segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Santa Madre Maria da Imaculada Conceição

Santa Madre Maria da Imaculada Conceição, bebendo nas fontes da oração e da contemplação, serviu pessoalmente e com grande humildade os últimos, com uma atenção especial aos filhos dos pobres e aos doentes.
Papa Francisco – homilia de Canonização –  18 de outubro de 2015

Modelo de grande amor e de fidelidade mais plena para todos os que são chamado à santidade. "A partir de hoje, a vida e o testemunho de Madre Maria da Imaculada Conceição vai nos ajudar a descobrir o rosto de Deus, encarnado e transformando o rosto desta mulher, que fez de Cristo a razão última de sua existência. 
Cardeal Amato – homilia de Beatificação – 18 de setembro de 2010.

Madre Maria da Imaculada Conceição da Cruz (Maria Isabel  Salvat Romero) nasceu em Madrid em 20 de fevereiro, 1926, dentro de uma distinta família de status social elevado. Foi batizada na Paróquia da Conceição em Madrid.

No dia 08 de dezembro de 1944, quando tinha 18 anos, ingressou na Companhia da Cruz. Ela tomou o hábito em 1945, fez os votos temporários em 1947 e os votos perpétuos em 1952. Culta e distinta falava três línguas: francês, inglês e italiano e por causa da sua piedade, não foi estranho para a família sua decisão de ser uma irmã da Cruz.

Fiel seguidora de Santa Ângela e, observadora irrepreensível das regras do Instituto, manteve intacto o carisma da fundação. Ela foi eleita Madre Geral da Sociedade da Cruz em 11 de Fevereiro de 1977, mas antes era prioresa de casas Estepa e Villanueva del Río y Minas, mestra de noviças e consultora Geral.

Austera e pobre para si mesma - "Do pouco, muito pouco", costumava dizer para as irmãs, na vivência do espírito do Instituto na fidelidade às pequenas coisas  e de todos os necessitados, especialmente as meninas internadas. Também os pobres e doentes ocuparam um lugar especial em seu coração. Assim, ela atendia com verdadeira afeição aos doentes idosos das "cavernas" de Villanueva del Río y Minas, quando ali foi priora. Toda manhã, diariamente, ia para as "cavernas" para servi-los: dava banho, fazia comida, lavava suas roupas. E sempre o mais difícil e penoso  serviço ela reservava para si.
Ela governou o instituto com zelo incansável e o carisma da Fundadora. Seu ideal era moldar a sua vida pelo carisma da Santa Madre Fundadora e sua humildade, simplicidade, e fé, era para ela um exemplo. Era uma seguidora fiel de seu trabalho, e deixou nos corações de todas as suas filhas o desejo de imitar o seu amor a Deus e ao Instituto. Ele faleceu em 31 de outubro de 1998.

"No dia do seu funeral ninguém mais podia entrar no convento das irmãs em Sevilha pela grande quantidade de pessoas lá. Todos os que estavam lá disseram que Mãe Maria da Imaculada era uma santa", diz Olga Salvat, sua sobrinha. Tal era a sua fama de santidade que, nos últimos tempos, foi o segundo santo na Igreja Católica com o processo de canonização mais rápida, o primeiro foi João Paulo II.

As irmãs lembram de Madre Maria da Imaculada Conceição como "uma santa da vida cotidiana". "Ela fazia as coisas da vida cotidiana de uma forma extraordinária, com bondade, paciência e entusiasmo.”
“Foi um ser sagrado, normal ", diz a irmã Mary. Sua suavidade e bondade fazia que  todos e cada uma das pessoas sentir-se que era especial". "Todo mundo se sentia amado por ela. Quando ela morreu, nós descobrimos que muitas das irmãs diziam, que era a favorita da "Madre", lembra Olga.


A porta para o reconhecimento oficial da santidade de Maria da Imaculada foi aberta em Sevilha com a cura milagrosa de Francisco José Carretero Díaz, que em setembro 2012, aos 43 anos, sofreu uma parada cardíaca que o manteve sem oxigênio por 25 minutos. Ele permaneceu doze dias em coma e acordou. Naquela época, seu caso foi muito divulgado nas redes sociais e uma novena  foi feita pedindo a intercessão de Madre Maria Puríssima , cuja intercessão para cura do Francisco é atribuída, e foi reconhecida como milagrosa pela equipe médica que estudou o caso em Roma.

domingo, 30 de outubro de 2016

30 de outubro - Santo Ângelo de Acri


Podemos interrogar-nos se, ao menos uma vez por dia, confessamos ao Senhor o amor que Lhe temos; se, entre tantas palavras de cada dia, nos lembramos de Lhe dizer: “Amo-Vos, Senhor. Vós sois a minha vida”. Com efeito, se se perde de vista o amor, a vida cristã torna-se estéril, torna-se um corpo sem alma, uma moral impossível, um conjunto de princípios e leis a respeitar sem um porquê. 

Papa Francisco – Homilia de Canonização – 15 de outubro de 2017

Grande missionário da Calá­bria, por mais de quarenta anos, anuncia o amor de Deus. À luz da sua ardente palavra e do testemunho de vida, os bons tornam-se melhores, os pecadores convertem-se: é uma autêntica ressurreição espiritual. Torna-se, assim, o grande pregador popular da sua época.

Em Acri - Calábria, em Outubro de 1669, nasce aquele que mais tarde viria a ser o grande apóstolo da sua terra e uma genuína glória dos Capuchinhos. Montanhês de nascimento e educação, o Beato Ângelo conservará no modo de falar e de agir, a par do seu temperamento, um tanto rude, o forte caráter e a indomável energia de seus conterrâneos.
Manifesta desde criança um grande amor à oração e à mortificação. Um dia, a mãe, no regresso da igreja, vê a sua casa inundada de luz. Que aconteceu? O seu filhinho estava de joelhos, e da imagem da Virgem Maria partiam raios luminosos que o transfiguravam totalmente e lhe envolviam a cabeça como uma auréola. «Certamente o meu filho será chamado por Deus a grandes coisas».

