Curiosamente, no Convento Franciscano de Lazio,
chegavam leigos e personalidades da Igreja a fim de confidenciarem seus
problemas ao cozinheiro. Aliás, esse cozinheiro era também o jardineiro e o
porteiro do convento e seu nome era Carlos.
Nascido
em 19 de outubro de 1613, em Sezze, Itália, Carlos era um irmão leigo, pessoa
humilde, submissa e sempre muito contente. Descontentes estavam seus
familiares, os Melchiori ou Marchionne, cujas propriedades rurais se perdiam de
vista. Seus familiares tinham outros planos para Carlos, pois queriam que ele
estudasse e fizesse carreira.
Um
dia um bando de aves espantou os bois que Carlos dirigia quando estava arando,
e estes arremeteram contra ele com grave perigo de matá-lo. Quando sentiu que
ia perecer no acidente, prometeu a Deus que se fosse salvo se tornaria
religioso. E milagrosamente ficou ileso. Pediu então a uns religiosos
franciscanos que o ajudassem a entrar em sua comunidade e eles o convidaram a
que fosse a Roma para que fale com o superior da congregação. Assim o fez junto
com três companheiros mais e após ser provados com na humildade tratando-os com
muita dureza, o superior permitiu admiti-los.
A
essa altura, os familiares o queriam sacerdote, mas ele seria sempre frei
Carlos, mais nada, sem graduação alguma. Carlos passou por inúmeros conventos
franciscanos, sempre trabalhando, recolhendo esmolas, socorrendo doentes e
moribundos em suas casas. Com o transcorrer dos anos, desponta nele o
explorador de consciências, o modificador de atitudes e comportamentos, e essa
fama corre por toda Igreja.
Embora
Carlos cuidasse apenas da horta e da cozinha do convento, sempre acontecia ser
enviado para outras cidades para que pudesse aconselhar bispos e cardeais. Um
dia recebe uma incumbência, diretamente do Papa Clemente IX (1667-69):
"Frei Carlos, dizem que na cidade de Perúgia há uma madre santa, vá lá e
verifique pessoalmente a veracidade da situação". Uma grande
responsabilidade para um simples cozinheiro. Frei Carlos tinha pouca instrução,
mas escrevia belíssimas páginas espirituais e autobiográficas, numa gramática
acidentada, porém, eficiente. Também não lhe faltaria sua porção de Calvário,
com acusações de uma mulher mundana. Consideradas depois, calúnias, mas que
fizeram o frei adoecer por alguns anos.
Diante
do pedido de muitas pessoas
que lhe pediam incessantemente que redigisse algumas normas para orar melhor e
crescer em santidade, o santo publicou um folhetim lhe causando diversas
dificuldades pelo que quase é expulso de sua comunidade. Humilhado se ajoelhou
diante de um crucifixo para lhe contar suas angústias, e ouviu que Nosso Senhor
lhe dizia: "Ânimo, que estas coisas não lhe vão impedir de entrar no
paraíso".
A
petição mais freqüente do irmão Carlos a Deus era esta: "Senhor, me
acenda em amor a Ti". E tanto a repetiu que um dia durante a elevação
da Santa hóstia na Missa, sentiu que um raio de luz saía da Sagrada Eucaristia
e chegava a seu coração. Em vida, frei Carlos falava de "um raio de
luz" que o havia atingido no peito, em 1648, durante êxtase profundo
com Deus.
Após a sua morte, no seu peito se descobre um sinal
estranho, como uma cicatriz. Posteriormente, uma comissão médica declararia que
esse sinal é de origem sobrenatural.
Após
uma viagem a Úmbria, frei Carlos falece em 6 de janeiro de 1670, no Convento de
São Francisco, na cidade de Roma.
O
Papa João XXIII o declarou santo em 1959, porque sua vida é um exemplo de que
ainda nos ofícios mais humildes e em meio de humilhações e incompreensões
podemos chegar a um alto grau de santidade e ganhar a glória do céu.
Seu
corpo é conservado incorrupto na igreja do convento onde faleceu.
Uma das histórias de santos mais linda que eu já li. Obrigada por partihar!
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