Apóstolo da América, Francisco nasceu em Montilla
(Córdoba, Espanha) no dia 10 de março de 1549, terceiro filho
de Mateus Sánchez Solano e de Ana Jiménez, família abastada e de nobre
ascendência. Fez seus estudos em Córdoba, junto dos jesuítas onde mostrou
ser dotado de grande inteligência, dado à contemplação e à caridade.
Antes de concluir os estudos de medicina, que havia iniciado com brilhantismo,
pediu para ingressar na Ordem dos Frades Menores da Província de Granada.
Em 1569, vestiu o hábito franciscano e, no ano seguinte, emitiu a profissão
religiosa.São Francisco Solano
Sempre muito austero, paciente, humilde e perfeito
na observância da Regra, continuou os estudos de filosofia e teologia no
Convento de Santa Maria de Loreto, em Sevilha, morando em um minúsculo canto do
coro. Celebrou sua primeira missa em 4 de outubro de 1576.
Em 1581 foi nomeado mestre de noviços do convento de
Arruzafa (Córdoba), ofício que continuou a desempenhar no Convento de São
Francisco do Monte da Serra Morena para onde foi transferido em 1583 e
onde exerceu depois as funções de guardião e de pregador. Em todas as partes era
acompanhado pela fama de santidade e de taumaturgo devido aos milagres que
realizava. Quando houve um surto da peste bubônica na vizinha cidade de
Montoro, voluntariamente se ofereceu para cuidar dos empestados.
Transferido em 1587 para o convento de São Luís da Zubia,
perto de Granada, foi eloquente e estimadíssimo pregador popular e
apóstolo entre os doentes e presidiários em todo o território
circunvizinho.
Abandonou a ideia de se dirigir aos países
muçulmanos para morrer mártir, e querendo fugir da veneração do povo, pediu
para fazer parte da expedição missionária destinada à América.
No dia 28 de fevereiro de 1589, partiu com outros
onze confrades conduzidos pelo padre Baltazar Navarro, custódio de
Tucuman, e chegou a Cartagena, na Colômbia, em maio do mesmo ano. Daí
continuou até Nome de Deus, no Panamá, que atravessou a pé até atingir as
margens do Pacífico.
Quando se dirigia ao Peru, o galeão em que viajava com o
grupo, afundou perto da ilha de Górgona em frente à Colômbia. Francisco se considerou
pastor desta comunidade de desesperados, entre as quais, muitos escravos.
Depois de dois meses de sofrimento foram recolhidos em outra embarcação e levados
até um porto ao norte do Peru. O santo frade continuou a viagem a pé até a
cidade de Lima. Foi, então, designado imediatamente missionário na longínqua
Tucuman, ao norte da Argentina. Para lá chegar deveria fazer a cansativa viagem
de três mil quilômetros através dos Andes a pé ou sobre o lombo de um animal.
Tendo chegado a Tucuman, em novembro de 1590, foi lhe
dada a incumbência da Custódia Franciscana de São Jorge, fundada em
1565, com a finalidade de ocupar-se das missões. Vencendo as dificuldades
de língua, fundou a missão ou redução de Socotonio e Madalena, das quais foi
pároco missionário, exercendo ministério junto a indígenas Diaguitas,
dos quais se tornou evangelizador, civilizador, pacificador e defensor, tendo
sido muitas vezes agraciado com dom das línguas.
Entre todas as suas grandezas conta-se a da pacificação
desta população rebelde na quinta-feira santa de 1591. São atribuídos a
Francisco duzentas mil conversões e batizados.
Em 1595 foi chamado pela obediência a dirigir-se ao Peru
onde foi nomeado guardião do convento de recoleção de Santa Maia dos
Anjos em Lima, cargo que renunciou considerando-se sem capacidade e
sem méritos para o exercício.
Em 1602 foi transferido para Trujillo, onde exerceu a
função de guardião. Pregador enérgico e inspirado, ficou célebre com o
fato de ter profetizado em 12 de novembro de 1603 a destruição da cidade, que
aconteceu em 14 de fevereiro de 1619.
Tendo voltado a Lima e nomeado guardião, no dia 20 de
dezembro de 1604 percorreu ruas e praças da cidade com um crucifixo nas mãos
provocando um tal estado de comoção que obrigou o vice-rei a intervir.
Mesmo sendo muito austero, mostrava-se alegre e costumava tocar violino para
alegrar-se a si mesmo e aos confrades e também como instrumento de pastoral
para aproximar-se dos índios.
Devido às suas penitências, nos últimos tempos de sua
vida, viveu no convento-enfermaria conhecido como Máximo de Jesus (hoje
São Francisco), em Lima.
Durante o terremoto de 1609, padre Francisco
levantando-se com dificuldade queria confortar a população com sua palavra de
fé. Não conseguiu mais recuperar a saúde. Morreu santamente em Lima
a 14 de julho de 1610, enquanto, a seu pedido, os frades cantavam o
Credo. Suas últimas palavras foram: “Glorificetur Deus”.
Foi sepultado na igreja do convento. Seu corpo foi
carregado pelo arcebispo de Lima, pelo vice-rei e por outros personagens
ilustres. Foi canonizado por Bento XIII a 27 de dezembro de 1726.
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