segunda-feira, 30 de setembro de 2019

30 de setembro - Beato Frederico Albert


Frederico Albert, fundador das Vicentinas de Maria Imaculada, nasceu em Turim (Itália), em 16 de outubro de 1820, e morreu em Lanzo Torinese, em 30 de setembro de 1876. Foi beatificado no dia 30 de setembro de 1984, pelo Papa João Paulo II.

Filho de um alto oficial do exército, estava para entrar na Academia militar quando se sentiu repentinamente chamado à vida sacerdotal. Ordenou-se no dia 10 de Junho de 1843 e foi designado capelão militar. 

Depois de algum tempo, renunciou a esse posto para se consagrar ao múnus de pastor da paróquia de São Carlos. Em 1852 transferiram-no para a paróquia de Lanzo Torinese, onde permanecerá até à morte. 

O Padre Frederico conheceu São José Bento Cottolengo, que lhe chamou a atenção para a situação miserável de tantos pobres. Conheceu igualmente São José Cafasso, apóstolo dos presidiários e condenados à morte; São Leonardo Murialdo, criador da ação social em Turim; São João Bosco, apóstolo da juventude, que o convidou para pregar os exercícios aos jovens do Oratório de Valdocco. 

Todos estes Santos influíram no espírito do Padre Frederico Albert, levando-o também ele a criar obras dignas de menção. Em 1859, abriu um asilo para órfãs abandonadas. 

Em 1866, acrescentou-lhe uma escola de pedagogia, a fim de as raparigas se prepararem para professoras. Três anos depois, fundou a Congregação das Irmãs de São Vicente da Imaculada Conceição, que mais tarde tomaram o nome de Irmãs Albertinas, para se encarregarem das diversas obras por ele criadas. 

Elas, por sua vez, posteriormente. alargaram o seu âmbito de ação. Segundo o espírito do Fundador, abriram hospitais, escolas, asilos para órfãos e idosos. Em 1873, foi eleito Bispo, mas renunciou a essa dignidade e continuou a empenhar-se em obras de caráter social, como colônias agrícolas para proporcionar aos jovens melhores conhecimentos técnicos e, assim travar o êxodo rural para as cidades. Morreu tragicamente, caindo de um andaime. 

Por ocasião da sua morte, o Arcebispo de Turim, falando ao clero a respeito do Servo de Deus, asseverou: “Não é fácil saber o que mais admirar neste pastor de almas: se a piedade, a fé, a humildade, a paciência, a mortificação do corpo e do espírito, o desprendimento, o zelo, a inteligência, a prudência, a doutrina e sobretudo a caridade.”                  
Um ano depois da sua morte, um milagre atribuído à valiosa intercessão do bem-aventurado era sinal evidente que Deus o queria glorificar. Todavia, por motivos vários, o processo só pode iniciar-se em 1926. 


30 de setembro - Naquele tempo, houve entre os discípulos uma discussão, para saber qual deles seria o maior. Lc 9,46


Todo cristão deve fazer um esforço diário para procurar vencer a tentação da mundanidade, do sentir-se superior aos outros.

No Evangelho observamos os discípulos. Eram bons, queriam seguir o Senhor, servir o Senhor. Mas não sabiam que o caminho do serviço ao Senhor não era tão fácil, não era como se alistar numa entidade, numa associação de beneficência. E tinham medo disto. Por outro lado, sentiam a tentação da mundanidade.
Mas, não era uma tentação só deles: Desde que a Igreja nasceu até hoje, isto aconteceu, acontece e acontecerá. Sucede por exemplo nas paróquias onde há sempre lutas e pode-se ouvir alguém dizer: Quero ser presidente desta associação, fazer carreira; ou então: Quem é o maior aqui? Quem é o maior desta paróquia? Não, eu sou mais importante do que este, e aquele não porque se comportou mal... Tentação da mundanidade da qual parte a corrente dos pecados como falar mal do outro ou os mexericos, que são coisas úteis para o sucesso.

A missão é servir o Senhor, mas depois o verdadeiro desejo, muitas vezes, impele-nos pela via da mundanidade para sermos mais importantes. E pode haver a desilusão, como aconteceu com os discípulos de Jesus que se calaram primeiro por temor e depois por vergonha.
A santa vergonha! Peçamos ao Senhor sempre a graça de nos envergonharmos, quando nos encontramos nestas situações.

O critério de escolha para as nossas ações, diante de certas tentações, é explicado por Jesus no mesmo trecho evangélico: Sentando-se, chamou os Doze e disse-lhes: Se alguém quer ser o primeiro, seja o último de todos. E apontando um menino, acrescentou: Fazei como ele. Cristo, inverte tudo. A glória e a cruz, a grandeza e o menino...

Papa Francisco – 21 de fevereiro de 2017

Hoje celebramos:

domingo, 29 de setembro de 2019

29 de setembro - ‘Eles têm Moisés e os Profetas, que os escutem!’ Lc 16,29


No Evangelho deste domingo, Jesus narra a parábola do homem rico e do pobre Lázaro. O primeiro vive no luxo e no egoísmo, e quando morre, vai para o inferno. Ao contrário, o pobre, que se alimenta com as migalhas que caem da mesa do rico, quando morre é levado pelos anjos para a casa eterna de Deus e dos santos. Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus.
Mas a mensagem da parábola vai além: recorda que, enquanto estivermos neste mundo, devemos ouvir o Senhor que nos fala mediante as sagradas Escrituras e viver segundo a sua vontade, caso contrário, depois da morte, será demasiado tarde para se corrigir. Portanto, esta parábola diz-nos duas coisas: a primeira é que Deus ama os pobres e eleva-os da sua humilhação; a segunda é que o nosso destino eterno está condicionado pela nossa atitude, compete a nós seguir o caminho que Deus nos mostrou para alcançar a vida, e este caminho é o amor, entendido não como sentimento, mas como serviço aos outros, na caridade de Cristo.

Queridos amigos, só o Amor com o «A» maiúsculo dá a verdadeira felicidade! Louvemos a Deus, porque o seu amor é mais forte que o mal e a morte; e agradeçamos à Virgem Maria que conduz os jovens, também através das dificuldades e dos sofrimentos, a apaixonar-se por Jesus e a descobrir a beleza da vida.

