Ao
longo dos séculos, muitas Beatas e Santas da Igreja Católica exerceram a
profissão de empregada doméstica, algumas permaneceram em sua profissão até o
fim da vida, santificando-se nas provações inerentes ao cargo, aceitando com
alegria a posição que ocupavam dentro das casas em que trabalhavam, atraindo a
admiração de seus patrões, e, em muitos casos, levando-os à conversão, fazendo
também um apostolado intenso junto aos mais necessitados.
Tais
foram: Santa Zita, empregada doméstica de Lucca (Itália), nomeada patrona das
domésticas por Pio XII e a Beata Ângela (Aniela) Salawa, vamos conhecer:
A
décima primeira dos doze filhos de Bartolomeu Salawa e de Eva Bochenek nasceu na
Polônia, em 1881. Recebeu no Batismo o nome de Ângela (Aniela). O pai era
artesão e a mãe inteiramente dedicada aos numerosos filhos, aos quais ensinava
a piedade, a modéstia e o trabalho. Foi sob a direção da mãe que Ângela se
preparou para a Primeira Comunhão aos 12 anos, segundo o costume da época.
Aos
15 anos trabalhava para uma família de Siepraw, cuidando das crianças,
ordenhando as vacas e realizando outros pequenos trabalhos. Em 1897 voltou para
casa, e resistia aos insistentes conselhos do pai para que ela constituísse sua
própria família. Há muito Ângela se sentia inclinada ao celibato.
Transferiu-se
para Cracóvia onde trabalharia como empregada doméstica. Nos primeiros dias
ficou hospedada na casa da irmã mais velha, Teresa – também ela empregada
doméstica – que sabia que Ângela não se sentia chamada ao matrimônio.
Fiel
às inspirações do Espírito Santo e aos conselhos dos diretores espirituais, a
jovem progredia rapidamente na santidade. Cumpria com perfeição todos os seus
deveres de estado e empregava o tempo livre em leituras espirituais para
unir-se cada vez mais a Nossa Senhora e a compreender os mistérios de Nosso
Senhor Jesus Cristo.
Em
Cracóvia trabalhou inicialmente para a família Kloc, deixando-a pouco tempo
depois por causa do assédio do patrão. Trabalhou depois para algumas famílias
da região e retornou para Cracóvia para assistir a morte da sua irmã Teresa, o
que lhe causou muito sofrimento, pois tinha grande afeto por ela. Encontrou
forças para enfrentar a perda prolongando o tempo de orações na igreja.
Sob a direção do padre jesuíta
Estanislau Mieloch se consagrou a Deus com o voto de castidade perpétua, voto
que já fizera na adolescência. Em
1900, inscreveu-se na Associação de Santa Zita de Cracóvia, entidade que
promovia a assistência às domésticas. Dedicava-se
a um apostolado obscuro, mas fecundo, junto às domésticas de Cracóvia. Ela as
reunia, aconselhava, dirigia. Apesar da saúde precária, estava sempre alegre e
sociável, se vestia bem, não para o mundo, mas para Deus.
Em
1911, sofreu dolorosa moléstia, seguida da perda da mãe e da jovem senhora a
quem servia com afeto e dedicação. Além destas provações, vê-se abandonada
pelas companheiras. Naquele período de grandes sofrimentos, confiando somente
em Deus, unindo-se a Ele mais ainda na oração e na meditação, foi agraciada com
fenômenos místicos.
No
dia 15 de maio de 1912, tornou-se membro da Ordem Terceira Secular de São
Francisco, recebendo o hábito na igreja conventual dos Franciscanos, e no dia 6
de agosto de 1913 fez sua profissão.
Durante a 1ª Guerra Mundial, não sem
incômodos voluntariamente assumidos, prestava dedicado e zeloso auxílio aos
feridos, doentes e prisioneiros de guerra no Hospital de Cracóvia, onde
respeitosamente era chamada “a santa senhorita”.
Em
1916, por haver censurado a amante de seu patrão, o advogado Fischer, foi
despedida daquela casa aonde trabalhava desde 1905. Seguiram-se alguns anos sem
trabalho e com a doença progredindo, mas com o consolo dos fenômenos místicos.
Em
1918, com as forças debilitadas, deixou também os trabalhos voluntários e
recolheu-se a uma cela paupérrima, onde durante quatro anos viveu em íntima
contemplação dos mistérios divinos, sustentada por Maria Santíssima e pela
Comunhão Eucarística. Esta era levada diariamente pelo seu confessor. As
companheiras inconsoláveis se alternavam ao seu lado para assisti-la.
Ela oferecia todos os seus sofrimentos
pela conversão dos pecadores, pela salvação das almas, pela expansão
missionária da Igreja. Em fevereiro de 1922, num último ato de devoção,
ofereceu-se a Deus como vítima pela propagação do Seu Reino na Polônia e no
mundo. Anotou em seu Diário: “Pensando
em minha vida, creio estar na vocação, no local e no estado para os quais Deus
me havia chamado desde a infância”.
Por
fim Ângela consentiu em deixar aquela cela e foi levada para a enfermaria de
Santa Zita, onde, após ter recebido os Sacramentos, faleceu serenamente no dia
12 de março de 1922, em extrema pobreza e com a fama de santidade.
O
Papa João Paulo II proclamou-a Beata no dia 13 de agosto de 1991, em Cracóvia.
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