domingo, 15 de outubro de 2017

O Brasil tem 30 novos Santos!

Nossos Beatos Mártires André de Soveral, Ambrósio Francisco Ferro, Mateus Moreira e 27 leigos foram assassinado, em 1645, em defesa da fé católica, em Cunhaú e Uruaçu (RN).

Em 1645, os soldados holandeses, de religião Calvinista, ocuparam o nordeste brasileiro, levando consigo um pastor protestante para convencer os residentes a renunciarem à sua fé católica.

Ao chegarem a Cunhaú (RN), onde residiam vários colonos, que trabalhavam nos canaviais, soldados e índios tapuias invadiram a Capela do Engenho de Cunhaú, durante a Missa dominical, celebrada pelo Padre André de Soveral, e os assassinaram em 16 de julho.

Aterrorizados com o episódio de Cunhaú, muitos moradores de Natal pediram asilo no Forte dos Reis Magos; outros se refugiaram em lugares improvisados. Mas, no dia 3 de outubro, foram levados para as margens do Rio Uruaçu, onde foram massacrados por cerca de 80 índios e soldados holandeses armados.
Segundo cronistas da época, o leigo Mateus Moreira teve o coração arrancado pelas costas. Agonizante, Mateus repetia a frase “louvado seja o Santíssimo Sacramento”.

Homilia do Papa Francisco na Canonização dos Mártires de Cunhaú e Uruaçu – 155 de outubro de 2017:

Se se perde o amor de vista, a vida cristã torna-se estéril, torna-se um corpo sem alma, uma moral impossível, um conjunto de princípios e leis a serem respeitadas sem um porquê.
O Reino de Deus é comparável a uma Festa de Núpcias. Nós, somos os amados, os convidados para estas núpcias, mas o convite pode ser recusado. Neste sentido, somos chamados a renovar a cada dia a opção de Deus, vivendo segundo o amor verdadeiro, superando a resignação e os caprichos de nosso eu.

O protagonista da festa de núpcias é o filho do rei, o noivo, no qual facilmente se vislumbra Jesus. Mas na parábola, não se fala da noiva, mas de muitos convidados, desejados e esperados: são aqueles que trazem as vestes nupciais:
Tais convidados somos nós, todos nós, porque o Senhor deseja celebrar as bodas com cada um de nós. As núpcias inauguram uma comunhão total de vida: é o que Deus deseja ter com cada um de nós. Por isso o nosso relacionamento com Ele não se pode limitar ao dos devotados súditos com o rei, ao dos servos fiéis com o patrão ou ao dos alunos diligentes com o mestre, mas é, antes de tudo, o relacionamento da noiva amada com o noivo.

O Senhor não se contenta com o nosso bom cumprimento dos deveres e a observância de suas leis, mas quer uma verdadeira comunhão de vida conosco, uma relação feita de diálogo, confiança e amor:
Esta é a vida cristã, uma história de amor com Deus, na qual quem toma gratuitamente a iniciativa é o Senhor e nenhum de nós pode gloriar-se de ter a exclusividade do convite: ninguém é privilegiado relativamente aos outros, mas cada um é privilegiado diante de Deus. Deste amor gratuito, terno e privilegiado, nasce e renasce incessantemente a vida cristã.
Em nosso dia-a-dia nos recordamos de dizer ao menos uma vez: Senhor, vos amo. Vós sois a minha vida?
Com efeito, se se perde de vista o amor, a vida cristã torna-se estéril, torna-se um corpo sem alma, uma moral impossível, um conjunto de princípios e leis a respeitar sem um porquê. Ao contrário, o Deus da vida espera uma resposta de vida, o Senhor do amor espera uma resposta de amor”.

O perigo de uma vida cristã rotineira, onde nos contentamos com a «normalidade», sem zelo nem entusiasmo e com a memória curta.
Neste sentido, somos chamados a reavivar a memória do primeiro amor: somos os amados, os convidados para as núpcias, e a nossa vida é um dom, sendo-nos dada em cada dia a magnífica oportunidade de responder ao convite.

Mas este convite pode ser recusado. O Evangelho relata que muitos convidados disseram não, pois estavam presos aos próprios interesses, ao seu campo, ao seu negócio.
A palavra “seu” é a chave para entender o motivo da recusa. Nos afastamos do amor, não por malvadez, mas porque se prefere as seguranças, a autoafirmação, as comodidades:
Então reclinamo-nos nas poltronas dos lucros, dos prazeres, de qualquer passatempo que nos faça estar um pouco alegres. Mas deste modo envelhece-se depressa e mal, porque se envelhece dentro: quando o coração não se dilata, fecha-se. E quando tudo fica dependente do próprio eu – daquilo com que concordo, daquilo que me serve, daquilo que pretendo –, tornamo-nos rígidos e maus, reagimos maltratando por nada, como os convidados do Evangelho que chegam ao ponto de insultar e até matar aqueles que levaram o convite, apenas porque os incomodavam.

Deus é o oposto do egoísmo, da auto referencialidade, pois diante de nossas contínuas recusas e fechamentos, não adia a festa. Não se resigna, mas continua a convidar:
Vendo os «nãos», não fecha a porta, mas inclui ainda mais. Às injustiças sofridas, Deus responde com um amor maior. Nós muitas vezes, quando somos feridos por injustiças e recusas, incubamos ressentimento e rancor. Ao contrário Deus, ao mesmo tempo que sofre com os nossos «nãos», continua a relançar, prossegue na preparação do bem mesmo para quem faz o mal. Porque assim faz o amor; porque só assim se vence o mal.
Hoje – portanto – este Deus que não perde jamais a esperança, nos compromete a fazer como ele, a viver segundo o amor verdadeiro, a superar a resignação e os caprichos de nosso “eu” suscetível e preguiçoso.

Um último aspecto do Evangelho do dia: as vestes dos convidados, que são indispensáveis. Ou seja, não basta responder ao convite dizendo sim e basta, mas é preciso vestir o hábito do amor vivido cada dia, porque não se pode dizer Senhor, Senhor, sem viver e praticar a vontade de Deus. Precisamos nos revestir a cada dia do seu amor, de renovar a cada dia a opção de Deus:

Os Santos canonizados hoje, sobretudo os numerosos Mártires, indicam-nos esta estrada. Eles não disseram «sim» ao amor com palavras e por um certo tempo, mas com a vida e até ao fim. O seu hábito diário foi o amor de Jesus, aquele amor louco que nos amou até ao fim, que deixou o seu perdão e as suas vestes a quem O crucificava. Também nós recebemos no Batismo a veste branca, o vestido nupcial para Deus.

Que peçamos a Ele, pela intercessão destes nossos irmãos e irmãs santos, a graça de optar por trazer cada dia esta veste e de a manter branca, o que é possível, antes de mais nada, indo sem medo receber o perdão do Senhor, o passo decisivo para entrar na sala das núpcias e celebrar a festa do amor com Ele. 


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