99. O amor que se estende para além das fronteiras está na base daquilo que chamamos "amizade social" em cada cidade ou em cada país. Se for genuína, esta amizade social dentro duma sociedade é condição para possibilitar uma verdadeira abertura universal. Não se trata daquele falso universalismo de quem precisa de viajar constantemente, porque não suporta nem ama o próprio povo. Quem olha para a sua gente com desprezo, estabelece na própria sociedade categorias de primeira e segunda classe, de pessoas com mais ou menos dignidade e direitos. Deste modo, nega que haja espaço para todos.
100. Também não estou a propor um
universalismo autoritário e abstrato, ditado ou planificado por alguns e
apresentado como um presumível ideal para homogeneizar, dominar e saquear. Há
um modelo de globalização que visa conscientemente uma uniformidade
unidimensional e procura eliminar todas as diferenças e as tradições numa busca
superficial de unidade. (...) Se uma globalização pretende fazer a todos
iguais, como se fosse uma esfera, tal globalização destrói a riqueza e a
singularidade de cada pessoa e de cada povo. Este falso sonho
universalista acaba por privar o mundo da variedade das suas cores, da sua
beleza e, em última análise, da sua humanidade. Com efeito, o futuro não é
“monocromático”, mas – se tivermos coragem para isso – podemos contemplá-lo na
variedade e na diversidade das contribuições que cada um pode dar. Como precisa
a nossa família humana de aprender a viver conjuntamente em harmonia e paz, sem
necessidade de sermos todos iguais!
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