terça-feira, 31 de dezembro de 2019

31 de dezembro - São João Francisco de Régis


Um peregrino chega ao santuário de La Louvesc. Prostra-se em profunda oração diante da urna de carvalho na qual estão os restos mortais do apóstolo da região. Estávamos no início do século XIX.
O que foi pedir esse rapaz?
É um João, ainda não canonizado, que pede a outro, já elevado à honra dos altares, que lhe obtenha a graça de conseguir reter em sua memória, rebelde, os rudimentos de latim necessários para chegar ao sacerdócio.

E o João canonizado - Francisco de Régis - obtém para o João que virá a sê-lo - Maria Vianney, futuro Cura d'Ars -, embora muito parcimoniosamente, o que ele pede. É um santo ajudando a outro, para a maior glória de Deus.

João Francisco nasceu em 31 de janeiro de 1597 de uma abastada família que se distinguiu pela pureza da fé numa época e região em que dominavam os protestantes calvinistas. Um de seus irmãos foi martirizado pelos protestantes alguns anos mais tarde.
Aluno do colégio dos jesuítas de Béziers, mostrou-se um apóstolo nato. Sua devoção a Nossa Senhora levou-o a ingressar na Congregação Mariana do colégio, tornando-se apóstolo de seus colegas, cinco dos quais, para levar uma vida mais perfeita, mudaram-se para a mesma casa que Régis. Então, com pouco mais de 14 anos, compôs uma regra para eles, na qual fixava as horas para o estudo, proibia toda conversação inútil, dispunha a leitura espiritual durante as refeições, exame de consciência à noite, e comunhão aos domingos.

Aos 19 anos, querendo dedicar-se de modo mais especial a Deus, entrou no Noviciado dos Jesuítas, onde foi exemplo de obediência, humildade e devotamento. Certo dia em que ele se levantou furtivamente durante a noite para ir rezar na capela da casa, foi visto por um colega que o denunciou ao superior. “Não turbeis as comunicações que esse anjo mantém com Deus, respondeu-lhe o sacerdote, pois, ou muito me engano, ou um dia celebrar-se-á na Igreja a festa de vosso companheiro”.

Após sua ordenação sacerdotal em 1630, foi para Toulouse.  Sua linguagem era simples e popular, mas o fogo da caridade, do qual ele estava inflamado, dava a seus discursos um poder tal que toda a cidade vinha escutá-lo e ninguém podia ouvi-lo sem derramar lágrimas .... Um pregador eloquente e renomado, tendo-o ouvido, disse: ‘É em vão que trabalhamos para ornar nossos discursos. Enquanto os catecismos deste santo missionário convertem, nossa bela linguagem não faz senão entreter sem produzir nenhum fruto”. 
Com o bordão de peregrino e envolvido num pobre casaco, percorria montes e campos, no inverno sobre a neve, e no verão sob os raios abrasadores do sol. Onde havia uma casa para visitar, uma miséria para socorrer, ou um coração para consolar e abrir para Deus, aí chegava sempre o missionário por caminhos inverossímeis. 

Em 1633 o Bispo de Viviers pediu ao Superior dos Jesuítas um missionário para acompanhá-lo em sua Visita Pastoral à diocese, onde não só havia decadência religiosa, mas também os erros protestantes de Calvino haviam feito muito estrago entre o povo. São Francisco de Régis foi o escolhido. Seus sermões inflamados e suas exortações atingiam diretamente o coração de seus ouvintes, produzindo muitas conversões. Causou sensação, a de uma notável senhora protestante, que abjurando sua heresia, foi recebida solenemente no seio da Igreja. Esse fato ocasionou novas conversões.

Em Sommières, cidade conhecida pela corrupção de costumes, os resultados foram tão notáveis que surpreendeu o próprio missionário. Escreveu a seu superior dizendo que os frutos haviam sobrepujado de tal modo sua expectativa, que ele não tinha palavras para explicá-los. Dir-se-ia que os habitantes da cidade haviam nascido de novo.
Para consolidar esses frutos, o missionário instituiu a Confraria do Santíssimo Sacramento, restabeleceu o costume das orações da manhã e da noite nos lares, e um modo de socorrer os pobres da paróquia.

Sua energia contra as blasfêmias só igualava no seu amor paternal no confessionário. Certa vez, tendo um homem ousado blasfemar em sua presença, deu-lhe sonora bofetada. A uma mulher que fizera o mesmo, cobriu-lhe a boca com barro. O mais surpreendente é que, em ambos os casos, vendo que o sacerdote fora movido por seu amor inflamado pela glória de Deus, o primeiro ajoelhou-se imediatamente a seus pés pedindo perdão, e a segunda afastou-se compungida.

Para o zelo do missionário, não havia limites. Dava aulas de catecismo às crianças, evangelizava os adultos, visitava os prisioneiros e os doentes e conduzia à emenda mulheres de má vida. Assistia os moribundos e tinha um dom especial para dispô-los a morrer santamente. Fundava, com as senhoras da cidade, associações de caridade para amparar as famílias pobres, e, quando necessário, ia ele mesmo mendigar para socorrê-las.

Chegou a La Louvesc doente e perigosamente febril. Mas, como havia uma enorme multidão de fiéis que desejavam ouvir seus sermões, pregou por três dias seguidos. Os intervalos de descanso foram utilizados para o atendimento no confessionário. Pediu então para ser levado a um estábulo, a fim de ter a consolação de expirar num estado semelhante ao do nascimento de Cristo, era o dia 31 de dezembro de 1640.

Tantos foram os milagres ocorridos em seguida junto à sua sepultura, que os Arcebispos e Bispos do Languedoc francês escreveram uma carta ao Papa dizendo: “Somos testemunhas de que diante do túmulo do Pe. João Francisco de Régis os cegos veem, os coxos andam, os surdos ouvem, os mudos falam, e o ruído dessas assombrosas maravilhas  espalhou-se por todas as nações”. O Sumo Pontífice Clemente XI beatificou então o grande jesuíta em 1716 e seu sucessor canonizou-o em 1737.


