Mas, essencialmente, o que é a Missa?
A Missa é o memorial do Mistério pascal
de Cristo. Ela nos torna partícipes na
sua vitória sobre o pecado e a morte e dá significado pleno a nossa vida” -
respondeu - ressaltando, que para compreender o seu valor, devemos antes de
tudo entender o significado bíblico de “memorial.
Este não é somente a recordação – o memorial não é
somente uma recordação - não é somente uma recordação dos acontecimentos do
passado, mas o memorial os torna de certo modo presentes e atuais. Precisamente
assim Israel entende a sua libertação do Egito: toda vez que é celebrada a
Páscoa, os acontecimentos do Êxodo tornam-se presentes na memória dos fiéis
para que conformem a própria vida a eles.
Jesus,
com sua paixão, morte, ressurreição e ascensão ao Céu, levou a Páscoa ao seu
cumprimento.
Assim,
a Missa é o memorial da sua Páscoa, de seu “êxodo”, que realizou por nós, para
nos fazer sair da escravidão e nos introduzir na terra prometida da vida
eterna. Não é somente uma recordação,
não, é mais do que isto: é fazer presente o que aconteceu há 20 séculos.
Assim,
a Eucaristia nos leva sempre ao ápice da ação de salvação de Deus: o Senhor
Jesus, fazendo-se pão partido por nós, derrama sobre nós toda a sua
misericórdia e o seu amor, como fez na cruz, renovando o nosso coração, a nossa
existência e o nosso modo de nos relacionarmos com Ele e com os irmãos.
Cada
celebração da Eucaristia é um raio daquele sol sem ocaso que é Jesus ressuscitado. Participar da Missa, em
particular no domingo, significa entrar na vitória do Ressuscitado, ser
iluminados pela sua luz, aquecidos pelo seu calor. Por meio da celebração
eucarística, o Espírito Santo nos torna partícipes da vida divina que é capaz de
transfigurar todo o nosso ser mortal. Na sua passagem da morte à vida, do tempo
à eternidade, o Senhor Jesus nos leva com Ele para fazer a Páscoa. Na Missa se
faz Páscoa. Nós, na Missa, estamos com
Jesus, morto e ressuscitado e Ele nos leva para frente, para a vida eterna.
Na Missa nos unimos a Ele. Antes ainda, Cristo vive em nós e nós vivemos n’Ele
(...). Assim pensava São Paulo.
O seu sangue nos liberta da morte e do
medo da morte.
Nos liberta não somente do domínio da morte física,
mas da morte espiritual que é o mal, o pecado, que toma conta de nós cada vez
que caímos vítima do pecado nosso ou dos outros. E então a nossa vida é sujada,
perde a beleza, perde o significado, esmorece.
Cristo,
pelo contrário nos dá a vida novamente; Cristo é a plenitude da vida, e quando
enfrentou a morte, a aniquilou para sempre.
A Páscoa de Cristo é a vitória definitiva sobre a
morte, porque Ele transformou a sua morte em supremo ato de amor. Morreu por
amor. E na Eucaristia, Ele quer nos comunicar este seu amor pascal, vitorioso.
Se o recebemos com fé, também nós podemos amar verdadeiramente Deus e o
próximo, podemos amar como Ele nos amou, dando a vida.
E se o amor de Cristo está em mim posso
doar-me plenamente ao outro, na certeza interior de que mesmo que o outro me
fira, eu não morrerei. Caso contrário,
deverei defender-me.
Os mártires deram a sua vida justamente por esta
certeza da vitória de Cristo sobre a morte. Somente se experimentamos este
poder de Cristo, o poder de seu amor, somos realmente livres para nos doar sem
medo.
E esta é a Missa entrar nesta paixão,
morte, ressurreição, ascensão de Jesus:
E quando
vamos à Missa é como se fôssemos a um Calvário, é a mesma coisa. Mas pensem: se
vamos ao Calvário - pensemos usando a imaginação - naquele momento, nós
sabemos que aquele homem ali é Jesus. Mas, nós nos permitiremos ficar
conversando, tirar fotografias, fazer um pouco o espetáculo? Não! Porque é
Jesus! Nós, certamente estaremos em silêncio, no choro, e também na alegria de
sermos salvos. Quando nós entramos na Igreja para celebrar a Missa, pensemos
isto: entro no Calvário, onde Jesus dá a sua vida por mim, e assim desaparece o
espetáculo, desaparecem as conversas, os comentários, e estas coisas que nos
distanciam disto que é tão bonito que é a Missa, o triunfo de Jesus.
Penso
que agora esteja mais claro como a Páscoa nos torna presente e atuante cada vez
que celebramos a Missa, isto é, o sentido de memorial.
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