Um austero Capuchinho, descalço e com palavras de fogo, viera pregar à sua terra. Sente o chamamento de Deus: «Também eu quero ser como aquele Irmão e fazer o mesmo que ele faz».
Apresenta-se e expõe-lhe a sua inquietação. Apesar de todos os obstáculos da família, ingressa como noviço na Fraternidade para iniciar o itinerário da sua formação. Está com 18 anos. Mas, quando menos se pensa, eis que o demônio o vem tentar. E são tão fortes as sugestões do tentador que o pobre jovem volta para a família. Mas, no seu coração, ele deseja ser Capuchinho, sente que deve ser Capuchinho.
Pede de novo para entrar e de novo é aceito. Agora começa da melhor maneira e vai em frente. Mas eis que, mais uma vez, se revela o espírito das trevas: apodera-se dele um desânimo destruidor e um desinteresse por tudo. E, pela segunda vez, diz adeus ao Noviciado. Mas a voz de Deus continua a inquietá–lo e a fazer-se sentir na sua vida. E ele procura viver de uma maneira digna para poder ouvir a Sua voz.
Finalmente, em 1690, com vinte anos completos, voltará, pela terceira vez, a pedir, a bater, a suplicar. Desta vez vencerá. Enquanto se dirige para o convento de Bel-verde, sai ao seu encontro um enorme cão que se põe a ladrar furiosamente: o animal parece querer barrar-lhe o caminho. O santo jovem, amadurecido pela experiência, reconhece o embuste. Enfrenta o furioso animal e grita–lhe: «Besta maldita, vai-te embora! Vai para as profundezas do inferno». No mesmo instante o cão desaparece e ele pôde continuar a sua viagem. Poucos dias depois consegue obter tudo o que o seu coração anseia.

Era o dia 12 de Novembro de 1690: veste o santo hábito para nunca mais o deixar, e recebe o nome de Ângelo. Um dia, desanimado e desesperado com novas angústias e tentações, lança-se aos pés do crucifixo, e implora: «Senhor Jesus, tende piedade de mim! Não posso mais! Ajudai-me». E obtém a resposta: «Caminha sobre as pegadas de Bernardo de Corleone». Era um claro convite à penitência. Frei Ângelo não rejeita esse convite. Desta maneira vence-se a si mesmo, domina o seu amor próprio, atinge os confins do céu infinito e descansa em Deus.

Desejava viver sempre na solidão do seu paradisíaco quartinho e no recolhimento silencioso da igreja! Mas os Superiores confiam-lhe o ministério da pregação. «Seja feita a vontade de Deus».
Desde o início, pensa dever dar aos seus sermões uma forma mais simples e agradável. Mas eis que, num dos momentos mais empolgantes da sua prédica, perde o fio à meada e, completamente desorientado, não consegue acabar.
O servo de Deus, que se sentia seguro da sua memória e da sua preparação, não compreende o que se passa. Humanamente falando era o fracasso total. Que queria Deus dele? No silêncio do convento mortifica-se e chora mas, ao mesmo tempo, pede humildemente ao Senhor lhe manifeste a Sua vontade. E a resposta vem: «Não temas, dar-te-ei o dom da pregação e abençoarei as tuas canseiras»«Quem sois vós»? De repente, o pavimento e as paredes do quarto são sacudidas como que por um terremoto, e ele ouve distintamente estas palavras: «Eu sou o que sou»! Doravante prega de forma simples e popular, de modo que todos entendam.

Excepcionalmente aos 42 anos, devido à ressonância carismática da sua pregação, o Cardeal Pignatelli convida-o a pregar a Quaresma em Nápoles. A obediência é sempre santa. E aceita o convite. Começa a Quaresma. A maior parte da gente, habituada a outro estilo de pregação, mostra-se desiludida, descontente e não se cansa de o criticar. No segundo dia, o auditório é reduzidíssimo; ao terceiro dia, cinco a seis pessoas. O pároco sente-se no dever de intervir, e faz compreender ao padre Ângelo que será melhor regressar às aldeias da Calábria. Ele parte. À noite chega a Torre dei Greco.

Entretanto o Arcebispo, informado do acontecido, não aceita de maneira alguma a sua substituição. Manda-o chamar «para que prossiga a quaresma». «Os Superiores querem que seja assim, pois que assim seja». E regressa ao púlpito. Desta vez o auditório é numerosíssimo e ouve-o com atenção. Também lá se encontra um jornalista, vindo, como outras vezes, com o único objetivo de anotar as suas imperfeições de forma e de o tornar objeto de mofa e de riso entre os amigos. Mas a brincadeira sai-lhe cara. Terminada a pregação, o servo de Deus recomenda em voz alta: «Recitemos um Pai Nosso e uma Ave Maria pela alma daquele que, ao sair da igreja, cairá repentinamente morto». Há quem sorria e graceje com a ingenuidade do pregador-profeta, mas, passados alguns instantes, o jornalista é acometido de um mal imprevisto e entrega a sua vida ao Criador. Todos recuperaram novo ânimo e, a partir de então, o auditório tornou-se ainda mais numeroso e assíduo.
Devido aos seus dotes e à sua virtude, nomeiam-no Superior. Foi mais do que superior. Foi um pai. Também o elegem Provincial por um triênio. E pelo seu zelo em promover a concórdia entre os religiosos foi chamado o «Anjo da paz».

Fiel cumpridor da seráfica Regra, pontualíssimo aos atos comunitários, até mesmo adoentado era assíduo, de dia e de noite, à oração da Fraternidade.
De uma intensa vida interior, a cada passo se ouvia gritar: «Como é bom amar a Deus! Como é bom amar a Deus! O Amor não é amado».
Tinha uma ardente devoção à Paixão de Cristo. Em Acri, no ano de 1714, encontrando-se em oração, sente o seu coração ser trespassado por uma espada invisível. O sofrimento é agudíssimo e ele teria prorrompido em gritos lancinantes, se não visse ali perto de si, Cristo flagelado e preso à coluna, cheio de chagas e de sangue. E uma visão do Paraíso. Jesus diz-lhe: «Que graça queres que te faça»?«Senhor, só quero aquilo que Vós quiserdes». O Beato conservará no coração a ferida aberta pela misteriosa espada: a dor não será sempre igual, mas, a certas horas, é tão lancinante que se sente morrer.

Tem uma fé tão viva que ela lhe faz ver o Filho de Deus na Eucaristia, como se não existissem véus. A sua alegria é o altar. Na celebração da santa Missa, a sua alma é incapaz de conter o ímpeto e o ardor das comunicações divinas.
Para com a Rainha do Céu tem uma devoção profunda e cheia de ternura: com o santo Rosário reza também todos os dias o Ofício Mariano; quando a Liturgia o permite, celebra a Missa votiva de Nossa Senhora das Dores.

