Por isso, o próprio
Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o
chamará Deus Conosco. (Is 7,14)
Maria perguntou ao anjo:
Como se fará isso, pois não conheço homem? Respondeu-lhe o anjo: O Espírito
Santo descerá sobre ti, e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra.
Por isso o ente santo que nascer de ti será chamado Filho de Deus. (Lc 1,
34-35)
Eis que um anjo do Senhor
lhe apareceu em sonhos e lhe disse: José, filho de Davi, não temas receber
Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. (Mt
1,20)
O aprofundamento da fé na maternidade virginal levou a Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo não diminuiu, antes consagrou a integridade virginal da sua Mãe. (CIC 499)
Conferindo as Escrituras e
lendo os escritos dos Santos Padres, o Concílio de Latrão, no ano 649,
preconizou, como verdade de fé a Virgindade Perpétua de Maria. O Papa Martinho
I promulgou que Maria concebeu por obra e graça e Espírito Santo, permanecendo
Virgem intacta antes, durante e após o parto.
Virgem antes do parto – A concepção virginal de Maria quer dizer que a
encarnação de Jesus é uma nova criação de Deus, um presente divino à
humanidade. Anuncia a radical novidade do amor de Deus, que traz seu Filho ao
mundo. Deus poderia ter realizado a encarnação de Jesus a partir de uma relação
conjugal entre José e Maria, isso não diminuiria em nada a divindade de Jesus e
a sua santidade. No entanto, aconteceu de forma diferente, por pura graça e
iniciativa de Deus, e a participação de Maria.
Podemos dizer que a
concepção virginal é a porta de entrada de Jesus na humanidade e a ressurreição
é a porta de saída, ao reencontro com o Pai.
Virgem depois o parto – A Igreja afirma que Maria não teve outros filhos além
de Jesus. No Evangelho a expressão “irmãos” de Jesus, não pode ser tomada no
sentido literal, pois o termo designava outros parentes próximos como primos.
Embora a Bíblia seja a
Palavra de Deus, nós católicos também temos a Tradição e o Magistério da
Igreja. Os cristãos dos primeiros séculos reconheciam que Maria era
especialmente abençoada por Deus e que ela viveu a Boa-Nova de Jesus até a sua
raiz.
Assim nos hinos, sermões,
orações, cartas e outros depoimentos dos primeiros séculos, percebe-se a
convicção de que Maria, por opção de vida, dedicou-se de corpo e alma à causa
de Jesus e do Evangelho, renunciando a vida conjugal com José e a ter outros
filhos. A sua maternidade já não se limitava à família, mas no seguimento de Cristo.
Virgem durante o parto – No Lumen Gentium se afirma que a maternidade
de Maria “não lesou a sua integridade mas antes a consagrou”.
Santo Agostinho sustenta:
"Maria permanece virgem ao conceber seu Filho,
virgem como gestante, virgem ao dá-Lo à luz, virgem ao alimentá-Lo em seu seio,
sempre virgem. Por que te admiras disso, ó homem? Uma vez que Deus Se dignou
fazer-Se homem, convinha que nascesse desse modo".
A virgindade no parto tem
grande força simbólica. Em Gn 3,16 se diz que uma das marcas do pecado no mundo
é a dor de parto e a dominação do homem sobre a mulher. A interpretação
metafórico-simbólica do dogma nos diz que, no nascimento de Jesus, foi quebrada
essa maldição. Ele é o novo ser humano, que abre para nós um caminho original,
cheio de bênçãos, no qual serão superadas a dominação e a dor, a começar do
nascimento.
A virgindade perpétua da Mãe
de Deus é sintetizada nesta fórmula: Maria foi virgem antes do parto, no
parto e depois do parto. Estes três elementos do dogma afirmam a concepção
virginal de Jesus, pois Maria foi mãe por virtude divina, sem concurso humano;
o nascimento milagroso de Jesus, "o qual não só não lesou a integridade de
sua Mãe, mas também a consagrou"; e a integridade de Maria Santíssima
depois do nascimento de seu Divino Filho.
Já os livros do Antigo
Testamento trazem imagens e profecias sobre a virgindade de Maria como comenta
São Bernardo:
"Que prefigurava em seu dia aquela sarça ardendo sem
consumir-se? A Maria dando a luz sem dor alguma. E a vara de Aarão, que
floresce misteriosamente, sem havê-la plantado? À Virgem, que concebeu sem
concurso de varão. E será Isaías quem melhor nos formule o maior mistério deste
prodigioso milagre. ‘Germinará uma vara do tronco de Jessé, e de sua raiz
brotará uma flor', assim deixa representada a Virgem na vara, e seu parto na
flor".
Nenhum comentário:
Postar um comentário