31 de dezembro - No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. Jo 1,1


Hoje a liturgia propõe à nossa meditação Prólogo de São João. Após a agitação dos dias passados devido a corrida às compras dos presentes, a Igreja convida-nos novamente a contemplar o mistério do Natal de Cristo, a fim de refletir de novo sobre o seu significado profundo e a sua importância para a nossa vida.

Trata-se de um texto admirável, que oferece uma síntese vertiginosa de toda a fé cristã. Inicia do alto: "No princípio já existia o Verbo e o Verbo estava em Deus e o Verbo era Deus"; e eis a novidade inaudita e humanamente inconcebível: "O Verbo fez-se homem e habitou entre nós". Não é uma figura retórica, mas uma experiência vivida! João, testemunha ocular, referiu-a: "Nós vimos a sua glória, glória que lhe vem do Pai, como Filho único cheio de graça e de verdade".

Não é a palavra douta de um rabino ou de um doutor da lei, mas o testemunho apaixonado de um pescador humilde, jovem atraído por Jesus de Nazaré, que nos três anos de vida em comum com Ele e com os outros apóstolos experimentou o seu amor tanto que se autodefiniu "o discípulo que Jesus amava" viu-o morrer na cruz e aparecer ressuscitado, e depois recebeu juntamente com os outros o seu Espírito. De toda esta experiência, meditada no seu coração, João chegou a uma íntima certeza: Jesus é a Sabedoria de Deus encarnada, é a sua Palavra eterna feita homem mortal.

Como afirmou depois um autor cristão: "Toda a divina Escritura constitui um único livro e este único livro é Cristo, fala de Cristo e encontra em Cristo o seu cumprimento". Cada homem e cada mulher têm necessidade de encontrar um sentido profundo para a própria existência. E para isso não bastam os livros, nem as Sagradas Escrituras. O Menino de Belém revela-nos e comunica-nos o verdadeiro "rosto" de Deus bom e fiel, que nos ama e não nos abandona nem sequer na morte. "Ninguém jamais viu Deus conclui o Prólogo de João o Filho único que está no seio do Pai é que O deu a conhecer".

A primeira a abrir o coração e a contemplar "o Verbo que se fez carne" foi Maria, a Mãe de Jesus. Uma moça humilde da Galileia tornou-se então a "sede da Sabedoria"! Como o apóstolo João, cada um de nós é convidado a "recebê-la consigo", para conhecer profundamente Jesus e experimentar o seu amor fiel e inesgotável.

Papa Bento XVI – 04 de janeiro de 2009

Hoje celebramos:



segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

30 de dezembro - O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele. Lc 2,40


Nestes dias natalícios é colocado diante de nós o Menino Jesus. Houve um tempo em que, na Pessoa divino-humana de Cristo, Deus foi um menino e isso deve ter um significado peculiar para a nossa fé. É verdade que a sua morte em cruz e a sua ressurreição são a máxima expressão do seu amor redentor, porém não esqueçamos que toda a sua vida terrena é revelação e ensinamento.

No período natalício recordamos a sua infância. Para crescermos na fé temos precisamos contemplar com mais frequência o Menino Jesus. As raras indicações que temos fazem referência à imposição do nome depois de oito dias do seu nascimento e à apresentação no Templo; e a visita dos Magos com a consequente fuga ao Egito. Depois, há um grande salto até os doze anos, quando com Maria e José vai em peregrinação a Jerusalém para a Páscoa e, em vez de retornar com os seus pais, fica no Templo falando com os doutores da lei.

Sabemos pouco de Jesus Menino, mas podemos aprender muito com Ele se olhamos para a vida das crianças. É um belo hábito que os pais, os avós, têm de olhar para as crianças, o que fazem.

Descobrimos, antes de tudo, que as crianças querem a nossa atenção. Elas devem estar no centro, por quê? Por que são orgulhosas? Não! Porque precisam sentir-se protegidas. É necessário também colocar no centro da nossa vida Jesus e saber, mesmo que possa parecer paradoxal, que temos a responsabilidade de protegê-lo. Quer estar entre nossos braços, deseja ser cuidado e poder fixar o seu olhar no nosso.

Além disso, fazer Jesus sorrir para demonstrar a Ele o nosso amor e a nossa alegria porque Ele está em meio a nós. O seu sorriso é sinal de amor que nos dá a certeza de sermos amados.

Jesus, menino, é o filho de Deus que vem para nos salvar. Veio em meio a nós para nos mostrar a face do Pai rico de amor e de misericórdia. Apertemos, então, entre os nossos braços o Menino Jesus, coloquemo-nos a seu serviço: Ele é fonte de amor e de serenidade.
Papa Francisco – 30 de dezembro de 2015

Hoje celebramos:


30 de dezembro - São Felix I - Papa


São Félix I foi o 26º Papa da Igreja Católica, no período de 05 de janeiro 269 a 30 de dezembro de 274.
Um romano de nascimento, Felix foi escolhido como papa em sucessão ao Papa Dionísio, que morreu em 26 de dezembro 268. Naquela ocasião, a perseguição aos católicos já não era tão intensa como nos dois séculos anteriores, embora o Império Romano ainda não tivesse se convertido ao cristianismo e as opressões ainda existissem. Os dados sobre sua vida são tão desconhecidos quanto à data de seu nascimento. 

Talvez a mais significativa medida do Papa Félix I em relação à própria Igreja tenha sido a intervenção na questão que envolvia Paulo de Samósata. Ele interveio na questão da deposição de Paulo de Samósata, bispo de Antioquia no século III, que foi condenado por suas doutrinas trinitárias e cristológicas no sínodo de Antioquia (268). Esse bispo pregava que o Cristo-Logos e o Espírito Santo significavam apenas qualidades de único Deus: o Jesus homem obtinha inspiração do Alto e, quanto mais homem se tornava, tanto mais recebia o Espírito acabando por identificar-se com o Pai quando da ressurreição.

O Liber pontificalis atribui a este papa, um decreto com que se autorizava a celebração da missa sobre os túmulos dos mártires.

