segunda-feira, 21 de maio de 2018

21 de maio - Santo Carlos Eugênio de Mazenod


O beato Carlos Eugênio de Mazenod, a quem a Igreja proclama Santo no dia de hoje, foi um homem do Advento, um homem da Vinda. Ele não apenas olhou para essa vinda, mas, como bispo e fundador da Congregação dos Oblatos de Maria Imaculada, dedicou toda sua vida a prepará-la. Sua expectativa atingiu a intensidade do heroísmo, caracterizado por um grau heroico de fé, esperança e caridade apostólica. Eugene de Mazenod foi um daqueles apóstolos que prepararam os tempos modernos, os nossos tempos.

Foi enviado como bispo para a cidade de Marselha, para aquela Igreja das costas meridionais da França. Ao mesmo tempo, porém, ele estava ciente de que a missão de cada bispo, em união com a Sé de Pedro, tem um caráter universal. A certeza de que o Bispo é enviado ao mundo, como os apóstolos, baseia-se nas palavras de Cristo: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura" (Mc 16, 15). De Mazenod estava ciente de que o mandato de cada Bispo e de toda Igreja local é em si mesmo missionário e assegurou que mesmo a muito antiga Igreja de Marselha, cujo início remonta ao período apostólico, pudesse cumprir sua vocação missionária de maneira exemplar, sob a orientação de seu pastor.

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 03 de dezembro de 1995

Charles-Joseph-Eugène de Mazenod nasceu no dia 1º de agosto de 1782 em Aix-en-Provence, no sul da França. A família, pertencente à pequena nobreza, sofreu alguns revezes por ocasião da Revolução Francesa, em 1789, quando teve que fugir para a Itália, abrindo mão de tudo que tinha.
Foi nesse país que o jovem Carlos José Eugênio de Mazenod teve contato com o sacerdote Don Bartolo Zinelli, amigo da família, o qual infundiu-lhe o sentido de uma vida piedosa, voltada para Deus.

Em 1802, aos vinte anos de idade, retorna à França. Apesar da oposição de sua mãe, em 21 de dezembro de 1811 é ordenado sacerdote em Amiens.
Retornando a Aix-en-Provence, ele não assumiu paróquia alguma, mas começou a exercer seu ministério ocupando-se especialmente em ajudar espiritualmente os mais pobres: os prisioneiros, os jovens, os empregados, os camponeses. Frequentemente, Eugênio enfrentou a oposição do clero local. Porém, logo encontrou outros sacerdotes igualmente zelosos e prontos a quebrar as regras (em nome do Reino de Deus).

Eugênio e seus companheiros pregavam em provençal, a linguagem corrente dos seus interlocutores, e não em francês, que era a língua das pessoas instruídas. Eles iam de aldeia em aldeia ensinando aos aldeões e passando horas e horas nos confessionários. Entre essas “missões paroquiais”, o grupo se reencontrava para uma intensa vida comunitária de oração, estudo e de vivência da fraternidade. Eles se denominavam “Os Missionários da Provença”.

Para assegurar a continuidade da obra, Eugênio tomou uma importante decisão: foi até o Papa e pediu-lhe autorização para que seu grupo fosse reconhecido como Congregação de Direito Pontifício.  Eugênio foi nomeado bispo, cargo que exerceu durante trinta e sete anos.
A intensidade da vida espiritual de Dom Eugênio não podia ficar escondida a seus diocesanos. Impressionavam lhes a sua austeridade, suas abstinências e, desde os tempos de seminário, nunca havia deixado de se impor penitências corporais.
Na aparência, a solenidade a que era obrigado contrastava com a pobreza de sua vida privada: batinas remendadas, faltando alguns botões e sem adornos: Sou bispo, mas fiz voto de pobreza.
A pobreza que ele praticava pessoalmente o tornava mais complacente e mais liberal com os necessitados; abria de par em par, seu coração e sua bolsa a todos os que vinham pedir-lhe: Dar dinheiro é o de menos; mas ver-me incapaz, fazendo mais do que posso, de remediar suas necessidades, é algo superior a minhas forças...
Ajuda aos necessitados que o assediavam e àqueles ocultos que por vergonha não se revelavam; tinha que encontrar sempre o dinheiro para suas esmolas, e em tudo via a ação da Providência de Deus.
Como fizera quando criança, trocando de roupa com o menino pobre carvoeiro, faria novamente: Dom Eugênio de Mazenod, vestido de simples sacerdote e despojado de todas as insígnias de sua dignidade, tirando seus sapatos em plena rua, em pleno inverno e obrigar um mendigo a calçá-los e ele mesmo descalço, foi comprar um novo par de sapatos em uma sapataria vizinha.

Sua fé e sua perseverança deram frutos e foi assim que, em 17 de Fevereiro de 1826, o Papa Leão XII aprovou a nova Congregação sob o nome de “Oblatos de Maria Imaculada”. Eugênio foi eleito Superior Geral e continuou a inspirar e guiar seus membros durante 35 anos.

Sofreu dores terríveis durante quatro meses, mas seu espírito não se abatia. Nem uma queixa, nem um suspiro: Quando se está na cruz é preciso saber estar. É uma graça. Uma de suas últimas alegrias foi a bênção que o Santo Padre lhe enviou, e morreu em 21 de maio de 1861, aos 79 anos de idade.

Santo Carlos Eugênio de Mazenod esteve presente à definição do dogma da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro de 1854, e, na mesma noite, escreveu aos seus religiosos: “Parecia-me que os céus se abriam e tomavam parte na exaltação da Igreja triunfante; que o purgatório se esvaziara, enviando todas as almas aos pés da Mãe. Eu misturei minhas lágrimas às do papa… Ninguém sentia tanto gáudio quanto eu, como pai de uma numerosa família que traz em sua bandeira o nome de Maria concebida sem pecado… Imaginai como tais pensamentos me elevavam a alma e me inflamavam o coração que, como sabeis, não está envelhecido”

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