quinta-feira, 30 de abril de 2020

30 de abril - Eu sou o pão da vida. Jo 6,48


Entre as palavras de vida eterna, pronunciadas pelo Filho de Deus, particular significado têm as palavras sobre o Pão da Vida. Recorda-as a liturgia com a passagem do sexto capítulo do Evangelho segundo João.
Diz Cristo: "Eu sou o pão da vida: o que vem a Mim jamais terá fome e o que acredita em Mim jamais terá sede".
Assim, pois, "nem só de pão vive o homem": nem só de alimento material.

Pelo contrário, com a força da palavra "que sai da boca de Deus", torna-se Pão Cristo mesmo: o Verbo Encarnado. Torna-se Pão: alimento das almas, alimento para a vida eterna.
Eis o que diz aos Seus ouvintes: "Meu Pai é que vos dá o verdadeiro pão que vem do Céu, pois o pão de Deus é o que desce do Céu e dá vida ao mundo".

Assim, pois, nem só de pão material vive o homem. Indispensável é a palavra de Deus, e o Pão que, com a força desta palavra, se torna Corpo de Cristo: alimento de vida eterna.

Na liturgia eucarística estão preparadas para nós duas mesas: a mesa da Palavra de Deus e a mesa do Corpo e do Sangue do Senhor. Pedimos que todos se aproximem dignamente destas duas mesas, recebendo o alimento da Vida Eterna. Rezamos para que em nós e em toda a Igreja cresça e se aprofunde a vida eucarística.
Papa São João Paulo II – 01 de agosto de 1982

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30 de abril - Beato Bento de Urbino


O Beato Bento de Urbino nasceu na cidade de Urbino em 23 de setembro de 1560 no seio de uma família nobre. Recebeu no Batismo o nome de Marcos. Ficou órfão aos 10 anos de idade, e como era muito inteligente e com gosto pelos estudos, foi enviado, primeiro para Perusa, e depois para Pádua onde se doutorou em Direito, depois de um curso brilhante, tendo apenas 22 anos.

Passou a viver em Roma na corte do Cardeal João Jerônimo Albani, porém, teve de se afastar dali devido a dificuldades de caráter familiar. Entretanto, ia amadurecendo a sua vocação religiosa e, saturado da vida mundana que se respirava à sua volta, ao fazer 23 anos, pediu para entrar na Ordem dos Capuchinhos. A sua constituição frágil e delicada criou-lhe grandes obstáculos, que venceu com a sua constante insistência e com as belíssimas qualidades morais de que se encontrava adornado.

Foi admitido à profissão na Ordem dos Capuchinhos em 1585, com o nome de Frei Bento de Urbino. Completados os estudos sacerdotais, foi ordenado presbítero. Aprovado para o ofício da pregação, bem depressa se entregou a esse ministério com grande fervor de espírito e simplicidade de palavra, atraindo a todos pela sua modéstia, por uma grande alegria de espírito unida à oração constante, à pobreza e austeridade.

Em 1599 foi escolhido para integrar o grupo de capuchinhos enviados à Boêmia sob a direção de São Lourenço de Brindes para aí defender e difundir a fé católica no meio dos Ussitas e Luteranos. Exerceu, ali, uma qualificada e prodigiosa atividade. Porém, por motivos de saúde e pela dificuldade em falar a língua local, teve de voltar para o seu país. Novamente na sua terra, retomou o apostolado, tendo como preferidos os lugares e as pessoas mais humildes e mais pobres. Dedicou-se também à educação da juventude e viveu uma vida de ascese. Foi escolhido Guardião e posteriormente Definidor da sua Província.

Extremamente humilde, fugia de tudo aquilo que pudesse trazer-lhe motivo de honra ou de glória. A sua meditação preferida era a Paixão de Jesus. Amava a Virgem Maria com ternura filial, preparando-se sempre para as suas festas com uma novena de orações e de jejum. A sua oração era contínua. Sendo Guardião, jamais dispensou os seus irmãos das duas horas de meditação.

Com paciência e resignação, suportou as doenças que martirizavam o seu frágil corpo, ao ponto de ficar reduzido a pele e ossos. Flagelava-se com disciplinas de ferro e levava apertado à cintura o cilício. Era extremamente frugal na sua alimentação. Viajava a pé e descalço. Dormia muito pouco. Consagrava horas sem conta à oração, à pregação e ao confessionário. Para ele, sofrer era uma alegria. O sofrimento considerava-o como uma identificação com o Senhor Crucificado; a dor via-a como semente de felicidade eterna. Com muita antecedência previu a sua morte que ele mesmo anunciou, esperando-a com serenidade e alegria, à maneira do Pai São Francisco, para voar para o céu.

Sentindo próxima a última hora, pediu o viático e a unção dos enfermos que recebeu com piedade. Na tarde de 30 de abril de 1625, plácida e serenamente, entregou o seu espírito nas mãos do Senhor, em Fossombrone, no Convento de Montesacro onde ainda hoje se conserva o seu corpo. Tinha 65 anos de idade dos quais 41 passados na Ordem Capuchinha no exercício das mais heroicas virtudes.
O seu funeral constituiu uma solene manifestação de piedade e veneração. Os milagres logo tornaram célebre o seu sepulcro. Por isso mesmo, o Papa Pio IX beatificou-o em Roma a 15 de janeiro de 1867.

Para todos, o Beato Bento de Urbino é, ainda hoje, um modelo de oração constante, de contemplação, de austeridade, de presença salvífica junto dos irmãos e anunciador da Palavra de Deus, sobretudo, junto dos irmãos mais pobres e humildes.


quarta-feira, 29 de abril de 2020

29 de abril - Beata Itala Mela (Maria da Trindade)


"Senhor, eu te seguirei até na escuridão, ao custo de morrer."

Itala Mela nasceu em 28 de agosto de 1904 em La Spezia, filho de Pasquino e Luigia Bianchini, ambos professores, não relacionados à dimensão religiosa.
Ela passa a infância e a adolescência com os avós maternos. É uma formação cristã, mas, embora receba os sacramentos, por sua convicção e admissão, diz que "ignora a fé", negligencia a prática religiosa, dedica-se à sua preparação cultural, distinguindo-se pela inteligência e seriedade de seu compromisso com o estudo.