Durante o Concílio de Éfeso (431), teria pronunciado que Jesus Cristo, filho de Deus, nascido da Virgem Maria, é homem e Deus em uma única pessoa, afirmando a divindade e a humanidade de Cristo e as duas naturezas distintas em uma só pessoa.

Juntou-se aos fiéis nas catacumbas, para escapar à perseguição do Imperador Aureliano. Iniciou o sepultamento dos mártires sob o altar e a celebração da missa sobre seus túmulos.

Segundo a tradição, teria morrido martirizado em 30 de dezembro (274), sepultado na Catacumba de São Calisto, na Via Ápia, e foi sucedido pelo Papa São Eutiquiano (275-283).

domingo, 29 de dezembro de 2019

29 de dezembro - José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. Mt 2,14


Neste primeiro domingo depois do Natal, a liturgia convida-nos a celebrar a festa da Sagrada Família de Nazaré. De fato, todos os presépios nos mostram Jesus com Nossa Senhora e são José, na gruta de Belém. Deus quis nascer numa família humana, quis ter uma mãe e um pai, como nós.

E hoje o Evangelho apresenta-nos a sagrada Família no doloroso caminho do exílio, em busca de refúgio no Egito. José, Maria e Jesus experimentam a condição dramática dos errantes, marcada por medo, incerteza e dificuldades. Infelizmente, nos nossos dias, milhões de famílias podem reconhecer-se nesta triste realidade. Quase todos os dias a televisão e os jornais dão notícias de refugiados que fogem da fome, da guerra, de outros perigos graves, em busca de segurança e de uma vida digna para si e para as suas famílias.

Em terras distantes, mesmo quando encontram trabalho, nem sempre encontram acolhimento verdadeiro, respeito, apreço dos valores dos quais são portadores. As suas expectativas legítimas entram em conflito com situações complexas e dificuldades que às vezes parecem insuperáveis. Portanto, enquanto olhamos para a Sagrada Família de Nazaré no momento em que foi obrigada a tornar-se errante, pensemos no drama daqueles migrantes e refugiados que são vítimas da rejeição e da exploração, que são vítimas do tráfico de pessoas e do trabalho escravo. Pensemos também nos outros exilados escondidos, os que existem dentro das próprias famílias: os idosos, por exemplo, que muitas vezes são tratados como presenças incômodas. Penso que um sinal para saber como está uma família é observar como são tratadas crianças e idosos.

Jesus quis pertencer a uma família que enfrentou estas dificuldades, para que ninguém se sinta excluído da proximidade amorosa de Deus. A fuga para o Egito devido às ameaças de Herodes mostra-nos que Deus está presente onde o homem está em perigo, onde o homem sofre, para onde se refugia, onde experimenta a rejeição e o abandono; mas Deus está também onde o homem sonha, espera voltar à pátria em liberdade, projeta e escolhe a vida e a dignidade para si e para os seus familiares.

Hoje o nosso olhar para a sagrada Família deixa-se atrair também pela simplicidade da vida que ela conduz em Nazaré. É um exemplo que faz muito bem às nossas famílias, ajuda-as a tornar-se cada vez mais comunidades de amor e de reconciliação, nas quais se sente a ternura, a ajuda e o perdão recíprocos.
Papa Francisco – 29 de dezembro de 2013

Hoje celebramos:

sábado, 28 de dezembro de 2019

28 de dezembro - Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo. Mt 2,13


Hoje, enquanto sopram no mundo ventos de guerra e um modelo de progresso já ultrapassado continua a produzir degradação humana, social e ambiental, o Natal lembra-nos o sinal do Menino convidando-nos a reconhecê-Lo no rosto das crianças, especialmente daquelas para as quais, como sucedeu a Jesus, «não há lugar na hospedaria» (Lc 2, 7).

Vemos Jesus nas inúmeras crianças constrangidas a deixar o seu país, viajando sozinhas em condições desumanas, presa fácil dos traficantes de seres humanos. Através dos seus olhos, vemos o drama de tantos migrantes forçados que chegam a pôr a vida em risco, enfrentando viagens extenuantes que por vezes acabam em tragédia. Revejo Jesus nas crianças que encontrei durante a minha última viagem ao Myanmar e ao Bangladesh, e espero que a Comunidade Internacional não cesse de trabalhar para que seja adequadamente tutelada a dignidade das minorias presentes na região. Jesus conhece bem a tribulação de não ser acolhido e a dificuldade de não ter um lugar onde poder reclinar a cabeça. Que o nosso coração não fique fechado como ficaram as casas de Belém.

Que o Emmanuel seja luz para toda a humanidade ferida. Enterneça o nosso coração frequentemente endurecido e egoísta e nos torne instrumentos do seu amor. Através dos nossos pobres rostos, dê o seu sorriso às crianças de todo o mundo: às crianças abandonadas e a quantas sofreram violências. Através das nossas frágeis mãos, vista os pobres que não têm nada para se cobrir, dê o pão aos famintos, cuide dos enfermos. Pela nossa frágil companhia, esteja próximo das pessoas idosas e de quantas vivem sozinhas, dos migrantes e dos marginalizados. Neste dia de festa, dê a todos a sua ternura e ilumine as trevas deste mundo.

Papa Francisco – trechos da Mensagem Urbi et Orbi de 2017 e 2019

Hoje celebramos:

28 de dezembro - Santos Inocentes


O ímpio, buscando o tesouro escondido, sacrifica hoje crianças inocentes. Rachel ficou desconsolada ao ver a imolação injusta e a morte prematura daqueles que choraram com o coração partido. Mas ela está feliz agora em vê-los no seio de Abraão.

Ele é o rei atemporal que entrou no tempo e que o governante criminoso estava procurando. Não o encontrando para matá-lo, ele abateu a multidão de inocentes, de quem ele fez mártires, cidadãos do reino celestial e acusadores pela eternidade de sua loucura, sem que ele soubesse.

Nascido da Virgem, o Senhor que precede os tempos, se tornou menino pela bondade e acolhe em oferta as Crianças, cujas almas brilham com o sangue dos Mártires. Para punir a maldade de Herodes e a sua crueldade insana, os estabeleceu nas moradas da vida eterna.

