas línguas, manusearão as serpentes e, se beberem alguma coisa mortífera,
não lhes fará mal; porão as mãos sobre os enfermos e serão curados”. (Mc.
16, 17).
O nome de Jesus produz
sempre grande milagre de aplacar as mais furiosas tempestades na alma daqueles
que o invocam devotamente.
“Há entre vós alguém que
se ache triste? Entre-lhe Jesus no coração e digam-no os lábios; e eis que, ao
pronunciar este Nome, as nuvens se dissipam e volta a serenidade. Se entre vós
houver quem tenha caído em falta grave e, deixando-se levar pelo desespero,
nutrir idéias de suicídio: não voltará ao amor da vida, se invocar este nome da
vida?” (São Bernardo)
Invoquemos,
pois, o Santíssimo Nome de Jesus nas tentações, nas perseguições, na aflição.
Invoquemo-lo sempre. “Por ele ofereçamos sempre a Deus um sacrifício de louvor,
isto é, o fruto dos lábios que lhe confessam o nome”. (Hebr.
13, 15). “ Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, tudo seja
em nome do Senhor Jesus Cristo, rendendo raças por ele a Deus Padre”. (Col.
3, 17). Pronunciemos muitas vezes em vida este Nome de salvação,
para que o possamos pronunciar na morte, qual penhor seguro da felicidade
eterna.
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