segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

31 de dezembro - Beata Josefina Nicoli

A caridade foi a regra de sua vida, de suas ideias, de suas palavras, de suas ações. Ela vivia na humildade, imersa no amor de Cristo e assim, compreendendo o mistério: a caridade vivida para com os pobres é um ato de amor ao Senhor.

Josefina Nicoli nasceu em Casatisma(Pávia, Itália) em 18 de novembro de 1863. Era a quinta de dez filhos de uma família de classe média de profunda fé. Cursou a escola primária com as religiosas agostinianas em Voghera e estudou magistério em Pávia. Seu desejo secreto, que a impulsionava a realizar estes estudos, era de dedicar-se à educação das crianças pobres, em um tempo em que era muito elevada a porcentagem de analfabetismo entre as pessoas de menos recursos.

Josefina era querida por todos, seu caráter doce era um dom natural. Um sacerdote de Voghera, Pe. Joaquim Prinetti, seu diretor espiritual, a guiou no caminho da perfeição, enquanto amadurecia a vocação de se consagrar a Deus.

Em 24 de setembro de 1883, aos vinte anos, ingressou na Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paula, na casa de São Salvário de Turim, onde fez o postulantado e o noviciado. Recebeu o hábito em Paris, em uma cerimônia que teve lugar na Casa mãe das Filhas da Caridade.

Em 1885 foi transferida para Sardenha. Sua primeira missão, que acolheu com grande entusiasmo, foi a de ensinar no "Conservatório da Providência" de Cagliari. Em 1886, a cidade de Cagliari foi açoitada pela epidemia de cólera e a Irmã Josefina, nos momentos livres depois do horário escolar, juntamente com suas irmãs do conservatório, se dedicou a socorrer as famílias pobres da cidade organizando "cozinhas econômicas" que puseram à disposição das autoridades civis.

Depois de quase quinze anos de ativa vida apostólica em Cagliari, no ano 1889 foi transferida para o orfanato de Sássari. Também ali desenvolveu um amplo projeto apostólico, organizando diversas instituições orientadas sempre ao serviço dos pobres.

Dedicou-se à formação de escolas de catequese que todo domingo reuniam cerca de 800 crianças; sobretudo suas energias concentraram-se em dar vida à “Escola de religião” para as jovens universitárias, com a finalidade de prepará-las e assim enfrentar a maçonaria que se difundia em Sássari e tentava debilitar a presença dos católicos na cidade.
     
A Divina Providência tinha para ela novos projetos, um novo destino: Turim (1910-1913). Por seus dotes organizativos, nomeiam-na ecônoma provincial, e um tempo depois passou a ser diretora da casa de formação das Filhas da Caridade, missão na qual ela se dedicou com grande entrega. Adoeceu gravemente de tuberculose e foi transferida para Sardenha— com grande dor do conselho provincial —, pois o clima das ilhas era favorável à sua saúde.

De volta a Sássari, no ano 1914, reinava um ambiente hostil devido ao anticlericalismo. Sua permanência nas ilhas melhorou o estado de sua saúde, porém marcou o início de seu calvário interior. Uma série de mal-entendidos e falsos testemunhos por parte da administração do orfanato obrigaram os superiores a transferirem-na novamente.

Em 7 de agosto de 1914, a Providência a conduziu, na última etapa de sua vida, ao Asilo da Marina, em Cagliari. Ali se deparou com a pobreza moral e espiritual desses bairros. Interessou-se pelas numerosas jovens que trabalhavam na fabricação de tabaco e as reuniu na Obra de Retiros Espirituais. Para a visita a domicílio, organizou as “Pequenas Damas da Caridade”. Com elas, em 1917, abriu uma colônia para responder às necessidades dos numerosos casos de crianças desnutridas ou com tuberculose.

A fama de Irmã Nicoli estava relacionada sobretudo “com os meninos do cesto”, conhecidos na cidade por seu utensílio de trabalho. Tratava-se dos meninos abandonados que se converteram em uma preocupação obsessiva para ela. Irmã Nicoli tratou estes pequenos com a mesma delicadeza de uma boa mãe. Ministrava-lhes aulas para prepará-los para exercer uma profissão; os instruía na fé e estabeleceu com eles um acordo educativo.

A calúnia que havia sofrido em silêncio foi esclarecida, pois o presidente da administração reconheceu o erro. No leito de morte Irmã Josefina perdoou-o de todo coração.
Irmã Josefina Nicoli faleceu em Cagliari devido uma broncopneumonia, em 31 de dezembro de 1924; o funeral foi celebrado no dia 1º de janeiro. Sua morte – disse uma de suas coirmãs – foi "a coroa de uma vida íntegra e a prova de uma virtude praticada de modo heroico".
    
O milagre ocorrido por sua intercessão, apresentado para a beatificação, ocorreu em Milão: um jovem militar foi curado de um tumor ósseo. No dia 3 de fevereiro de 2008, foi proclamada Beata pelo Papa Bento XVI, em Cagliari.


31 de dezembro - E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, Jo 1,14


A liturgia nos propõe, no Prólogo do Evangelho de são João, o significado mais profundo do Natal de Jesus. Ele é a Palavra de Deus que se fez homem e estabeleceu a sua tenda, a sua morada entre os homens. Escreve o Evangelista: “O Verbo fez-se carne e veio habitar no meio de nós”. Nestas palavras, que sempre nos causam admiração, está todo o Cristianismo! Deus fez-se mortal, frágil como nós, partilhou a nossa condição humana, exceto no pecado, mas assumiu sobre si os nossos, como se fossem próprios. Entrou na nossa história, tornou-se plenamente Deus-conosco! Portanto, o nascimento de Jesus mostra-nos que Deus quis unir-se a cada homem e mulher, a cada um de nós, para nos comunicar a sua vida e a sua alegria.

Assim Deus é Deus conosco, Deus que nos ama, Deus que caminha conosco. Esta é a mensagem de Natal: o Verbo fez-se carne. Deste modo o Natal revela-nos o amor imenso de Deus pela humanidade. Disto deriva também o entusiasmo, a esperança de nós cristãos, que na pobreza sabemos que somos amados, visitados e acompanhados por Deus; e olhamos para o mundo e para a história como o lugar no qual caminhar juntamente com Ele e entre nós, rumo aos novos céus e à nova terra.