Herodes, perverso, ficou perturbado ao ver a estrela mais brilhante de toda a criação e arrancou os recém-nascidos e os bebês das mãos das suas mães. Isabel, fugindo com João, suplicou a pedra: receba a mãe com o filho. A montanha recebeu o precursor. Por sua vez, a manjedoura salvou o tesouro que a estrela havia mostrado e diante do qual os Magos se prostraram. Senhor, glória a Ti!

Senhor, amigo dos homens, suplicamos: deixe-se comover pelos sofrimentos que os santos sofreram por Ti e cure todas as nossas dores.

A estrela envia os Magos ao recém-nascido, Herodes envia em vão uma expedição injusta com a intenção de matar o recém-nascido deitado na manjedoura.

Enquanto os céus e a terra celebravam a manifestação do rei universal, Herodes se unia com os judeus que mataram os profetas. Mas era conveniente que eles se arrependessem de não poder mais reinar. O reino do Senhor, por outro lado, está destinado a ser fortificado depois de derrotar a audácia inimiga, chamando a multidão de crentes a contemplar com os santos inocentes aquele que descansa em uma manjedoura quando recém-nascido.

Liturgia Bizanntina de 29 de dezembro


sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

27 de dezembro - Isso que vimos e ouvimos, nós vos anunciamos, para que estejais em comunhão conosco. IJo 1,3


A vida de comunhão com Deus e entre nós é a finalidade própria do anúncio do Evangelho, a finalidade da conversão ao cristianismo:  "O que nós vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também vós estejais em comunhão conosco”.

Por conseguinte, esta dúplice comunhão com Deus e entre nós é inseparável. Onde se destrói a comunhão com Deus, que é comunhão com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo, destrói-se também a raiz e a fonte da comunhão entre nós. E onde a comunhão entre nós não for vivida, também a comunhão com o Deus-Trindade não é viva nem verdadeira, como ouvimos.

A comunhão, fruto do Espírito Santo é alimentada pelo Pão eucarístico e exprime-se nas relações fraternas, numa espécie de antecipação do mundo futuro. Na Eucaristia, Jesus alimenta-nos, une-nos a Si, com o Pai, o Espírito Santo e entre nós, e esta rede de unidade que abraça o mundo é uma antecipação do mundo futuro neste nosso tempo. Precisamente assim, sendo antecipação do mundo futuro, a comunhão é um dom também com consequências muito reais, que nos faz sair das nossas solidões, dos fechamentos em nós mesmos, e nos torna partícipes do amor que nos une a Deus e entre nós.

Papa Bento XVI – 29 de março de 2006

Hoje celebramos:


27 de dezembro - São João, Evangelista



Apóstolo predileto do Cristo Deus,
apressa-te em ajudar um povo sem defesa.
Aquele que te concedeu reclinar a cabeça sobre o seu peito
te acolha aos seus pés a fim de interceder por nós.
O Teólogo, suplica-lhe para que dissipe
a nuvem persistente do paganismo
e pede por nós a paz e uma misericórdia abundante.

São João, o Apóstolo Virgem, é sem dúvida um dos maiores santos da Igreja, merecendo o título de “o discípulo a quem Jesus amava”. Junto à Cruz, recebeu do Redentor Nossa Senhora como Mãe, e com Ela - como Fonte da Sabedoria - a segurança doutrinária que lhe mereceu dos Padres da Igreja o título de "o Teólogo" por excelência.

Sabemos pelos Evangelhos que São João era filho de Zebedeu e de Maria Salomé. Com seu irmão Tiago, auxiliava o pai na pesca no lago de Genezaré. Pelos Evangelhos sabemos também que seu pai possuía alguns barcos e empregados que trabalhavam para ele. Maria Salomé é apontada como uma das santas mulheres que acompanhavam Jesus para O servir.
Estavam Simão e André lançando as redes às águas, quando passou Jesus e lhes disse: "Vinde após mim. Eu vos farei pescadores de homens". Mais adiante estavam Tiago e João numa barca, consertando as redes. "E chamou-os logo. E eles deixaram na barca seu pai Zebedeu, com os empregados, e O seguiram" (Mc 1, 16 a 20).

A partir de então passaram a acompanhar o Messias em sua missão pública. Logo se lhes juntaram outros, que perfariam o número de doze, completando assim o Colégio Apostólico.

Desde logo, Pedro, Tiago e João tomaram preeminência sobre os outros Apóstolos, tornando-se os "escolhidos dentre os escolhidos". E, como tais, participaram de alguns dos mais notáveis episódios na vida do Salvador, como a ressurreição da filha de Jairo, a Transfiguração no Tabor e a Agonia no Horto das Oliveiras.

São João foi também um dos quatro que estavam presentes quando Jesus revelou os sinais da ruína de Jerusalém e do fim do mundo. Mais tarde, com São Pedro, a quem o unia respeitosa e profunda amizade, foi encarregado de preparar a Última Ceia. São Pedro amava ternamente São João, e essa amizade é visível tanto no Evangelho quanto nos Atos dos Apóstolos.

Por sua pureza de vida, inocência e virgindade, João tornou-se logo o discípulo amado, e isso de um modo tão notório, que ele sempre se identificará em seu Evangelho como "o discípulo que Jesus amava". Apesar de os Apóstolos não estarem ainda confirmados em graça, isso não provocava neles inveja nem emulação. Quando queriam obter algo de Nosso Senhor, faziam-no por meio de São João, pois seu bom gênio e bondade de espírito tornavam-no querido de todos.
Se Nosso Senhor amava particularmente São João, também era por ele amado de maneira especialíssima. Com seu irmão Tiago, recebeu de Cristo o cognome de "Boanerges", ou "filhos do trovão", por seu zelo. Indignaram-se contra os samaritanos, que não quiseram receber o Mestre, e pediram-Lhe para fazer descer sobre aqueles indóceis o fogo do céu.