A morte de seu irmão de 9 anos, Enrico, em 27 de fevereiro de 1920, é uma dor profunda que desencadeia a revolta contra Deus e a fé. Ela passa a se dedicar inteiramente aos estudos. Após o colegial, ela se matriculou na Faculdade de Letras Clássicas da Universidade de Gênova e, apesar do ateísmo declarado, vive no Instituto de "Nossa Senhora da Purificação".

Sua beatificação também representa a confirmação eclesial de um valor histórico dos movimentos que surgiram na esteira da Ação Católica, em particular para estudantes universitários e graduados católicos. Sua conversão ocorreu às vésperas da Imaculada Conceição de 1922. Convidada para uma missa, ela se abre para o abraço do Pai: "Senhor, se você estiver aqui, faça-se conhecido!" É um choque interior violento, confessa e se converte. Marchísio, que se tornará seu primeiro diretor espiritual, dará a ela a primeira ajuda para confiar-se totalmente ao Senhor.

Ela vive experiências místicas: em 3 de agosto de 1928, em Pontremoli, do tabernáculo da igreja do seminário, recebe um raio de luz e uma mensagem divina. Ela tem visões frequentes da Trindade e também é perseguida pelo diabo. Itala Mela decide entrar no mosteiro de "Mont Vierge a Népion sur Meuse" na França, mas sofre de uma doença cardíaca e é forçada a desistir. Na oração, no ofício litúrgico diário, no constante compromisso de purificar-se, que a acompanhou nessa jornada de conversão, Itala Mela fez seus votos particulares de virgindade e obediência, tendo em vista a promessa de uma vida religiosa e a fundação de um mosteiro beneditino para reavivamento religioso na Itália.

Em 4 de janeiro de 1933, tornou-se oblata beneditina do mosteiro de San Paolo, fora dos muros de Roma, emitindo em particular os votos de virgindade, pobreza, obediência e conversão da vida e, na festa da Santíssima Trindade de 1933, somada aos votos monásticos de pobreza, obediência, castidade e estabilidade, o chamado quinto voto, ou seja, consagrar-se inteiramente para tornar conhecido o mistério da habitação da Trindade na alma dos cristãos. Por esse motivo, a partir de então, assumirá o nome religioso de Maria da Trindade. A doença a forçou a voltar para sua família em La Spezia e a abandonar o ensino.

Após a experiência no Fuci e ao mesmo tempo como uma vida dedicada à oração e adoração, ela trabalhou para o grupo de "Graduados Católicos" de 1945 a 1954, para então viver no coração da Igreja e para a Igreja e oferecer oração e sofrendo pelo mundo inteiro. Ela confessa: "Eu não realizei nada na minha vida e o que realizei humanamente foi destruído por Deus".

O então Monsenhor Montini, futuro Papa Paulo VI, escreveu sobre ela: "Itala Mela nos oferece algo, no campo especificamente religioso, da singularidade, no qual devemos meditar. Não estou dizendo apenas o diagrama ascensional de sua purificação e iluminação espiritual, não estou dizendo apenas a vocação, apenas parcialmente realizada, no estado religioso, vocação que deu um movimento dramático à trama comum de sua vida; Digo antes algumas alocuções internas, que afetaram seu curso normal e marcaram seus objetivos subsequentes; e digo da penetração teológica e da celebração interior do mistério da Graça, da qual permeava a consciência dessa piedade, crescendo paralelamente aos anos e sofrimentos”.

Ela morreu em 29 de abril de 1957 e foi enterrada desde 1983 na cripta da Catedral Cristo Re em La Spezia.
Foi beatificada em 10 de junho de 2017, em cerimônia presidida pelo Cardeal Angelo Amato, que em sua homilia nos diz:

A Beata Itala Mela nos lança um apelo. O chamado universal à santidade também se aplica aos fiéis leigos, que, se viverem o batismo com autenticidade, podem se tornar os protagonistas da nova evangelização. A sociedade precisa de santidade em todos os setores de sua múltipla realidade: na educação, na família, na comunicação social, na economia, no esporte, no mundo do trabalho, na política.

Na Beata Itala Mela, a Igreja deixa uma mensagem de confiança na possibilidade dos leigos não apenas viverem plenamente a santidade cristã, mas também serem arquitetos e protagonistas da renovação cultural e espiritual da sociedade. O mundo precisa de santos leigos, que fertilizem a sociedade com os preciosos frutos da bondade, fraternidade e caridade.

29 de abril - Pois eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. Jo 6,38


Como cristãos somos chamados à vivência do amor, da generosidade, da humildade, da obediência a Deus, o dom de si. Trata-se não só nem simplesmente de seguir o exemplo de Jesus, como uma ação moral, mas de comprometer toda a existência no seu modo de pensar e agir. A oração deve levar a uma consciência e a uma união no amor cada vez mais profundas com o Senhor, para poder pensar, agir e amar como Ele, n’Ele e por Ele. Realizar isto e aprender os sentimentos de Jesus é o caminho da vida cristã.

Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, não vive o seu “ser como Deus” para triunfar ou impor a sua supremacia, não o considera uma posse, um privilégio, um tesouro cioso. Aliás, despojou-se, esvaziou-se a si mesmo assumindo a forma de servo, a realidade humana marcada pelo sofrimento, pela pobreza, pela morte; assemelhou-se plenamente aos homens, exceto no pecado, de modo a comportar-se como servo completamente dedicado ao serviço dos outros.
São Paulo continua delineando o quadro histórico no qual se realizou este abaixamento de Jesus: “Rebaixou-se a si mesmo, tornando-se obediente até à morte”. O Filho de Deus tornou-se verdadeiramente homem e percorreu um caminho na total obediência e fidelidade à vontade do Pai, até ao sacrifício supremo da própria vida. Mais ainda, o Apóstolo especifica até à morte, e morte de cruz. Na cruz Jesus Cristo alcançou o máximo grau de humilhação, porque a crucifixão era a pena reservada aos escravos e não às pessoas livres: “mors turpissima crucis, escreve Cícero.