Com o nascimento de Jesus nasceu uma promessa nova, nasceu um mundo novo, mas também um mundo que pode ser renovado sempre. Deus está sempre presente a suscitar homens novos, a purificar o mundo do pecado que o envelhece, do pecado que o corrompe. Mesmo que a história humana e pessoal de cada um de nós possa estar marcada pelas dificuldades e fragilidades, a fé na Encarnação diz-nos que Deus é solidário com o homem e com a sua história. Esta proximidade de Deus ao homem, a cada homem, a cada um de nós, é um dom que nunca acaba! Ele está conosco! Ele é Deus conosco! E esta proximidade nunca acaba. Eis o alegre anúncio do Natal: a luz divina, que inundou os corações da Virgem Maria e de são José, e guiou os passos dos pastores e magos, brilha também hoje para nós.

Papa Francisco – 05 de janeiro de 2014

Hoje celebramos:

domingo, 30 de dezembro de 2018

30 de dezembro - Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. Lc 2,41-42


A liturgia de hoje nos apresenta a imagem da família de Jesus que realiza a sua peregrinação à casa de Deus. Como nos faz bem pensar que Maria e José ensinaram Jesus a rezar as orações! E isto é uma peregrinação, a peregrinação da educação para a oração. E também nos faz bem saber que, durante o dia, rezavam juntos; depois, ao sábado, iam juntos à sinagoga ouvir as Sagradas Escrituras da Lei e dos Profetas e louvar o Senhor com todo o povo! E que certamente rezaram, durante a peregrinação para Jerusalém, cantando estas palavras do Salmo: “Que alegria, quando me disseram: “Vamos para a casa do Senhor!” Os nossos passos detêm-se às tuas portas, ó Jerusalém!”

Como é importante, para as nossas famílias, caminhar juntos e ter a mesma meta em vista! Sabemos que temos um percurso comum a realizar; uma estrada, onde encontramos dificuldades, mas também momentos de alegria e consolação. Nesta peregrinação da vida, partilhamos também os momentos da oração. Que poderá haver de mais belo, para um pai e uma mãe, do que abençoar os seus filhos ao início do dia e na sua conclusão? Fazer na sua fronte o sinal da cruz, como no dia do Batismo?

Não será esta, porventura, a oração mais simples que os pais fazem pelos seus filhos? Abençoá-los, isto é, confiá-los ao Senhor, como fizeram José e Maria, para que seja Ele a sua proteção e amparo nos vários momentos do dia?

Como é importante, para a família, encontrar-se também para um breve momento de oração antes de tomar as refeições juntos, a fim de agradecer ao Senhor por estes dons e aprender a partilhar o que se recebeu com quem está mais necessitado. Trata-se sempre de pequenos gestos, mas expressam o grande papel formativo que a família possui na peregrinação de todos os dias.

Papa Francisco – 27 de dezembro de 2015

Oração à Sagrada Família

Jesus, Maria e José,
em Vós contemplamos
o esplendor do verdadeiro amor,
confiantes, a Vós nos consagramos.
Sagrada Família de Nazaré,
tornai também as nossas famílias
lugares de comunhão e cenáculos de oração,
autênticas escolas do Evangelho
e pequenas igrejas domésticas.
Sagrada Família de Nazaré,
que nunca mais haja nas famílias
episódios de violência, de fechamento e divisão;
e quem tiver sido ferido ou escandalizado
seja rapidamente consolado e curado.
Sagrada Família de Nazaré,
fazei que todos nos tornemos conscientes
do caráter sagrado e inviolável da família,
da sua beleza no projeto de Deus.
Jesus, Maria e José,
ouvi-nos e acolhei a nossa súplica.
Amém.

Papa Francisco – Amoris Laetitia

Hoje celebramos:

sábado, 29 de dezembro de 2018

29 de dezembro - Beato Geraldo de Cagnoli


Geraldo Cagnoli nasceu em Valença, Piamonte, aproximadamente em 1268. Após a morte de seu pai, cuidou de sua mãe que tinha tuberculose até a sua morte por volta de 1280, abandonou o mundo e passou a viver como peregrino mendigando o pão e visitando os santuários.

Esteve em Roma, Nápoles, Catania e possivelmente em Erice (Trapani). Impressionado pela fama de santidade do franciscano São Luís de Anjou, bispo de Toulouse, ingressou na Ordem dos Frades Menores em Randazzo, Sicília, onde fez o noviciado e viveu algum tempo. Do convento de Randazzo passou a Palermo na qualidade de porteiro, onde permaneceu até sua morte tendo a admiração de seus co-irmãos e dos fiéis por suas virtudes. Levava uma vida de dura penitência e oração segundo os ideais de estreita pobreza evangélica e amarga mortificação, de retorno à pureza original do domínio franciscano característico da corrente rigorista, que eles foram vividos e pregados por São Luís de Anjou.

Perto da porta do convento plantou um cipreste e montou um pequeno altar em honra da Virgem e de São Luís de Anjou, de quem era devoto. Ali ardia continuamente uma lâmpada de azeite. Com um pequeno ramo de cipreste banhado no azeite da lâmpada, benzia os enfermos com seguinte fórmula: “Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, pela intercessão da Virgem Maria, de São Francisco e de São Luís sê liberto desta enfermidade”. Os milagres se sucediam.

Enrique d’Abbati braço direito do rei, estava gravemente enfermo e tinha perdido toda a esperança. Frei Geraldo foi chamado e consolou o enfermo com palavras fraternas, orou por ele, e este foi milagrosamente curado. Profetizou a outro funcionário do Reino, Pedro de Antioquia, então gravemente enfermo, a próxima cura, enquanto profetizou a William Rainiondo Moncada que retornaria ao castelo perto de Augusta, do qual ele havia sido privado durante as guerras: fatos todos que não falharam em se tornar realidade. Particular ênfase é dada nas biografias para as previsões relativas à libertação de Termini Imerese, sitiada pelos exércitos de Robert de Anjou (1338), e o nascimento do primogênito de Pedro II de Aragão e Isabel da Caríntia

Homem de profunda oração, dormia poucas horas sob uma desnuda tábua; com instrumento de penitência maltratava seu corpo; contínua oração, íntima união com Deus, era o programa de sua vida.