Quando regressava da pregação à Fraternidade, era um bom e estimulante exemplo para todos e também um conforto para o Superior. Um dia foi pedir ao padre Superior licença para uma coisa insignificante. «Padre Ângelo responde-lhe não tens já licença para fazeres o que quiseres? Dou-te inteira liberdade». «Padre Superior, não me fale assim. O senhor é o Superior. Obediência! Obediência»!
Uma outra vez o padre Superior entra no seu quarto para lhe falar e pergunta se está livre. O servo de Deus levanta-se depressa, acolhe-o amavelmente e diz-lhe: «Pergunta-me se estou livre? Devo porventura ter ocupações diversas daquelas que vós quereis»?
Era muito humilde. Repetia: «Meu Deus, não sou nada. Tudo é dádiva de Deus. Prego, sim, mas não sou mais que um pobre e vil instrumento, como a burra de Balaão».
Aos setenta anos ainda parecia um jovem. Mas tinha dito: «Chegarei aos setenta, mas daqui não passarei». E começaram então a aparecer os indícios do seu fim próximo. Perdia a vista, mas recuperava-a para celebrar a Missa e recitar a Liturgia das Horas. Teve a consolação de rever Acri e de se encontrar com a sua querida e amada Senhora Dolorosa. A 24 de Outubro de 1739 foi acometido de febre. A 28, desceu à igreja para receber o Santo Viático; ouviu a santa missa.

O médico dizia: «Não é uma doença de morte». Mas ele respondia: «Deus chama-me». Fazia-lhe companhia também um cônego, e este sugeria-lhe a oração de São Martinho: «Meu Deus, se sou necessário ao Vosso povo, não recuso o trabalho». A resposta veio rápida: «Só Deus é necessário». Mesmo em estado gravíssimo, continuava a orar, a humilhar-se, a repetir: «Pequei, Senhor! Tende piedade de mim»!
A 30 de Outubro, uma Sexta-feira, partiu ao encontro de Deus.

Foi declarado Beato por Leão XIII a 18 de Dezembro de 1825 e canonizado pelo Papa Francisco em 15 de outubro de 2017.

sábado, 29 de outubro de 2016

Beata Chiara Luce Badano

Há casais que, por temerem o nascimento de filhos com algum problema, negam-se a gerá-los. Vamos conhecer a história de uma linda jovem que morreu em consequência de um câncer que aos poucos foi invadindo todos os seus ossos. Seus pais, Maria Tereza e Ruggero, moradores de uma pequena cidade perto de Gênova, Itália, depois de 10 anos de casados, pediram a Nossa Senhora a graça de um filho. Veio uma filha (1971) que recebeu, no batismo, o nome de Chiara Badano. Cresceu banhada pelo carinho e alimentada pela fé de seus pais.

Aos nove anos conheceu os Focolares, movimento nascido do coração de outra Chiara, a Lubich, em plena Segunda Guerra. Começou a participar do gen 3 (grupo de adolescentes e jovens dos Focolares) de Gênova.

Um dia disse à sua mãe preocupada por deixá-la sozinha para um desses encontros: ‘Mamãe, eu não estou sozinha, Jesus está aqui’. A menina foi crescendo em idade e graça. Aos doze anos, depois de ter participado de um Congresso do gen 3, escreveu a Chiara Lubich: ‘Redescobri Jesus abandonado de um modo especial e o senti em cada próximo que passava a meu lado’ e algum tempo depois: ‘Descobri que Jesus abandonado é a chave da unidade com Deus e quero escolhê-lo como meu primeiro esposo e preparar-me para quando Ele vier’. 

Tornou-se uma adolescente feliz, com muitos amigos.
Saía, dançava, lanchava, praticava esportes com os amigos. Sua mãe certo dia lhe perguntou:
 “Com os amigos, na lanchonete, você fala de Jesus? Você procura passar algo de Deus a eles?
E ela, com naturalidade respondeu:
Não, não falo de Deus.
Sua mãe a olhou e perguntou:
Como não? Você deixa as oportunidades escaparem?
E ela respondeu:
“Não vale muito falar de Deus. Eu devo dar Deus.”

Um dia, jogando tênis, sentiu uma dor muito forte nas costas. Mais tarde foi diagnosticado: sarcoma osteogênico com metástase. Veio a cirurgia com as quimioterapias. O médico lhe disse que perderia os cabelos. Foi quando tomou consciência da gravidade da doença.

Sua mãe conta: ‘perguntei-lhe como tinha sido. E ela: ‘agora, não. Não fale agora e jogou-se na cama com os olhos fechados. Ficou assim vinte e cinco minutos… Depois ela voltou e me sorriu: ‘agora pode falar’. Ela conseguiu! Disse novamente seu sim’. E não voltou mais atrás.

Suas palavras durante a enfermidade:
Escreveu a Chiara Lubich: ‘Jesus me mandou esta doença no momento certo. Mandou para que eu o encontrasse’.
Seu último Natal foi no hospital. Visitando-a, o bispo de Turim lhe perguntou: como você consegue essa luz maravilhosa nos olhos e ela: ‘procuro amar Jesus’. 
Escreveu assim aos companheiros do gen 3 de Gênova: ‘Sinto muito forte a unidade de vocês, o dom de vocês, as orações de vocês que me possibilitam renovar o meu ‘sim’, a cada momento’.

Certa feita, devendo passar por uma pequena cirurgia, com anestesia local, sentiu muito medo. E conta: ‘uma senhora, linda, linda, com um sorriso luminosíssimo, aproximou-se, segurou minha mão e me encorajou’. Pensou ser uma senhora do movimento. Mas, aquela senhora, como viera, desaparecera. ‘No entanto, uma alegria intensa me invadiu’.
A doença avançava implacavelmente. E ela: ‘Se eu tivesse de escolher entre caminhar – ela estava paralisada no leito – ou ir para o paraíso, escolheria sem hesitar ir para o paraíso. A essa altura é o que me interessa… Mas tomo cuidado em dizer isso, porque talvez pensem que eu queira ir embora para não sofrer mais. Não é bem assim. Quero ir ter com Jesus’.

Os últimos meses, ela os passou em seu quarto em Sasselo, de onde falava por telefone com os amigos do gen 3. Um dia sofreu forte hemorragia e esteve às portas da morte. Foi quando disse: ‘Não derramem lágrimas por mim. Eu vou para Jesus, começar uma outra vida. No meu funeral não quero gente chorando, mas gente cantando bem alto. Ontem, eu estive lá, na soleira da porta, mas a porta ainda não se abriu’.

