O Evangelho descreve a reação do povo e dos
próprios discípulos, escandalizados com as palavras do Senhor, a ponto que
muitos, depois de o terem seguido até então, exclamam: "Duras são estas palavras! Quem pode escutá-las?" A
partir de então "muitos dos Seus
discípulos retiraram-se e já não andavam com Ele", e acontece sempre
de novo a mesma coisa, em diversos períodos da história.
Poderíamos esperar que Jesus procure maneiras
para se fazer compreender melhor, mas Ele não abranda as suas afirmações, aliás
dirige-se diretamente aos Doze, dizendo: "Também
vós quereis retirar-vos?"
Esta pergunta provocatória não se destina só
aos ouvintes de então, mas atinge os crentes e os homens de todas as épocas.
Também hoje muitos permanecem "escandalizados" diante do paradoxo da
fé cristã. Os ensinamentos de Jesus parecem "duros", demasiado
difíceis de aceitar e de pôr em prática. Então há quem rejeita e abandona
Cristo; há quem procura "adaptar" a sua palavra às modas dos tempos
desvirtuando o seu sentido e valor.
"Também
vós quereis retirar-vos?". Esta preocupante
provocação ressoa no nosso coração e espera de cada um uma resposta pessoal;
trata-se de uma pergunta feita a cada um de nós. Jesus não se contenta com uma
pertença superficial e formal, não lhe é suficiente uma primeira e entusiasta
adesão; ao contrário, é necessário participar toda a vida no seu pensar e no
seu quere". Segui-l'O enche o coração de alegria e dá sentido pleno à
nossa existência, mas inclui dificuldades e renúncias porque com muita
frequência se deve ir contra a corrente.
"Também
vós quereis retirar-vos?". Pedro responde à
pergunta de Jesus em nome dos Apóstolos, dos crentes de todos os séculos: "Senhor, para quem havemos nós de ir?
Tu tens palavras de vida eterna; e nós acreditamos e sabemos que és o Santo de
Deus". Queridos irmãos e irmãs, também nós podemos e queremos repetir
a resposta de Pedro neste momento, conscientes da nossa fragilidade humana, dos
nossos problemas e dificuldades, mas confiantes no poder do Espírito Santo, que
se exprime e se manifesta na comunhão com Jesus.
Papa
Bento XVI – 23 de agosto de 2009
Hoje celebramos:
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