Tinha transcorrido mais de 30 anos na Ordem Franciscana, quando na festa de São João Evangelista de 1342 lhe apareceu a Santíssima Virgem e lhe assegurou que dentro de dois dias voaria ao céu. Ante este anúncio Geraldo se alegrou muitíssimo e se preparou para as bodas eternas com grande fervor. A 29 de dezembro recebeu com profunda devoção os últimos sacramentos da fé e adormeceu serenamente no sono dos justos. Tinha 75 anos.

Seu sepulcro foi meta de muitas peregrinações de devotos que iam a seu socorro. Seu culto continuou sem interrupções. Os despojos mortais do Beato Geraldo Cagnoli repousam no templo de São Francisco em Palermo, a poucos passos da porta do convento que por longos anos foi testemunha de sua santidade.

Em 31 de maio de 1908, Pio X o declarou beato.

29 de dezembro - Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus. Lc 2,28


A liturgia de hoje apresenta o encontro entre o Deus Menino, que traz vida nova, e a humanidade à sua espera, representada pelos anciãos no templo.

No templo, verifica-se ainda outro encontro: o encontro entre dois pares humanos, ou seja, os jovens Maria e José, por um lado, e os anciãos Simeão e Ana, por outro. Os anciãos recebem dos jovens, os jovens aprendem dos anciãos. Com efeito, no templo, Maria e José encontram as raízes do povo, o que é importante pois a promessa de Deus não se realiza individualmente e duma vez só, mas conjuntamente e ao longo da história. E encontram também as raízes da fé, porque a fé não é uma noção que se deve aprender num livro, mas a arte de viver com Deus, que se recebe da experiência de quem nos precedeu no caminho.

Assim, encontrando os anciãos, os dois jovens encontram-se a si mesmos. E os dois anciãos, caminhando já para o fim dos seus dias, recebem Jesus, sentido da sua vida. Assim, este episódio cumpre a profecia de Joel: “Os vossos anciãos terão sonhos, e os vossos jovens terão visões” (3, 1). Naquele encontro, os jovens veem a sua missão e os anciãos realizam os seus sonhos; e tudo isto porque, no centro do encontro, está Jesus.

Papa Francisco – 02 de fevereiro de 2018

Hoje celebramos:

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

28 de dezembro - São Gaspar de Búfalo


O Sucessor de Pedro espera com confiança que os Missionários do Preciosíssimo Sangue desempenhem um papel repleto de imaginação e energia nos renovados esforços da Igreja, destinados a “ensinar todas as nações”, em conformidade com o mandamento de Cristo.

Desde o início, a vossa Congregação compreendeu a importância das palavras do Senhor:  Duc in altum (Lc 5, 4). Aparentemente, a exortação dirigida a Pedro era desprovida de sentido:  ele tinha trabalhado a noite inteira, sem nada apanhar. Da mesma forma, agora a Igreja é convidada por Cristo a partir rumo a lugares e a povos em relação aos quais parece que há pouca esperança de obter qualquer êxito, e a realizar atos que parecem ter pouco sentido, segundo a lógica convencional. O Senhor pede-nos que abandonemos o nosso próprio ponto de vista e, ao contrário, confiemos na sua exortação, porque sabe que, diversamente, trabalharemos em vão.

Quando São Gaspar de Búfalo fundou a vossa Congregação em 1815, o meu Predecessor Papa Pio VII pediu que ele partisse para lugares aonde ninguém teria ido, e para empreender missões que não pareciam ser nada promissoras. Por exemplo, insistiu que enviasse missionários para evangelizar os salteadores que nessa época constituíam um perigo para a região entre Roma e Nápoles. Persuadido de que o pedido do Papa era o mandamento de Cristo, o vosso Fundador não hesitou em obedecer, embora alguns o criticassem por ser demasiado inovativo. Lançando as suas redes em águas profundas e perigosas, ele fez uma pesca extraordinária.

Dois séculos mais tarde, outro Papa exorta os filhos de São Gaspar a não serem menos audaciosos nas suas decisões e ações a irem aonde os outros não podem ou não querem ir, para empreender missões que parecem oferecer pouca esperança de bom êxito. Peço-vos que continueis os vossos esforços de edificação de uma civilização da vida, privilegiando a salvaguarda de toda a vida humana, desde a vida do nascituro até à vida das pessoas idosas e enfermas, e promovendo a dignidade de cada pessoa humana, de maneira especial dos indivíduos frágeis e despojados da sua justa participação na abundância dos recursos da terra.

Papa João Paulo II – Discurso aos Missionários do Preciosíssimo Sangue – 14 de setembro de 2001

Gaspar nasceu em Roma a 6 de janeiro de 1786, filho de Antônio e Anunciata Quartieroni. Tinha começado às ocultas sua obra de evangelização do povo da periferia, dedicando-se aos carroceiros e aos camponeses da lavoura romana. São estas as personagens retratadas por Pinelli, que dão uma imagem sugestiva da Roma das primeiras décadas do século XIX; os carroceiros tinham transformado o Foro Romano, aos pés do Palatino, em depósito e mercado de feno.

Libertado do cárcere, após a queda de Napoleão, Gaspar de Búfalo recebeu de Pio VII a incumbência de se dedicar às missões populares pela restauração religiosa e moral do Estado Pontifício.

Ele empreendeu essa nova cruzada em nome do Precioso Sangue de Jesus, tornando-se o ardoroso apóstolo desta devoção. Fundou em 1815 a Congregação dos Missionários do preciosíssimo Sangue e em 1834, ajudado pela B. Maria de Matias, o Instituto das Irmãs Adoradoras do Preciosíssimo Sangue. Quando morreu em Roma, a 28 de dezembro de 1837, num quarto em cima do Teatro Marcelo, são Vicente Pallotti, seu contemporâneo, teve a visão de sua alma que subia ao encontro de Cristo, como uma estrela luminosa. A fama de sua santidade não demorou a atingir o mundo todo. Beatificado em 1904, foi canonizado por Pio XII em 1954.