Ela pediu a Chiara Lubich que lhe desse um nome novo e Chiara lhe escreveu: ‘Chiara Luce é o nome que pensei para você. É a luz do ideal (da unidade) que vence o mundo’.

Consciente de que caminhava para o paraíso, afirmou: ‘não vejo a hora de chegar ao paraíso…’, e conversou com a mãe como deveria ser seu funeral: queria ser sepultada com vestes de núpcias, pois aprendera que Jesus era o esposo que vinha a seu encontro. São suas essas palavras: ‘mamãe, quando estiver me preparando no meu leito de morte, repita sempre: ‘agora, Chiara Luce está vendo Jesus’. As córneas de seus olhos – era o que restava de saudável em seu pobre corpo – ela as doou antes de morrer.

Estas foram suas últimas palavras: 
«Mãezinha, seja feliz, porque eu o sou. Adeus».

Conheça mais a vida dessa jovem santa Clique aqui

Entrevista com os pais de Chiara Luce Clique aqui

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

São Simão e São Judas Tadeu

“Hoje tomamos em consideração dois dos doze Apóstolos:  Simão o Cananeu e Judas Tadeu (que não se deve confundir com Judas Iscariotes). Consideramo-los juntos, não só porque nas listas dos Doze são sempre mencionados um ao lado do outro (cf. Mt 10, 4; Mc 3, 18; Lc 6, 15; At 1, 13), mas também porque as notícias que a eles se referem não são muitas, exceto o fato que o Cânon neotestamentário conserva uma carta atribuída a Judas Tadeu.

Simão recebe um epíteto que varia nas quatro listas:  Mateus qualifica-o como "cananeu", Lucas define-o "zelote". Na realidade, as duas qualificações equivalem-se, porque significam a mesma coisa:  na língua hebraica, de facto, o verbo 'qanà' significa "ser zeloso", "dedicado" e pode referir-se quer a Deus, porque é zeloso do povo por ele escolhido (cf. Êx 20, 5), quer a homens que são zelosos no serviço a Deus único com dedicação total, como Elias (cf. 1 Rs 19, 10). Portanto, é possível que este Simão, se não pertencia exatamente ao movimento nacionalista dos Zelotes, tivesse pelo menos como característica um fervoroso zelo pela identidade judaica, por conseguinte, por Deus, pelo seu povo e pela Lei divina. Sendo assim, Simão coloca-se no antípoda de Mateus, que ao contrário, sendo publicano, provinha de uma atividade considerada totalmente impura.
Jesus chama os seus discípulos e colaboradores das camadas sociais e religiosas mais diversas, sem exclusão alguma.

Sinal evidente que Jesus chama os seus discípulos e colaboradores das camadas sociais e religiosas mais diversas, sem exclusão alguma. Ele interessa-se pelas pessoas, Ele interessa-se pelas pessoas, não pelas categorias sociais ou pelas atividades! E o mais belo é que no grupo dos seus seguidores, todos, mesmo se diversos, coexistiam, superando as inimagináveis dificuldades:  de fato, era o próprio Jesus o motivo de coesão, no qual todos se reencontravam unidos. Isto constitui claramente uma lição para nós, com frequência propensos a realçar as diferenças e talvez as contraposições, esquecendo que em Jesus Cristo nos é dada a força para superar os nossos conflitos.

Tenhamos também presente que o grupo dos Doze é a prefiguração da Igreja, na qual devem ter espaço todos os carismas, os povos, as raças, todas as qualidades humanas, que encontram a sua composição e a sua unidade na comunhão com Jesus.
No que se refere depois a Judas Tadeu, ele é chamado assim pela tradição, unindo ao mesmo tempo dois nomes diferentes:  de fato, enquanto Mateus e Marcos o chamam simplesmente "Tadeu" (Mt 10, 3; Mc 3, 18), Lucas chama-o "Judas de Tiago" (Lc 6, 16; At 1, 13). O sobrenome Tadeu tem uma derivação incerta e é explicado ou como proveniente do aramaico’taddà', que significa "peito" e, por conseguinte, significaria "magnânimo", ou como abreviação de um nome grego como "Teodoro, Teódoto".
Dele são transmitidas poucas coisas. Só João assinala um seu pedido feito a Jesus durante a Última Ceia. Diz Tadeu ao Senhor:  "Senhor, como aconteceu que te deves manifestar a nós e não ao mundo?".
É uma pergunta de grande atualidade, que também nós fazemos ao Senhor:  porque o Ressuscitado não se manifestou em toda a sua glória aos seus adversários para mostrar que o vencedor é Deus? Por que se manifestou só aos Discípulos? A resposta de Jesus é misteriosa e profunda. O Senhor diz:  "Se alguém me tem amor, há-de guardar a minha palavra; e o meu Pai o amará, e Nós viremos a ele e nele faremos morada"(Jo 14, 22-23).

Isto significa que o Ressuscitado deve ser visto, sentido também com o coração, de modo que Deus possa habitar em nós. O Senhor não se mostra como uma coisa. Ele quer entrar na nossa vida e por isso a sua manifestação é uma manifestação que exige e pressupõe o coração aberto. Só assim vemos o Ressuscitado.

Foi atribuída a Judas Tadeu a paternidade de uma das Cartas do Novo Testamento, que são chamadas "católicas" porque não se destinam a uma determinada Igreja local, mas a um círculo muito amplo de destinatários.
De fato, ele dirige-se "aos eleitos amados por Deus Pai e guardados para Jesus Cristo" (v. 1).
A preocupação central deste escrito é advertir os cristãos de todos os que, com o pretexto da graça de Deus, desculpam a própria devassidão e para desviar outros irmãos com ensinamentos inaceitáveis, introduzindo divisões dentro da Igreja "deixando-se levar pelo seu delírio" (v. 8), assim define Judas estas suas doutrinas e ideias especiais. Ele compara-os inclusivamente aos anjos caídos, e com palavras fortes diz que "seguiram pelo caminho de Caim" (v. 11). Além disso classifica-os sem reticências como "nuvens sem água que os ventos levam; árvores de outono sem fruto, duas vezes mortas, desarraigadas; ondas furiosas do mar que repelem a espuma da sua torpeza; estrelas errantes condenadas à negrura das trevas eternas" (vv. 12-13).
Talvez hoje nós já não estejamos habituados a usar uma linguagem tão polemica, que contudo nos diz uma coisa importante. No meio de todas as tentações que existem, com todas as correntes da vida moderna, devemos conservar a identidade da nossa fé.
Certamente, o caminho da indulgência e do diálogo, que o Concílio Vaticano II felizmente empreendeu, deve ser sem dúvida prosseguida com uma constância firme. Mas este caminho do diálogo, tão necessário, não deve fazer esquecer o dever de reconsiderar e de evidenciar sempre com igual força as linhas-mestras e irrenunciáveis da nossa identidade cristã.

