Como dizia Tertuliano: "Sangue dos mártires é semente de cristão." Três décadas depois do holocausto sofrido por São Paulo Miki e seus
companheiros mártires, vendo que quase todo seu povo começava a abandonar a fé por medo de morrer nas perseguições perpetradas pelo imperador, Santa Madalena de Nagasaki, então aos 23 anos, apresentou-se diante dos juízes e disse que era cristã.
Madalena nasceu entre 1611 e 1612, em uma aldeia próxima de Nagasaki, no Japão. Desde cedo ela recebeu esmerada educação. Os antigos manuscritos relatam que ela era uma jovem graciosa, delicada e bela. Seus pais eram católicos de nobre linhagem.
Madalena nasceu entre 1611 e 1612, em uma aldeia próxima de Nagasaki, no Japão. Desde cedo ela recebeu esmerada educação. Os antigos manuscritos relatam que ela era uma jovem graciosa, delicada e bela. Seus pais eram católicos de nobre linhagem.
Sua
infância coincidiu com um período de cruéis perseguições contra os católicos. O
ditador Tokugawa Yematsu, budista, decretou uma terrível perseguição contra os
católicos em 1614. Com seus sucessores, Hidetada e Yemitsu, essa perseguição
tornou-se ainda mais virulenta e cruel, a ponto de em poucos anos quase
exterminar a cristandade do Japão.
Os
pais e irmãos de Madalena foram martirizados quando ela era ainda pequena. Ela
certamente foi também testemunha da morte de muitos outros católicos. É
provável que tivesse lido o livro “Exortação ao martírio”, que circulava
clandestinamente entre os católicos. Neste livro davam-se conselhos para
resistir à ira dos tiranos e eram lembrados os exemplos de crianças frágeis,
além de jovens, homens e mulheres, que sofreram com paciência os mais terríveis
suplícios por causa da sua fé em Jesus Cristo, recebendo assim a glória do
martírio.
A
oração, a leitura dos livros sagrados e o exemplo de tantos mártires,
compatriotas seus, foram fortalecendo o ânimo de Madalena.
Por
volta de 1624, chegaram a Nagasaki dois zelosos missionários agostinianos: Frei
Francisco de Jesus e Frei Vicente de Santo Antônio. Ambos criaram a Ordem
Terceira Agostiniana Recoleta para auxiliá-los no apostolado. Formada por
leigos, a Ordem Terceira, hoje denominada Fraternidade Secular, ficava
encarregada da catequese.
Atraída
pela profunda espiritualidade dos dois missionários, Madalena se consagrou a
Deus como Terceira Agostiniana Recoleta, sendo uma das primeiras a entrar para
aquela Ordem. Começou o seu apostolado com tanto carinho e abnegação, que foram
incontáveis os pagãos que se converteram ao Cristianismo.
Ela
consolava os aflitos, animava os fracos, fortalecia os que fraquejavam por
causa das perseguições, apoiava os corajosos e esforçados, dava catecismo para
as crianças, e arrecadava esmolas para os pobres entre os comerciantes
portugueses. Fez várias amigas entre as filhas dos ocidentais que moravam em
Nagasaki, as quais muito se edificavam com as suas virtudes, tendo algumas
delas relatado suas impressões e lembranças para os primeiros biógrafos da
Santa.
Em 1628 a perseguição ficou mais violenta. Como quase todos os católicos de
Nagasaki, Madalena se viu obrigada a refugiar-se nas montanhas. Homens e
mulheres virtuosos viviam nas grutas e se alimentavam de ervas silvestres. Ali
vivia ela na companhia dos demais, amada e querida de todos, mesmo dos pagãos.
Os
santos religiosos, Frei Francisco e Frei Vicente, também viviam nas montanhas
zelando pelas almas e oferecendo-lhes o conforto dos Sacramentos. Entretanto,
ambos foram detidos e passaram vários dias na prisão antes de serem queimados
vivos no dia 3 de setembro de 1632.
No
dia seguinte, chegaram ao Japão outros dois missionários agostinianos
recoletos, Frei Melquior de Santo Agostinho e Frei Martinho de São Nicolau.
Estes também foram presos no dia 1° de novembro de 1632 e no dia 11 de dezembro
foram queimados vivos a fogo lento, tal como havia acontecido com os
Bem-aventurados Francisco e Vicente.
Após
a morte desses religiosos, Madalena permaneceu nas montanhas cerca de dois anos
dedicando-se ao apostolado, batizando, aconselhando, consolando e fortalecendo
os que a procuravam. Numerosos foram os católicos que preferiram morrer a
renegar a fé. Infelizmente, muitos também foram os que fraquejaram e
apostataram diante do horror dos suplícios.
Desolada
e triste pela apostasia destes irmãos e desejosa de sofrer o martírio, Madalena
acreditou ter chegado o momento de apresentar-se aos juízes e torturadores para
dar exemplo vivo aos católicos.
Vestindo
o seu hábito de Terceira e portando um pequeno alforje cheio de livros de
santos para meditar e pregar no cárcere, ela se apresentou aos carcereiros e
guardas dizendo-se católica e religiosa.
Num
primeiro momento os guardas mandaram-na embora, dizendo que sendo ela tão jovem
e frágil não poderia suportar os horríveis tormentos a que eram submetidos os
religiosos. Contudo, no dia seguinte ela foi presa.
Admirados
com sua beleza e comovidos pela sua tenra idade, vendo-a estimada e admirada
pelos católicos e também por ser de família nobre e ilustre, os juízes tentaram
convencê-la a abandonar a fé através de atenções especiais e promessas as mais
diversas, mas tudo foi em vão.
Depois
de sofrer vários tipos de torturas sem perder a fé em Nosso Senhor Jesus Cristo, Madalena foi tirada da
prisão no início de outubro de 1634, e com outros dez católicos foi levada ao lugar
do martírio.
Suspensa
pelos pés, com a cabeça e o peito imersos num poço, durante o suplício a
corajosa jovem invocava os nomes de Jesus e Maria, e cantava hinos ao Senhor.
Ela resistiu ao tormento por treze dias. Na noite do 13° dia, o poço foi
inundado por uma tempestade e Madalena morreu afogada. Tinha então 22 ou 24
anos de idade.
Depois
de morta seu corpo foi queimado, e as cinzas foram espalhadas nas águas do mar,
a fim de que suas relíquias não caíssem nas mãos dos fiéis. Seu martírio deu-se
em meados de outubro de 1634.
Beatificada
em 1981, foi declarada Santa por João Paulo II em 18 de outubro de 1987.
Oração
Deus eterno e todo-poderoso, que concedestes à virgem e mártir Santa Madalena, pregar o Evangelho do vosso Filho com ânimo alegre e, movida por um profundo amor a vós, derramar o próprio sangue pelo vosso nome; fazei que, pela sua intercessão, sejamos testemunhas fiéis do vosso Verbo e possamos celebrar juntos a sua glória no céu. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.
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