Os Padres realçam que Ele se fez obediente, restituindo à natureza humana, através da sua humanidade e obediência, o que se tinha perdido por causa da desobediência de Adão.

Papa Bento XVI – 27 de junho de 2012

Hoje celebramos:

terça-feira, 28 de abril de 2020

28 de abril - Beata Maria Luísa de Jesus Trichet


Maria Luísa Trichet (ou Maria Luísa de Jesus), com São Luís Maria Grignion de Montfort, é a cofundadora da Congregação das religiosas chamadas “Filhas da Sabedoria”.

Ela nasceu em Poitiers (França), no dia 07 de maio de 1684, tendo sido batizada no mesmo dia.  Filha de uma família de oito filhos, recebeu sólida educação cristã, tanto no seio da família, quanto na escola. Aos 17 anos, encontrou-se pela primeira vez com São Luís Maria Grignion de Montfort, que acabara de ser nomeado como capelão do hospital de Poitiers. Sua fama de pregador e de confessor, já era notável entre a juventude daquela região. No confessionário dá-se o primeiro encontro entre estas duas almas sedentas de Deus, ambas desejosas de dedicação à salvação dos homens e ao amparo dos desprotegidos. Diante dos sinais evidentes de vocação, o Padre Montfort afirmou sem rodeios: "Foi Nossa Senhora que te enviou. Tornar-te-ás religiosa".

Espontaneamente, Maria Luísa ofereceu seus serviços ao hospital.  Ela consagra uma boa parte de seu tempo, aos pobres e aos enfermos.  Diante da sua dedicação, São Luís prontamente a pediu para que ali permanecesse.  A este convite, Maria Luísa respondeu com sua entrega total. Mesmo não havendo posto vago para o cargo de governanta, aceitou ser admitida somente como simples colaboradora.

“Você voltará louca como este sacerdote”. “Que ideia, quando se é bela, jovem e de boa família, vestir um hábito cinza (2 de fevereiro de 1703) e passar seu tempo a cuidar de vagabundos, enfermos e empestados!  Que loucura seguir este sacerdote louco!” - lhe havia dito a sua mãe

Durante dez anos, Maria Luísa desempenhou com a maior perfeição possível, seu humilde serviço de cuidar dos inválidos.  Nesta época, São Luís havia deixado Poitiers e Maria Luísa permaneceu à frente dos serviços.

A célebre cruz que Montfort havia deixado, está colocada no centro do hospital.  Maria Luísa leva uma cruz sobre sua túnica cinza, porém, de todo o coração.  Com efeito, continua a realizar seu esgotador trabalho de cada dia, enfrentando a ausência pela diminuição do número de companheiras, além de sofrer dura perda do falecimento de suas irmãs e de seu irmão, jovem sacerdote morto por causa da peste, vitimado pela sua extrema abnegação.

Nesta fase deu-se o início da Congregação das Irmãs “Filhas da Sabedoria”, em 1714 com a chegada da primeira companheira, Catarina Brunet e consolidada em 1715, com a fundação em La Rochele, com duas novas recrutas: Maria Regnier e Maria Velleau.
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No ano seguinte (1716), morre prematuramente São Luís Maria de Montfort, com a idade de 43 anos.  Este fato, a princípio, desestabilizou a jovem congregação, abalada duramente por esta notícia, tanto dolorosa, quanto inesperada. Foi neste momento que, Maria Luísa encontrou forças para reerguer o ânimo de todos, lembrando-se da frase escrita por São Luís: “Se não se arrisca algo por Deus, nada de grande se fará por Ele”.

Durante 43 anos Maria Luísa de Jesus, só, forma suas companheiras, conduz e desenvolve as fundações que se multiplicam:  Escolas de caridade, visitas e cuidados aos enfermos, sopa popular para os mendigos, gestão de grandes hospitais marítimos na França. 

Os pobres do hospital de Nior (Deux-Sèvres) a chamavam “A boa Madre Jesus”.  Nisto expressava-se tudo! Seu lema de vida era muito simples: “É necessário que eu ame a Deus ocultamente, em meu próximo” (Coro de um cântico composto por Luís Maria de Montfort, destinado às Filhas da Sabedoria).

Quando ela morreu em Sant Laurent sur Sévre, em 28 de abril de 1759, a congregação contava com 174 religiosas, presentes em 36 comunidades, mais a casa da Madre.  São Luís Maria de Montfort e a Beata Maria Luísa de Jesus, descansam juntos, na Igreja paroquial de São Lourenço.

Desde este momento, as Filhas da Sabedoria atravessaram os séculos arrebanhando milhares e milhares de vocações, pelo chamado à entrega total, pela loucura do Amor de Deus e dos pobres.   Hoje, elas estão presentes nos cinco continentes. 

Em 16 de maio de 1993, Maria Luiza de Jesus (Trichet), foi beatificada pelo Papa João Paulo II, em Roma, que na sua homilia declarou:

O Evangelho nos fez ouvir as palavras de Jesus: "Se alguém me ama, guardará minha palavra". Manter a palavra de Cristo, a eterna sabedoria de Deus, permanecer fiel aos seus mandamentos é aprender, como Madre Maria Luiza de Jesus fez na escola de São Luís Maria de Montfort, a meditar sobre a riqueza infinita de sua presença e ação no mundo.

Maria Luísa, de Jesus, permitiu-se ser tomada por Cristo, ela que apaixonadamente buscou a aliança interior da sabedoria humana com a eterna Sabedoria. E o desenrolar natural desse vínculo de profunda intimidade foi uma ação apaixonadamente dedicada aos mais pobres de seus contemporâneos. A adoração da Sabedoria do Pai, encarnada no Filho, sempre leva a servir diariamente aqueles que nada têm para agradar aos homens, mas que permanecem queridos por Deus.