Papa Bento XVI – 26 de setembro de 2010

Hoje celebramos:


29 de setembro - São João de Dukla


Estas palavras do profeta Isaías, propostas na primeira Leitura, foram lidas por Jesus na sinagoga de Nazaré no início da Sua atividade pública: O Espírito do Senhor repousa sobre Mim, porque o Senhor Me ungiu. Enviou-Me a levar a boa nova aos que sofrem; a curar os de coração despedaçado, a anunciar a anistia aos cativos, e a liberdade aos prisioneiros; proclamar um ano de graça da parte do Senhor. Naquele dia, na sinagoga, Jesus anunciou o seu cumprimento: o Espírito Santo consagrara com a unção precisamente a Ele, em vista da Sua missão messiânica. Mas aquelas palavras têm um valor que se estende também a todos aqueles que são chamados e enviados por Deus para continuar a missão de Cristo. Elas, portanto, podem referir-se certamente também a João de Dukla, que hoje me é dado incluir entre os Santos da Igreja.
Dou graças a Deus, porque a canonização do Beato João de Dukla pode ter lugar na sua terra natal. O seu nome e juntamente a glória da sua santidade estão unidos para sempre a Dukla, pequenina ainda que antiga cidade, situada aos pés do monte Cergowa e da cadeia de montanhas do Beskid Central.

João de Dukla é um dos muitos Santos e Beatos que cresceram na terra polaca, no decurso dos séculos XIV e XV. Todos estavam ligados à Cracóvia régia. Atraía-os a Faculdade de Teologia de Cracóvia, surgida por obra da Rainha Edviges, por volta do final do século XIV. Animavam a cidade universitária com o sopro da sua juventude e da sua santidade, e dali dirigiam-se para o Leste. As suas estradas levavam, antes de tudo, a Lviv, como no caso de João de Dukla, que transcorreu a maior parte da sua vida naquela grande cidade, centro ligado à Polónia por vínculos muito estreitos, especialmente a partir dos tempos de Casimiro, o Grande. São João de Dukla é o padroeiro da cidade de Lviv e de todo o território circunstante.

Papa João Paulo II – Homilia de canonização – 10 de junho de 1997

João nasceu em Dukla, próxima dos montes Cárpatos, na Polônia em 1414. Muito jovem ingressou na Ordem dos Frades Menores. Ordenado sacerdote, distinguiu-se por seu zelo e prudência, tanto que mereceu ser colocado em postos de responsabilidade. Foi várias vezes guardião e superior em Krosno e em Leópoli, onde também foi custódio de todos os conventos daquela Província, fato particularmente importante, dada a vizinhança dos territórios ortodoxos e o caráter missionário destes conventos.

Naquele tempo, os franciscanos polacos estavam unidos com os checos em uma só Província. Por sua inclinação à vida contemplativa, obteve dos superiores permissão para viver em conventos onde se observava com maior rigidez a Regra Franciscana. Setores especiais de sua vida foram o confessionário e o púlpito. Ao ficar cego, não podendo preparar as pregações, tinha a ajuda de um noviço que lia alguns textos sagrados sobre os quais preparava suas homilias.

Chegou aos 70 anos quando Deus quis premiá-lo com a glória do céu. João faleceu no dia 29 de setembro de 1484.




sábado, 28 de setembro de 2019

28 de setembro - Beato Bernardino de Feltre


Martinho, como foi chamado no batismo, nasceu em 1439, em Tomo, lugarejo minúsculo, distante alguns quilômetros de Feltre, na Itália. Foi o primogênito de dez irmãos, todos filhos do nobre e abastado Donato Tomitano e de Corona Rambaldoni. Criança precoce, ávido de leituras, Martinho se mostrou dotado de grande memória desde os primeiros estudos, tanto que aos onze anos lia e falava corretamente o latim. Cresceu numa família bem estruturada e de nível cultural elevado e, assim, conseguiu adquirir um espírito de discernimento diante de comportamentos sociais da época.

Também em Pádua, onde estudou Direito, fez-se admirar pela seriedade de sua conduta e acuidade de suas reflexões. Profundamente tocado pela morte repentina de três de seus professores universitários, pelos quais sentia-se profundamente amado e ao mesmo tempo conquistado pela pregação que São Tiago das Marcas fazia na catedral de Pádua, Martinho interrompeu os estudos a 14 de maio de 1456 e tomou o hábito dos Frades Menores no Convento de São Francisco das mãos de Frei Tiago. Este, para honrar São Bernardino de Sena, deu a Martinho o nome de Frei Bernardino.

Seu pai tentou demovê-lo da ideia de se tornar franciscano. Martinho, no entanto, tinha plena convicção de sua vocação, a respeito da qual nunca teve dúvidas. Começando um rigoroso tempo de noviciado no Convento de Santa Úrsula, fora de Pádua, Frei Bernardino se propôs a imitar o espírito do santo que era seu patrono celeste, vivendo uma vida santa e dedicando-se à pregação.

Terminados os estudos de teologia, foi ordenado sacerdote em 1463. Depois de ter ensinado gramática durante certo tempo, a 19 de maio de 1469 foi nomeado pregador. Atemorizado com esta incumbência, pediu que os superiores o dispensassem desta função alegando saúde frágil, timidez e mesmo dizendo ser de baixa estatura. No dia seguinte, festa de São Bernardino, foi lhe solicitado que fizesse um discurso sobre o santo. Fê-lo com ardor e força a tal ponto que as pessoas ficaram admiradas. A partir de então começou sua atividade de pregador itinerante percorrendo a Itália centro e sul sem calçados, mesmo em condições atmosféricas desfavoráveis.

Defensor dos pobres, impávido combatente contra usurários e hereges, apóstolo iluminado do Monte da Piedade, era solicitado para pregar nos principais púlpitos da Itália. Causava maravilha o fato que ele, homem tão frágil, minado pela tísica, resistisse a constantes ataques, insídias e adversidades de quantos, tentavam eliminá-lo ou fazê-lo calar. Muitas cidades o chamavam e chegavam a pedir a intercessão do Papa para que ele pregasse em suas igrejas. Em 1481 foi nomeado pregador apostólico in forma solita e, em 1484, pregador apostólico in forma maiori.

Bernardino era um pregador vivo, corajoso, franco. Levava seus ouvintes a colaborarem na vida da comunidade, a começar pelos políticos que ele condenava cada vez que estes administravam a coisa pública em vista de seus interesses pessoais.
Partindo sempre da Sagrada Escritura, sem desprezar o testemunho do pensamento clássico, adaptava-se aos ouvintes e às circunstâncias. Prendia a atenção de seus ouvintes com exemplos da vida cotidiana, ora falando da injustiça e avidez dos ricos, ora a falta de pudor das mulheres ou da tão difundida ilegalidade.

