Conta-se que Aurelius era
cristão e pelas suas convicções acabou concedendo a liberdade a
Calixto a quem, inclusive, doou uma soma para que ele
pudesse abrir o próprio negócio. Sucede que Calixto, não aproveitando a oportunidade,
acabou fracassando, além do que chegou a apropriar-se de certa quantia de
Aurelius e conseqüentemente acabou fugindo para Roma, onde
acabou sendo capturado e teve de trabalhar para
devolver o dinheiro furtado.
O pai do imperador,
porém, deu-lhe uma segunda chance, determinando a sua libertação. Mesmo
assim, Calixto envolveu-se em algumas aventuras desonestas, fazendo com que
fosse flagelado e depois deportado para a Sardenha, onde
passou um bom período submetido a penas forçadas, em trabalhos realizados junto
às minas. Nesta
época reinava o imperador Cômodo e sua esposa Márcia, sendo um período,
favorável aos cristãos exilados, pois muitos receberam a liberdade, tendo
Calixto sido também beneficiado.
O Papa Zeferino, então, acabou
contratando os serviços de Calixto. Desempenhou-se tão bem nas suas atividades,
que acabou sendo nomeado secretário e posteriormente, homem de confiança do
Papa. Sendo então ordenado diácono.
Ficou muito famoso pelo
empreendimento de grandes feitos administrativos, dentre os quais a organização
das catacumbas de Roma, onde estavam depositadas as relíquias dos santos da
Igreja primitiva.
Grande parte destas
catacumbas ficaram muito conhecidas e levam o seu nome (famosas catacumbas de
São Calixto). Ali 46 Papas e milhares de mártires
encontram-se enterrados. Possuem quatro pisos sobrepostos e mais de 20
quilômetros de corredores. Construiu também a
Basílica de Santa Maria, em Trasverre, cuja primeira Igreja dedicou à Virgem
Maria.
Após o martírio de São
Zeferino, o
clero e o povo de Roma elegeram São Calixto como a pessoa mais
preparada para assumir o governo da Igreja. Era notável sua fama de devoção
e piedade.
Havia, muito antes,
declarado publicamente seus pecados, afirmando
que, se um
pecador sinceramente contrito, se entregasse à
penitência e deixasse para trás suas maldades, poderia voltar
a ser admitido entre os fiéis cristãos católicos, e que nenhum bispo o poderia
destituir, mesmo que por grave pecado, caso se arrependesse e
viesse a levar vida de conversão e penitência.
Ocorreu que um
tal Hipólito, baseado no passado e associando nelas as declarações feitas,
opôs-se terrivelmente, de forma que investiu de todas as formas para que
Calixto fosse deposto do trono pontifício, mas seus
argumentos não encontraram eco nem no seio da Igreja, nem
junto aos cristãos católicos.
Durante seu pontificado,
converteu muitos romanos ao cristianismo e curou
a vários doentes
que padeciam de graves enfermidades. Também defendeu e consolou a muito
cristãos, vítimas de perseguições movidas
pelos pagãos.
Costumava
penitenciar-se com
freqüência, inclusive, chegou a submeter-se
a 40
dias consecutivos de jejum. Combateu com constância as heresias.
Foi ele também vítima de uma
grande insurreição popular. Havia entre os pagãos, ódio
generalizado por causa do tratamento favorável que o imperador Eligobalo estava
concedendo aos cristãos. No mesmo ano (222), porém, pouco
antes do
martírio de São Calixto, Eligobalo e sua mãe seriam
assassinados.
Assumindo o imperador
Alexandre Severo, não conseguiu deter o ódio popular e mandou prender Calixto,
o qual foi enviado ao cárcere, onde deixaram-no por muitos dias sem comida e
sem bebida. Em
silêncio, porém, foi encontrado pelos guardas
com semblante muito tranqüilo. Perguntaram-no se tinha fome ou sede após
tanto tempo sem água ou comida, no que respondeu: “Acostumei meu corpo
a passar
dias e semanas sem comer e nem beber, por amor ao meu amigo Jesus Cristo”.
Foi no cárcere que, com suas
orações, curou a esposa do carcereiro quando ela já
agonizava. Por este milagre, o carcereiro deixou-se batizar com toda
sua família, ingressando na santa religião cristã.
Finalmente, por
ordem imperial, São Calixto foi jogado num poço
profundo, que foi coberto até a boca com terra e diversos escombros. O
poço de Calixto é um local turístico de Roma, e
está situado no Tribunal do convento de São Calixto, próximo à Basílica de Santa
Maria, em Trastevere, venerado
até hoje pelos cristãos.
Seu pontificado aconteceu durante os anos de 217 a 222.
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