Por outro lado, é necessário ter bem presente que esta nossa identidade exige força, clareza e coragem face às contradições do mundo em que vivemos. Por isso o texto epistolar prossegue assim:  "Mas vós, caríssimos, fala a todos nós mantende-vos no amor de Deus, esperando que a misericórdia de Nosso Senhor Jesus Cristo vos conceda a vida eterna. Tratai com misericórdia aqueles que vacilam..." (vv. 20-22).
A Carta conclui-se com estas bonitas palavras:  "Àquele que é poderoso para vos livrar das quedas e vos apresentar diante da sua glória, imaculados e cheios de alegria, ao Deus único, nosso Salvador, por meio de Jesus Cristo, Senhor nosso, seja dada glória, a majestade, a soberania e o poder, antes de todos os tempos, agora e por todos os séculos, Amém" (vv. 24-25).

Vê-se bem que o autor destas frases vive plenamente a própria fé, à qual pertencem realidades grandes como a integridade moral e a alegria, a confiança e por fim o louvor, sendo motivado em tudo apenas pela bondade do nosso único Deus e pela misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, tanto Simão o Cananeu, como Judas Tadeu nos ajudam a redescobrir sempre de novo e a viver incansavelmente a beleza da fé cristã, sabendo dar um testemunho dela forte e ao mesmo tempo sereno.”

Papa Bento XVI
11/10/2006

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Santo Evaristo - Papa

Quinto Papa da Igreja Católica e, como seus predecessores, recebeu a coroa do Martírio.
Foi em Roma, numa época em que as perseguições contra a Santa Igreja de Deus eram implacáveis. Tempos muito aflitivos para os cristãos que pagavam com a própria vida sua recusa em abjurar a fé. 

Santo Evaristo era judeu-grego de nascimento. Seu pai chamava-se Judas, originário de Belém, mas acabou fixando residência na Grécia. Educou seu filho na doutrina e princípios judaicos. Evaristo manifestou, desde a infância, boas disposições pela virtude e pelos estudos, e o seu pai o incentivava neste caminho Assim ele foi progredindo nas ciências, de forma que tornou-se pessoa de muitos talentos.
 

Não se sabe as circunstâncias e a época em que se converteu ao cristianismo e nem a época precisa em que foi para Roma, mas passou a ser conhecido como um membro do clero que destacou-se rapidamente em santidade, reconhecida por toda a Roma. Era um presbítero conhecido por acender o fervor e devoção no coração dos seus fiéis, pelos seus exemplos de virtude e caridade cristã.

Sucedeu a São Clemente no trono pontifício. Apesar de resistir em assumir o cargo, após declarar publicamente sua indignidade, acabou sendo aclamado pelo clero e pelo povo como merecedor de tão nobre missão. A unanimidade de opiniões, portanto, fez com que fosse consagrado Papa no ano de 101.
 

Logo que assumiu a cadeira de São Pedro, aplicou todo o seu zelo para remediar as necessidades da Santa Igreja, perseguida por toda a parte e também vítima de muitas heresias.

Como Jesus tinha empenhado sua palavra, de que as portas do inferno jamais prevaleceriam contra Sua Igreja, dispôs, em sua amorosa providência, que ocupasse Santo Evaristo a cátedra da verdade, a fim de deter a inundação de heresias e para dissipar esta multidão de inimigos.
Com efeito, tão bem cuidou do rebanho que o Senhor lhe havia confiado, que todos os fiéis de Roma, conservaram sempre a pureza da fé. O zelo, as instruções e a solicitude pastoral do Santo Padre foram tão eficazes, que o veneno do erro jamais pôde seduzir o coração de um só fiel.

Além da luta contra a heresia, empenhou-se também no aperfeiçoamento da disciplina eclesiástica, por meio de prudentíssimas regras e decretos.

Foi por sua determinação que Roma foi dividida em paróquias. Essas paróquias, confiadas a diversos presbíteros, não eram na época igrejas públicas, mas oratórios de casas particulares, onde se congregavam os cristãos para ouvir a Palavra de Deus e para assistir à celebração dos divinos mistérios. Nas portas destes oratórios, eram afixadas cruzes para que fossem diferenciados dos locais profanos públicos, que eram distinguidos por estátuas de imperadores.
Também, por decreto, definiu que o matrimônio fosse celebrado publicamente pelo sacerdote. 

Seu infatigável zelo fazia com que visitasse as paróquias pessoalmente, sempre preocupado com a conservação de seu rebanho na pureza da fé. Cuidava da causa das crianças e dos escravos, com solicitude e empenho.

Ainda que o imperador Trajano não fosse um grande perseguidor dos cristãos, quer por sua paciência como por sua moderação, nem por isto receberam os cristãos melhor tratamento.
Apesar de não ter firmado novo edito contra os cristãos, nutria mortal aversão a eles, não porque os conhecesse, mas pelos horrorosos retratos que cortesãos idólatras e sacerdotes de ídolos, pintavam na mente do imperador. E bastava esta aversão para excitar contra os cristãos, o povo e os magistrados. 

O trabalho apostólico de Santo Evaristo continuava com vigor, de forma que o número de fiéis crescia a cada dia, para insatisfação dos inimigos de Cristo.
A vinha do Senhor era regada com o sangue dos Mártires, ostentando-se cada vez mais florida e fecunda.
Os pagãos concluíram que essa fecundidade era efeito do grande zelo do Santo Pontífice. Após arquitetarem diversas artimanhas, para pôr termo ao crescimento da religião de Cristo, decidiram que o meio mais eficaz para dispersar o rebanho, seria ferir o pastor.

E assim foi feito! Fecharam-no com cadeias e conduziram-no ao cárcere para ser julgado. Conduzido ao tribunal, demonstrou tanta alegria ao receber sentença de morte por amor a Jesus Cristo, que os magistrados ficaram espantados, não conseguindo compreender como cabia tanto valor e tanta constância em um pobre velho, acabrunhado pelo peso dos anos.

