O Padre João Maria Boccardo foi
um homem de profunda espiritualidade e, simultaneamente, apóstolo dinâmico,
promotor da vida religiosa e do laicado, sempre atento a discernir os sinais
dos tempos. Na escuta orante da palavra de Deus, maturou uma fé vivíssima e
profunda. Escrevia: «Sim, meu Deus, aquilo que Tu queres, também eu o quero».
E que dizer do seu
incansável zelo pelos mais pobres? Soube inclinar-se sobre toda a miséria
humana com o espírito de São Caetano de Thiene, espírito que transmitiu à
Congregação feminina por ele fundada para a assistência aos idosos, aos que
sofrem e para a educação da juventude. Tornou sua a máxima evangélica: «em
primeiro lugar buscai o Reino de Deus e a sua justiça» (Mt 6, 33).
Como o Santo Cura de
Ars, do qual era devoto, indicou aos seus paroquianos, com a palavra e sobretudo
com o exemplo, a estrada do Céu. No dia da sua chegada como Pároco a
Pancalieri, falou da seguinte maneira aos fiéis: “Venho entre vós, queridos, para
viver como um de vós, vosso pai, irmão e amigo, e para dividir convosco as
alegrias e os sofrimentos da vida... Venho entre vós como servo de todos e cada
um poderá dispor de mim, e considerar-me-ei sempre afortunado e feliz por vos
poder servir, não procurando outra coisa que não seja fazer o bem a todos».
Proclamava-se sempre
filho devoto de Nossa Senhora e recorria a ela com constante confiança. A quem
lhe perguntava: «É muito difícil merecer o Paraíso?”», respondia: «Sê
devoto a Maria, que é a sua "Porta", e entrarás nele». O seu
exemplo ainda está vivo na memória do povo, que a partir de hoje o pode invocar
como intercessor no Céu.
Papa João Paulo II – Homilia de
Beatificação – 24 de maio de 1998
Em 1848, no dia 20 de Novembro nasce o
pequeno João Maria Boccardo, em Testona, na Itália.
Família pobre com 8 irmãos mas muito
religiosa, sentiu o chamado, entra no seminário e é ordenado sacerdote em
3 de Junho de 1871. Trabalha no seminário como assistente e depois como reitor
por vários anos.
No dia 10 de Setembro de 1882 aos 34
anos de idade, recebe a proposta de assumir uma paróquia, no momento sem pastor.
Cidade pequena, 3000 habitantes: Pancalieri.
Em junho de 1884 os seus paroquianos
são atingidos por uma epidemia: A cólera. As providências sanitárias são
tomadas. Padre João Maria Boccardo e o grupo das Filhas de Maria redobram sua
dedicação. Ninguém fica sem os sacramentos. E a epidemia desapareceu, tudo
volta a normalidade. Mas o Pároco continua afligido por que tem muitas famílias
enlutadas, dizimadas, atingidas pela miséria.
Ele sente que a paróquia precisa
continuar fazendo alguma coisa com campo da caridade. Ele fixou sua atenção nos
pobres, enfermos e idosos que se faziam presentes em maior numero.
Aluga uma velha tecelagem em péssimo
estado, que tinha sido utilizado para criação de coelhos. Fazem-se alguns
reparos mais urgentes e com o mínimo necessário se inaugura a casa com os três
primeiros hospedes no dia 6 de Novembro de 1884.
As pessoas assistidas aumentaram, e o
grupo das moças da Pia União, Filhas de Maria, grupo voluntario, voltavam na
suas casas pela tarde.
O Padre sentiu que a boa vontade dessas
moças não era suficiente. Pensou então que era necessário pessoas que antes de
todo se consagrassem a Deus para depois se consagrarem ao serviço do próximo.
Padre João rezou, rezou, pediu
conselhos a seus colegas sacerdotes, como Dom Bosco. De todos eles recebeu
apoio e, encorajado para levar à frente o seu plano, iniciou o projeto de Deus
e veio a luz a congregação.
Começou com três jovens entre as quais
Carlota Fontana, que se tornou Irmã Maria Caetana, primeira superiora geral da
Congregação.
A congregação foi crescendo, de todas
localidades pediam o serviço das Irmãs, vivenciando o Amor de Deus, ao próximo,
e entre si, no clima de pobreza e simplicidade evangélicas.
Depois de três meses de doença Padre
João faleceu no dia 30 de Dezembro de 1913. No seu testamento deixou a
congregação aos cuidados de seu irmão, também Sacerdote, o Padre Luis Boccardo.
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