Neste domingo, o
Evangelho apresenta o primeiro grande discurso que o Senhor dirige ao povo, nas
doze colinas ao redor do Lago da Galileia, Jesus subiu à montanha, sentou-se e
os seus discípulos aproximaram-se dele. Então, começou a falar e a ensinar.
Jesus, novo Moisés, toma o seu lugar na “cátedra” da montanha e proclama
bem-aventurados os pobres de espírito, os aflitos, os misericordiosos, quantos
têm fome de justiça, os puros de coração e os que são perseguidos. Não se trata
de uma nova ideologia, mas de um ensinamento que vem do Alto e diz respeito à
condição humana, precisamente aquela que o Senhor, encarnando, quis assumir
para a salvar. Por isso, o Sermão da montanha é dirigido ao mundo inteiro, no
presente e no futuro … e só pode ser compreendido e vivido no seguimento de
Jesus, no caminho com Ele.
As Bem-Aventuranças
constituem um novo programa de vida, para nos libertarmos dos falsos valores do
mundo e nos abrirmos aos bens verdadeiros, presentes e futuros. Com efeito,
quando Deus consola, sacia a fome de justiça e enxuga as lágrimas dos aflitos,
significa que, além de recompensar cada um de modo sensível, abre o Reino dos
Céus. As Bem-Aventuranças são a transposição da cruz e da ressurreição na
existência dos discípulos. Elas refletem a vida do Filho de Deus, que se deixa
perseguir e desprezar até à condenação à morte, a fim de que aos homens seja concedida
a salvação.
Um antigo eremita
afirma: As Bem-Aventuranças são uma dádiva de Deus, e temos o dever de lhe
render grandes graças por elas e pelas recompensas que delas derivam, ou seja,
o Reino dos Céus no século vindouro, a consolação aqui, a plenitude de todo o
bem e a misericórdia da parte de Deus … uma vez que nos tivermos tornado imagem
de Cristo na terra.
O Evangelho das
Bem-Aventuranças comenta-se com a própria história da Igreja, a história da
santidade cristã, porque — como escreve são Paulo — o que é estulto no mundo,
Deus escolheu-o para confundir os sábios; e o que é fraco no mundo, Deus
escolheu-o para confundir os fortes; e o que é vil e desprezível no mundo, Deus
escolheu-o, como também as coisas que nada são, para destruir aquelas que são.
Por isso, a Igreja não teme a pobreza, o desprezo e a perseguição numa
sociedade com frequência atraída pelo bem-estar material e o poder mundano.
Santo Agostinho recorda-nos que não é útil padecer tais males, mas suportá-los
pelo nome de Jesus, não apenas com o espírito tranquilo, mas também com alegria.
Papa
Bento XVI – 30 de janeiro de 2011
Hoje
celebramos:
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