Hoje de manhã, irmãos e irmãs, agradecemos ao Senhor pelo fundamento da grande família religiosa das Filhas da Sabedoria, fruto da santidade pessoal de São Luís Maria e da abençoada Maria Luísa de Jesus. Sua eminente caridade, seu espírito de serviço, sua capacidade de manter, como a Virgem Maria, "todas as coisas em seus corações", agora nos são dados como exemplos e compartilhados.

28 de abril - Jesus lhes disse: “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome e quem crê em mim nunca mais terá sede”. Jo 6,35


O Evangelho de hoje constitui a parte final e culminante do discurso feito por Jesus na sinagoga de Cafarnaúm após ter dado de comer, no dia precedente, a milhares de pessoas com apenas cinco pães e dois peixes. Jesus revela o sentido daquele milagre, ou seja, que o tempo das promessas se completou: Deus Pai, que com o maná tinha saciado os israelitas no deserto, agora enviou o seu Filho, como verdadeiro Pão de vida, e este pão é a sua carne, a sua vida, oferecida em sacrifício por nós.

Portanto, trata-se de o acolher com fé, sem se escandalizar com a sua humanidade; e trata-se de “comer a sua carne e beber o seu sangue”, para ter em si mesmo a plenitude da vida. É evidente que este discurso não é feito para atrair consensos.
Jesus sabe-o, e pronuncia-o intencionalmente; e com efeito tratava-se de um momento crítico, uma reviravolta na sua missão pública. Com efeito, explicando a imagem do pão, Ele afirma que foi enviado para oferecer a sua própria vida, e quem quiser segui-lo deve unir-se a Ele de modo pessoal e profundo, participando no seu sacrifício de amor.
Por isso, na última Ceia Jesus instituirá o Sacramento da Eucaristia: a fim de que os seus discípulos possam ter em si mesmos a sua caridade — isto é decisivo — e, como um único corpo unido a Ele, prolongar no mundo o seu mistério de salvação.

Deixemos também nós arrebatar novamente pelas palavras de Cristo: Ele, grão de trigo lançado nos sulcos da história, primícias da humanidade nova, livre da corrupção do pecado e da morte. E voltemos a descobrir a beleza do Sacramento da Eucaristia, que expressa toda a humildade e a santidade de Deus: o fato de se ter feito pequenino, Deus faz-se pequenino, fragmento do universo para reconciliar todos no seu amor. A Virgem Maria, que ofereceu ao mundo o Pão da vida, nos ensine a viver sempre em profunda união com Ele.

Papa Bento XVI – 19 de agosto de 2012

Hoje celebramos:


segunda-feira, 27 de abril de 2020

27 de abril - Beata Catarina de Montenegro (Hosana de Cattaro)

Catarina Kosic nasceu em 25 de novembro de 1493 em Relezi, aldeia nas montanhas que pode ser vista a partir de Kotor, região que hoje pertence ao país Montenegro. Seus pais, muito humildes, eram ortodoxos gregos e nesta fé Catarina foi batizada

Durante sua infância e adolescência Catarina foi pastora de ovelhas. Com sua inclinação contemplativa soube descobrir, nas magníficas paisagens de sua formosa Montenegro, a beleza do Criador. Se enamorou do Autor de tantas maravilhas. Na solidão do monte, Deus se lhe mostrava e imprimia em seu coração uma atração irresistível.

Catarina adolescente pensava que na cidade de Kotor, tendo ela tantas igrejas, poderia ter mais oportunidade de rezar, e convenceu sua mãe para ir para Kotor. Sua mãe conseguiu trabalho em Kotor: foi servir como criada numa casa de família de um senador, muito rico, ótimo católico.
A família Bucá permitia que a jovem Catarina frequentasse a igreja, onde passava horas, que eram sua alegria. Em Kotor Catarina se converteu ao Catolicismo romano, se confessou e recebeu sua primeira Comunhão.
Ela aprendeu a ler e a escrever durante seu tempo livre. Era de uma inteligência privilegiada. Leu livros religiosos em latim e italiano, e muito especialmente as Sagradas Escrituras.

No final da adolescência, Catarina se sentiu chamada a viver como anacoreta. Embora a considerassem muito jovem para tal vocação, seu diretor espiritual a aceitou e a fez emparedar em uma cela construída próximo da igreja de São Bartolomeu, em Kotor. Ela assim se retirou numa vida de ascetismo e de reclusão.
Por uma janela Catarina podia assistir a Santa Missa e por outra as pessoas podiam se aproximar dela para pedir-lhe orações ou dar-lhe algum alimento. Catarina fez as promessas de costume de estabilidade e a porta foi selada.
Entregue à contemplação dos mistérios divinos e à uma contínua oração, não se preocupou somente com sua salvação pessoal, mas colaborou eficazmente na dos demais, sendo-lhe atribuídas numerosas graças para sua cidade.

A jovem desejava uma vida de total identificação com Cristo. Então, em 25 de janeiro de 1515, ingressou na Ordem Secular de São Domingos, tomando o hábito e mudando seu nome para Hosana, em honra a outra ilustre terciária: a Beata Hosana de Mântua, que havia falecido com fama de santidade em 1505. Seu confessor era o dominicano Frei Tomas Bosco.

Depois que um terremoto que destruiu sua primeira ermida, se transladou, em 1521, para uma cela junto à igreja de São Paulo.
Viveria como dominicana os 52 anos seguintes de sua vida, dedicada à contemplação da Paixão de Cristo, à penitência e às boas obras.

Um grupo de irmãs dominicanas que surgiu em Kotor colocou sua residência próximo dela, a consultavam, ela as dirigia pelos caminhos da perfeição cristã. A consideravam sua fundadora, embora ela nunca tenha visto o local do convento.

Em sua pequena cela, Hosana teve muitas visões. Via o Menino Deus, a Virgem Maria e vários santos. Viveu uma elevada união mística com Nosso Senhor Jesus Cristo.

Por sua vida santa, em Kotor a chamavam “a trombeta do Espírito Santo” e “mestra mística”. Pessoas de todas as partes vinham até ela em busca de conselho. Ela recebia as pessoas do povo que se aproximavam dela com grande alegria e levava todos a viver uma vida cristã autêntica.

Hosana intercedeu particularmente pela paz na cidade e entre as famílias e por isso também era chamada de “virgem reconciliadora” e “anjo da paz”. Foi realmente um anjo tutelar para Kotor.
Quando em 9 de agosto de 1539 a cidade foi atacada pelos turcos e Kotor se viu ameaçada, os cidadãos recorreram a Hosana para pedir-lhe ajuda. O povo atribuiu o triunfo as suas orações e conselhos. Em outra ocasião intercedeu para livrar Kotor de uma praga.

A Beata Hosana faleceu no dia 27 de abril de 1565, na idade de setenta e dois anos. O seu corpo incorrupto ficou enterrado na igreja de São Paulo até 1807, quando o exército francês invasor converteu a igreja em um armazém, então seu corpo foi transladado para a igreja de Santa Maria, convento dos franciscanos.

Em 1905 o processo para sua beatificação foi iniciado em Montenegro e terminou com êxito em Roma. Seu culto foi confirmado por Pio XI em 21 de dezembro de 1927, que a invocou como intercessora para a unidade da Igreja; foi beatificada em 1934. Sua festa é 27 de abril. É patrona da cidade de Kotor.


27 de abril - Estais me procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes satisfeitos. Jo 6,26


Como sigo Jesus?
É a simples pergunta que cada cristão deveria fazer para compreender se a sua fé é autêntica e sincera, ou de qualquer forma interesseira. Com efeito, o risco consiste em enfraquecer a própria adesão a Cristo com os cálculos da conveniência
Existem dois possíveis caminhos que se abrem diante de qualquer batizado: a do protomártir Estêvão que, cheio de graça e de Espírito Santo agia sem pesar as consequências das suas escolhas, e a da multidão que se deixava conquistar pelos milagres.
De fato, as pessoas descritas no Evangelho de João, que tinham acabado de assistir ao milagre da multiplicação dos pães, seguiam Jesus não só porque tinham fome da palavra de Deus e sentiam que Jesus chegava ao coração, aquecia o coração, mas também porque Jesus fazia alguns milagres; seguiam-nos ainda para ser curados, para ter alguma visão nova da vida.

Por conseguinte, a multidão, que seguia Jesus para o ouvir, depois da multiplicação dos pães, queria até torná-lo rei. Mas, ele retirou-se sozinho, para rezar.
O que acontece com as pessoas que procuram o Senhor e o encontram, no dia seguinte, na outra margem do lago. Qual é a razão desta busca insistente? Também para ouvir Jesus, mas sobretudo por interesse. Com efeito, o Senhor admoesta imediatamente: Em verdade, em verdade vos digo: buscais-me, não porque vistes os milagres, mas porque comestes dos pães e ficastes saciados.
São pessoas boas, que querem ouvir a palavra de Jesus, e sentir como aquela palavra chega ao coração, mas é também impelida pelo interesse. Portanto, a delas é uma fé que une as duas coisas: uma fé, um desejo de amar Jesus, mas um pouco interesseira.

Diante de uma fé condicionada pelo interesse, Jesus repreende e diz: “Trabalhai, não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o Filho do homem vos dará”. O alimento é a palavra de Deus e é o amor de Deus.

Papa Francisco – 16 de abril de 2015

Hoje celebramos:


domingo, 26 de abril de 2020

26 de abril - Beato Ladislau Goral


O Beato Ladislau Goral nasceu em 1 de maio de 1898, em Stoczek, na Polônia. Depois de frequentar a escola primária em Nasutów, continuou seus estudos em Ljubljana e Lublin.
Em 1916, ele entrou no seminário em Lublin; posteriormente, aperfeiçoou seus estudos de filosofia em Roma.
Na capital italiana, Ladislau Goral foi ordenado sacerdote em 18 de dezembro de 1920.
Em 1926, ele retornou a Lublin e foi nomeado professor do seminário. Em 10 de agosto de 1938, foi nomeado bispo auxiliar de Lublin e titular de Meloe. Ladislau Goral foi consagrado bispo em 9 de outubro de 1938. Com sua ação pastoral, aqueles que se lembram dele o definem como "um pastor de extraordinária dedicação à Igreja".

Ladislau era ativo em muitas organizações sociais. Sua paixão era o trabalho pastoral e o trabalho realizado em benefício dos pobres. Para formar esses círculos no espírito da tradição católica, ele criou várias organizações cristãs, como o Sindicato dos Trabalhadores Cristãos da República da Polônia, a Universidade dos Trabalhadores Cristãos ou a Sociedade de Caridade de Lublin.

Por sua iniciativa, a casa de padres aposentados foi fundada na diocese.
Ladislau Goral foi preso em 17 de novembro de 1939 pela Gestapo durante a ocupação nazista da Polônia. O chanceler, alguns membros da cúria e alguns professores do seminário foram presos com ele. Todo o grupo de 13 padres foi levado à prisão da Gestapo para julgamento pelo tribunal em 27 de novembro. Todos foram condenados à morte.
Mas a sentença, para Ladislau Goral, foi comutada para prisão perpétua. Em 4 de dezembro de 1940, ele foi transferido para o campo de concentração de Sachsenhausen e trancado em confinamento solitário no bunker de concreto do subcampo de Zellenbau.

Condenado à completa solidão, privado da companhia de outros prisioneiros e da possibilidade de receber os sacramentos, ele só conseguia ler os jornais nazistas.
Ladislau Goral, constantemente maltratado e desgastado pelas condições da prisão, morreu de fome e doença em um dia não especificado em abril de 1945.

Em 16 de abril de 1949, a pedido do Conselho Central da União Polonesa de ex-prisioneiros políticos de prisioneiros e campos de concentração nazistas, ele foi postumamente premiado com a estrela da Ordem por méritos no campo do movimento de resistência nos campos. da Polônia retornada.

Ladislau Goral foi beatificado em 13 de junho de 1999 em Varsóvia pelo papa João Paulo II, que queria elevar 108 mártires abençoados da Segunda Guerra Mundial para a glória dos altares. Em 19 de abril de 2004, uma nova paróquia foi dedicada a ele em Lublin.

26 de abril - “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Lc 24,29

“Fica conosco, Senhor, pois a noite vai caindo”. Foi este o insistente convite que os dois discípulos, que iam a Emaús na tarde do próprio dia da ressurreição, dirigiram ao Viajante que se lhes tinha juntado no caminho. Carregados de tristes pensamentos, não imaginavam que aquele desconhecido fosse precisamente o seu Mestre, já ressuscitado. Mas sentiam “arder” o seu íntimo, quando Ele lhes falava, explicando as Escrituras. A luz da Palavra ia dissipando a dureza do seu coração e abria-lhes os olhos. Por entre as sombras do dia que findava e a obscuridade que pairava na alma, aquele Viajante era um raio de luz que fazia despertar a esperança e abria os seus ânimos ao desejo da luz plena. “Fica conosco” — suplicaram. E Ele aceitou. Pouco depois o rosto de Jesus teria desaparecido, mas o Mestre permaneceria sob o véu do pão partido, à vista do qual se abriram os olhos deles.

O ícone dos discípulos de Emaús presta-se bem para nortear a Igreja particularmente empenhada na vivência do mistério da sagrada Eucaristia. Ao longo do caminho das nossas dúvidas, inquietações e às vezes amargas desilusões, o divino Viajante continua a fazer-se nosso companheiro para nos introduzir, com a interpretação das Escrituras, na compreensão dos mistérios de Deus. Quando o encontro se torna pleno, à luz da Palavra segue-se a luz que brota do “Pão da vida”, pelo qual Cristo cumpre de modo supremo a sua promessa de estar conosco todos os dias até ao fim do mundo.

A fração do pão — tal era ao início a designação da Eucaristia — sempre esteve no centro da vida da Igreja. Por ela Cristo torna presente, no curso do tempo, o seu mistério de morte e ressurreição. Nela, Cristo em pessoa é recebido como o pão vivo que desceu do céu e, com ele, é-nos dado o penhor da vida eterna, em virtude do qual se saboreia antecipadamente o banquete eterno da Jerusalém celeste.

Papa São João Paulo II – Mane Nobiscum Domine

Hoje celebramos:


sábado, 25 de abril de 2020

25 de abril - Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! Mc 16,15


O empenho de levar a todos o anúncio do Evangelho com o mesmo entusiasmo dos cristãos da primeira hora, é o serviço mais precioso que a Igreja pode prestar à humanidade e a cada pessoa que está em busca das razões profundas para viver em plenitude a própria existência. Com efeito, o anúncio incessante do Evangelho vivifica também a Igreja, o seu fervor, o seu espírito apostólico

Este objetivo reaviva-se continuamente através da celebração da liturgia, em especial da Eucaristia, que se conclui sempre evocando o mandato de Jesus ressuscitado aos Apóstolos: “Ide...” A liturgia é sempre um chamado do mundo e um novo início no mundo para testemunhar o que se experimentou: o poder salvífico da Palavra de Deus, o poder salvífico do Mistério pascal de Cristo. Todos aqueles que encontraram o Senhor ressuscitado sentiram a necessidade de O anunciar aos outros, como fizeram os dois discípulos de Emaús. Eles, depois de ter reconhecido o Senhor ao partir o pão, “partiram imediatamente, voltaram para Jerusalém e encontraram reunidos os onze” e contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho.

Todos os povos são destinatários do anúncio do Evangelho. A Igreja por sua natureza é missionária, visto que, segundo o desígnio de Deus Pai, tem a sua origem na missão do Filho e na missão do Espírito Santo. Esta é a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar. Consequentemente, nunca pode fechar-se em si mesma. Enraíza-se em determinados lugares para ir além.
Não podemos permanecer tranquilos com o pensamento de que, depois de dois mil anos, ainda existam povos que não conhecem Cristo e ainda não ouviram a sua Mensagem de salvação.
Papa Bento XVI – 06 de janeiro de 2011

Hoje celebramos:

25 de abril - Beatos Mário Borzaga e Paolo Thao Shiong


“Minha missão é ser um homem feliz”

O Beato Mário Borzaga nasceu em Trento em 1932, o terceiro dos quatro filhos de uma família modesta, que cultiva e guarda sua vocação sacerdotal como um tesouro, que logo se junta à vocação missionária, feita entre os Oblatos de Maria. 

Em 24 de fevereiro de 1957, Mário foi ordenado sacerdote, com a intenção de nunca ser "um parasita do altar", enquanto em seu diário observou: "Cristo que me escolheu é o mesmo que deu vida e força aos mártires e virgens: eram pessoas como eu, feitas de nada e de fraqueza. Eu também fui escolhido pelo martírio". 
Ele expressa a seus superiores o desejo de partir para o Laos, onde ele parece ser mais capaz de ser um missionário "ad gentes" e está satisfeito. Ele chega lá no final do mesmo ano e os dias da missão são meticulosamente contados em seu "Diário de um homem feliz", que expressa no título toda a alegria de estar onde o Senhor quer que esteja, mas nas entrelinhas esconde todo o esforço de entrar na nova cultura, de aprender sua língua e costumes, de se adaptar ao clima, de se fazer tudo a todos . 

“Então, você começa uma missão, o programa do dia é obedecer e aprender, aprender tudo de todos; aprender a língua, costumes; aprender a pescar, caminhar na floresta, reconhecer os sons e rastros de animais, aprender a técnica do corte da madeira, máquinas, motores, descobrindo todos os dias como é difícil aprender com pais, irmãos, trabalhadores, meninos, de eventos, de situações, para aprender em silêncio de todos, especialmente para acreditar, sofrer, amar". 

Ele sofre da solidão e da dificuldade de se comunicar com os nativos, tem medo do clima político e reclama de "ter sonhado com mil aventuras e um caminho glorioso para a santidade e depois se afogar em um buraco de missão e ter medo de meter o nariz onde não deve." Ele testemunha a efervescência política no Laos, os massacres de cristãos, a guerra de guerrilha que está se espalhando, ele é repetidamente forçado a fugir e se esconder; e escreve:

“Somente você, ó Jesus, você sabe quantos passos ainda daremos no mundo". 

Às vezes, ele percebe que está: "assaltado pelo medo de morrer, de enlouquecer, de ser abandonado por Deus; então mal posso respirar, sinto tudo pular; mas não é nada. Jesus me ama igualmente e eu o amo". Apesar de tudo, ele tem que conviver com essa situação difícil, para lidar com o medo de cometer erros na administração de medicamentos, trabalha para se desgastar ao lado dos nativos para dar-lhes o exemplo de como e por que você trabalha, mas, no final, prevalece sua fé serena e madura:
“… não há mais para ter medo ou reclamar: Deus me tem coloque aqui e aqui estou." 
Com essa fé sentida pelo sofrimento, ele pode exclamar: “Quero formar uma fé e um amor profundo e granítico, caso contrário não posso ser um mártir: fé e Amor são indispensáveis. Não há mais nada a fazer além de acreditar e amar". 

Muito ativo nessas missões é Paolo Thao Shiong, um catequista ainda com vinte anos, dotado de um carisma excepcional e muito seguido pela população, verdadeiro "enfant-prodige" da catequese, um pouco desagradável para quem o inveja pelos resultados que obtém. Eles habilmente conseguem colocá-lo em crise e fazê-lo parar sua intensa atividade catequética, mas não para separá-lo completamente da missão, com a qual ele ainda colabora ocasionalmente, especialmente quando Padre Mário está lá. 
Então, quando Padre Mário teve que ir a algumas aldeias remotas, o catequista Paolo se oferece voluntariamente para acompanhá-lo. Eles partem em 25 de abril de 1960 e nunca mais voltarão dessa viagem. 
A princípio, rumores sussurrados e recentemente testemunhos juramentados dizem que eles foram mortos em uma emboscada, que os guerrilheiros comunistas lhes deram; o único alvo tinha que ser o padre Mário, porque era sacerdote e porque era estrangeiro; como laociano, é oferecida ao catequista a oportunidade de escapar, mas ele orgulhosamente responde: “Se você o matar, me mate também. Quando ele morrer, eu também vou morrer. Se ele viver, eu também vou viver”
Seus corpos nunca foram encontrados, por outro lado, verificou-se que sua morte ocorreu em "odium fidei", e com ela resgataram suas fragilidades: de fato, é como se dissessem, "a santidade é um presente de Cristo para as pessoas feitas de nada e fraqueza".

Em 5 de maio de 2015, o Papa Francisco reconheceu o martírio no ódio à fé do padre Mário e do catequista Paolo Thao Shiong, ambos foram beatificados em 11 de dezembro de 2016.
Papa Francisco – Ângelus 11 de dezembro de 2016:

Hoje, no Vietnã, Laos, foram proclamados Beatos Mario Borzaga, padre dos Oblatos Missionários de Maria Imaculada, Paolo Thao Shiong, fiel catequista leigo e catorze companheiros mortos em ódio pela fé. Que sua heroica fidelidade a Cristo seja de encorajamento e exemplo para os missionários e, especialmente, para os catequistas, que em terras missionárias realizam uma obra apostólica preciosa e insubstituível, pela qual toda a Igreja lhes agradece. E vamos pensar nos nossos catequistas: eles fazem muito trabalho, um trabalho tão bonito! Ser catequista é uma coisa bonita: é trazer a mensagem do Senhor para crescer em nós. Um aplauso aos catequistas, pessoal!


Reflexão do Padre Mário Bonzaga:

"Entendi minha vocação: ser um homem feliz, apesar do esforço para me identificar com o Cristo crucificado.
Quanto mais sofrimento resta, ó Senhor? Você só sabe disso e para mim.
"Fiat voluntas tua" a qualquer momento da minha vida. 
Se eu quero ser como a Eucaristia, um bom pão a ser consumido pelos irmãos, sua divina nutrição, eu devo necessariamente passar pela morte de atravessar primeiro o sacrifício, depois a alegria de me distribuir aos irmãos em todo o mundo.
Se eu me distribuir sem primeiro me sublimar no sacrifício, dou aos irmãos famintos por Deus, uma folha de homem, um resíduo do inferno; se eu aceito minha morte em união com a de Jesus, é realmente Jesus que eu posso dar aos meus irmãos com minhas próprias mãos. Portanto, não é uma renúncia a mim mesmo que tenho que fazer, mas o empoderamento de tudo o que pode sofrer em mim, ser imolado, sacrificado em favor de almas que Jesus me deu para amar"

(17 de novembro de 1956) "Diário de um homem feliz"


sexta-feira, 24 de abril de 2020

24 de abril - Santa Salomé


Hoje segundo o Martirológio Romano, celebramos Santa Salomé, que assim diz: comemoração das santas mulheres Maria de Cleofas e Salomé, que junto com Maria Madalena foram ao túmulo do Senhor na manhã da Páscoa para ungir seu corpo e primeiro ouviram o anúncio de sua ressurreição.

Salomé é mencionada no Evangelho de São Marcos, como segue: E encontravam-se também ali algumas mulheres vindas de longe, entre as quais estavam Maria Madalena, e Maria mãe de Tiago menor e de José, e Salomé; as quais já o seguiam quando ele estava na Galileia. 
Bem como no seguinte trecho: E tendo passado o dia de sábado, Maria Madalena, e Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para irem embalsamar Jesus.

A tradição identifica Santa Salomé com a mulher que por duas vezes é citada por São Mateus como a mulher de Zebedeu e mãe dos Apóstolos Tiago e João. Foi uma das três Marias que ajudaram Jesus durante o início de seu ministério e O acompanharam nas suas viagens e testemunharam a sua crucificação, a retirada do corpo, e a sua Ressurreição. Diz os Evangelhos que ela pediu a Jesus para colocá-la e seus filhos com Ele em Seu Reino no céu.