Enfim, foi condenado à morte como a cabeça dos cristãos, no ano 107, recebendo a honra de ser mais um mártir da Igreja Universal. 

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Beato Boaventura de Potenza

Fiel imitador de São Francisco, Boaventura guardava com zeloso cuidado o precioso tesouro da pobreza que brilhava em seu hábito, cheio de remendos, em sua cela e em toda a sua vida. Por natureza tinha um temperamento intempestivo, propenso à ira, mas com a força de seu caráter e com a ajuda de Deus soube adquirir uma paciência e uma doçura inalteráveis. Frente às censuras, às injustiças e às injúrias, ainda que sentisse o sangue ferver nas veias e o coração palpitar violentamente, conseguia conservar um absoluto domínio de si mesmo.

Boaventura nasceu em Potenza, Basilicata em 4 de Janeiro de 1651, filho de Lelio Lavagna e Catalina Pica. Passou os primeiros 15 anos de sua vida em grande pureza de costumes e fervor religioso: refletia a pureza no rosto e em seus olhos. Em 4 de Outubro de 1666 tomou o hábito religioso entre os Irmãos Menores Conventuais em Nocera dei Pagani.

Depois do noviciado fez os estudos humanísticos e teológicos em Aversa, Madaloni, Benevento e Amalfi, onde foi ordenado sacerdote. Por 8 anos teve como diretor espiritual o venerável Domingo Giurardelli de Muro Lucano.
Apesar de sua resistência a ocupar postos de responsabilidade, Boaventura em outubro de 1703 foi nomeado mestre de noviços e transferido para Nocera dei Pagani, onde se ocupou por quatro anos da formação espiritual dos jovens.

Em junho de 1707, enquanto estava no convento do Santo Espírito de Nápoles, por razões de saúde, ele se prodigalizou na assistência aos enfermos de cólera, epidemia que assolou Vomero. Em 4 de janeiro de 1710 foi destinado ao convento de Ravello, onde assumiu a direção espiritual dos mosteiros de Santa Clara e de São Cataldo.

Sua austeridade era inaudita, chegando mesmo a se flagelar até derramar sangue, às sextas-feiras, em recordação à Paixão de Cristo. Para com os pobres, os enfermos e os aflitos era compassivo e lhes prestava assistência. Como autêntico sacerdote de Cristo seu magistério era evangélico. Normalmente, com uma só pregação chegava a converter os pecadores e, às vezes, como o bom pastor, ia às suas casas para buscá-los como “ovelhas perdidas”. Seu confessionário se mantinha assediado de penitentes, onde, por vezes, passava dias inteiros.

Era fervoroso e zeloso devoto da Virgem. Nas pregações convidava os fiéis à confiança e ao amor para com a divina Mãe. Não empreendia nenhuma iniciativa sem se colocar sob sua proteção maternal. A Imaculada Conceição de Maria, que ainda não era dogma definido, para ele era uma verdade da qual não se podia duvidar.

Sua vida foi marcada por carismas singulares e prodígios. Depois de oito dias de enfermidade, aos 60 anos, em 26 de Outubro de 1711, com o nome de Maria em seus lábios, expirou serenamente em Ravello. Foi beatificado pelo Papa Pio VI em 26 de Novembro de 1775.

ORAÇÃO


Ó Deus,que ornastes o Bem-aventurado Boaventura de Potenza com as virtudes da obediência e do amor ao Próximo, concedei-nos, por sua intercessão e exemplo, observar as vossas leis e progredir no caminho da perfeição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Beato Carlos Gnocchi

“Padre Carlos Gnocchi, "Padre dos mutilados", foi educador de jovens desde o começo do seu ministério sacerdotal. Conheceu os horrores da II Guerra mundial como capelão voluntário, primeiro na frente greco-albanesa e, depois, com os alpinos da Divisão "Tridentina", nos campos da Rússia. Prodigalizou-se com caridade heroica pelos feridos e moribundos, e amadureceu o desígnio de uma grande obra destinada aos pobres, aos órfãos e aos desventurados.
Surgiu assim a Fundação Pro Juventude, através da qual ele multiplicou iniciativas sociais e apostólicas em favor dos numerosos órfãos de guerra e pequeninos mutilados devido à explosão de engenhos de guerra. A sua generosidade prolongou-se para além da morte, que chegou a 28 de Fevereiro de 1956, mediante a doação das suas córneas a dois jovens cegos. Foi um gesto precursor, se considerarmos que na Itália o transplante de órgãos ainda não era regulado por normas legislativas.
"Restabelecer a pessoa humana" é o princípio que continua a inspirar-nos, em fidelidade ao espírito do Padre Carlos Gnocchi. Ele tinha a convicção de que não é suficiente assistir o doente; é preciso "restaurá-lo", promovendo-o através de oportunas terapias adequadas para lhe fazer recuperar a confiança em si mesmo. Se isto requer uma atualização técnica e profissional, exige ainda mais um constante apoio humano e sobretudo espiritual. "Partilhar o sofrimento gostava de repetir este grande pedagogo social é o primeiro passo terapêutico; o resto é feito pelo amor".
E foi precisamente o amor o segredo de toda a sua vida. Em cada pessoa que sofria ele via Cristo crucificado, e ainda mais quando se tratava de pessoas frágeis, pequenas e indefesas. Compreendeu que a luz, capaz de dar sentido ao sofrimento inocente das crianças, provém do mistério da Cruz. Cada mutilado era para ele "uma pequena relíquia da redenção cristã  e  um  sinal  que  antecipa  a glória pascal".
Papa João Paulo II – 30 de novembro de 2002 

Carlo Gnocchi, o terceiro filho de Henry Gnocchi, pedreiro, e Clementina Pasta, uma costureira, nasceu em San Colombano al Lambro, perto de Lodi, 25 de outubro de 1902. Órfão de seu pai quando tinha cinco anos de idade, mudou-se para Milão com a sua mãe e dois irmãos, Mario e Andrew, que logo morrem de tuberculose. Seminarista na escola do Cardeal Andrea Ferrari, em 1925, foi ordenado sacerdote pelo Arcebispo de Milão, Eugenio Tosi.
Ele celebrou sua primeira missa no dia 6 de junho para Montesiro, a aldeia Brianza onde morava sua tia, para onde muitas vezes retornou durante os períodos de férias e onde, quando criança, tinha passado longos períodos de convalescença, ele saúde tão frágil. 
O primeiro compromisso apostólico do jovem Don Carlo é no Oratório assistente: pela primeira vez em Cernusco, e em seguida, depois de apenas um ano, na populosa freguesia de São Pedro na sala, em Milão. Seu trabalho é cheio de  aprovação e afeto entre as pessoas de modo que a fama da suas excelentes qualidades de educador chega ao Arcebispo: em 1936 o cardeal Ildefonso Schuster o nomeou diretor espiritual de uma das mais prestigiadas escolas em Milão: o "Instituto Gonzaga”.