Gaspar nasceu em Roma a 6 de janeiro de 1786, filho de Antônio e Anunciata Quarteroni. Foi companheiro de Vicente Strambi nas missões, o qual o definia como “terremoto espiritual”. O povo o chamava de “anjo da paz”, devido suas pregações serem pacíficas e caridosas. Com estas armas da paz e da caridade conseguiu conter os bandidos que proliferavam nas periferias de Roma.

O Papa Leão XII recorreu a Gaspar de Búfalo devido a proliferação do banditismo, o qual, conseguiu amansar os mais temíveis bandidos. O Papa João XXIII definiu-lhe como: “Glória toda resplandecente do clero romano, verdadeiro e maior apóstolo da devoção ao Preciosíssimo Sangue de Jesus no mundo”. Em 1810 uma piedosa religiosa dizia que surgiria um zeloso sacerdote que sacudiria o povo da sua indiferença, mediante a propagação de devoção ao Precioso Sangue. Naquele ano Gaspar de Búfalo, com dois anos de sacerdócio, tinha sido preso por ter rejeitado o juramento de fidelidade a Napoleão. Libertado do cárcere, após a queda de Napoleão, Gaspar recebeu de Pio VII a incumbência de se dedicar às missões populares pela restauração religiosa e moral do Estado Pontifício. Ele empreendeu essa nova cruzada em nome do Precioso Sangue de Jesus, tornando-se o ardoroso apóstolo desta devoção.

Faleceu em Roma a 28 de dezembro de 1837, em um quarto em cima do Teatro Marcelo, São Vicente Palloti, seu contemporâneo, teve a visão de sua alma que subia ao encontro de Cristo, como uma estrela luminosa. A fama de sua santidade não demorou a atingir o mundo todo. Beatificado em 1904, foi canonizado por Pio XII em 1954.

28 de dezembro - O Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: "Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito!" Mt 2,13


Hoje, dia dos Santos Inocentes, ainda ressoa nos nossos corações as palavras do anjo aos pastores “anuncio-vos uma grande alegria, que o será para todo o povo: Hoje, na cidade de David, nasceu-vos um Salvador”. Nestes dias, podemos experimentar como a liturgia nos toma pela mão e conduz ao coração do Natal, introduzindo-nos no Mistério e levando-nos pouco a pouco à fonte da alegria cristã.

A nosso malgrado, o Natal é acompanhado também pelo pranto. Os evangelistas não se permitiram mascarar a realidade para a tornar mais credível ou atraente; o Natal não era um refúgio imaginário onde esconder-se perante os desafios e injustiças do seu tempo. Ao contrário, anunciam-nos o nascimento do Filho de Deus envolvido também numa tragédia de dor. Com grande crueza nos apresenta, citando o profeta Jeremias: “Ouviu-se uma voz em Ramá, uma lamentação e um grande pranto; é Raquel que chora os seus filhos”. É o gemido de dor das mães que choram a morte de seus filhos inocentes, causada pela tirania e desenfreada sede de poder de Herodes.

Um gemido que podemos continuar a ouvir também hoje, que nos toca a alma e que não podemos nem queremos ignorar ou silenciar. Hoje, entre o nosso povo, infelizmente, ouve-se ainda a lamentação e o pranto de tantas mães, de tantas famílias, pela morte dos seus filhos, dos seus filhos inocentes.

Contemplar o presépio é também contemplar este pranto, é também aprender a escutar o que acontece em redor e ter um coração sensível e aberto à dor do próximo, especialmente quando se trata de crianças, e é também ser capaz de reconhecer que ainda hoje se está a escrever este triste capítulo da história. Contemplar o presépio, isolando-o da vida que o circunda, seria fazer do Natal uma linda fábula que despertaria em nós bons sentimentos, mas privar-nos-ia da força criadora da Boa Nova que o Verbo Encarnado nos quer dar. E a tentação existe…
Pode-se viver a alegria cristã, voltando as costas a estas realidades? Pode-se realizar a alegria cristã, ignorando o gemido do irmão, das crianças?
A alegria cristã não é uma alegria que se constrói à margem da realidade, ignorando-a ou fazendo de conta que não existe. A alegria cristã nasce de um chamado – o mesmo que recebeu São José – para tomar e proteger a vida, especialmente a dos santos inocentes de hoje. O Natal é um tempo que nos desafia a guardar a vida e ajudá-la a nascer e crescer; a renovar-nos como pastores corajosos.
Papa Francisco – 28 de dezembro de 2016

Hoje celebramos:

quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

27 de dezembro - Beatos Mártires de Tizi Ouzou


Assassinados por ódio à fé, por terem testemunhado o amor de Cristo e terem escolhido permanecer na Argélia entre os habitantes locais, nos anos sombrios do terrorismo. Foi o destino comum dos 19 religiosos que foram beatificados no dia 08 de dezembro de 2018, no Santuário de Notre-Dame de Santa Cruz, em Oran, na Argélia, na presença de muitos muçulmanos que, como declara Dom Desfarges (Arcebispo de Argel), querem "enfatizar que não foi o islamismo a matar, mas uma ideologia que desfigura essa religião".

Entre 1994 e 1996, de fato, perderam suas vidas também 99 Imãs e com eles muitos jornalistas, escritores e intelectuais, que se recusaram a justificar a violência em nome de Deus. É a primeira vez que mártires cristãos são proclamados beatos em um país muçulmano, um sinal importante, explica o arcebispo, demonstrando que "as autoridades entenderam o verdadeiro sentido que queremos dar a esta celebração: dar testemunho de que é possível viver juntos, caminhar juntos, fiéis ao lado de fiéis ".

“Estes mártires do nosso tempo foram fiéis anunciadores do Evangelho, humildes construtores de paz e heroicas testemunhas da caridade cristã. O seu corajoso testemunho é fonte de esperança para a comunidade católica argelina e semente de diálogo para toda a sociedade. Que esta beatificação seja para todos nós um estímulo a construir juntos um mundo de fraternidade e de solidariedade. Façamos um aplauso aos novos beatos!" Papa Francisco

Os religiosos escolheram viver ao lado dos argelinos, simplesmente para ficar ao lado deles, cultivar o diálogo e oferecer um sinal de convivência pacífica apesar das atrocidades diárias. Estimulados por este propósito os 19 religiosos, religiosas, sacerdotes e consagrados não abandonaram o país nos difíceis anos de terrorismo.

A década de terrorismo iniciou em 1991 e se concluiu em 2002, e foi marcada por atentados e combates cruéis entre as forças armadas do governo (instituído depois de um golpe de Estado) e fundamentalistas islâmicos, (que tinham vencido as eleições mas foram impedidos de tomar o poder) nos quais morreram 150 mil pessoas.

Os quatro Padres Brancos de Tizi Ouzou:

Em 27 de dezembro de 1994, em Tizi Ouzou quatro Padres Brancos, incluindo três cidadãos franceses foram mortos por um grupo de homens armados. Morreram os franceses padre Jean Chevillard, padre Alain Dieulangard, e o padre Christian Chessel, e um belga, padre Charles Deckers.

Eram muito conhecidos em Tizi Ouzou, padre Alain era missionário há muitos anos, e era professor, padre Christian criou uma biblioteca para estudantes e padre Charles, sabia falar berbere e dirigia um centro para a juventude. Centenas de muçulmanos participaram do enterro dos padres.

Jean Chevillard
Nasceu em Angers (França) no dia 27 de agosto de 1925. Os estudos terminados, entra nos Padres Brancos. É a guerra. Aos 16 anos, consegue chegar à África do Norte. Aí fará seu juramento missionário, em 29 de junho de 1949 e será ordenado padre em 1 de fevereiro de 1950, em Cartago. Nomeado para a Argélia, lá passará quase toda a vida: responsável pelos centros de formação, Superior Regional, Ecônomo Regional. É assassinado no seu dia de festa, 27 de dezembro de 1994, em Tizi-Ouzou. Estava à sua mesa secretária, recebia as pessoas, registrava as informações e fazia o correio. Por volta do meio dia, foi arrancado por quatro homens armados. O Padre Pierre Georgin, Superior Regional, dizia:
“Neste homem eu encontrei o cumprimento do dever num grau que chegava ao heroísmo.”

Quando a violência aumenta em toda a Argélia, Jean sabe que se encontra exposto:
“Eu sei que posso morrer assassinado. Nossa vocação é de testemunhar a fé cristã em terra muçulmana. Quanto ao mais, Inch’Allah!”

Uma de suas irmãs perguntou-lhe, em setembro de 1994:
“Porque voltas para lá?
Ele respondeu:
“Volto para lá, para testemunhar. Lá é a minha casa, junto de meus amigos berberes. Sobretudo se morrer, quero ser enterrado lá.”

Alain Dieulangard
Nasceu no dia 21 de maio de 1919 em St. Brieuc (França). Segue os estudos de direito, que termina em 1943.
Neste mesmo ano é admitido nos Padres Brancos. Faz seu juramento em Thibar, a 29 de junho de 1949, e é ordenado padre em 1 de fevereiro de 1950. Nomeado para a Argélia, lá passa toda a sua vida missionária, sobretudo na Kabylia, trabalhando na administração e no ensino. Homem de Deus, buscando o absoluto.

“Quando o Padre Alain começava a me falar de Deus, lembro-me que fechava os olhos, recorda Amar, e com doçura, soltava as suas palavras em voz tão baixa, que me era preciso esticar a orelha: é preciso amar a Deus nosso Pai, nosso refúgio, nossa vida, amando também nossos irmãos no Senhor Jesus Cristo; é o que ele nos repetia sem cessar.”

Antes da sua morte, ele escreveu:
“Como os apóstolos no lago, nós não temos senão que gritar para o Senhor, a fim de o acordar… O futuro está nas mãos de Deus.”
Foi assassinado no pátio da missão, no dia 27 de dezembro de 1994.

Charles Deckers
Nasceu em Antuérpia (Bélgica), no dia 26 de dezembro de 1924. No fim dos estudos, ingressou na Congregação dos Padres Brancos. Fará seu juramento em 21 de julho de 1949 e será ordenado padre em 8 de abril de 1949. Estuda o árabe em Tunis. Em 1955, em Tizi-Ouzou aprende o berbere e fica responsável por um lar de jovens. Durante três anos animou em Bruxelas, o Centro El Kalima, um centro de documentação e de diálogo entre cristãos e imigrantes muçulmanos. Em 1928, vai ao Iêmen, mas volta em 1987 para a Argélia, como pároco de Nossa Senhora da África. Muito estimado pelos Kabilas, por ocasião das celebrações em janeiro de 2005, o nome dele vem muitas vezes nos testemunhos:

“Conheci o Padre Deckers, lembra um, e guardo na memória a imagem deste semeador de esperança aos mais desesperados: com esta serenidade que emana só dos santos”.

É consciente dos perigos que corre:
“Eu sei que minhas atividades são perigosas para a minha vida. Aqui está a minha vocação, fico. Nossa Senhora d´África fica à mercê de um ato insensato. Na Diocese, pensamos que a manutenção da presença da Igreja é importante, tanto para a própria Igreja como para o país”.
No dia 27 de dezembro de 1994, vai pela estrada para a festa do amigo Jean Chevillard. Alguns minutos após a chegada, é morto no pátio da missão.

Christian Chessel
Nasceu em Digne (França), a 27 de outubro de 1958. Depois de obter o diploma de engenheiro em 1981, faz dois anos de cooperação na Costa de Marfim, e em 1985 entra nos Padres Brancos. É em Roma, estranha coincidência, que Christian faz seu juramento missionário, em 26 de novembro de 1991, com a mão posta sobre umas folhas do evangelho de São João em língua árabe, achadas nos restos mortais do Padre Richard assassinado no Saara em 1881. É ordenado padre, em 28 de junho de 1992. De volta a Tizi-Ouzou, prepara o projeto de uma biblioteca para estudantes.