A legenda relata que, após a Ascenção do Senhor, Salomé fez uma longa peregrinação com São Demétrio e outro discípulo, e chegou próximo de Veroli, Itália, para ali anunciar o Evangelho. Cansada da viagem, a Santa pediu hospitalidade a um pagão, depois batizado com o nome de Mauro, a pouca distância das muralhas da cidade. Os seus companheiros entraram na cidade e foram martirizados. Salomé permaneceu na casa de Mauro após convertê-lo ao Cristianismo e faleceu cerca de seis meses depois.

Com reverência Mauro deu sepultura a Santa, e sobre a urna contendo seus restos mortais, inscreveu as seguintes palavras: "Hae sunt reliquiae B. Mariae Matris apostolorum Jacobi et Joannis". Receoso de ser aprisionado e martirizado, Mauro encontrou refúgio na Gruta de Paterno, onde morreu.

Algum tempo depois alguns pagãos encontraram a urna contendo as relíquias da Santa e informaram ao governante. Este, acreditando tratar-se de um tesouro, mandou abri-la e ali foram encontrados os restos da Santa, mas, sem prestar atenção na epígrafe, ordenou que com desprezo fossem jogados na praça.

Entrementes, um grego, após ter lido a inscrição, pensou em salvar o precioso tesouro e à noite recolheu furtivamente todos os ossos, os envolveu em um pano e os levou fora da cidade. Ali, sobre a pedra e numa carta escreveu as palavras: "Maria Mater Joannis Apostoli et Jacobi ene ista". Escondeu tudo em um lugar secreto, pensando levar as relíquias para sua pátria, depois que retornasse de uma viagem a Roma. O homem, entretanto, não pode concretizar o seu projeto e as relíquias foram encontradas em 1209 por um certo Tomás, a quem São Pedro e Santa Salomé apareceram em sonho revelando o local da sepultura.

As relíquias foram encontradas no dia 25 de maio daquele ano, e três dias depois visitaram o local o Bispo de Penne, o abade de Casamari e o abade de Santa Anastásia em Roma, com alguns de seus monges. Quando as relíquias foram erguidas para que a multidão que afluíra ao local pudesse vê-las, de um osso da tíbia viu-se sair sangue, como se a carne não tivesse se separado do osso seco depois de tantos anos. Diante daquilo, o povo deu graças ao Senhor.


24 de abril - Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. Lc 6,11


A leitura do Evangelho de hoje, leva-nos a meditar sobre a multiplicação milagrosa, em que cinco pães de cevada e dois peixes foram suficientes para dar de comer a uma multidão de cinco mil homens. Jesus quer fazer o povo compreender o significado profundo do prodígio que realizou: saciando de modo milagroso a sua fome física, prepara-os para aceitar o anúncio segundo o qual Ele é o pão que desceu do céu, que sacia de modo definitivo.

Também o povo judeu, durante o longo caminho no deserto, tinha experimentado um pão descido do céu, o maná, que o conservara em vida até à chegada à terra prometida. Pois bem, Jesus fala de si mesmo como do verdadeiro pão que desceu do céu, capaz de manter em vida não por um momento ou durante um trecho do caminho, mas para sempre. Ele é o alimento que dá a vida eterna, porque é o Filho unigênito de Deus, que se encontra no seio do Pai, vindo para doar ao homem a vida em plenitude, para introduzir o homem na vida do próprio Deus.

No pensamento judaico era claro que o verdadeiro pão do céu, que alimentava Israel, era a Lei, a palavra de Deus. Agora Jesus, manifestando-se como o pão do céu, dá testemunho de ser a Palavra de Deus encarnada, através da qual o homem pode fazer da vontade de Deus o seu alimento, que orienta e sustém a sua existência.

Santo Agostinho comenta: “Estavam distantes daquele pão celeste, e eram incapazes de sentir fome dele. A boca do seu coração estava enferma... Com efeito, este pão exige a fome interior do homem”. Somente quem é atraído por Deus Pai, quem o ouve e se deixa instruir por Ele pode acreditar em Jesus, encontrá-lo e alimentar-se dele para ter a vida em plenitude, a vida eterna. Santo Agostinho acrescenta: “O Senhor... afirmou que é o pão descido do céu, exortando-nos a crer nele. Com efeito, comer o pão vivo significa acreditar nele. Quem crê, come; é saciado de modo invisível, e igualmente de modo invisível renasce. Ele renasce a partir de dentro e, no seu íntimo, torna-se um homem novo”.

Hoje celebramos:




quinta-feira, 23 de abril de 2020

23 de abril - O Pai ama o Filho e entregou tudo em sua mão. Aquele que acredita no Filho possui a vida eterna. Jo 3,35-36


Temos necessidade não só do pão material, mas precisamos de amor, de significado e de esperança, de um fundamento seguro, de um terreno sólido que nos ajude a viver com um sentido autêntico também na crise, nas obscuridades, nas dificuldades e nos problemas quotidianos.

A fé oferece-nos precisamente isto: é um entregar-se confiante a um Tu, que é Deus, o qual me confere uma certeza diversa, mas não menos sólida do que aquela que me deriva do cálculo exato ou da ciência. A fé não é simples assentimento intelectual do homem a verdades particulares sobre Deus; é um gesto mediante o qual me confio livremente a um Deus que é Pai e que me ama; é adesão a um Tu que me dá esperança e confiança.

O próprio Deus que nos é indicado em Cristo, mostrou o seu rosto e fez-se realmente próximo de cada um de nós. Aliás, Deus revelou que o seu amor pelo homem, por cada um de nós, é incomensurável: na Cruz, Jesus de Nazaré, o Filho de Deus que se fez homem, mostra-nos do modo mais luminoso até que ponto chega este amor, até ao dom de si mesmo, até ao sacrifício total. 
Com o mistério da Morte e Ressurreição de Cristo, Deus desce até ao fundo na nossa humanidade, para a restituir, para a elevar à sua altura. A fé é crer neste amor de Deus que não diminui diante da maldade do homem, perante o mal e a morte, mas é capaz de transformar todas as formas de escravidão, oferecendo a possibilidade da salvação.

Papa Bento XVI – 24 de outubro de 2012

Hoje celebramos: