Os 'mártires de Quiché' foram beatificados na sexta-feira, 23, na Guatemala: três sacerdotes espanhóis, missionários do Sagrado Coração de Jesus; José María Gran, Faustino Villanueva e Juan Alonso, junto com sete catequistas leigos; Rosalío Benito, Reyes Us, Domingo del Barrio, Nicolás Castro, Tomás Ramírez, Miguel Tiú e Juan Barrera Méndez, assassinados, este último aos 12 anos, em 'ódio à fé' no contexto da guerra civil que assolou o país entre 1980 e 1991. A cerimônia de beatificação teve lugar na Catedral de Santa Cruz del Quiché e foi presidida pelo cardeal guatemalteco Álvaro Leonel Ramazzini.
Décadas depois do martírio, o
sangue derramado por estes "homens de fé", dedicados totalmente ao
serviço do Evangelho e da Igreja, continua a dar frutos em abundância, afirmou Dom
Rosolino Bianchetti Boffelli, bispo da diocese de Quiché.
Os mártires eram realmente
missionários em movimento. Iam de casa em casa, mantendo viva a fé, rezando com
os irmãos, evangelizando, implorando ao Deus da vida. Eram homens de grande fé,
de grande confiança em Deus, mas ao mesmo tempo de muita dedicação para que houvesse
uma mudança, uma Guatemala diferente.
Movidos pelo desejo de
contribuir para a missão apostólica da Igreja em suas terras, esses homens
corajosos não se detiveram diante de nenhum tipo de ameaça e "abraçaram
sua cruz", sendo perseguidos, torturados e mortos por aqueles que
consideravam os ensinos do Evangelho como "um perigo" para os
interesses dos poderosos.
Eram homens de grande estatura,
e com a Palavra de Deus e o Rosário nas mãos, visitavam as suas comunidades
para ajudar os mais necessitados: os sacerdotes apoiavam os fiéis, enquanto os
leigos, depois de terminarem os seus trabalhos, iam visitar os enfermos,
anunciavam a Boa Nova, serviam na Igreja e ajudavam os camponeses a recuperar a
terra que lhes havia sido roubada injustamente.
- Padre José María
Gran Cirera nasceu em Barcelona (Espanha) em 27 de abril de 1945, emitiu a
primeira profissão na Congregação dos Missionários do Sagrado Coração em 8 de
setembro de 1966 e a profissão perpétua em 8 de setembro de 1969. Foi ordenado
sacerdote em 9 de junho, 1972 em Valladolid. Depois de um período de
serviço pastoral em Valência, em 1975 foi enviado para a Guatemala, onde
exerceu o ministério em S. Cruz del Quiché, até 1978. Posteriormente foi
destinado à paróquia de S. Gaspar di Chajul (Guatemala). Ele fez seu o
programa da comunidade religiosa e da diocese ao lado dos mais pobres e
indígenas, massacrados pelo genocídio silencioso das autoridades
militares. Foi assassinado em 4 de junho de 1980 junto com o sacristão, Domingo
del Barrio Batz, quando retornavam a Chajul (Guatemala), depois de uma
visita pastoral às aldeias da freguesia. Ele tinha 35 anos.
- Domingo del Barrio Batz nasceu em Ilom (Guatemala) em 26 de
janeiro de 1951, casado com um leigo, engajado na Ação Católica e sacristão na
paróquia de S. Gaspar di Chajul. Foi assassinado junto com o Padre José
María Gran Cirera em 4 de junho de 1980. Ele tinha 29 anos.
- Padre Faustino Villanueva Villanueva nasceu em Yesa (Espanha)
em 15 de fevereiro de 1931, emitiu a primeira profissão religiosa na
Congregação dos Missionários do Sagrado Coração em 8 de setembro de 1949 e a
profissão perpétua em 1952. Foi ordenado sacerdote em 25 de fevereiro de 1956.
Foi mestre de noviços e professor de seminário. Em 1959, ele foi enviado
para a Guatemala. Exerceu funções pastorais em várias paróquias da diocese
de Quiché, especialmente na paróquia de Nossa Senhora da Assunção de Joyabaj
(Guatemala), onde foi assassinado a 10 de julho de 1980. Tinha 49 anos.
- Padre Juan Alonso Fernández nasceu em Cuerigo (Espanha) em 28
de novembro de 1933. Emitiu os primeiros votos na Congregação dos Missionários
do Sagrado Coração em 8 de setembro de 1953 e os votos perpétuos em 8 de
setembro de 1958. Foi ordenado sacerdote em 11 de junho de 1958. 1960 e no mesmo
ano foi enviado para a Guatemala. De 1963 a 1965 foi missionário na
Indonésia. De volta à Guatemala, fundou a paróquia de S. Maria Regina em
Lancetillo. Ele foi torturado e assassinado em 15 de fevereiro de 1981, em
La Barranca (Guatemala). Ele tinha 47 anos.
- Tomás Ramírez Caba nasceu em Chajul (Guatemala) em 30 de
dezembro de 1934, casado, leigo, foi sacristão-mor de Chajul. Foi
assassinado na paróquia de S. Gaspar em Chajul (Guatemala) em 6 de setembro de
1980. Tinha 45 anos.
- Reyes Us Hernández nasceu em Macalajau (Guatemala) em 1939,
leigo casado, exercia a atividade pastoral da paróquia natal. Ele foi
assassinado em Macalajau em 21 de novembro de 1980. Ele tinha 45 anos.
- Rosalío Benito, o local exato e a data de nascimento não são conhecidos. Ele
era um catequista e muito empenhado pastoralmente. Ele foi assassinado em
La Puerta (Chinique, Guatemala) em 22 de julho de 1980.
- Nicolás Castro nascido em Cholá (Guatemala), foi catequista e
ministro extraordinário da Eucaristia. Ele foi assassinado em Los Platanos
(Chicamán, Guatemala) em 29 de setembro de 1980.
- Miguel Tiu Imul nasceu em Cantón la Montaña (Guatemala) em 5
de setembro de 1941, leigo casado, foi diretor da Ação Católica e
catequista. Ele foi assassinado em Parraxtut (Guatemala) em 31 de outubro
de 1991. Ele tinha 50 anos.
- Juan Barrera Méndez nascido em Potrero Viejo (Guatemala) em 4
de agosto de 1967, era um menino da Ação Católica. O mais jovem dos
mártires, era conhecido como "Juanito", aos 12 anos demonstrou uma
profunda maturidade espiritual como catequista de crianças que se preparavam
para receber a Primeira Comunhão e até mesmo recebeu o Sacramento da
Confirmação. Segundo os testemunhos que temos, ele carregava no coração aquela
chama, aquela paixão em seguir Jesus. Queria até construir uma igreja perto de
sua casa para que seu pai, que a princípio se recusava frequentar a igreja,
pudesse ali participar.
Em 1980 foi capturado em um
ataque do exército em sua comunidade, torturado, teve as solas de seus pés cortadas. Em seguida, eles o fizeram caminhar
ao longo da margem do rio. Ele foi pendurado em uma árvore e atiraram nele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário