quarta-feira, 1 de maio de 2019

01 de maio - Santo Ricardo Pampuri


"Bem-aventurados os misericordiosos... Bem-aventurados os puros de coração". Em apenas trinta e três anos, como aqueles de Cristo a quem ele amava acima de tudo, a vida de São Ricardo Pampuri foi um presente para Deus e seus irmãos: como um jovem apóstolo entre os estudantes universitários, entre os soldados nas trincheiras durante os horrores dos guerra, entre os fiéis da paróquia onde ele era um médico. Então, seguindo sua vocação pessoal, ele entrou na ordem de São João de Deus, porque foi atraído pelo ministério específico desta família religiosa de natureza leiga, nascida de um serviço até mesmo de caridade heroica para com os doentes, e para os mais pobres sofredores.

Numa comunidade que teve que fazer da misericórdia o lema principal de seu ministério, São Ricardo sentiu que tinha que responder com um novo sinal e uma nova disponibilidade a Cristo, “com uma correspondência cada vez mais rápida e generosa, com um abandono cada vez mais completo, sempre mais perfeito no Sagrado Coração de Jesus"( Carta a sua irmã , 6 de setembro de 1923).

No entanto, devemos lembrar que São Ricardo começou seu caminho de santificação no contexto da intensa espiritualidade dos leigos, proposta pela Ação Católica. Por esta razão, tanto adolescente como jovem estudante e profissional, ele se engajou em treinamento com a ajuda de uma cuidadosa direção espiritual, fazendo dos exercícios espirituais seu forte compromisso e tirando da piedade eucarística a energia necessária para continuar apesar das dificuldades.
Acima de tudo, ele penetrou na mensagem da caridade evangélica à luz da meditação e da oração, passando momentos intensos de contemplação ao lado da Eucaristia e depois dedicando-se, com uma sensibilidade particularmente aguda, ao sofrimento em todas as circunstâncias.

Como não podemos ser tocados pelas palavras com as quais São Ricardo se dirigiu, em uma entrevista final, ao seu diretor espiritual: "Pai, como Deus me receberá? Eu o amava muito e o amo muito”. Neste amor intenso encontra-se o valor supremo do carisma de um verdadeiro irmão da ordem de São João de Deus, cuja vocação consiste precisamente em repropor a imagem de Cristo para cada homem encontrado em sua jornada, num relacionamento de amor altruísta. e alimentado à fonte de um coração puro.

Papa João Paulo II – Homilia de canonização – 01 de novembro de 1989


Erminio Filippo Pampuri, na vida religiosa Frei Ricardo, nasceu em Trivolzio no dia 02 de agosto de 1897, era filho de Inocêncio e Angela Campari, o décimo de onze filhos, e foi batizado no dia seguinte.
Sua mãe morreu quando ele tinha três anos de idade, ele foi acolhido e educado na casa de seus tios maternos em Torrino, uma aldeia da freguesia de Battuda, mas dependente Trivolzio. Em 1907, o pai morreu em Milão, em um acidente de carro.
Ainda jovem estudante, entrou para a Sociedade de São Vicente de Paulo e colaborou na fundação da Associação Juvenil da Associação Católica "Dom Bosco".
Ele frequentou a primeira escola de gramática em Milão e após completar seus estudos do ensino médio, ele ingressou na faculdade de medicina da Universidade de Pavia.
Durante a Primeira Guerra Mundial, ele estava no exército, nos anos 1915-1920, prestando serviços de saúde em uma zona de guerra, primeiro sargento, então, como um oficial aspirante a médico.

Em 20 de março de 1921, poucos meses antes da formatura, tornou-se um Terciário franciscano com o nome de Antonio, recebe os sinais no convento de Canepanova em Pavia.

Ao terminar os seus estudos de Medicina, com 24 anos de idade, tornou-se médico de família em Morimondo, uma aldeia não muito distante de Trivolzio; exerceu aí a sua profissão com zelo e bondade, pondo em prática na vida profissional a sua fé e o seu forte sentido de missão. Escreveu as seguintes palavras à sua irmã Longina, freira missionária:

“Reza para que o orgulho, o egoísmo ou qualquer outra má paixão nunca me impeçam de ver Jesus nos meus doentes. É Ele que cura, é Ele que consola”.

A maneira como ele tratava os doentes impressionou profundamente a todos. Ele tratava os doentes como se fossem realmente o Cristo, com imensa paciência e respeito. Ajudava-lhes tanto de dia como de noite, sem medir nenhum sacrifício. Se era chamado à noite, mesmo muito cansado, ele se levantava rapidamente da cama, feliz e cantarolando por ajudar mais um doente.
Ele usava uma carroça para atender os doentes em casa e carregar seus materiais. Era facilmente visto andando em sua carroça nas mais variadas horas do dia e da noite. Sempre medicava com muito cuidado. Atendia os pacientes pobres de graça, punha do próprio dinheiro na receita para comprarem remédios e lhes dava alimentos, leite, roupa e cobertores. Em alguns lugares da cidade, alguns doentes podiam pagar pelo atendimento apenas uma quantia muito pequena e miserável, mas ele se contentava e não reclamava. Todos os habitantes o chamavam de “santo doutor.” Quando perguntavam qual era o seu lucro, respondia: "Amanhã, amanhã." Ou então: "Depois, depois.” Doava parte do salário para as missões e sempre ficava com pouquíssimo dinheiro para si.

Ele começou seu noviciado na Ordem Hospitaleira de São João de Deus aos 30 anos, enquanto os outros noviços tinham de 18 a 20 anos. Apesar de ser um médico formado e saber muitíssimo mais do que os noviços, Ricardo pediu para fazer as mesmas coisas simples que eles para em nada ser diferente. Ali foi designado para ser dentista, ofício que fazia com muita perfeição e agradava a todos os pacientes. O irmão Ricardo sempre escolhia as tarefas mais humildes e repugnantes. Ajudava os outros médicos na sala de operação e até realizava trabalhos braçais. Quando algum funcionário tinha nojo de alguma função, Ricardo corria para ajudar e fazer imediatamente. Era sempre o primeiro a pegar nas vassouras e rodos, a limpar as escarradeiras e os vômitos. Os doentes ficavam perplexos de verem um médico fazendo isso, função dada somente a outros setores. Um dia, enquanto o Dr. Ricardo varria o pátio, um outro médico disse à irmã: "Irmã Cherubina, mas isso é loucura! Ele tem um diploma de medicina e está com uma vassoura na mão! Ele é um louco!" Ela respondeu: “Ele vai ser um louco de amor por Deus." O Dr. Ricardo ouviu suas palavras e respondeu calmamente: "Tudo o que você faz para Deus é grande, tanto com uma vassoura quanto com um diploma em medicina.” 

E assim escrevia, nos seus propósitos, ao preparar-se para a profissão religiosa:

"Quero servir-Vos, meu Deus, no futuro, com perseverança e amor supremo: nos meus superiores, nos irmãos, nos doentes, vossos prediletos: dai-me a graça de os servir como Vos serviria a Vós."

Apesar de ser ótimo médico, sua saúde começa a ficar sempre mais frágil com fortes febres e pleurisia. Ele continuava seu trabalho até que as últimas migalhas de força. Alguém perguntou: "Por que o Irmão Riccardo vai à clínica com febre?" Ele respondeu: "É o meu lugar. Lá está Deus esperando por mim." Sempre estava com um sorriso nos lábios e cantando hinos a Nossa Senhora, a São João de Deus e aos Anjos, com as mãos sob o Escapulário, sempre segurando Terço entre os dedos. Explicou: "Esta é minha arma favorita. Com o Terço, o demônio foge." 

Enquanto isso, pleurisia e febre o devoram. Em 1929, teve fortes hemorragias. A pleurite que ele tinha lhe causou também a tuberculose. Como era médico, o Irmão Ricardo viu que não tinha muitas chances de sobreviver e que a morte podia estar próxima. Mas ele não ficou triste.

Aceitou tudo com tranquilidade e alegria e disse: "Se o Senhor me deixar aqui, aceito de boa vontade. Se Ele me levar embora, vou de boa vontade até Ele." Ficou vários meses de repouso, mas não adiantou. Foi internado com febre alta.  

Os médicos e colegas fizeram de tudo para salvá-lo, mas a doença só piorou. Em 18 de abril de 1930, foi internado com forte pneumonia em Milão.
Ele faleceu agitando o Crucifixo nas mãos em 1º de maio de 1930, com quase 33 anos. Ele foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 1981 e canonizado em 1989. 

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