Foi por esse amor, e não por ambição, que ele e o irmão secundaram a mãe, Salomé, solicitando que um e outro ficassem à direita e à esquerda do Redentor, em seu Reino (um tanto equivocadamente, pois imaginavam ainda um reino terreno). Quando Nosso Senhor perguntou-lhes se estavam dispostos a beber com Ele o mesmo cálice do sofrimento e da amargura, com determinação responderam afirmativamente.
Entretanto, uma das maiores provas de afeição de Nosso Senhor a São João deu-se na Última Ceia. Quis o Divino Mestre ter à sua direita o Apóstolo Virgem, permitindo-lhe a familiaridade de recostar-se em seu coração. Diz Santo Agostinho que nesse momento, estando tão próximo da fonte de luz, ele absorveu dela os mais altos segredos e mistérios que depois derramaria sobre a Igreja.

A pedido de Pedro, perguntou a Jesus quem seria o traidor, e obteve a resposta. Logo depois da prisão de Jesus o vemos acompanhando, de longe, o Mestre ao palácio do Sumo Sacerdote. Como era ali conhecido, fez entrar também Simão Pedro. Pode-se supor que ele tenha permanecido sempre nas proximidades de Nosso Senhor durante toda aquela trágica noite, e que não saiu senão para ir comunicar a Maria Santíssima o que se passava com seu Filho. Acompanhou-A então no caminho do Calvário e com Ela permaneceu ao pé da cruz.

Foi então que, recebendo-A como Mãe, obteve o maior legado que criatura humana jamais podia receber. Diz São Jerônimo: "João, que era virgem, ao crer em Cristo permaneceu sempre virgem. Por isso foi o discípulo amado e reclinou sua cabeça sobre o coração de Jesus. Em breves palavras, para mostrar qual é o privilégio de João, ou melhor, o privilégio da virgindade nele, basta dizer que o Senhor virgem pôs sua Mãe virgem nas mãos do discípulo virgem".

Ensinam os Padres da Igreja que esse grande Apóstolo representava naquele momento todos os fiéis. E que, por meio de São João, Maria nos foi dada por Mãe, e nós a Ela como filhos. Mas João foi o primeiro em tal adoção.

Foi ele também o único dos Apóstolos a presenciar e a sofrer o drama do Gólgota, servindo de apoio à Mãe das Dores, que com seu Filho compartilhava a terrível Paixão.

Quando, no Domingo da Ressurreição, Maria Madalena veio dizer aos Apóstolos que o túmulo estava vazio, foi ele o primeiro a correr, seguido de Pedro, para o local. E depois, estando no Mar de Tiberíades, aparecendo Nosso Senhor na margem, foi o primeiro a reconhecê-Lo.

Nos Atos dos Apóstolos, ele aparece sempre com São Pedro. Juntos estavam quando, indo rezar no Templo junto à porta Formosa, um coxo pediu-lhes esmola. Pedro curou-o, e depois pregou ao povo que se reuniu por causa de tal maravilha. Juntos foram presos até o dia seguinte, quando corajosamente defenderam sua fé em Cristo diante dos fariseus. Mais adiante, quando o diácono Felipe havia convertido e batizado muitos na Samaria, era necessário que para lá fosse um dos Apóstolos a fim de os crismar. Foram escolhidos Pedro e João para a missão.

São Paulo, em sua terceira ida a Jerusalém, narra em sua Epístola aos Gálatas (2, 9) que lá encontrou "Tiago, Cleofas e João, que são considerados as colunas", e que eles, "reconhecendo a graça que me foi dada [para pregar o Evangelho], deram as mãos a mim e a Barnabé em sinal de pleno acordo".

Depois disso os Evangelhos se calam a respeito de São João. Mas resta a Tradição. Segundo esta, ele permaneceu com Maria Santíssima durante o que restou de sua vida mortal, dedicando-se também à pregação. Depois da intimidade com o Filho, o Apóstolo virgem é chamado a uma estreita intimidade de alma com a Mãe Que grande virtude deveria ter alguém para ser o custódio da Rainha do Céu e da Terra!

Assim, teria ele permanecido com Ela em Jerusalém e depois em Éfeso. Dois motivos principais deveriam ter ocasionado essa mudança de residência: de um lado, a vitalidade do cristianismo nessa nobre cidade; de outro, as perniciosas heresias que começavam a germinar. João queria assim empenhar sua autoridade apostólica, quer para preservar quer para coroar o glorioso edifício construído por São Paulo; e sua poderosa influência não contribuiu pouco para dar às igrejas da Ásia a surpreendente vitalidade que elas conservaram durante o século II.
Após a dormição de Nossa Senhora — que é como a Igreja chama o fim de sua vida terrena — e a Assunção d'Ela aos Céus, fundou ele muitas comunidades cristãs na Ásia menor.

Ocorre então o martírio de São João: O Imperador Domiciano o fez prender e levar a Roma. Na Cidade Eterna, ele foi flagelado e colocado num caldeirão de azeite fervendo. Mas o Apóstolo virgem saiu dele rejuvenescido e sem sofrer dano algum. Domiciano, espantado com o grande milagre, não ousou atentar uma segunda vez contra ele, mas o desterrou para a ilha de Patmos, que era pouco mais do que um rochedo. Foi ali, segundo a Tradição, que São João escreveu o mais profético dos livros das Sagradas Escrituras, o Apocalipse.

Após a morte de Domiciano, o Apóstolo voltou a Éfeso. É lá que, segundo vários Padres e Doutores da Igreja, para combater as doutrinas nascentes de Cerinto e de Ebion — que negavam a natureza divina de Cristo — escreveu ele seu Evangelho. Ordenou antes a todos os fiéis um jejum que ele mesmo observou rigorosamente, para em seguida ditar a seu discípulo Prócoro, no alto de uma montanha, o monumento que é seu Evangelho.
Transportado em Deus, com um vôo de águia, ele o começa de uma altura sublime: "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava em Deus, e o Verbo era Deus". Este Evangelho, dos mais sublimes textos jamais escritos, é tido em tanta veneração pela Igreja, que figura [como o Evangelho da celebração das Festas das Festas, a Páscoa], pela fundamental doutrina que contém.

Segundo São João Crisóstomo, os próprios Anjos aí aprenderam coisas que não sabiam. São João escreveu também três Epístolas, sempre visando estabelecer a verdadeira doutrina contra erros incipientes que se infiltravam na Igreja.
Segundo uma tradição, o discípulo que Jesus amava teria morrido em Éfeso, provavelmente no ano 101 ou 102.


quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

26 de dezembro - Enquanto o apedrejavam, Estêvão clamou dizendo: “Senhor Jesus, acolhe o meu espírito”. At 7,59


A alegria do Natal ainda inunda os nossos corações: continua a ressoar o maravilhoso anúncio de que Cristo nasceu para nós e traz a paz ao mundo. Neste clima de júbilo, hoje celebramos a festa de Santo Estêvão, diácono e protomártir.

Poderia parecer estranho relacionar a memória de Santo Estêvão com o nascimento de Jesus, porque sobressai o contraste entre a alegria de Belém e o drama de Estêvão, apedrejado em Jerusalém. Na realidade não é assim, porque o Menino Jesus é o Filho de Deus que se fez homem, que salvará a humanidade morrendo na cruz. Agora contemplamo-lo envolvido em faixas no Presépio; depois da sua crucificação será novamente envolto em panos e colocado num sepulcro.

Santo Estêvão morreu como Jesus: confiando a própria vida a Deus e perdoando os seus perseguidores. Enquanto o apedrejavam, disse: Senhor Jesus, recebe o meu espírito! São palavras totalmente semelhantes às pronunciadas por Cristo na cruz: Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!
A atitude de Estêvão, que imita fielmente o gesto de Jesus, é um convite a cada um de nós, a receber com fé das mãos do Senhor aquilo que a vida nos reserva de positivo e também de negativo. A nossa existência é marcada não apenas por circunstâncias felizes, mas inclusive por momentos de dificuldade e de desorientação. Mas a confiança em Deus ajuda-nos a aceitar os momentos difíceis e a vivê-los como ocasião de crescimento na fé e de construção de novas relações com os irmãos.

A segunda atitude, com a qual Estêvão imitou Jesus no momento extremo da cruz, é o perdão. Ele reza por seus perseguidores: Posto de joelhos, exclamou em voz alta: “Senhor, não lhes imputes este pecado”. Somos chamados a aprender dele a perdoar sempre. O perdão dilata o coração, gera partilha, proporciona serenidade e paz.
O protomártir Estêvão indica-nos o caminho a percorrer nos relacionamentos interpessoais, em família, nos lugares de escola e de trabalho, na paróquia e nas várias comunidades. Sempre abertos ao perdão!

Mas o perdão cultiva-se com a oração, que nos permite manter o olhar fixo em Jesus. Estêvão foi capaz de perdoar os seus assassinos porque, cheio de Espírito Santo, fitou o céu conservando os olhos abertos para Deus. Da oração ele recebeu a força para padecer o martírio. Temos que rezar com insistência ao Espírito Santo para que derrame sobre nós o dom da fortaleza que cura os nossos temores, as nossas debilidades, a nossa pequenez, dilatando o coração para perdoar. Perdoar sempre!
Papa Francisco – 26 de dezembro de 2018

Hoje celebramos:

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Feliz Natal


Cristo nasceu, glorifica-o!
Cristo desce do céu: vai encontrá-lo!
Cristo está na terra; Levanta-te!
Cante ao Senhor, toda a terra. E, para unir os dois conceitos, que os céus se regozijem e a terra exulte por causa daquele que era celestial, mas depois se tornou terreno.
Cristo está encarnado: exulte com terror e alegria: com terror por causa de seus pecados, com alegria por causa de sua esperança.
Cristo nasceu da Virgem; mulheres, sejam virgens, para se tornarem mães de Cristo. Quem não adora Aquele que é desde o princípio? Quem não glorifica Aquele que é o último?
São Gregório Nazianzo

Feliz Natal!!!
Paz e Alegria


24 de dezembro - Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo. Lc 1,68


Desperta, ó homem: por tua causa Deus se fez homem. Desperta, tu que dormes, levanta-te dentre os mortos e sobre ti Cristo resplandecerá (Ef 5,14). Por tua causa, repito, Deus se fez homem.

Estarias morto para sempre, se ele não tivesse nascido no tempo. Jamais te libertarias da carne do pecado, se ele não tivesse assumido uma carne semelhante à do pecado. Estarias condenado a uma eterna miséria, se não fosse a sua misericórdia. Não voltarias à vida, se ele não tivesse vindo ao encontro da tua morte. Terias perecido, se ele não te socorresse. Estarias perdido, se ele não viesse salvar-te.

Celebremos com alegria a vinda da nossa salvação e redenção. Celebremos este dia de festa, em que o grande e eterno Dia, gerado pelo Dia grande e eterno, veio a este nosso dia temporal e tão breve.
 Santo Agostinho

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

23 de dezembro - Beato Paulo Meléndez Gonzalo


Com a beatificação, nas últimas duas décadas, de quase mil mártires da guerra civil espanhola, pode-se dizer que todas as categorias de emprego estão agora oficialmente representadas no paraíso. Os leigos, na grande maioria provenientes das fileiras da Ação Católica, estão, de fato, tão significativamente representados entre as centenas de abençoados entre bispos, padres e religiosos, que podem oferecer a cada trabalhador um modelo e protetor contemporâneo.
Paulo Meléndez Gonzalo mártir da guerra civil espanhola, foi o primeiro presidente da Junta Diocesana da Ação Católica na Arquidiocese de Valência.

Nasceu em Valência em 07 de novembro de 1876, desde a infância, era muito devoto e, aos quinze anos, ingressou na Congregação Mariana, nas Conferências de São Vicente de Paulo e na Adoração Noturna. Ele era um aluno brilhante do instituto. Seu pai era oficial da Guarda Civil e morreu quando ele tinha 14 anos.  Órfão de pai, ao entrar na Universidade para cursar Direito, continuou ajudando em casa e aumentou seu apostolado entre os estudantes universitários.

Juntou-se à Juventude Católica e foi um dos precursores do Movimento Católico em Valência. Quando jovem, acompanhou o padre Vicent em sua grande campanha em favor dos trabalhadores católicos e com ele colaborou no Patronato da Juventud Obrera, na Casa de los Obreros. 