A década de 1484-94 representa o período da mais intensa atividade oratória desenvolvida pelo bem-aventurado a serviço da solidariedade, defesa dos pobres e dos oprimidos, enfrentando lutas terríveis, como em Trento (1476), Florença (1488) e Milão (1491). Condenava sem medo e em termos atuais o exasperado individualismo, criticando a validade ética da riqueza quando esta é instrumento de injustiças sociais.

Em Vicenza, durante a pregação do Advento de 1492, exortou a cidade a fundar uma “Companhia” para socorrer os “pobres envergonhados”, envolvendo de modo especial no empenho os nobres e os ricos. Pregou com tanto ardor que conseguiu a fundação da Companhia do Nome de Jesus, cujos estatutos foram depois reformados por um seu confrade, o venerável Antônio Pagani. Morreu a 28 de setembro de 1494. Foi venerado ininterruptamente em Pávia e em Feltre e, em 1654, o Papa Inocêncio X decretou sua beatificação.



28 de setembro - O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. Lc 9,44


Depois que Pedro, em nome dos discípulos, professou a fé em Jesus, reconhecendo-o como o Messias, Jesus começou a falar abertamente daquilo que lhe acontecerá no fim.

Jesus diz: O Filho do homem — expressão com a qual se designa a si mesmo — será entregue nas mãos dos homens. No entanto, os discípulos não compreendiam estas palavras; e tinham medo de lhe perguntar.

Com efeito, parece evidente que entre Jesus e os discípulos havia uma profunda distância interior; encontram-se, por assim dizer, em duas dimensões diferentes, de modo que os discursos do Mestre não são compreendidos, ou são-no só superficialmente. Logo depois de ter manifestado a sua fé em Jesus, o apóstolo Pedro permite-se repreendê-lo, porque predisse que deverá ser rejeitado e morto. Após o segundo anúncio da paixão, os discípulos põem-se a discutir sobre qual deles é o maior; e depois do terceiro, Tiago e João pedem a Jesus para sentar à sua direita e à sua esquerda, quando Ele estiver na glória. Mas existem vários outros sinais desta distância: por exemplo, os discípulos não conseguem curar um jovem epiléptico, que em seguida Jesus cura com a força da oração; ou quando a Jesus são apresentadas algumas crianças, os discípulos repreendem-nas mas Jesus, ao contrário, indignado, fá-las permanecer ali e afirma que só quem é como elas pode entrar no Reino de Deus.

O que nos diz tudo isto? Recorda-nos que a lógica de Deus é sempre outra em relação à nossa, como o próprio Deus revelou pela boca do profeta Isaías: Os meus pensamentos não são os vossos, / e o vosso modo de agir não é o meu. Por isso, seguir o Senhor exige sempre do homem uma profunda conversão — de todos nós — uma mudança do modo de pensar e de viver, requer que abramos o coração à escuta, para nos deixarmos iluminar e transformar interiormente.
Um ponto-chave em que Deus e o homem se diferenciam é o orgulho: em Deus não há orgulho, porque Ele é toda a plenitude e está totalmente propenso para amar e dar vida; em nós homens, ao contrário, o orgulho está intimamente arraigado e exige vigilância e purificação constantes. Nós, que somos pequeninos, aspiramos a parecer grandes, a ser os primeiros; enquanto Deus, que é realmente grande, não tem medo de se humilhar e de se fazer último.

Papa Bento XVI – 23 de setembro de 2012

Hoje celebramos:


sexta-feira, 27 de setembro de 2019

27 de setembro - Beata Hermínia Martinez Amigo


As revoluções e as guerras mundiais dos últimos séculos produziram mais mártires do que todo o passado da Igreja. A Revolução Francesa em 1789; a Revolução Comunista na Rússia em 1917; a Revolução Mexicana de 1939; a Revolução Espanhola de 1936 a 1939, além do nazismo, fizeram milhares de mártires.

Alguns historiadores afirmam que “em toda a história da Igreja universal não há um único precedente, nem sequer nas perseguições romanas, do sacrifício sangrento, em pouco mais de um semestre, de doze bispos, quatro mil sacerdotes e mais de dois mil religiosos”.

Os mártires eram torturados terrivelmente antes de serem mortos. Uns eram espancados, outros tinham os olhos vazados, sofriam queimaduras, choques elétricos; as monjas sofriam abusos sexuais, e outros suplícios; fruto do ódio marxista contra a religião. Os horrores foram piores que os dos tempos bárbaros.

Hermínia Martinez Amigo nasceu na Espanha em 31 de julho de 1887 em Puzol (Valência) e foi batizada na mesma igreja paroquial de Santos Juanes onde se casou em 24 de fevereiro de 1916.

Ela teve duas filhas que morreram na infância. Tendo nascido em uma família rica, se dedicou às obras de caridade aos pobres. Fundou uma sociedade para o cuidado dos pobres doentes em sua cidade, nela empenhando todos os seus bens. Devido a uma doença do coração, Hermínia não podia assistir a Santa Missa todos os dias, porém recitava sempre o Rosário.

Foi presa com o marido e ambos foram mortos em 27 de setembro de 1936 em Gilet, durante a perseguição religiosa que caracterizou a Guerra Civil Espanhola.

Hermínia foi beatificada pelo Papa João Paulo II em 11 de março 2001, junto com outros 232 mártires espanhóis testemunhas da fé, que foram executados em uma tentativa para destruir a Igreja Católica no país ibérico.



27 de setembro - Então Jesus perguntou-lhes: “Quem diz o povo que eu sou? Lc 9,18


No trecho evangélico de hoje, reapresenta-se a pergunta que atravessa todo o Evangelho de Marcos: quem é Jesus? Mas desta vez é o próprio Jesus que a faz aos discípulos, ajudando-os gradualmente a enfrentar a questão da identidade. Antes de interpelar diretamente os Doze, Jesus quer ouvir deles o que pensam as pessoas sobre Ele — e sabe bem que os discípulos são muito sensíveis à popularidade do Mestre! Portanto, pergunta: Quem dizem os homens que eu sou?
Sobressai que Jesus é considerado pelo povo um grande profeta. Mas, na realidade, não lhe interessam as sondagens e as bisbilhotices do povo. Ele não aceita sequer que os seus discípulos respondam às suas perguntas com fórmulas já preparadas, citando personagens famosos da Sagrada Escritura, porque uma fé que se reduz às fórmulas é uma fé míope.

