Mediante
o Batismo somos inseridos em Cristo, Luz do mundo, luz bem visível e
iluminadora foi a que fez brilhar a beata Maria Pia Mastena, a qual viveu a
sua condição de religiosa, na busca contínua de levar ao rosto dos irmãos, o
esplendor da Sagrada Face, por ela tão amada. O rosto do homem, sobretudo
quando é deturpado pelo pecado e pelas misérias deste mundo, só poderá
resplandecer quando for conforme ao de Cristo, martirizado na Cruz e
transfigurado pela glória do Pai.
Madre Mastena sentiu a forte tensão
missionária de "levar o Rosto de
Jesus aos homens de todo o mundo, aos lugares mais pobres e abandonados".
Olhando para a santidade da beata Madre Mastena é legítimo reconhecer nela uma
grande artista que soube imprimir em si mesma a Imagem de Cristo, assumindo,
mediante a prática de tantas virtudes, o "Rosto dos rostos", o Rosto
mais belo que possa haver entre os filhos dos homens. Ela conseguiu fazer transparecer, pelas suas características pessoais,
o Rosto do Senhor nas expressões da misericórdia, da caridade, do perdão, do
serviço a tempo inteiro às pessoas mais necessitadas. Com grandes
sacrifícios, dificuldades, fé e tenacidade, em 1936, a beata Mastena fundou a
Congregação das Religiosas da Sagrada Face, transmitindo às suas irmãs de
hábito o seu projeto de vida, que em síntese definia: "propagar, reparar, restabelecer a
Face de Cristo nos irmãos". Assim explicava, com poucas palavras, mas
intensas, às jovens Irmãs, o carisma das religiosas da Sagrada Face: "Quando
um irmão está triste e sofre é nossa tarefa fazer com que o sorriso volte ao
seu rosto... Esta é a nossa missão: fazer sorrir o rosto do doce Jesus no
rosto do irmão!".
Num mundo de pessoas distraídas em relação às
coisas eternas é atual como nunca o exemplo esplendoroso da beata Madre Mastena
de cujo rosto transparecia, como filigrana, o rosto sorridente de Cristo. Toda
a pessoa da Madre Maria Pia estava repleta da presença de Cristo Crucificado e
Ressuscitado, de maneira evidentemente superabundante, a ponto de a estimular a
servi-lo nos pobres de todos os gêneros e a identificar-se na Eucaristia
celebrada e adorada.
Homilia de beatificação – Cardeal José
Saraiva Martins – 13 de novembro de 2005
Maria Pia Mastena nasceu em Bovolone, na
província de Verona, Itália, aos 7 de dezembro de 1881. Dos pais da beata as
testemunhas falam que eram ótimos cristãos e muito fervorosos na prática
religiosa e no exercício da caridade. Dos quatro irmãos, o último, Tarcísio,
entrou na Ordem dos Frades Capuchinhos e morreu também com fama de santidade.
Aos 10
anos, Maria recebeu com grande fervor a primeira comunhão, e nessa ocasião emitiu
privadamente o voto de castidade. Alguns meses depois recebeu o sacramento da
Confirmação. Durante a adolescência foi assídua às funções religiosas e às
atividades da paróquia, particularmente como catequista.
Logo nela se fez sentir o chamado à vida
religiosa, perseguindo o seu ideal marcado por uma forte devoção eucarística e
à Sagrada Face. Pediu para entrar no convento na idade de 14 anos, mas foi
aceita somente aos 20 anos, como postulante, no Instituto das Irmãs da
Misericórdia, de Verona.
Com a licença dos Superiores, aos 11 de abril
de 1903, fez pessoalmente « voto privado
de vítima ».
Vestiu o hábito religioso aos 29 de setembro
de 1902, e aos 24 de outubro de 1903 emitiu os votos religiosos e foi-lhe
imposto o nome de Irmã Passitea do Menino Jesus. A Beata viveu com generosa
intensidade espiritual esta primeira etapa de vida religiosa e lembrar-se- á
sempre dela como um tempo de graça e de bênção e sempre falará com estima e
reconhecimento dos superiores e das coirmãs do Instituto das Irmãs da
Misericórdia. O fervor encontrado neste Instituto levá-la-á a fazer em seguida
o voto de buscar em tudo a coisa mais perfeita.
Desenvolveu a tarefa de professora em
diversos lugares do Veneto, vivendo 19 anos em Miane, dedicando-se também a um
intenso apostolado entre os alunos de todas as idades, doentes e inábeis.
Com a autorização dos seus Superiores e a
permissão da Santa Sé, entrou, aos 15 de abril de 1927, no mosteiro
Cisterciense São Giacomo de Veglia, para secundar o seu anelo contemplativo.
Aos 15 de novembro de 1927, encorajada pelo
Bispo de Vittorio Veneto, saiu do Mosteiro, retomou o ensino e passou à
instituição de uma nova Congregação denominada Religiosas da Sagrada Face.
Ereta canonicamente aos 08 de dezembro de 1936, depois de muitos sofrimentos,
foi reconhecida como Congregação de Direito Pontifício aos 10 de dezembro de
1947.
Toda a sua atividade seguinte foi dedicada à
consolidação e à expansão da Congregação, promovendo novas iniciativas para os
pobres, sofredores e doentes, confiando ao Instituto o carisma de « propagar,
reparar, restabelecer a imagem do doce Jesus nas almas ».
Morreu em Roma, aos 28 de junho de 1951.
"Sofrer, mas
nunca fazer sofrer."
"Fazei de nós
Senhor, peregrinos em busca da vossa Face."
“Amar, arder. Sacrificar-se,
consumar-se.”
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