A grande intuição desta ilustre filha da terra de
Bergamo foi a de ter compreendido a importância da escola como meio fundamental
de formação do cidadão e do cristão. Desta forma, ela antecipou profeticamente
as orientações do Concílio Vaticano II, que na Declaração sobre a educação
cristã Gravissimum educationis sobre a escola católica exorta
a "coordenar o conjunto da cultura humana com a mensagem da salvação".
O método pedagógico elaborado pela nova Beata
baseia-se no conhecimento pessoal e na relação direta com as educandas. Ela
mesma indica isto às suas professoras na exortação contida na Regra: "Considerem como um singular benefício
de Deus ocupar-se de uma tarefa que pertence aos Anjos, e julguem-se felizes e
indignas de estarem empenhadas na instrução das alunas; mostrem o desejo do seu
proveito, recordando-se de que nosso Senhor diz: o que fazeis a uma
destas crianças, é a mim mesmo que o fazeis" (cap. XVI, 2).
Desejo-vos de coração a vós, queridas Irmãs
Ursulinas de Somasca, e a todos os que, como vós, se inspiram na
espiritualidade e no exemplo de Catarina Cittadini, que continueis fielmente as
orientações por ela traçadas, para serdes guias seguras no caminho de fé e na
formação cultural dos jovens.
João Paulo II – 30 de abril de 2001
Catarina nasceu em Bérgamo (Itália) no dia 28 de
Setembro de 1801, ficou órfã de mãe em 1808, foi abandonada por seu pai e em
seguida foi acolhida num orfanato local juntamente com sua irmã Giudita, onde
levou uma profunda vida cristã, que contribuiu para formar nela uma fé sólida,
uma profunda confiança no Senhor, uma caridade ativa, uma terna devoção à
Virgem Maria e um profundo sentido de responsabilidade e engenho.
Depois de ter passado dois anos com dois seus
primos sacerdotes, de quem recebeu uma válida orientação religiosa, em 1826
transferiu-se para Somasca onde para a sua vida espiritual encontrou a
orientação segura dos Clérigos Regulares Somascos, aprendendo deles o exemplo
da caridade e da pobreza por Cristo.
Nessa localidade, foi professora de religião,
catequista, membro de várias confrarias e animadora da juventude feminina
local, prestando especial atenção aos mais pobres, aos necessitados e às órfãs,
fundando em 1832 a escola "Cittadini". Em 1845 deixou a atividade
educativa para se dedicar exclusivamente ao cuidado das órfãs e à formação das
suas companheiras, decididas a compartilhar com ela também a vontade da
consagração total ao Senhor na vida religiosa.
A sua sede de almas não se limitou à educação e ao
ensino na Escola Comunal: ajudada pela irmã, abre em Somasca uma escola
gratuita para meninas pobres, um colégio e de um orfanato. Assim, 1832, nasce a
escola privada "Cittadini" e, em 1836, o Colégio de Meninas,
cuja direção é confiada a Judite.
Algumas de suas ex-alunas se colocaram a disposição
dela a sua riqueza espiritual, a sua energia física, a sua ânsia de apostolado,
para dedicar-se a educação das meninas pobres e para ensinar o catecismo. Esse
núcleo de jovens mestras comporá o novo Instituto das Ursulinas de Somasca.
Em 1840, aos 37 anos, morre a amada irmã, Judite,
seu maior apoio na obra de apostolado. A dor da perna é atroz, mas, sustentada
por uma fé inabalável, Catarina aceita a vontade de Deus e se entrega a Ele com
um abandono ainda maior. Em 1841, com as mortes do Padre Giuseppe Brena e de
seu primo Padre Antonio Cittadini, perde outros valiosos apoios.
Em 1850, obteve do Papa Pio IX o decreto de ereção
de um oratório onde conservar a Eucaristia. Catarina fez diversos pedidos para
obter a aprovação da sua pequena "família religiosa" e a
correspondente regra, mas não tinha ainda amadurecido o tempo para isto.
Debilitada na sua saúde, ela não chegou a ver o seu sonho concretizar-se, vindo
a falecer no dia 5 de Maio de 1857.
Sete meses mais tarde, foi aprovado o Decreto de
ereção canônica do seu Instituto, que obteve o reconhecimento pontifício a 8 de
Julho de 1927.
Catarina
Cittadini foi beatificada em 29 de abril de 2001 por João Paulo II.
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