O Senhor quer que os seus discípulos de ontem e de hoje estabeleçam com Ele uma relação pessoal, e assim o acolham no centro da sua vida. Por esta razão, incentiva-os a colocar-se em toda a verdade diante de si mesmos, e pergunta: E vós, quem dizeis que eu sou?
Jesus, hoje, faz este pedido tão direto e confidencial a cada um de nós: “Tu, quem dizes que eu sou? Vós, quem dizeis que eu sou? Quem sou eu para ti?” Cada um é chamado a responder, no próprio coração, deixando-se iluminar pela luz que o Pai nos dá a fim de conhecer o seu Filho Jesus. E pode acontecer também que nós, assim como Pedro, afirmemos com entusiasmo: Tu és o Cristo. Contudo, quando Jesus nos comunica claramente o que disse aos discípulos, ou seja, que a sua missão se cumpre não no amplo caminho do sucesso, mas na senda árdua do Servo sofredor, humilhado, rejeitado e crucificado, então pode acontecer também a nós como a Pedro, protestar e rebelar-nos porque isto contrasta com as nossas expectativas, com as expectativas mundanas. Nestes momentos, também nós merecemos a repreensão saudável de Jesus: Afasta-te de mim, Satanás, porque teus sentimentos não são os de Deus, mas os dos homens.

Irmãos e irmãs, a profissão de fé em Jesus Cristo não pode limitar-se às palavras, mas exige ser autenticada com escolhas e gestos concretos, com uma vida caraterizada pelo amor de Deus, com uma vida grande, com uma vida cheia de amor pelo próximo.

Papa Francisco – 16 de setembro de 2018

Hoje celebramos:

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

26 de setembro - Santa Teresa Couderc


Marie-Victoire Couderc nasceu no dia 01 de fevereiro de 1805 numa aldeia da comuna de Sablières, Ardèche, França. Era a quarta dos doze filhos de Anne Méry e Claude Couderc, que viviam em um ambiente rural simples, e a levaram para ser batizada no dia seguinte ao seu nascimento. Aos 17 anos ingressou num internato, em Vans, administrado pelas Irmãs de São José. Em 1826, ingressou no noviciado de Alba-la-Romaine para se tornar religiosa, em uma congregação fundada por Étienne Terme, sacerdote de Ardèche, onde tomou o nome de Irmã Teresa, seu irmão João viria a ser padre.

Nomeado em 1824 para a paróquia de Lalouvesc, santuário de São Régis, o Padre Terme, observando que não havia nenhuma estrutura para receber as mulheres peregrinas, abriu um abrigo destinado a elas. Chegou lá no inverno de 1825-1826 para organizar uma primeira casa, e começou a construir a casa de acolhida de mulheres. Esta seria a primeira casa das Irmãs Congregação do Cenáculo ou O Cenáculo. Em 1827, ele chamou Teresa e duas de suas irmãs para tomar conta dessa nova fundação. Teresa, que tinha apenas 23 anos, teve que cumprir as funções de uma superiora.

Teresa então interveio com o padre Terme para que a hospitalidade material que era oferecida às mulheres em peregrinação fosse estendida para a educação de uma vida espiritual mais intensa, com uma formação em oração e um aprofundamento na fé cristã. Padre Terme, tendo vivido um retiro de acordo com os Exercícios de Santo Inácio de Loyola, fundador dos jesuítas, inscreverá a nova fundação nesta grande corrente de espiritualidade. Esta vai tornar-se a base sólida da formação de irmãs e sua missão. Vai enriquecer os próprios dons de Stephen Terme e Teresa Couderc (“dar-se totalmente à orientação do Espírito”, “Deus é mais do que bom, é Bondade “) marcados pela espiritualidade da escola francesa e mais tarde pelo mistério bíblico individual do Cenáculo introduzido pelo livro de Atos capítulo 1.
O trabalho dos retiros se desenvolveu e se separou da Congregação de São Régis que o Padre Terme havia fundado antes para a educação das crianças pobres da região de Ardèche. Assim, a instituição foi dividida em dois ramos: o das Irmãs das Escolas (Irmãs de São Regis) e as Irmãs dos Retiros que será chamado depois Irmãs de Nossa Senhora do Cenáculo.

Padre Terme morreu em dezembro de 1834, mas Teresa conseguiu manter o trabalho com a ajuda do provincial dos jesuítas. No entanto, a exaustão obrigou-a a descansar no santuário de Nossa Senhora de Ay, perto de Lalouvesc. No ano seguinte, como resultado de intrigas, ela foi deposta do cargo e substituída à frente da instituição. Ela viveu então nas sombras e humildade, intervindo apenas em algumas missões difíceis: em Lion, na aquisição de terras para construir a casa de Fourvière, em seguida, em Paris para resolver um conflito dentro de uma comunidade.

Ela também irá a Montpellier de onde escreverá o texto “Livrar-se”. Nele ela escreveu: “Render-se é também o espírito de desapego que nada guarda para as pessoas, para as coisas, para o tempo ou para os lugares. É aderir a tudo, aceitar tudo, submeter-se a tudo.”

A partir de 1867, Teresa morou em Lion, na colina Fourvière, onde catequizava adultos, organizava retiros, cuidava de suas irmãs doentes e dedicava-se à oração com humildade e discrição, não exercendo qualquer papel de liderança. Somente em 1877 que o novo superior reconheceu oficialmente Teresa como cofundadora da instituição com o padre Terme.
Enquanto isso, os Cenáculos cresceram, muitas casas foram abertas em França e no estrangeiro. Em 2010, 500 irmãs tinham comunidades em 13 países e conduziam diversas formações em países onde não estevam estabelecidas (China, Malásia, Burkina Faso, Benin, Costa do Marfim,…)

Teresa Couderc morreu em Lion, no Cenáculo, em 26 de setembro de 1885. Seu corpo foi trazido de volta a Lalouvesc em 29 de setembro. Com São Régis e Santa Teresa Couderc, Lalouvesc é um lugar de peregrinação particularmente frequentado entre junho e setembro.

Foi beatificada no dia 04 de novembro de 1951 pelo Papa Pio XII, na Basílica de São Pedro e Canonizada no mesmo local no dia 09 de maio de 1970 pelo Papa Paulo VI.




26 de setembro - Então Herodes disse: “Eu mandei degolar João. Quem é esse homem, sobre quem ouço falar essas coisas?” E procurava ver Jesus. Lc 9,9


Neste mundo, o Senhor só é visto quando quer, e não podemos espantar-nos com isso. Mesmo na ressurreição, só será dado ver a Deus aos que tiverem o coração puro: Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus. Quantas bem-aventuranças não tinha Jesus enumerado já e, contudo, não lhes tinha prometido esta possibilidade: de verem Deus. Se, portanto, aqueles que têm o coração puro hão de ver a Deus, seguramente que os outros não O verão; aquele que não quis ver a Deus não poderá vê-lo.

