Jesus
estava à mesa com os seus discípulos, na última ceia, e disse-lhes: “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz”.
Sim, doa-lhes a paz. Acrescentando: “Não
se turve o vosso coração nem se atemorize”, porque vos dou a minha paz.
Deste
modo, o Senhor começa a despedir-se dos seus com este dom, precisamente a paz.
A
Paz que Jesus nos dá é uma paz no meio das tribulações. Por essa razão quando
Jesus oferece este dom e diz aos discípulos “Deixo-vos a paz, dou-vos a minha paz”, acrescenta “não a dou como o
mundo a dá”. Com efeito, aquela que nos oferece o mundo é uma paz sem
tribulações: artificial, mais que paz é tranquilidade. Como se disséssemos por
favor, não me incomodem: quero estar tranquilo.
Poder-se-ia
dizer, que o mundo nos oferece
uma
paz que se importa só com as próprias situações, com as próprias seguranças e
que nunca falte nada. A tal propósito recordemos a figura do rico Epulão, homem
que vivia em paz, feliz, sempre junto com os amigos, que eram interesseiros
porque iam ter com ele para comer bem naquela casa, pelas festas. Assim estavam
todos tranquilos, mas também fechados: não enxergavam além.
O
mundo ensina-nos o caminho da paz com a anestesia. O mundo anestesia-nos para
que não vejamos outra realidade da vida: a cruz. Por este motivo, Paulo diz que
para entrarmos no Reino de Deus temos de sofrer muitas tribulações. Mas podemos
ter paz na tribulação? Se depender de nós, não, porque só somos capazes de
obter uma paz que seja tranquilidade, uma paz psicológica, contudo as
tribulações existem: há quem tem uma dor, quem uma doença, quem uma morte.
Ao
contrário a paz que Jesus oferece é um dom: um dom do Espírito Santo. Uma paz
que resiste no meio das tribulações e vai em frente: não é uma espécie de
estoicismo, nem o que faz o faquir. É precisamente outra coisa, é um dom que
nos faz ir em frente. A ponto que Jesus, depois de ter proferido isto, foi ao
horto das Oliveiras, dizendo-lhes: “Já não falarei muito convosco pois vai
chegar o príncipe deste mundo”. Ele nada pode contra mim, mas é para que o
mundo saiba que eu amo o Pai, que faço como o Pai me mandou. Levantai-vos,
vamo-nos daqui. De fato, lê-se no Evangelho: Apareceu-lhe um anjo do céu para o
consolar.
Papa
Francisco – 16 de maio de 2017
Hoje celebramos:
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