Nº 111 a 117
Eis a primeira
verdade que quero dizer a cada um: Deus
ama-te. Mesmo que já o tenhas ouvido – não importa! –, quero recordar-te: Deus ama-te. Nunca duvides disto na tua
vida, aconteça o que acontecer. Em toda e qualquer circunstância, és
infinitamente amado.
Talvez a experiência
de paternidade que tiveste não seja a melhor: o teu pai terreno talvez se tenha
mostrado distante e ausente ou, pelo contrário, dominador e possessivo; ou
simplesmente não foi o pai que precisavas. Não sei! Mas o que posso dizer-te com certeza é que podes lançar-te, com
segurança, nos braços do teu Pai divino, do Deus que te deu a vida e continua a
dá-la a cada momento. Sustentar-te-á com firmeza e, ao mesmo tempo, sentirás que
Ele respeita completamente a tua liberdade.
Na sua Palavra,
encontramos muitas expressões do seu amor. É como se Ele estivesse procurando
maneiras diferentes de te manifestar para ver se, com alguma dessas palavras,
pode chegar ao teu coração. Por exemplo, às vezes apresenta-Se como aqueles
pais carinhosos que brincam com seus filhos: Segurava-os com laços humanos, com laços de amor, fui para eles como os
que levantam uma criancinha contra o seu rosto (Os 11, 4).
Há vezes em que Se
apresenta repleto daquele amor com que as mães amam sinceramente os seus
filhos, com um amor entranhado que é incapaz de esquecer ou abandonar: Acaso pode uma mulher esquecer-se do seu
bebé, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se
esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria (Is 49, 15).
Mostra-Se até como um
enamorado que chega a tatuar na palma da sua mão a pessoa amada, para poder ter
o seu rosto sempre perto: Eis que Eu
gravei a tua imagem na palma das minhas mãos (Is 49, 16).
Outras vezes destaca
a força e a firmeza do seu amor, que não se deixa derrotar: Ainda que os montes sejam abalados e tremam
as colinas, o meu amor por ti nunca mais será abalado, e a minha aliança de paz
nunca mais vacilará (Is 54, 10).
Ou então diz-nos que
desde sempre nos esperou, não aparecemos neste mundo por acaso. Já antes de
existirmos, éramos um projeto do seu amor: Amei-te
com um amor eterno. Por isso, dilatei a misericórdia para contigo (Jr 31,
3).
Faz-nos notar que Ele
sabe ver a nossa beleza, aquela que ninguém mais pode individuar: És precioso aos meus olhos, te estimo e te
amo (Is 43, 4).
Ou leva-nos a
descobrir que o seu amor não é triste, mas pura alegria que se renova quando
nos deixamos amar por Ele: O Senhor, teu
Deus, está no meio de ti como poderoso salvador! Ele exulta de alegria por tua
causa, pelo seu amor te renovará. Ele dança e grita de alegria por tua causa
(Sf 3, 17).
Para Ele, és
realmente valioso; tu não és insignificante. Importa-Se contigo, porque és obra
das suas mãos. Por isso, presta atenção e lembra-Se de ti com carinho. Precisas confiar na recordação de Deus: a sua memória não é um “disco rígido” que
grava e armazena todos os nossos dados, a sua memória é um coração terno e rico
de compaixão, que se alegra em eliminar definitivamente todos os nossos
vestígios de mal. Não quer guardar a conta dos teus erros e, em todo o caso,
te ajudará a aprender alguma coisa também com as tuas quedas. Porque te ama.
Procura ficar um momento em silêncio, deixando-te amar por Ele. Procura calar
todas as vozes e alarido interior, e para um momento nos seus braços amorosos.
É um amor que não se
impõe nem esmaga, um amor que não marginaliza, não obriga a estar calado nem
silencia, um amor que não humilha nem subjuga. É o amor do Senhor: amor diário,
discreto e respeitador, amor feito de liberdade e para a liberdade, amor que
cura e eleva. É o amor do Senhor, que se entende mais de levantamentos que de
quedas, mais de reconciliação que de proibições, mais de dar nova oportunidade
que de condenar, mais de futuro que de passado.
Quando te pede alguma
coisa ou simplesmente permite os desafios que a vida te apresenta, Deus espera
que Lhe dês espaço para fazer-te avançar, promover-te, deixar-te mais
amadurecido. Não Se aborrece, se O questionas; aquilo que O preocupa é que tu
não Lhe fales, que não te abras sinceramente ao diálogo com Ele.
O seu amor é tão real, tão verdadeiro, tão concreto, que
nos proporciona uma relação cheia de diálogo sincero e fecundo. Enfim, procura
o abraço do teu Pai do céu no rosto amoroso das suas corajosas testemunhas na
terra!
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