Porque Deus não se vê num lugar, mas através de um coração puro. Não são os olhos do corpo que procuram Deus; Ele não é captado pelo olhar, nem tocado pelo tato, nem ouvido numa conversa, nem reconhecido pela sua postura. Julgamo-lo ausente e vemo-lo; está presente e não O vemos.
Aliás, nem todos os apóstolos viam Cristo; foi por isso que Ele lhes disse: Há tanto tempo que estou convosco e ainda não Me conheceis? Com efeito, todo aquele que conheceu qual é a largura, o comprimento, a altura e a profundidade do amor de Cristo que ultrapassa todo o conhecimento, esse viu a Cristo e viu também o Pai.
Porque não é segundo a carne que conhecemos a Cristo, mas segundo o Espírito: O Espírito que está diante da nossa face é o Ungido do Senhor, o Cristo. Que Ele Se digne, na sua misericórdia, cumular-nos de toda a plenitude de Deus, a fim de que possamos vê-lo!

Santo Ambrósio (340-397) - bispo de Milão, doutor da Igreja

Hoje celebramos:


quarta-feira, 25 de setembro de 2019

25 de setembro - Santas Aurélia e Neomísia


As irmãs Aurélia e Neomísia, nasceram na Ásia Menor no século III, e foram dedicadas desde a mais tenra idade à piedade. Elas costumavam procurar pobres e doentes pelas ruas para lhes fazer caridade. E assim fizeram durante toda a adolescência, se mantendo muito piedosas e fervorosas cristãs. O sonho das irmãs era conhecer a terra santa e assim, decidiram visitar os lugares santos da Palestina e peregrinar aos mais célebres santuários do Ocidente.

De fato, Aurélia e Neomísia, foram para a Terra Santa e viram onde Jesus nasceu e viveu. Depois, fizeram todo o trajeto percorrido por Ele até o monte Calvário, onde foi Crucificado e morreu para nos salvar. Aurélia, envolvida pela religiosidade da região e com o sentimento da fé reforçado, decidiu continuar a peregrinação até Roma.

Em Roma, enquanto percorriam a Via Latina, foram surpreendidas pelos Agarenos, que, após terem devastado a Calábria e a Lucania, tinham assediado Cápua. Estes, ao identificarem as jovens como cristãs, as espancaram com varas e as deixaram quase sem vida. Mas um temporal furioso dispersou os perseguidores e as duas irmãs, livres, puderam seguir viagem.

Nas redondezas de Anagni, se estabeleceram e retomaram a vida de caridade, oração e penitência, sempre auxiliando e socorrendo os pobres, velhos e doentes.
Aurélia e a irmã adoeceram e morreram no mesmo dia: 25 de setembro, de um ano não registrado. O culto à Santa Aurélia é um dos mais propagados e antigos da tradição romana.

Seus corpos, venerados pelos habitantes do lugar, sepultados inicialmente em um oratório da aldeia, foram depois transportados ao cenóbio de Santa Reparata, próximo dos muros da cidade de Anagni.

O Bispo Romualdo, quando se encontrava em Anagni o Papa Leão IX, colocou-os na Catedral e, quando esta foi reconstruída pelo Bispo São Pedro de Salerno, foram colocados com honras na cripta de São Magno, perto dos despojos de Santa Secundina, sob o altar a elas dedicado.

O único texto conhecido dos Atos das duas santas está contido no códice Chigiano C. VIII. 235, escrito no início do século XIV. Barônio, que inseriu o nome das duas irmãs no Martirológio Romano, disse ter conhecimento dos Atos destas Santas, mas que ele estava corrompido.


25 de setembro - Em qualquer casa onde entrardes, ficai aí. Lc 9,4

A vós, não vos chamo servos, chamo-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que sabia do meu Pai. Os discípulos são aqueles que aprendem a viver na confiança da amizade de Jesus.
E o Evangelho fala-nos deste discipulado. Apresenta-nos a cédula de identidade do cristão; a sua carta de apresentação, a sua credencial.

Jesus chama os seus discípulos e envia-os, dando-lhes regras claras e precisas. Desafia-os a um conjunto de atitudes, comportamentos que devem ter. Sucede, e não raras vezes, que nos poderão parecer atitudes exageradas ou absurdas; seria mais fácil lê-las simbólica ou espiritualmente». Mas Jesus é muito claro. Não lhes diz: fazei de conta, ou fazei o que puderdes.

Recordemos juntos estas recomendações: Não leveis nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem alforje, nem dinheiro (…) Permanecei na casa onde vos derem alojamento. Parece uma coisa impossível.

Poderíamos concentrar-nos em palavras como pão, dinheiro, alforje, cajado, sandálias, túnica. E seria lícito. Mas parece-me que há aqui uma palavra-chave, que poderia passar despercebida diante da contundência daquelas que acabo de enumerar. Uma palavra central na espiritualidade cristã, na experiência do discipulado: hospitalidade. Como bom mestre, Jesus envia-os a viver a hospitalidade. Diz-lhes: Permanecei na casa onde vos derem alojamento.

Envia-os a aprender uma das características fundamentais da comunidade crente. Poderíamos dizer que é cristão aquele que aprendeu a hospedar, que aprendeu a alojar.
Jesus não os envia como poderosos, como proprietários, chefes ou carregados de leis, normas. Ao contrário, mostra-lhes que o caminho do cristão é simplesmente transformar o coração. O próprio coração e ajudar a transformar o dos outros. Aprender a viver de forma diferente, com outra lei, sob outra norma. É passar da lógica do egoísmo, do fechamento, da luta, da divisão, da superioridade para a lógica da vida, da gratuidade, do amor. Passar da lógica do dominar, esmagar, manipular para a lógica do acolher, receber, cuidar.

 Papa Francisco – 12 de julho de 2015

Hoje celebramos:

terça-feira, 24 de setembro de 2019

24 de setembro - Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a Palavra de Deus, e a põem em prática. Lc 8,21


As Escrituras convidam-nos a crer: Felizes os que acreditam sem terem visto, mas Deus – mais íntimo a mim mesmo de quanto o seja eu próprio tem o poder de chegar até nós nomeadamente através dos sentidos interiores, de modo que a alma recebe o toque suave de algo real que está para além do sensível, tornando-a capaz de alcançar o não-sensível, o não-visível aos sentidos. Para isso exige-se uma vigilância interior do coração que, na maior parte do tempo, não possuímos por causa da forte pressão das realidades externas e das imagens e preocupações que enchem alma. Sim! Deus pode alcançar-nos, oferecendo-Se à nossa visão interior.

Mais ainda, a Luz que provém do futuro de Deus, é a mesma que se manifestou na plenitude dos tempos e veio para todos: o Filho de Deus feito homem. Que Ele tem poder para incendiar os corações mais frios e tristes, vemo-lo nos discípulos de Emaús. Por isso a nossa esperança tem fundamento real, apoia-se num acontecimento que se coloca na história e ao mesmo tempo excede-a: é Jesus de Nazaré. E o entusiasmo que a sua sabedoria e poder salvífico suscitavam nas pessoas de então era tal que uma mulher do meio da multidão – como ouvimos no Evangelho – exclama: Feliz Aquela que Te trouxe no seu ventre e Te amamentou ao seu peito.

Contudo Jesus observou: Mais felizes são os que ouvem a palavra de Deus e a põe em prática.
Mas quem tem tempo para escutar a sua palavra e deixar-se fascinar pelo seu amor? Quem vela, na noite da dúvida e da incerteza, com o coração acordado em oração? Quem espera a aurora do dia novo, tendo acesa a chama da fé? A fé em Deus abre ao homem o horizonte de uma esperança certa que não desilude; indica um sólido fundamento sobre o qual apoiar, sem medo, a própria vida; pede o abandono, cheio de confiança, nas mãos do Amor que sustenta o mundo.

 Papa Bento XVI – 13 de maio de 2010

Hoje celebramos:


24 de setembro - Beato Anton Martin Slomsek


Pensamos hoje, em particular, naquele que a Igreja proclama Beato:  o Bispo de Maribor Anton Martin Slomsek, primeiro filho desta Nação eslovena a ser elevado à glória dos altares.
No novo Beato refulgem, antes de tudo, os valores da santidade cristã. Ao seguir as pegadas de Cristo, ele fez-se bom Samaritano do povo esloveno. Atento às exigências da formação do clero e dos fiéis, com zelo apostólico que ainda hoje serve de exemplo para nós, não cessou de evangelizar animando as missões populares, suscitando numerosas confrarias, pregando exercícios espirituais e difundindo cânticos populares e escritos religiosos. Ele foi, no sentido mais genuíno da expressão, um pastor católico, ao qual os Superiores eclesiásticos confiaram importantes tarefas pastorais, também noutras regiões do Estado de então.
Fiel e dócil à Igreja, Slomsek demonstrou-se profundamente aberto ao ecumenismo e foi um dos primeiros na Europa central a empenhar-se pela unidade dos cristãos. 

Papa João Paulo II – Homilia de beatificação – 19 de setembro de 1999

Anton Martin Slomsek nasceu em Slom, numa família de camponeses da Estíria, no dia 26 de novembro de 1800. Tendo recebido a Ordenação sacerdotal a 8 de setembro de 1824, trabalhou como capelão em Bizeljsko e em Nova Cerkev. Depois transferiu-se para Klagenfurt (Áustria) onde, durante nove anos, foi diretor espiritual no Seminário em que estudara.

Em outubro de 1838 nomearam-no pároco em Vuzenica; em 1844 exerceu o ministério sacerdotal como pároco, recebendo também o título de cónego, da Catedral de Santo André no vale de Labot e, em seguida, foi nomeado pároco-abade em Celje. Após alguns meses de ministério nessa cidade, ao ser nomeado Bispo, escolheu como lema do seu episcopado as palavras «Ad maiorem Dei gloriam animarumque salutem»; recebeu a Sagração episcopal a 5 de julho de 1846. Até setembro de 1859 residiu em Santo André em Lavantal (na Áustria hodierna), quando transferiu a sede episcopal para Maribor, na Eslovénia.

Anton Slomšek é considerado um grande pedagogo e catequista; foi também escritor e poeta. Como educador do povo despertou-lhe a consciência cristã, para enfrentar os perigos e as falsas doutrinas da época (jansenismo e liberalismo), e trabalhou em prol do ecumenismo segundo o espírito dos Santos Cirilo e Metódio, apóstolos dos eslavos.

Promoveu a formação permanente do clero e foi zeloso pastor das almas, cuidando da santificação das famílias e da educação cristã da juventude. Vivia aquilo que aos outros ensinava. A sua incansável atividade pastoral é ainda hoje recordada como exemplo típico de homem de Deus.
Faleceu a 24 de setembro de 1862 e o seu corpo foi sepultado na catedral de Maribor.




segunda-feira, 23 de setembro de 2019

23 de setembro - Ninguém acende uma lâmpada para cobri-la com uma vasilha ou colocá-la debaixo da cama Lc 8,16


O anúncio do Evangelho não admite matizes nem incertezas, não se esconde atrás do talvez nem do sim e não. O anúncio cristão funda-se só na palavra sim. E é esta a força que leva ao testemunho, a ser sal da terra e luz do mundo e a glorificar Deus.

Imagens fortes para significar como o anúncio do Evangelho é esmagador, contundente e decisivo. Portanto, não se trata de palavras, de matizes que são um pouco sim-sim, não-não, e que no final te levam a procurar uma segurança artificial, como por exemplo é a casuística. Pelo contrário, estamos diante de palavras fortes: “sim”, é assim. Palavras que indicam a força do Evangelho, a força do anúncio cristão, a força que te leva ao testemunho e também a glorificar Deus.

Em Jesus não há um “não”: sempre “sim”, para glória do Pai. Mas também nós participamos deste “sim” de Jesus, porque Ele nos conferiu a unção, nos imprimiu o selo, nos deu o penhor do Espírito. O Espírito que nos levará ao “sim” definitivo, à nossa plenitude, e que nos ajudará a tornar-nos luz e sal, isto é, a dar testemunho.
Pelo contrário quem esconde a luz dá contratestemunho; um pouco “sim” e um pouco “não”. Possui a luz, mas não a oferece, não a faz ver e se não a mostra, não glorifica o Pai que está nos céus. Do mesmo modo, há quem possui o sal, mas toma-o para si mesmo e não o doa a fim de que se evite a corrupção.

Esta atitude de segurança e testemunho,  foi confiada pelo Senhor à Igreja e a todos nós batizados, dos quais se requer segurança na plenitude das promessas em Cristo: em Cristo tudo se cumpriu e testemunho aos outros: isto é ser cristão: iluminar, ajudar para que a mensagem e as pessoas não se corrompam, como faz o sal.

Papa Francisco – 13 de junho de 2017

Hoje celebramos:


23 de setembro - Beato Francisco de Paula Victor


Ter um pároco negro em 1852, no auge da escravidão no Brasil, bem demonstra os grandes passos que já se davam no povo de Deus e na Igreja antes de existirem as leis que acabariam com o flagelo da escravidão no nosso país.

Filho de Dona Lourença Justiniana de Jesus, o menino Francisco de Paula Victor foi batizado oito dias após o seu nascimento pelo padre Antônio Manoel Teixeira. Escravo, Victor não viveu como escravo. Graças a Senhora Marianna Bárbara Ferreira, que dava dignidade para os seus escravos, tomou o menino Francisco como afilhado e sob a sua generosidade o proveu de leitura, o ensinou a escrever, a tocar piano e a aprender ao francês, tendo como preceptor o Reverendo Padre Joaquim Ferreira de Coimbra, conhecido como Padre Mestre.

Francisco de Paula Victor foi alfaiate. Com a ajuda de sua madrinha Dona Marianna Bárbara Ferreira, o Padre Antônio Felipe de Araújo, então pároco da Campanha da Princesa da Beira informou ao Bispo de Mariana, Dom Antônio Ferreira Viçoso, que o jovem Francisco de Paula Victor queria entrar no Seminário, mesmo sabendo que naquela época havia algumas dificuldades por causa de sua cor e por ser filho de pai desconhecido, ou seja, filho “de mãe solteira”. Mas, Dom Viçoso superou todas as dificuldades canônicas e acolheu o jovem candidato no Seminário São José, na episcopal cidade de Mariana, para onde se dirigiu a de cavalo, chegando em 05 de março de 1849.

O Diácono Francisco de Paula Victor foi ordenado no dia 14 de junho de 1851, com a idade de 24 anos. A sua primeira missa foi cantada pelo Padre Victor na sua natal cidade da Campanha, onde permaneceu por cerca de um ano, até que chegou a notícia de sua transferência para Três Pontas, quando foi nomeado pároco em junho de 1852.

Conta-se que: À época em que o padre negro chegava em Três Pontas, a vila reunia em sua maioria fazendeiros que faziam riqueza com o trabalho dos escravos. E se no seminário, onde Deus é chamado todos os dias, a reação em aceitar um padre negro foi difícil, em Três Pontas ela poderia ter se tornado uma tragédia. Ele também não foi bem recebido em Três Pontas. O povo simples o aceitava bem, mas os graúdos… Por exemplo, o visconde de Boa Esperança falava: ‘nós pedimos um padre sábio, um padre bom e manda aqui um negão’. Mas Padre Victor foi para amar o povo e perdoar os inimigos. E foi preciso muita sabedoria e persistência para derrubar o grande preconceito que havia na época. Ele passou por agressões, missas rezadas para uma igreja praticamente vazia, piadas ofensivas. Mas a bondade e a caridade que o religioso continuou a dedicar aos moradores da vila, apesar de todas as humilhações, pouco a pouco conquistou até os fazendeiros mais ricos da região e ele passou a ser conhecido como o lendário padre negro de Três Pontas.

Alguns traços da personalidade do Padre Victor são dignos de muita atualidade: a sua voz grave e de sua personalidade rígida, justa, porém bondosa. Padre Victor morava em um casarão simples e vivia praticamente de doações. À medida que a estima por ele aumentava, também aumentava o que lhe era doado. Mas nada a ele pertencia. Conta-se que um homem pobre foi a Padre Victor com o estômago vazio pedir o que comer. Victor havia acabado de se encontrar com um dos muitos fazendeiros que passaram a frequentar a igreja após se admirar com o padre negro, e dele ganhou uma quantia de réis para ajudar na paróquia. O envelope com o dinheiro estava no bolso do religioso, e sem pensar, ao ouvir o pedido do homem, o entregou tudo. Quando o pedinte viu a grande quantia que estava no envelope, voltou correndo para devolver a maior parte e só ficar com o suficiente para comer. Em sua cabeça, o padre se enganou ao lhe dar tanto dinheiro. Mas Padre Victor disse: “eu já lhe dei o que tinha e não quero de volta. Fique com tudo”.

As crianças o adoravam. Em determinado momento, Padre Victor resolveu profissionalizar a educação e fundou uma escola, a primeira de Três Pontas. Ali reuniu filhos de gente simples e gente rica para aprender de professores que trouxe de fora e dele mesmo. Deu aulas no Colégio Sagrada Família até quando a saúde dele permitiu. Logo depois, iniciou a reforma da capela para se tornar a Igreja Matriz de Nossa Senhora D’Ajuda, até hoje em pé em Três Pontas, e onde estão imunados seus restos mortais.


Mas para tornar esses planos realidade foi preciso muito dinheiro. Mesmo precisando investir nas duas obras, Padre Victor não diminuiu seu lado caridoso e continuou dando tudo o que tinha para todos. De repente, o dinheiro começou a faltar e as dívidas se acumularam.
Uma denúncia foi feita ao Bispado de Mariana sobre os títulos não pagos (ainda) pelo padre de Três Pontas, e Victor foi chamado a prestar contas ao bispo. Conta-se que ao chegar à sala de Dom Viçoso, seu velho padrinho, Victor colocou seu chapéu na parede e ele permaneceu dependurado, mas no lugar não havia gancho para segurar o chapéu.
Triste com sua desorganização financeira, Padre Victor voltou para Três Pontas com uma decisão drástica: iria pedir demissão da paróquia já que um grande mal havia feito (sem querer) para aquela comunidade. Os moradores se espantaram com a possibilidade de perder o pároco querido e resolveram fazer algo.

Conta-se que em uma noite se reuniram todos na porta da casa do padre e lhe entregaram um envelope com todas as suas dívidas quitadas. O povo mesmo reuniu dinheiro para isso e o fizeram prometer que não deixaria Três Pontas.
Ali, naquela cidade bonita do abençoado Sul de Minas, solo sagrado que germina santos para a Igreja Católica, Padre Victor permaneceu por 53 anos até deixar este mundo, com odores públicos de santidade. Morreu, piamente, no dia 23 de setembro de 1905 após ter um Acidente Vascular Cerebral (AVC).


O Beato Padre Victor foi elevado às honras dos altares em 14 de novembro de 2015.

