terça-feira, 9 de agosto de 2016

Santa Mariana Cope de Molokai



“Passo agora para Marianne Cope, nascida em 1838 em Heppenheim, na Alemanha. Com apenas um ano de vida, foi levada para os Estados Unidos, e em 1862 entrou na Ordem Terceira Regular de São Francisco, em Siracusa, Nova Iorque.

Mais tarde, como Superiora geral da sua congregação, Madre Marianne abraçou voluntariamente a chamada para ir cuidar dos leprosos no Havaí, depois da recusa de muitos. Ela partiu, junto com seis irmãs da sua congregação, para administrar pessoalmente um hospital em Oahu, fundando em seguida o Hospital Mamulani, em Maui, e abrindo uma casa para meninas de pais leprosos.
Cinco anos depois, aceitou o convite para abrir uma casa para mulheres e meninas na Ilha de Molokai, partindo com coragem e, encerrando assim seu contato com o mundo exterior. Ali, cuidou do Padre Damião, então já famoso pelo seu trabalho heroico com os leprosos, assistindo-o até a sua morte e assumindo o seu trabalho com os leprosos.
Em uma época em que pouco se podia fazer por aqueles que sofriam dessa terrível doença, Marianne Cope demonstrou um imenso amor, coragem e entusiasmo. Ela é um exemplo luminoso e valioso da melhor tradição de religiosas católicas dedicadas à enfermagem e do espírito do seu amado São Francisco de Assis.

Papa Bento XVI – Homilia de Canonização – 21 de outubro de 2012

Mariana Cope nasceu em 23 de janeiro de 1838, numa região de Hesse, Alemanha. Seus pais foram Peter Kobb, agricultor, e Bárbara Witzenbacher. Batizaram-na com o nome de Bárbara. No ano seguinte a família emigrou para os Estados Unidos, indo residir em Útica, no Estado de Nova Iorque.
    
Bárbara fez sua Primeira Comunhão em 1848. Adolescente, aceitou o serviço em uma fábrica de roupa para ajudar economicamente a família. Aos 15 anos queria entrar no convento, porém, por ser a filha mais velha e ter que cuidar de sua mãe e de seus três irmãos menores, teve que esperar nove anos para que seu desejo se realizasse. Durante esses anos de espera pode demonstrar sua paciência e sua alegria.
    
Com a morte do pai em 1862, considerando que os irmãos já podiam também trabalhar, sentiu-se livre para seguir a sua vocação religiosa. Entrou no noviciado das Irmãs da Ordem Terceira Franciscana, em Syracuse. Após completar a formação e receber o hábito, tomou o nome de Irmã Mariana, tornou-se professora em uma escola mantida pela Igreja para imigrantes alemães. Aprendeu o alemão, a língua de seus pais, e foi destinada a abrir e dirigir novas escolas.
    
Dotada de qualidades naturais de governo, logo tomou parte da equipe diretiva de sua comunidade, que em 1870 estabeleceu dois dos primeiros cinquenta hospitais gerais dos Estados Unidos, que alcançaram grande renome: o de Santa Isabel de Útica (1866) e o de São José de Syracuse (1869).
    
Como diretora do hospital em Syracuse, participou do acordo que transferiu a Escola de Medicina de Geneva para Syracuse. Algo inédito: no contrato entre as partes estipulava-se que os pacientes teriam direito a serem tratados por médicos formados, não por estudantes. 
    
Em meio às dificuldades mais sérias, Madre Mariana realizou um trabalho apostólico com os mais pobres dentre os pobres. Foi eleita provincial de sua Congregação em 1877 e por unanimidade em 1881.
    
Em 1883, Madre Mariana, Superiora Geral da Congregação, recebeu um pedido de ajuda para a colônia de leprosos no Havaí, cujo diretor era São Damião de Molokai. Mais de 50 outros institutos já haviam recusado o convite, mas ela respondeu entusiasticamente:
    
“Estou ansiosa por esta tarefa e desejo de todo coração ser uma das escolhidas. Que grande privilégio será sacrificar-se pela salvação destas almas. Não estou com medo da doença, pelo contrário, será um grande prazer servir aos abandonados leprosos”.
    
Junto com outras seis Irmãs, viajou para Honolulu, aonde chegou em 8 de novembro de 1883. Os sinos da catedral tocaram para bem recebê-las. Era sua intenção voltar para Syracuse após estabelecer a missão no Havaí, mas as más condições higiênicas do hospital, a falta de alimentação adequada e a precária atenção médica, fizeram com que ela mudasse seus planos As autoridades eclesiásticas e o Governo do Havaí logo se convenceram da importância de sua presença para o êxito da missão.
    
Tendo Madre Mariana como supervisora, as Irmãs foram encarregadas do Hospital na Ilha de Oahu, que recebia os pacientes de todas as ilhas e ministrava os primeiros tratamentos. Na medida em que o caso se agravava, os pacientes eram enviados para a colônia na Ilha de Molokai.
   
Após dois anos de trabalho, seus serviços já eram reconhecidos, sendo que o próprio rei agradeceu-lhe pessoalmente. Em 1885, as Irmãs fundaram uma casa para receber as crianças órfãs de pais leprosos, que eram rejeitadas por todos. Mas um novo governo, em 1887, decidiu fechar o hospital de Oahu e transferir todos os doentes para Molokai. Mesmo sabendo que nunca mais poderiam retornar, as Irmãs aceitaram a missão e partiram para Molokai. 
    
Certa vez, após atender uma mulher moribunda de aspecto particularmente repulsivo, uma das irmãs perguntou à Madre:
- Madre,e que fará comigo quando eu ficar leprosa?
- “Você nunca ficará leprosa”, foi a resposta. “eu sei que todas nós estamos expostas ao contágio, mas sei também que Deus nos quer ver dedicadas a este trabalho. Se formos fieis e cumprirmos o nosso dever, Ele nos protegerá. Portanto, não se preocupe e, se esse pensamento lhe votar à mente, afaste-o imediatamente.”
E acrescentou com uma confiança inamovível:
“Lembre-se, minha filha, de que você nunca ficará leprosa, nem você nem nenhuma das irmãs da nossa Ordem”.
Esta profecia se cumpriu.

Em novembro de 1888, Madre Mariana passou a tratar pessoalmente do Pe. Damião e assumir suas tarefas. Permaneceu em Molokai até 9 de agosto de 1918, quando faleceu aos 80 anos de causas naturais, sem nunca ter tido lepra, algo considerado miraculoso. Seus restos mortais foram transferidos do Havaí para Syracuse, onde foi construído um santuário em sua honra. 
    
Madre Mariana voluntariamente viveu exilada por trinta anos com seus pacientes. Devido à sua insistência, o Governo criou leis para proteger as crianças. O ensino, tanto de religião como das outras matérias, estaria ao alcance de todos os residentes capazes de assistir às aulas. Dando exemplo, promoveu naquela terra árida a plantação e o cultivo de árvores, arbustos e flores. Conhecia por seu nome a cada um dos residentes da colônia e mudou a vida daqueles que se viam forçados a viver ali, introduzindo a limpeza, o sentido da dignidade e uma recreação sadia. Dava-lhes a conhecer que Deus amava e cuidava com carinho dos abandonados.
    
Os historiadores de seu tempo se referiam a ela como “uma religiosa exemplar, de um coração extraordinário”. Seu lema, como testemunharam as Irmãs, era: “Só por Deus”.
    
Foi beatificada em 14 de maio de 2005 pelo Papa Bento XVI; e canonizada em 21 de outubro de 2012 pelo mesmo Papa.

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