Em todas as
paróquias do mundo, o terceiro domingo de outubro é o Dia Mundial das Missões,
um dia para oferecer orações, sacrifícios e esmolas para missões e missionários
em todo o mundo.
Um dia, Paulina
Jaricot chegou de seu trabalho, cansada e ansiosa para ouvir uma história que a
distraísse. Ela entrou na cozinha para pedir à empregada que lhe contasse algo
agradável. A boa mulher respondeu: "Se você me ajudar a terminar este
trabalho, eu vou te contar uma coisa que vai te agradar muito". A
menina a ajudou com prazer e, quando terminou o trabalho, a cozinheira tirou o
avental e abriu uma revista de missões e leu as aventuras de vários
missionários que, em terras distantes, em meio a terríveis dificuldades
econômicas, e com grandes perigos e dificuldades, escreviam contando suas
façanhas e pedindo aos católicos que os ajudassem com suas orações, esmolas e
sacrifícios, para que pudessem continuar seu difícil trabalho missionário.
Naquele momento,
uma ideia brilhante passou pela mente de Paulina: por que não reunir pessoas
piedosas e obter de cada uma dinheir, orações e algum pequeno sacrifício para
as missões e os missionários, e depois enviar tudo para aqueles que trabalhavam
evangelizando em terras distantes? E ela começou a começar a realizar essa
semana tão memorável.
Paulina Jaricot
nasceu em Lião (França) a 22 de julho de 1799, de uma família proprietária de
uma fábrica de seda. Desde a sua infância recebeu profunda educação cristã.
Após grave
enfermidade e morte da mãe, em 1816, Paulina resolveu "servir somente a Deus". Nesta oportunidade, fez voto
privado de castidade e adotou um estilo de vida e de vestir das mais pobres
operárias.
Por meio de seu
querido irmão, Filéias, seminarista do Seminário de Saint-Sulpice, em Paris,
onde se preparava para ser missionário na China, Paulina toma conhecimento e
mantém-se informada da situação difícil das missões.
Paulina, além de
esforçar-se em dar a conhecer as necessidades das missões (pertencia também à
Associação dos Padres das Missões Estrangeiras), amadurecia em sua mente algo
mais orgânico que poderia suscitar o entusiasmo e evoluir interiormente; algo,
inclusive, que pudesse envolver todos os católicos e ser uma verdadeira ajuda
para todas as missões indistintamente.
Ao
aparecer o grande projeto de Paulina Jaricot, que um dia se converteria na Obra
da Propagação da Fé, seu irmão Filéias, recém ordenado sacerdote, sugere à irmã
que se consagre, inteiramente, a uma atividade organizada em favor das missões.
"A minha vocação - escrevia
Paulina – impedia-me de fixar a minha
atenção apenas numa obra até o ponto de esquecer-me das demais... Desejo
permanecer livre para poder ir onde as necessidades são maiores".
Suas outras obras
foram: o Rosário Vivo (1826), a Obra de Boa Imprensa (bibliotecas populares e
volantes, 1826), o Banco do Céu (1830), a Congregação de Filhas de Maria
(1831).
O
mundo católico considera Paulina Jaricot como uma mulher de extraordinária
têmpera de alma e de ampla visão das necessidades da Igreja; uma mulher
verdadeiramente amante da Igreja, que viveu quase sempre incompreendida,
combatida, caluniada e até perseguida pelos superiores.
Paulina era de
temperamento prático: todas as suas iniciativas revelam um espírito sumamente
realista, capaz de dar corpo e vida a uma ideia. Suas atividades, são
aparentemente simples e susceptíveis de serem atribuídas a qualquer pessoa,
denotavam, porém, uma percepção exacta da realidade social e espiritual de seu
tempo.
As
autoridades eclesiásticas, que repetidamente recomendaram a Obra aos Bispos,
sacerdotes e fiéis, reconhecendo em Paulina Jaricot um instrumento dócil,
generoso e heroico da Divina Providência para a evangelização, introduziu a
causa da Beatificação, em 18 de janeiro de 1830. Em 25 de fevereiro de 1963, o
Papa João XXIII assinou o decreto que proclama a heroicidade das virtudes de
Paulina Maria Jaricot. Por isso a declarou "Venerável",
o que significa que a Igreja se compromete em beatificá-la.
Faltava apenas o reconhecimento de um milagre para
alcançar a beatificação. Isso aconteceria em 2012. Maylin, uma menina de 3
anos, ficou sufocada. Hospitalizada, ela teve uma parada cardíaca e foi
considerada praticamente morta pelos médicos. Em sua escola, foi organizada
uma corrente de oração pela intercessão de Paulina Jaricot, cujo jubileu, de 50
anos da morte, foi celebrado naquele ano. Alguns dias depois, a criança
mostra sinais de vida e se recupera sem sequelas.
Um inquérito diocesano sobre a suposta cura foi instaurado no Tribunal
Eclesiástico da Diocese de Lyon. A menina foi auscultada em
Roma. Após um longo procedimento científico e canônico, os médicos
concluem que se trata de uma cura inexplicável. Um fato excepcional, na
opinião de Gaëtan Boucharlat de Chazotte, porque “muitos casos de curas
inexplicáveis, investigados na diocese, não foram bem-sucedidos porque os fatos
não foram suficientemente comprovados”.
Depois de encaminhar as conclusões do processo para Congregação para as
Causas dos Santos, o Papa Francisco autoriza o decreto que reconhece o milagre.
Ela foi beatificada no dia 22 de maio de 2022.
Rezemos, pedindo a
Deus um milagre por intercessão de Paulina Jaricot:
Senhor, Vós inspirastes a Paulina Maria Jaricot a
fundação da Obra da Propagação da Fé, a Organização do Rosário Vivo e seu
compromisso radical com o mundo operário. Dignai-Vos agora apressar o dia em
que a Igreja possa celebrar a santidade de sua vida. Fazei que seu exemplo arraste
muitos cristãos a entregar-se ao serviço da evangelização, para que os homens e
mulheres de hoje, em toda a terra, descubram Vosso amor infinito manifestado em
Jesus Cristo, Nosso Senhor, que convosco vive e reina, na unidade do Espírito
Santo, pelos séculos dos séculos. Amém.
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