O milagre para sua beatificação:
A professora Maria Isabel de Figueiredo sonhava ser mãe, mas não podia engravidar. Foram dois anos de tratamentos e muitas desilusões, até que ela pediu ajuda a Padre Victor durante uma novena. “Eu pedi na novena de 2009 para o Padre Victor que intercedesse a Deus para que eu engravidasse, já que era meu sonho ser mãe. E também, como é tradição na novena, que escreva um pedido e o padre sempre fala que esses pedidos são queimados, no último dia da novena, e que a fumaça é levada aos céus. Então eu escrevi o pedido, com muita fé, acreditando que um dia eu poderia receber essa graça. E em agosto de 2010 me veio a notícia que eu estava grávida sem nenhum tratamento”, conta. E contrariando as previsões médicas, mais uma vez, ela espera agora por outra filha. “Essa gravidez é a comprovação da cura, do milagre que eu recebi porque mais uma vez, sem tratamento nenhum, estou grávida esperando mais uma menina. Graças ao Padre Victor”, agradece a professora.


domingo, 22 de setembro de 2019

22 de setembro - Ninguém pode servir a dois senhores Lc 16,13


Como sempre o Senhor inspira-se em acontecimentos da vida quotidiana e hoje nos narra sobre um administrador que está para ser despedido pela desonesta gestão dos negócios do seu patrão e, para garantir o seu futuro, procura com astúcia pôr-se de acordo com os devedores. É sem dúvida um desonesto, mas astuto: o Evangelho não nos apresenta como modelo para seguir na sua desonestidade, mas como um exemplo a ser imitado pela sua habilidade previdente.

Mas que nos quer dizer Jesus com esta parábola? Com esta conclusão surpreendente? À parábola do administrador infiel, o evangelista faz seguir uma breve série de afirmações e de advertências sobre a relação que devemos ter com o dinheiro e com os bens desta terra. Na realidade, a vida é sempre uma opção: entre honestidade e desonestidade, entre fidelidade e infidelidade, entre egoísmo e altruísmo, entre bem e mal. É incisiva e peremptória a conclusão do trecho evangélico: "Servo algum pode servir a dois senhores; ou há de aborrecer a um e amar o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro". Com efeito, diz Jesus: É preciso decidir-se.

Não podeis servir a Deus e ao dinheiro: Mamon é uma palavra de origem fenícia que evoca segurança econômica e sucesso nos negócios; poderíamos dizer que na riqueza é indicado o ídolo ao qual se sacrifica tudo para alcançar o próprio sucesso material e assim este sucesso econômico torna-se o verdadeiro deus de uma pessoa. É necessária portanto uma decisão fundamental entre Deus e mamon, é necessária a escolha entre lógica do lucro como critério último no nosso agir e a lógica da partilha e da solidariedade.
A lógica do lucro, se é prevalecente, incrementa a desproporção entre pobres e ricos, assim como uma exploração destruidora do planeta. Quando, ao contrário, prevalece a lógica da partilha e da solidariedade, é possível corrigir a rota e orientá-la para um desenvolvimento equitativo, para o bem comum de todos. Na realidade, trata-se da decisão entre o egoísmo e o amor, entre a justiça e a desonestidade, ou seja, entre Deus e Satanás. Se amar Cristo e os irmãos não é considerado como uma espécie de acessório e superficial, mas antes como a finalidade verdadeira e última de toda a nossa existência, é preciso saber fazer opções básicas, estar dispostos a renúncias radicais, e se necessário ao martírio. Hoje, como ontem, a vida do cristão exige a coragem de ir contra a corrente, de amar como Jesus, que chegou ao sacrifício de si na cruz.

Podemos então dizer, parafraseando uma consideração de Santo Agostinho, que por meio das riquezas terrenas devemos conquistar as verdadeiras e eternas: de fato, se há quem está pronto a qualquer tipo de desonestidade para se garantir um bem-estar material sempre aleatório, muito mais nós cristãos nos devemos preocupar por prover à nossa felicidade eterna com os bens desta terra. Mas, a única maneira de fazer frutificar para a eternidade os nossos talentos e capacidades pessoais assim como as riquezas que possuímos é partilhá-las com os irmãos, mostrando-nos deste modo bons administradores de quanto Deus nos confia. Diz Jesus: "Quem é fiel no pouco também é fiel no muito; e quem é infiel no pouco também é infiel no muito".

Papa Bento XVI – 23 de setembro de 2007

Hoje celebramos:



sábado, 21 de setembro de 2019

21 de setembro - "Segue-me!” Ele se levantou e seguiu a Jesus. Mt 9,9


Os cristãos não devem esquecer que são pecadores e que a misericórdia de Jesus os salvou de seus pecados.
Prestem atenção sobre aqueles que Jesus escolhia para ser seus seguidores: Mateus traiu o seu povo por dinheiro, a Samaritana e muitos outros pecadores, alguém poderia dizer que Jesus não tem bom gosto para escolher as pessoas.
Deste modo, os cristãos devem estar conscientes de que foram escolhidos pelo Senhor não por causa de seus méritos, mas apesar dos seus pecados.

Na vida da Igreja, muitos cristãos, muitos santos que foram escolhidos do mais raso … escolhidos do mais raso. Esta consciência de que nós cristãos deveríamos ter, de onde fui escolhido, de onde fui escolhida para ser cristão.
Esta consciência deve durar toda a vida, permanecer ali e ter a memória dos nossos pecados, a memória de que o Senhor teve misericórdia dos meus pecados e me escolheu para ser cristão, para ser apóstolo.

Mateus nunca esqueceu as suas origens como publicano. Por isso, é importante que qualquer apóstolo seja muito consciente de que a misericórdia de Jesus o salvou.
Quando o Apóstolo esquece as suas origens e começa a fazer carreira, se afasta do Senhor e se torna um funcionário; que trabalha muito bem, mas não é Apóstolo. Será incapaz de transmitir Jesus; será um organizador de planos pastorais, de tantas coisas; mas, no final, um negociante. Um negociante do Reino de Deus, porque se esquece de onde foi escolhido.

Diante do chamado, Mateus renuncia ao seu amor, ao dinheiro, para seguir Jesus. E convidou os amigos do seu grupo para almoçar com ele para festejar o Mestre. Assim, àquela mesa se sentava o que havia de pior naquele tempo.
Os doutores da Lei se escandalizaram. Chamaram seus discípulos e disseram: ‘Mas como é possível que seu Mestre faça isso, com essas pessoas? Mas, se torna impuro!’: comer com um impuro é se contaminar com a impureza.
Entretanto, Jesus toma a palavra e diz: Vão aprender o que significa ‘Quero misericórdia e não sacrifício. Porque não vim para chamar os justos, mas os pecadores’. A misericórdia de Deus procura todo mundo, perdoa todos. Pede somente que diga: ‘Sim, ajude-me’. Só isso.
Entender a misericórdia do Senhor é um mistério. É o maior mistério, o mais belo, é o coração de Deus. Se quiser realmente chegar ao coração de Deus, siga o caminho da misericórdia, e se deixe tratar com misericórdia.

Papa Francisco – 21 de setembro de 2018

Hoje celebramos