domingo, 5 de maio de 2019

05 de maio - Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes? Jo 21,15


A escola da fé não é uma marcha triunfal, mas um caminho repleto de sofrimentos e de amor, de provas e de fidelidade a ser renovada todos os dias. Pedro, que já tinha prometido fidelidade absoluta, conhece a amargura e a humilhação da renegação: o atrevido aprende à sua custa a humildade. Também Pedro deve aprender a ser frágil e carente de perdão. Quando finalmente perde a máscara e compreende a verdade do seu coração frágil de pecador crente, cai num libertador choro de arrependimento. Depois deste choro ele já está pronto para a sua missão.

Numa manhã de Primavera esta missão ser-lhe-á confiada por Jesus ressuscitado. O encontro será na margem do lago de Tiberíades. O diálogo entre Jesus e Pedro revela-se um jogo de verbos muito significativo. Em grego o verbo "filéo" expressa o amor de amizade, terno, mas não totalizante enquanto o verbo "agapáo" significa o amor sem reservas, total e incondicionado.

Jesus pergunta a Pedro pela primeira vez: "Simão... tu amas-Me (agapâs-me)" com este amor total e incondicional? Antes da experiência da traição o Apóstolo teria certamente respondido: "Amo-Te (agapô-se) incondicionalmente".
Agora, que conheceu a amarga tristeza da infidelidade, o drama da própria debilidade, diz apenas: "Senhor... tu sabes que sou deveras teu amigo (filô-se), isto é, "amo-te com o meu pobre amor humano".

Cristo insiste: "Simão, tu amas-Me com este amor total que Eu quero?". E Pedro repete a resposta do seu humilde amor humano: "Kyrie, filô-se", "Senhor, tu sabes que eu sou deveras teu amigo". 
Pela terceira vez Jesus pergunta a Simão: "Fileîs-me?", "tu amas-Me?".
Simão compreende que para Jesus é suficiente o seu pobre amor, o único de que é capaz, e, contudo, sente-se entristecido porque o Senhor teve que lhe falar daquele modo. Por isso, responde: "Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo! (filô-se)". 

Seria para dizer que Jesus se adaptou a Pedro, e não Pedro a Jesus! É precisamente esta adaptação divina que dá esperança ao discípulo, que conheceu o sofrimento da infidelidade. Surge daqui a confiança que o torna capaz do seguimento até ao fim: "E disse isto para indicar o gênero de morte com que ele havia de dar glória a Deus. Depois destas palavras acrescentou: "Segue-Me"!" 

Papa Bento XVI – 24 de maio de 2006

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