Uma jovem argelina, Zakia, escreverá após a morte do padre:
“Aos pais do nosso jovem Padre Christian... direi: sabei que nestes últimos dias, Christian era muito feliz...por ter posto em andamento o projeto tão caro ao seu coração: construir uma biblioteca destinada a todos os jovens de Tizi-Ouzou.”

No início de novembro de 1994, Christian vai para o mosteiro de Tibhirine, a fim de reentrar no grupo Ribât-es-Salam (Lugar da Paz). Escreveu:
“Sinto necessidade de equilibrar (minha vida) por uma dimensão mais espiritual e algo mais simples e vivido”.

Uma rajada de tiros põe fim à sua vida, no dia 27 de dezembro de 1994, no pátio de Tizi-Ouzou.


27 de dezembro - Ele viu, e acreditou. Jo 20,8


Hoje celebramos São João, filho de Zebedeu e irmão de Tiago. O seu nome, tipicamente judaico, significa "o Senhor fez a graça". Estava a consertar as redes na margem do lago de Tiberíades, quando Jesus o chamou juntamente com o irmão. João pertence também ao grupo restrito, que Jesus chama em determinadas ocasiões.

Segundo a tradição, João é "o discípulo predileto", que no Quarto Evangelho apoia a cabeça no peito do Mestre durante a Última Ceia, encontra-se aos pés da Cruz juntamente com a Mãe de Jesus e, por fim, é testemunha quer do túmulo vazio quer da própria presença do Ressuscitado.

Sabemos que esta identificação hoje é debatida pelos estudiosos, alguns dos quais veem nele simplesmente o protótipo do discípulo de Jesus. Deixando aos exegetas a tarefa de resolver a questão, contentamo-nos com receber uma lição importante para a nossa vida: o Senhor deseja fazer de cada um de nós um discípulo que vive uma amizade pessoal com Ele. Para realizar isto não é suficiente segui-lo e ouvi-lo exteriormente; é preciso também viver com e como Ele.
Isto é possível apenas no contexto de uma relação de grande familiaridade, repleto do calor de uma total confiança; por isso um dia Jesus disse: "Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos... Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor; mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai".
Papa Bento XVI – 05 de julho de 2006

Hoje celebramos:


quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

26 de dezembro - Vós sereis odiados por todos, por causa do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo. Mt 10,22

Depois de ter celebrado o Nascimento de Jesus na terra, hoje comemoramos o nascimento para o céu de Santo Estêvão, o primeiro mártir. Não obstante à primeira vista possa parecer que entre as duas celebrações não há um vínculo, na realidade existe, e é muito forte.

Ontem, na liturgia do Natal, ouvimos proclamar: “O Verbo fez-se carne e habitou entre nós”. Santo Estêvão pôs em crise os chefes do seu povo porque, cheio de fé e do Espírito Santo, acreditava firmemente e professava a nova presença de Deus entre os homens; sabia que o verdadeiro templo de Deus já é Jesus, Verbo eterno que veio habitar entre nós e que se fez como nós em tudo, exceto no pecado. Mas Estêvão é acusado de pregar a destruição do templo de Jerusalém. A acusação que dirigem contra ele é de ter afirmado que Jesus de Nazaré há de destruir este lugar e há de mudar as tradições que Moisés nos legou.

Com efeito, a mensagem de Jesus é importuna e incomoda-nos, porque desafia o poder religioso mundano e provoca as consciências. Depois da sua vinda, é necessário converter-se, mudar de mentalidade, renunciar a pensar como antes, mudar, converter-se. Estêvão permaneceu ancorado na mensagem de Jesus até à morte. Eis as suas últimas orações: “Senhor Jesus, recebe o meu espírito” e “Senhor, não tenhas em conta este pecado que eles cometeram”; estas duas preces são o eco fiel daquelas pronunciadas por Jesus na cruz: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” e “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Aquelas palavras de Estêvão tornaram-se possíveis porque o Filho de Deus veio à terra e morreu e ressuscitou por nós; antes destes acontecimentos elas eram expressões humanamente impensáveis.

Portanto também nós, diante do Menino Jesus no presépio, podemos rezar-lhe assim: “Senhor Jesus, confiamos-te o nosso espírito, recebe-o”, para que a nossa existência seja verdadeiramente uma vida boa, segundo o Evangelho.

Papa Francisco – 26 de dezembro de 2017

Hoje celebramos:

26 de dezembro - São Dionísio - Papa


Dionísio foi o 25º papa da história da Igreja Católica, de origem incerta, provavelmente era grego, governou a Igreja em uma época que esta sofria com as intensas perseguições promovidas pelo Império Romano durante o século III. Mesmo já com mais de 200 anos de religião estabelecida, o cenário era muito instável para os cristãos porque cada imperador se comportava de uma maneira na relação com a doutrina e seus fiéis. Até a elevação do cristianismo como religião oficial do império e ao gozo de benefícios na sociedade romana, os cristãos conviveram com muitos desafios. Foi esse contexto opressor que levou à morte o Papa Sisto II. Para sucedê-lo, foi eleito o Papa Dionísio, em 22 de julho de 259.

Papa Dionísio só foi eleito e assumiu o posto de Sumo Pontífice um ano após a morte do Papa Sisto II, vítima da perseguição de Valeriano. O momento era péssimo para os cristãos porque o imperador promovia violentas perseguições contra os fiéis e, com o falecimento do papa, dificultou ao máximo a eleição de um sucessor. Durante este período a Igreja foi governada pelos presbíteros que tinham conseguido escapar da perseguição.

A perseguição só diminuiu em 259, quando a Igreja conseguiu fazer seu novo líder. No ano seguinte, 260, o Imperador Valeriano seria capturado e morto pelos persas. Seu fim traria novo alento para os cristãos, pois o sucessor, Galiano, publicaria um edito de tolerância, acabando com a perseguição aos cristãos e os concedendo um status de legalidade, também devolveu as propriedades confiscadas à Igreja, inclusive os cemitérios.