Paulo se casou em 1904 com Dolores Boscá Bas, e tiveram dez filhos. Presidiu a Juventude Católica e o Primeiro Conselho e Junta Diocesana de Ação Católica. Também a Legião Católica, antecessora da Ação Católica, e a Associação dos Pais. Foi diretor do jornal La Voz de Valencia e, durante seis anos, vereador e vice-prefeito da cidade de Valência. Ele também foi eleito deputado provincial por dezoito anos consecutivos e foi por oito anos diretor da Casa de Beneficência.

Fazia parte do Conselho de Administração e Governo do Colégio Imperial de Crianças Órfãs de San Vicente Ferrer; foi presidente padroeiro das Escolas de Dom Juan de Dios Montañés de Álvarez, em Ruzafa, e dos Oblatos em Godella, atuou na Comissão de Presos e Libertadores. Ele assumiu, em suma, tudo o que a autoridade eclesiástica lhe confiava. 

Em 1936, quando a Guerra Civil Espanhola atingiu o auge da violência, assumindo as características de uma perseguição religiosa adequada, o advogado que "cheirava muito a incenso" foi imediatamente alvo: ele, imperturbável, continuou sua atividade habitual, com o compromisso habitual, com a serenidade habitual.
De fato, ele também aceita se tornar advogado do bispo, tarefa que muitos recusaram por medo de se expor demais. Ele recusa qualquer conselho para moderar seu compromisso e limitar seu apostolado, bem como para se esconder: ele não tem medo e, ao mesmo tempo, não quer abandonar seu filho gravemente doente, Carlos.

Eles o prenderam no dia 25 de outubro, junto com seu filho Alberto, e diante dos juízes, quando perguntados se ele era católico, ele responde com orgulho "Católico Apostólico Romano". Eles o mantêm na prisão. Suporta a prisão com serenidade, enfrenta torturas com extrema dignidade, até alguns dias antes do Natal. Para as filhas, que pedem notícias, a direção da prisão garante que sua libertação era iminente. Apenas para descobrirem, na véspera de Natal, o corpo do pai e do irmão entre os corpos empilhados no cemitério de Valência: fuzilados como os outros e traspassado com um golpe no pescoço, talvez no mesmo dia, talvez no dia anterior.

Porque era "católico demais", porque não o haviam dobrado em seu desejo de permanecer "fiel a Deus, à Igreja e ao país". A Igreja reconheceu o martírio da morte do advogado Paulo Meléndez Gonzalo e João Paulo II e o beatificou em 11 de março de 2001.


23 de dezembro - Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: “João é o seu nome”. Lc 1,63


O nascimento de João Batista foi um evento cercado de carinho por seus pais, Isabel e Zacarias, que embora tristes por não terem filhos por conta de suas idades avançadas, sentiram-se abençoados pelo Senhor com aquele importante evento em suas vidas.

As leis naturais não permitiam, já que eram idosos. Mas Deus não depende de nossas lógicas e limitadas capacidades humanas. É preciso aprender a confiar e a se calar diante do mistério de Deus. E a contemplar, na humildade e no silêncio, a sua obra, que se revela na história e que muitas vezes supera a nossa imaginação.

Assim que Isabel e Zacarias entendem que nada é impossível para Deus, a alegria de ambos se torna vasta. O Evangelho de hoje anuncia o nascimento e depois se detém no momento da imposição do nome do menino. Isabel escolhe um nome estranho à tradição da família e diz: ‘ele se chamará João’. Porque João significa ‘Deus realizou a graça’ e esta criança será uma testemunha e arauto da graça a Deus para os pobres que esperam, com fé e humilde, a sua salvação.

Zacarias confirmou a escolha daquele nome quando o escreve em uma tábua, já que era mudo. E, naquele instante, sua boca se abriu e começou a falar. E falava agradecendo a Deus. Todo acontecimento do nascimento de João Batista é circundado por alegria, surpresa e gratidão.

Olhemos para as pessoas que falavam deste milagre do nascimento de João, falavam com sentido de surpresa e gratidão. E, olhando isto, perguntemo-nos: como está a minha fé? É uma fé alegre ou uma fé sempre igual, uma fé plana? Tenho este sentido da maravilha quando ouço falar das obras de Deus, quando ouço falar da evangelização da vida de um santo? É uma fé aberta às surpresas de Deus? Porque o Deus é o Deus das surpresas.

Papa Francisco – 24 de junho de 2018

Hoje celebramos:

domingo, 22 de dezembro de 2019

22 de dezembro - São Queremon de Nilópolis e companheiros


O martirológio romano, no dia de hoje nos apresenta os mártires do deserto da Arábia: No Egito, os santos Queremon, bispo de Nilópolis, e um bom número doutros mártires, nos tempos do imperador Décio. Fugindo para o deserto, uns foram devorados pelas feras, outros acabaram por morrer de fome, de frio, de prostração. Vários, ainda massacrados pelos bárbaros, cumpriram o martírio, em 250.

Dionísio de Alexandria escreveu: "Que dizer da multidão dos que erraram nos desertos e nas montanhas, assaltados pela fome e pela sede, enfrentando o frio, as doenças, os ladrões os animais selvagens? Os que sobreviveram são as testemunhas da sua eleição e da sua vitória. Contarei, para o provar, um fato que se liga a eles:

Queremon era bastante idoso e bispo da cidade chamada Nilópolis. Tendo-se ocultado na montanha da Arábia, com um companheiro, jamais reviu os irmãos, embora os procurassem com afinco, nem seus cadáveres foram encontrados. Muitos, na mesma montanha da Arábia, foram reduzidos à escravatura por bárbaros sarracenos; alguns, depois de duras penas, foram resgatados por somas fabulosas de dinheiro; outros, porém, ainda não foram".

Nilópolis, hoje, chama-se Ilahum, e se ergue na margem esquerda do rio Nilo, ao sul de Mênfis.