Neste período ele estudou intensamente e escreve ensaios curtos sobre pedagogia. 
No final dos anos trinta, o cardeal Schuster confiou-lhe a tarefa de"assistência espiritual da universidade da Segunda Legião de Milão, que consiste principalmente de estudantes da Universidade Católica e muitos ex-alunos do Gonzaga.
Em 1940, a Itália entrou na guerra e muitos jovens estudantes são chamados para a frente de batalha. Don Carlo, sentindo a tensão educacional quer estar presente com seus jovens também em perigo, assim, ele se alistou como capelão voluntário no batalhão "Val Tagliamento" da Alpine, a meta da guerra Greco-albanesa. 
Quando termina a campanha nos Bálcãs, após um curto intervalo em Milão, em 1942 Don Carlo parte novamente para a frente de batalha, desta vez na Rússia, com a tridentina Alpine. Em janeiro de 1943 ele começa a retirada dramática do contingente italiano, Don Carlo, caiu exausto na borda da pista, onde passou o fluxo de soldados, é milagrosamente pegou por um trenó e salvo.

É nesta experiência trágica, testemunhando os soldados  feridos e morrendo que ele vai amadurecer a ideia de criar uma grande obra de caridade que vai encontrar a sua realização, após a guerra, na Fundação Pró-Juventude.
Don Carlo começou sua peregrinação piedosa através dos vales alpinos, em busca das famílias dos mortos para dar-lhes um conforto moral, espiritual e material. Neste mesmo período, ajuda a muitos partidários e políticos a fugir para a Suíça, arriscando sua vida: ele é preso pela SS nazista e acusado de graves atividades contra o regime. Ele é liberado através da intervenção do cardeal Schuster. 
Desde 1945 começou a tomar forma concreta o projeto de ajuda ao sofrimento apenas esboçado nos anos da guerra, foi nomeado diretor do Departamento de Inválidos Arosio, e acolhe os primeiros órfãos de guerra e crianças mutiladas.
Assim começou o trabalho que o levou a ganhar o título de "pai de crianças mutiladas".
Logo a estrutura Arosio irá revelar-se muito pequena para acomodar os hóspedes mais jovens cujos pedidos de admissão vêm de toda a Itália; mas quando a necessidade se torna urgente, intervém a Divina Providência. Em 1947, foi concedida para alugar, por um valor simbólico, uma grande casa em Cassano Magnago.

Em 1949, a Obra de Don Gnocchi obtem um primeiro reconhecimento oficial: "Federação Pro Infância dos Mutilados", fundou no ano anterior, para coordenar melhor as intervenções de cuidados para as pequenas vítimas da guerra, e foi oficialmente reconhecida pelo Decreto do Presidente da República.
No mesmo ano, o chefe de governo, Alcide De Gasperi, nomeou Don Gnocchi à Presidência do Conselho sobre a questão dos mutilados da guerra.
Em 1951, a Federação Pro Infância Mutilada é dissolvida e todos os ativos e as atividades são atribuídas à nova entidade jurídica criada por Don Gnocchi: a Fundação Pró-Juventude, reconhecido pelo Decreto do Presidente da República 11 de fevereiro de 1952.
Em 1955, Don Carlo lança seu mais recente desafio: envolve a construção de um moderno centro que constitui a síntese de sua metodologia de reabilitação. Em setembro do mesmo ano, com a presença do Chefe de Estado, Giovanni Gronchi, foi colocada a primeira pedra da nova estrutura, perto do estádio San Siro, em Milão
Don Carlo, abatido por um câncer, vai deixar de ver a conclusão dos trabalhos em que tinha investido mais energia: 28 de fevereiro de 1956, a morte o alcança prematuramente em uma clínica de Milão, onde ele foi hospitalizado por um longo tempo para tratar de uma forma grave de câncer.
O funeral foi grandioso para a participação e emoção: quatro alpinos para segurar o caixão, outros carregam sobre os seus ombros as pequenas crianças aleijadas em lágrimas. Em seguida, a emoção dos amigos e conhecidos, cem mil pessoas enchem a praça e toda a cidade de Milão se envolve em luto.

Assim, em 1 de Março de 1956 o Arcebispo Montini - mais tarde o Papa Paulo VI - estava celebrando o funeral de Don Carlo. Todas as testemunhas lembram que correu para a catedral uma espécie de palavra de ordem: "Ele era um santo, morreu um santo". Durante o rito, foi levada para o microfone uma criança. Ela disse: "Antes de você dizer Olá Don Carlo. Agora eu digo: Olá São Carlos ". Houve uma ovação de pé. 

ORAÇÃO 
Oh, Deus,
 
tu és nosso Pai, 
e com Jesus Cristo nos faze irmãos, 
obrigado por 
nos ter dado Don Carlo Gnocchi 
que a Igreja venera como Beato. 

Dê-nos a sua fé profunda,
 
sua esperança tenaz, 
sua ardente caridade, 
para que possamos seguir o seu exemplo heroico, 
para ajudar na vida de cada homem 
"Abatido e despojado pela dor." 

Don Carlo nos ensine 
a buscar-Te  todos os dias no mais frágil, 
nos olhos puros de crianças, 
no sorriso cansado dos idosos, 
no crepúsculo dos moribundos, 
te amar todos os dias no 
"Incansável trabalho da ciência, 
com as obras de solidariedade humana 
e as maravilhas da caridade sobrenatural ". 
Amém


São Frei Galvão

Primeiro santo brasileiro, Frei Galvão, nasceu em Guaratinguetá, no estado de São Paulo, não sabemos a data certa, supõe-se que seja em 1739.
Estudou no colégio Jesuíta na Bahia, mas entrou para a Ordem dos Franciscanos em 1761. Adotou o nome de Frei Antônio de Sant’Ana Galvão, sendo ordenado em 1762.
Aos 27 anos escreveu um documento em que se colocava como servo e escravo da Virgem Maria. Com esse documento ele reforçava o propósito de permanecer imaculado, sem pecados, como Maria, e servir aos bons e aos maus por toda a vida. A carta foi assinada com sangue retirada de seu peito.
Desde muito cedo destacou-se pela maturidade cultural e humana. Fazia confissões e pregações com freqüência, mas destacava-se como porteiro do Convento de São Francisco: sua doçura e bondade ganharam fama e começaram a atrair grande número de fiéis.
Com irmã Helena Maria do Espírito Santo abriu o Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição e da Divina Providência, com a morte da irmã, passou a cuidar sozinho da instituição, depois chamado de Recolhimento da Luz.
Sempre foi com grande apreço que Frei Galvão cuidou do convento e amparou as jovens religiosas. Para elas escreveu um estatuto que serve até hoje como guia de vida e disciplina. Assim começou a ganhar fama de santidade.
Faleceu aos 83 anos de idade, na ocasião mais de 3 mil pessoas compareceram ao seu velório, numa época que a cidade tinha 25 mil habitantes.

Há diversas histórias curiosas, como a de um escravo liberto que, ficando doente, fez promessa de levar a Frei Galvão “uma vara com 12 frangos” caso sarasse, o que de fato aconteceu. Por essa razão, amarrando as aves em uma vara, pôs-se a caminho. Aconteceu que ao meio da jornada três frangos lhe escaparam.
Recolheu facilmente dois. O terceiro, um “carijó”, fugiu velozmente, irritando o velho, que gritou impaciente: - volta aqui, frango do diabo! Nesse momento, entrando em uma moita de espinhos, o frango se deixou apanhar.
Após a caminhada, o liberto foi alegremente entregar seu presente ao Frade, que aceitou todas as aves, menos a “carijó”: - Porquê este frango, já o deste ao diabo! – disse-lhe ele.

Como aconteceu com São Francisco e Santo Antônio, há registros de dons sobrenaturais de Frei Galvão observados enquanto ele estava vivo:

Bilocação

Pelo que consta, o fato ocorreu por volta de 1810, às margens do rio Tietê, no distrito de Potunduva (Airosa Galvao) municipio de Jaú, próximo à Pederneiras e Bauru. Manuel Portes, capataz de uma expedição de vinha de Cuiabá, homem de temperamento instável, castigou severamente o caboclo Apolinário por indisciplina. Ao notar o capataz distraído, o caboclo, por vingança, o atacou pelas costas com um enorme facão, e fugiu.

Sentindo que a vida abandonava-lhe o corpo, Manuel Portes, no auge de desespero pôs-se a gritar: "Meu Deus, eu morro sem confissão! Senhor Santo Antônio, pedi por mim! Dai-me confessor! Vinde, Frei Galvão, assistir-me!" Eis que então alguém gritou, avisando que um frade se aproximava, e todos identificaram Frei Galvão. Assim contaram as testemunhas: "aproximou-se o querido sacerdote, afastou com um gesto dos espectadores da trágica cena, abaixou-se, sentou-se, pôs a cabeça de Portes sobre o colo e falou-lhe em voz baixa, encostando-lhe depois o ouvido aos lábios. Ficou assim alguns instantes, findo os quais abençoou o expirante. Levantou-se, então, fez um gesto de adeus e afastou-se de modo tão misterioso quanto aparecera". Afirma-se que naquele instante Frei Galvão encontrava-se em São Paulo, pregando. Interrompeu-se, pediu uma Ave-Maria por um moribundo e, acabada a oração, prosseguiu a pregação.
Há outros casos semelhantes, principalmente relatos de socorro de Frei Galvão aos moribundos.

Telepatia

Em uma cidade Frei Galvão era conduzido em uma cadeirinha coberta. Uma senhora, através de sua janela de rótulas (madeiras cruzadas), vê a cadeirinha, em que sabe, está o "santo frade". E ela, sucumbida pelas amarguras da vida, soluçando, pensa consigo: "Ah, se Frei Galvão se lembrasse de mim, se ao menos me desse sua benção". No mesmo instante Frei Galvão levanta as cortinas da cadeirinha, debruça-se para fora, em direção daquela janela, e sorridente, abençoa a senhora, atrás das rótulas. E os que presenciaram o fato, afirmaram que o franciscano não tinha a menor possibilidade de ver aquela senhora, porque era conduzido pelo lado oposto da rua.


Premonição

Em todas as vilas e cidades por onde passava, a pedido dos párocos, Frei Galvão pregava. Por vezes era tão numeroso o auditório que, não o contendo dentro da igreja, era preciso pregar ao ar livre. Em Guaratinguetá ocorreu um fato extraordinário: o sermão havia começado, quando se forma uma grande tempestade; a chuva desaba, e quando viram que ela chegava ao largo, onde se encontravam, quiseram se retirar. Frei Galvão, porém, lhes disse que fiquem pois nada sofrerão. De fato, a chuva não caiu sobre o Largo.

Clarividência

Uma menina foi levada à presença de Frei Galvão. No decorrer da conversa, perguntou à ela sobre o que desejava ser. Respondeu que queria ser freira. Frei Antonio a abençoou com carinho e profeticamente lhe confirma a vocação. De fato, aos 19 anos ela ingressa em um Convento.

Levitação

No Mosteiro da Luz há viários testemunhos sobre a capacidade de Frei Galvão tinha de levitar. Dentre eles, há o relato de uma senhora nos seguintes têrmos: caminhando em plena rua, pôde observar o Frade que se aproximava todo recolhido. Ao se cruzarem, ela exclamou, espantada: "Senhor Padre, vós mecê anda sem pisar no chão?" E o Frei sorriu, saudou e seguiu diante.

Telepercepção

Antigamente, quando os sinos badalavam fora de horário de reza, a comunidade se reunia pois sabia que algo de extraordinário acontecera. Certo dia, os sinos do Mosteiro tocaram e a população atendeu a convocação. Frei Galvão, então já bem idoso, anunciou: "Rebentou em Portugal uma revolução" (talvez a de 1820). E relatou detalhes como se estivesse assistindo a tudo pessoalmente. Semanas depois, chegaram notícias confirmando as visões de Frei Galvão.


As Pílulas de Frei Galvão clique aqui