O Papa Dionísio assumiu em meio a transição de uma má fase para uma boa fase para os seguidores de Cristo. Cabia a ele, então, reorganizar a Igreja que, além de abalada com os ataques, estava em desordem. Para isso, o papa enviou muito dinheiro para as igrejas da Capadócia, que haviam sido devastadas e onde muitos de seus membros haviam sido feitos prisioneiros.

Foi um dos papas mais importantes do século III, devido às suas atividades organizacionais e caritativas e também ao esclarecimento da doutrina da Trindade.
O Papa Dionísio atribuiu a diversos presbíteros e paróquias a responsabilidade pelas comunidades de culto e pelos cemitérios e estabeleceu novas unidades administrativas episcopais na área metropolitana romana.

Junto ao Imperador Galiano, o Papa Dionísio teve paz para trazer a ordem novamente para a Igreja. O edito valeria até o ano 303, logo, seria um momento raro de crescimento para os fiéis nos primeiros séculos de fé cristã.

Para se ter uma noção de como era severa a perseguição aos cristãos até então, o Papa Dionísio é considerado o primeiro papa da Igreja Católica a não ser martirizado. Após nove anos de papado, Dionísio faleceu de morte natural no dia 26 de dezembro 268 e foi sepultado na Catacumba de São Calisto. Seu sucessor foi o Papa Félix I.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Feliz Natal!!!!!


Deus de bondade, na criança na manjedoura brilhou vossa luz eterna no meio da noite.
Iluminai com vossa luz carinhosa também a minha escuridão.

Afastai as trevas de meu medo, de minha tristeza, de minha solidão e enchei-me da alegria que a face de vosso Filho irradia para mim.

Fazei de meu coração um presépio para vosso Filho e fazei com que eu sinta a paz que se irradia da criança na manjedoura e que essa paz possa também encher o meu coração.
Se Cristo nascer em mim, se encher meu coração, perceberei algo daquela paz que dele se irradia. Sua paz emana de um coração cheio de amor.

Fazei com que vossa doce luz se derrame me coração, que eu me sinta acolhido em vosso amor e perceba que também a minha escuridão é iluminada por vossa luz. Amém.

                                                   Feliz Natal!!!

25 de dezembro - Santa Anastácia


A vida de santa Anastácia, transmitida de geração a geração, desde os primórdios do cristianismo, traz os episódios históricos verídicos mesclados a fatos lendários e às tradições orais. 
Diocleciano foi imperador romano entre os anos 284 e 305, nesta época, Anastácia, filha de Protestato e Fausta, ambos romanos e pagãos, era uma jovem belíssima. Junto com sua mãe, foi convertida à fé cristã por seu tio Crisógono, futuro santo mártir.  As duas se dedicavam a ajudar os pobres e à conversão de pagãos.

Com a morte da mãe, o pai lhe impôs o casamento com Públio, um rico pagão da nobreza romana, cheio de vícios, bebia, jogava, e frequentava casas de prostituição. Mesmo contra a vontade, Anastácia se casou, e tinha-lhe tanto asco que se fingia de doente para não partilhar o leito com ele. Logo o marido a proibiu de envolver-se com qualquer tipo de atividade, como era de costume entre as damas da sociedade. Mas ela continuou ajudando os pobres às escondidas e, quando o marido foi informado, puniu-a com crueldade. Foi proibida de sair de casa e ficou sem alimento. Naquele momento, o consolo veio por meio dos conselhos do tio Crisógono, que já era perseguido e acabou sendo preso.

Na ocasião, o imperador Diocleciano nomeou Públio embaixador na Pérsia. 
Ele partiu deixando Anastácia sob a guarda de Codizo, homem cruel que tinha ordem de deixá-la morrer lentamente de fome. Logo chegou a notícia da súbita morte de Públio e Anastácia foi libertada e soube que seu conselheiro, Crisógono, seria transferido para o julgamento na Corte imperial de Aquiléia. A discípula o acompanhou na viagem e assistiu o interrogatório e, depois, a sua decapitação.

Cada vez mais firme na fé, voltou a prestar caridade aos pobres e a pregar o evangelho de Cristo. Suspeita de ser cristã, foi levada à presença do prefeito de Roma, que tentou fazê-la renunciar à sua religião. Também o próprio imperador Diocleciano tentou convencê-la, mas tudo inútil.

Anastácia voltou para a prisão e em seguida, Diocleciano partiu para a Macedônia, levando consigo os prisioneiros cristãos, inclusive ela. Da Macedônia foram para Esmirna, na Dalmácia, atual Turquia. Lá, outros cristãos denunciados foram presos. Entre eles estavam a matrona Teodora e seus três filhos, depois também santos da Igreja. A eles Anastácia dispensava especial atenção. Os carcereiros informaram o imperador, que mandou prender Anastácia durante um mês no pior dos regimes carcerários. No fim do período, ela estava mais bela do que antes, e ainda mais firme na sua fé. 

Inconformado, o imperador a entregou para ser morta junto com os outros presos cristãos.  Anastácia morreu queimada viva, no dia 25 de dezembro de 304, em Esmirna. Suas cinzas foram coletadas por uma mulher chamada Apolonia que as depositou em uma pequena igreja em seu jardim.

Embora essa 'passio' seja cheia de inconsistências, é certo que o culto à santa Anastácia mártir em Sirmio é muito antigo e depois se espalhou para Constantinopla e Roma. Em Sirmio, suas relíquias foram veneradas até por volta de 460, quando mais tarde o patriarca Gennadio as transferiu para uma Igreja de Constantinopla, que então tomou o nome dela; em Roma desde o século IV existia uma igreja titular, já dirigida a ela no centro, próximo ao Circo Massimo, Palatino.
No começo do século VI o nome da mártir Anastácia foi inserido no Canon da celebração da Missa, a sua festa foi fixada em 25 de dezembro.
É representado sem atributos particulares entre as virgens no desfile na igreja de São Apolinário Novo, também está presente na porta de bronze da Igreja de São Marco em Veneza, na catedral de Zadar, e na abadia de Benediktbeuren.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

24 de dezembro - Vigília de Natal


Hoje, o Filho de Deus nasceu: tudo muda. O Salvador do mundo vem para Se tornar participante da nossa natureza humana: já não estamos sós e abandonados. A Virgem oferece-nos o seu Filho como princípio de vida nova. A verdadeira luz vem iluminar a nossa existência, muitas vezes encerrada na sombra do pecado. Hoje descobrimos de novo quem somos! Nesta noite, torna-se patente para nós o caminho que temos de percorrer para alcançar a meta. Agora, deve cessar todo o medo e pavor, porque a luz nos indica a estrada para Belém. Não podemos permanecer inertes. Não nos é permitido ficar parados. Temos de ir ver o nosso Salvador, deitado numa manjedoura. Eis o motivo do júbilo e da alegria: este Menino nasceu para nós, foi-nos dado a nós, como anuncia Isaías (cf. 9, 5). A um povo que, há dois mil anos, percorre todas as estradas do mundo para tornar cada ser humano participante desta alegria, é confiada a missão de dar a conhecer o Príncipe da paz e tornar-se um instrumento eficaz d’Ele no meio das nações.

Por isso, quando ouvirmos falar do nascimento de Cristo, permaneçamos em silêncio e deixemos que seja aquele Menino a falar; gravemos no nosso coração as suas palavras, sem afastar o olhar do seu rosto. Se O tomarmos nos nossos braços e nos deixarmos abraçar por Ele, dar-nos-á a paz do coração que jamais terá fim.
Este Menino ensina-nos aquilo que é verdadeiramente essencial na nossa vida. Nasce na pobreza do mundo, porque, para Ele e sua família, não há lugar na hospedaria. Encontra abrigo e proteção num estábulo e é deitado numa manjedoura para animais. E todavia, a partir deste nada, surge a luz da glória de Deus. A partir daqui, para os homens de coração simples, começa o caminho da verdadeira libertação e do resgate perene.
Deste Menino, que, no seu rosto, traz gravados os traços da bondade, da misericórdia e do amor de Deus Pai, brota – em todos nós, seus discípulos, como ensina o apóstolo Paulo – a vontade de renúncia à impiedade e à riqueza do mundo, para vivermos com sobriedade, justiça e piedade.

Como os pastores de Belém, possam também os nossos olhos encher-se de espanto e maravilha, contemplando no Menino Jesus o Filho de Deus. E, diante d’Ele, brote dos nossos corações a invocação: Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia, concede-nos a tua salvação!

Papa Francisco – 24 de dezembro de 2015

Hoje celebramos:
Santa Paula Isabel Cerioli

24 de dezembro - Santa Tarsila


Santa Tarsila, virgem do século VI, tia de São Gregório Magno, Papa entre 590 a 604. São Gregório Magno relata em uma homilia que seu pai, o senador Jordão, tivera três irmãs que se consagraram a Deus e se dedicaram a uma vida de jejuns e orações em sua própria casa em Roma. A família romana Anícia teve a graça de dar à Igreja um dos grandes doutores da Igreja do Ocidente, o papa São Gregório Magno. Era um homem de estatura pequena e de saúde frágil, mas um gigante na administração e uma fortaleza espiritual. Entre seus antepassados paternos estão o imperador Olívio, o papa São Félix III e o senador Jordão, seu pai.

Gregório perdeu o pai muito pequeno e sua mãe, Santa Sílvia, bem como suas tias, Tarsila, Emiliana e Jordana, irmãs de seu pai, cuidaram de sua formação intelectual, religiosa e moral. Gregório, ainda jovem, se tornou chefe da administração civil de Roma. Mais tarde, se tornou embaixador do Papa Pelágio II e ao mesmo tempo monge, guia de uma pequena comunidade religiosa, recolhida em sua residência. Dali ele saiu para se tornar papa.
     
Tarsila, Emiliana e Jordana eram muito unidas pelo fervor na fé em Cristo e pela caridade. As três viviam juntas na casa herdada do pai, no monte Célio, como se estivessem num mosteiro. Tarsila orientava o pequeno grupo inspirada no Evangelho e dava exemplo na caridade e na castidade. As irmãs progrediram incessantemente na vida espiritual.

No terrível século VI, cheio de sobressaltos como terremotos, pestes, guerras, invasões e um contínuo afluir de miseráveis a Roma, a caridade se tornava tarefa habitual também para as irmãs. Elas trabalhavam em dupla: Tarsila reclusa guiando e comandando, enquanto Emiliana atuava junto à população pobre e aos doentes.

Tarsila permaneceu na vida religiosa que havia escolhido, entregue ao seu amor a Deus, até que foi ao seu encontro na glória de Cristo. São Gregório relatou que Tarsila tivera uma visão de seu bisavô, o papa São Félix III, que lhe teria mostrado o lugar que ocuparia no céu dizendo estas palavras: "Vem, que eu haverei de te receber nestas moradas de luz".
     
Depois dessa visão, Tarsila ficou gravemente enferma. No seu leito de morte, ao lado da irmã Emiliana e dos parentes, pediu a todos que se afastassem dizendo: "Está chegando Jesus, meu Salvador!" Com essas palavras e sorrindo, entregou sua alma a Deus. Ao ser preparada para o sepultamento, encontraram calos duros e grossos em seus joelhos e cotovelos causados pelas contínuas penitências. Ela fazia suas orações, que duravam muitas horas, ajoelhada e apoiada diante de Jesus Crucificado.
     
Poucos dias depois de sua morte, Tarsila apareceu em sonho à Emiliana convidando-a a celebrarem a festa da Epifania juntas no céu. E foi isso o que aconteceu: Emiliana faleceu na véspera do dia dos Reis.
     
O culto a Santa Tarsila, mesmo não sendo acompanhado de fatos prodigiosos, se manteve discreto e persistente ao longo do tempo, provavelmente estimulado pelos exemplos singulares narrados pelo sobrinho, São Gregório Magno, que nunca citou o ano do seu falecimento no século VI.