22 de dezembro - José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. Mt 1,20


Para José chega depressa o momento da provação, uma prova exigente para a sua fé. Noivo de Maria, antes de ir viver com ela, descobre a misteriosa maternidade e permanece perturbado. O evangelista Mateus sublinha o fato de que, sendo justo, não queria difamá-la e, portanto, resolveu deixá-la secretamente. Mas durante um sonho, o anjo fez-lhe compreender que quanto estava a acontecer com Maria era obra do Espírito Santo; e José, confiando em Deus, dá o seu consentimento e coopera com o plano da salvação.

Sem dúvida, a intervenção divina na sua vida não podia deixar de inquietar o seu coração. Confiar em Deus não significa ver tudo claramente, segundo os nossos critérios, não significa realizar aquilo que nós mesmos programamos; confiar em Deus quer dizer esvaziar-se de si mesmo, renunciar a si próprio, porque só quem aceita perder-se por Deus, pode ser "justo" como São José, ou seja, pode conformar a própria vontade com a de Deus e deste modo realizar-se a si mesmo.

Como sabemos, o Evangelho não conservou palavra alguma de José, que desempenha a sua atividade em silêncio. É o estilo que o caracteriza em toda a existência, quer antes de se encontrar diante do mistério da obra de Deus na sua esposa, quer quando – consciente deste mistério – está ao lado de Maria na Natividade. Naquela noite santa em Belém, com Maria e o Menino, encontra-se José, a quem o Pai celestial confiou o cuidado quotidiano do seu Filho na terra, um cuidado levado a cabo na humildade e no silêncio.

Papa Bento XVI – 05 de julho de 2010

Hoje celebramos:

sábado, 21 de dezembro de 2019

21 de dezembro - Santo André Dung Lac


Tran An Dung, dito Lac, nasceu por volta de 1795, era originário de BacNinh – atual Vietnã – de pais pobres e pagãos. Como a família ficasse cada vez mais pobre, com a miséria a lhes bater insistentemente à porta, deixaram a província de Bac-Ninh em busca de melhores dias em Hanoi.

Foi em Hanoi que Tran An Dung, conhecendo um catequista, instruiu-se na religião cristã e recebeu o batismo e o nome de André.
Sequioso de aprender, estudou com grande afã: tendo dominado o chinês, lançou-se, depois, ao latim. Oito anos depois foi promovido a catequista, e depois de dez anos, ordenou-se em 1823, no dia 15 de março. Durante sua vida no Seminário, ele se destacou por seu compromisso com o estudo (ele parece ter sido capaz de memorizar qualquer texto depois de lê-lo apenas duas vezes), pela facilidade em compor poesia e por suas maneiras gentis com todos.

Sua vida sacerdotal foi marcada pela pobreza e simplicidade. Além dos dias em que a Igreja prescreve jejum e abstinência, ela jejuava durante toda a Quaresma e, às vezes, às sextas e sábados durante o Tempo Comum. Sua comida em geral era muito sóbria.
Totalmente dedicado às suas responsabilidades pastorais, ele nunca hesitou em nada. Compartilhava o pouco que tinha com aqueles que ainda eram mais necessitados que ele, mostrando assim um grande amor pelos pobres.

Enquanto estava na comunidade Ke-Dam como pároco, sua casa foi destruída por pagãos. Ele então se estabeleceu em Ke-Sui, de onde visitava os outros grupos de fiéis para administrar os sacramentos. Quando a perseguição foi intensificada por causa do decreto imperial emitido pelo rei Minh Mang em 6 de janeiro de 1833, o padre Andrea teve que se esconder nas casas de outros cristãos, depois fugiu para Ke-Roi, onde fundou uma nova comunidade cristã.
Um dia, quando terminou de celebrar a Eucaristia, viu os soldados imperiais chegarem: tirou as vestes e tentou se esconder na multidão, para não ser reconhecido como sacerdote. No entanto, ele também foi preso, juntamente com outros 29 crentes, e levado à prefeitura de Ly-Nam.

Um dos oficiais da aldeia, Thin, o resgatou pagando seis peças de prata, alegando que ele era um parente. Desde então, para ser mais livre em sua missão, o padre André mudou seu nome de nascimento de Dung para Lac.

Ele se arriscava entrando nas perigosas províncias de Hanói e Nam-Dinh, mas sofria porque tinha que agir em segredo: “Quem morre pela fé sobe ao céu; nós, por outro lado, nos escondemos continuamente, gastamos dinheiro para escapar dos perseguidores! Seria melhor deixar-se prender e morrer!”

Um dia, no caminho para casa, ao longo de um rio, ele teve que parar devido a uma tempestade. Quando chegou à costa, encontrou dificuldades e procurou ajuda para sair. Quem parou para ajudá-lo, no entanto, foi o secretário do prefeito local que ao vê-lo exclamou: "Peguei um professor de religião!"

Pela terceira vez, ele foi preso e transferido, juntamente com o padre Pedro, para o território de Binh-Loc. Os fiéis fizeram novamente uma coleta para resgatar os dois sacerdotes. O padre André, no entanto, estava convencido de que Deus não queria sua libertação: ele pediu que eles não o resgatassem.

Em uma carta ao monsenhor Pierre Retord, vigário apostólico de Tonkin e seu bispo, ele explicou essa escolha mencionando a lenda de que São Pedro, fugindo da perseguição a Nero e já escapando da prisão, viu Jesus retornando a Roma em seu lugar e ele entendeu que tinha que enfrentar o martírio ("Domine, quo vadis?").

Em 21 de dezembro de 1839, quando as autoridades imperiais anunciaram a sentença de morte, os dois padres a receberam como se estivessem trazendo uma recompensa para eles. Ao longo do caminho para o martírio, rezavam em silêncio, mas assim que saíram do portão da cidade, o padre André, com as mãos atadas, cantou alguns versos de um hino em latim.

Antes da execução, o executor encarregado disse-lhe: "Não conhecemos seu crime; só realizamos o serviço. Por favor, não nos culpe." Sorrindo, o padre André respondeu: "Faça apenas o que o funcionário lhe indicou".

Os dois padres pediram mais alguns minutos para orar e finalmente se inclinaram para serem decapitados no chão do lado de fora do portão da cidade em Cau-Giay, perto de Hanói, na beira da estrada que levava a Son-Tay.