Antonio Miguel Ghisleri nasceu em 1504,
em Bosco Marengo, na província de Alexandria e, aos quatorze anos já ingressara
na congregação dos dominicanos. Depois que se ordenou sacerdote, sua carreira
correu na Terra como um raio. Foi professor, prior de convento, superior
provincial, inquisidor em Como e Bérgamo, bispo de Sutri e Nepi, depois
cardeal, grande inquisidor, bispo de Mondovi e, finalmente, papa, em 1566,
tomando o nome de Pio V.
Assim que assumiu foi procurado em Roma por dezenas de parentes. Quando, em certa ocasião, alguém lhe lembrou de
subvencionar mais os parentes, Pio respondeu: “Deus fez-me Papa para cuidar da
Igreja e não de meus parentes”. Não deu "emprego" a nenhum, afirmando
ainda que um parente do papa, se não estiver na miséria, "já está bastante
rico".
Implantou ainda outras mudanças no campo
pastoral, aprovadas no Concílio de Trento: a obrigação de residência para os
bispos, a clausura dos religiosos, o celibato e a santidade de vida dos
sacerdotes, as visitas pastorais dos bispos, o incremento das missões e a
censura das publicações, para que não contivessem material doutrinário não
aprovado pela Igreja. Conseguiu a união dos países católicos, com a conseqüente
vitória sobre os turcos invasores decretou a excomunhão e deposição da própria
rainha da Inglaterra.
Não há virtude que este
grande Papa não tenha exercitado. Todos os dias celebrava ou ouvia a Santa
Missa, com o maior recolhimento. Tinha grande devoção a Jesus Crucificado.
Fazia todas as orações aos
pés da imagem do Crucificado, inúmeras vezes o beijava.
Certa vez, quando ia
beijá-lo, conforme o costume, a imagem retirou-se, salvando-o assim de ser
assassinado. Uma pessoa má tinha coberto a imagem com um pó levíssimo e
venenoso.
Numa quinta-feira Santa,
quando realizava a cerimônia do “Lava Pés”, entre os doze pobres havia um,
cujos pés apresentavam uma úlcera asquerosa. Pio, reprimindo uma natural
repugnância, beijou a ferida com muita ternura. Um fidalgo inglês, que viu este
ato, ficou tão comovido, que, no mesmo dia, se converteu à Igreja Católica.
Pio era tão amigo da oração,
que os turcos afirmaram ter mais medo da oração do Papa, do que dos exércitos
de todos os príncipes unidos. À oração unia rigor contra si mesmo: a vida
era-lhe de penitência contínua. Três vezes somente por semana comia carne e
ainda assim em quantidade mínima.
Mostrava grande amor aos
pobres e doentes. Entre os pobres, gozavam de preferência os neófitos.
Seguindo o exemplo do divino
Mestre, perdoava de boa vontade aos inimigos e ofensores. Nunca se lhe ouviu da
boca uma palavra áspera.
Pio empregava bem o tempo.
Era amigo do trabalho e todo o tempo que sobrava da oração, pertencia às
ocupações do alto cargo. Alguém lhe aconselhara que poupasse mais a saúde, e
tomasse mais descanso. Pio respondeu-lhe:
“Deus deu-me este cargo,
não para que vivesse segundo a minha comodidade, mas para que trabalhasse para
o bem dos meus súditos. Quem é governador da Igreja, deve atender mais às
exigências da consciência que às do corpo”.
Pio V morreu em 15 de maio
de 1572, tendo seu pontificado durado seis anos e três meses. Foi canonizado em
1712, por Clemente XI.
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