quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

28 de fevereiro - Beato Timóteo (Stanislaw Antoni)


Precisamente hoje estamos a celebrar a vitória daqueles que, no nosso tempo, deram a vida por Cristo, deram a vida temporal para a possuir pelos séculos na sua glória. Trata-se de uma vitória particular, porque é compartilhada pelos representantes do clero e dos leigos, jovens e idosos, pessoas de várias classes e posições. (...) Há sacerdotes diocesanos e religiosos, que morreram porque não quiseram abandonar o seu ministério, e aqueles que morreram servindo os companheiros de prisão, doentes de tifo; há pessoas que foram torturadas até à morte pela defesa dos judeus.

No grupo dos Beatos existem irmãos religiosos e irmãs, que perseveraram no serviço da caridade e na oferta dos seus tormentos pelo próximo. Entre estes Beatos mártires contam-se também leigos. (...) Hoje estes Beatos mártires são inscritos na história da santidade do Povo de Deus, peregrinante em terra polaca há mais de mil anos.

Papa João Paulo II - Homilia de Beatificação – 13 de junho de 1999

Stanislaw Antoni nasceu 29 julho 1908, na aldeia de Sadlowo, na diocese de Plock, na Polônia.Sua família era muito pobre o que o levou a trabalhar desde muito jovem. Em 5 de Março de 1930 ele entrou no convento dos Frades Menores Conventuais de Niepokalanow.

Em janeiro de 1931 começou o seu noviciado com o nome de Tymoteusz. Toda a vida religiosa foi realizada em Niepokalanow, trabalhando no departamento de expedição da revista "Cavaleiros da Imaculada", no entreposto de fornecimento e na enfermaria, onde se dedicou aos doentes.

Em 3 de Maio de 1937 comunicou ao seu superior a sua vontade de ir em uma missão "em qualquer lugar, qualquer hora, para fazer a vontade de Deus." Irmão disciplinado e fiel à sua vocação, tinha uma grande confiança por parte de seu famoso pai espiritual Maximiliano Kolbe.

Com o início da II Guerra Mundial em 1939, ele optou por permanecer em Niepokalanow, onde, em 14 de Outubro de 1941 ele foi preso pela Gestapo com seis irmãos, incluindo Frei Bonifácio, e encarcerados na prisão de Varsóvia.

Na prisão ele foi capaz de dedicar muito tempo à oração, dando coragem a outros e oferecendo-se para os trabalhos mais pesados. 
Em 8 de Janeiro de 1942 ele foi novamente deportado com Frei Bonifácio para o campo de concentração de Oswiecim com o número 25431.

Foi originalmente destinado ao transporte de materiais de construção e, em seguida, de escavação e transporte de cascalho. Sempre suportou com grande coragem, a fome, o frio e o trabalho árduo.

Acometido de pneumonia, morreu em 28 de fevereiro de 1942. Foi proclamado Beato pelo Papa João Paulo II em 13 de Junho de 1999 em Varsóvia, no grupo de 108 mártires polacos do nazismo.

28 de fevereiro - Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Mt 20,22


Dois dos seus discípulos, os irmãos João e Tiago, filhos de Zebedeu, aspiravam aos primeiros lugares. O Senhor respondeu-lhes: “Não sabeis o que pedis.” E acrescentou: “Podeis beber o cálice que Eu vou beber?” E que cálice era esse, senão o da Paixão?

E eles, ávidos de honras, esquecidos da sua fraqueza, imediatamente dizem: “Podemos.” Ele replicou-lhes: “Na verdade, bebereis o meu cálice; mas o sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo: é para quem meu Pai o tem reservado.” Deu assim prova da sua humildade; na verdade, tudo o que o Pai prepara é também preparado pelo Filho. Ele veio humilde: Ele, o Criador, foi criado entre nós; Ele, que nos fez, foi feito para nós. Deus antes do tempo, homem no tempo, libertou o homem do tempo. Este grande médico veio curar o nosso cancro; veio curar o próprio orgulho pelo seu exemplo.

É a isso que devemos estar atentos no Senhor: olhemos a sua humildade, bebamos o cálice da sua humildade, aprendamos dele, contemplemo-Lo. É fácil ter pensamentos nobres, é fácil apreciar as honras, é fácil ouvir os aduladores e os que nos elogiam. Mas ouvir insultos, suportar pacientemente as humilhações, orar por aqueles que nos ofendem (Mt 5,39-44), isso é o cálice do Senhor, isso é o banquete do Senhor.

Santo Agostinho de Hipona – século V

Hoje celebramos:

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

27 de fevereiro - Beato Mark Barkworth


Mark Barkworth nasceu em 1572 em Searby, Lincolnshire. Ele estudou por um período em Oxford, embora não haja notícias de sua permanência lá. Ele foi recebido na Igreja Católica em Douai em 1593 por um jesuíta flamengo, o padre George, e entrou no colégio local, onde os candidatos para o sacerdócio inglês estavam estudando para retornar como missionários para sua terra natal.

Por causa de uma epidemia de peste, foi enviado para Roma em 1596 e de lá para o Real Colégio de Sant'Albano em Valladolid, na Espanha, onde entrou em 28 de dezembro de 1596. Dizem que, enquanto viajava, teve uma visão de São Bento de Nurcia, que profetizou que morreria mártir com o hábito beneditino.

Ordenado sacerdote no Colégio antes de julho de 1599, ele voltou como missionário na Inglaterra, juntamente com o padre Thomas Garnet. Ao longo do caminho, ele ficou no mosteiro beneditino de Hyrache em Navarra, onde seu desejo de se juntar à Ordem foi realizado: ele se tornou um Oblato Beneditino, obtendo o privilégio de emitir sua profissão no momento da morte.

Fugindo dos huguenotes, ele foi preso enquanto ele estava chegando a sua cidade natal e jogado na prisão de Newgate, onde permaneceu por seis meses; de lá, ele foi transferido para a prisão de Bridewell. Nesse lugar, ele escreveu um apelo a Robert Cecil, assinando-se "George Barkworth".

Durante os interrogatórios, ele se comportou de maneira corajosa e feliz. Sentenciado com um veredito formal, ele foi preso no chamado "Limbo" de Newgate, que é a prisão subterrânea. Mesmo lá, ele permaneceu alegre, até o momento da execução. Na prisão, encontrou o jesuíta Roger Filcock, que tinha sido seu colega de classe em Valladolid.

Sua execução foi agendada para 27 de fevereiro de 1601 em Londres, na infame Tyburn. Ao longo do caminho, Barkworth entoou em latim o Salmo do dia da Páscoa: "Este é o dia que o Senhor fez: alegre-mo-nos e exultemos"; o padre Filcock o seguiu na música.

Quando ele chegou à forca, incentivou o jesuíta para ter a coragem de Anne Line, uma penitente dele, que havia sido martirizada por ter recebido numerosos sacerdotes em abrigos especiais. Então, voltando-se para a multidão, ele disse: "Vim aqui para morrer como católico, sacerdote e religioso, pertencente à Ordem de São Bento. Foi por essa mesma ordem que a Inglaterra foi convertida ". 

Nosso beato usava o hábito beneditino, sob o qual ele tinha um silício em forma de camisa.
Quando seu corpo foi desmembrado e esquartejado, observou-se que seus joelhos, como os de São Tiago Menor, estavam endurecidos por frequentes orações ajoelhado. Um noviço presente na multidão, pegando as pernas em suas mãos após esquartejamento, gritou: "Qual de vocês pregadores pode mostrar um joelho similar?" Ao contrário do uso habitual, os restos dos sacerdotes não foram expostos, mas enterrados perto da forca; mais tarde, alguns católicos os levaram.

Em 8 de dezembro de 1929, o decreto sobre o martírio do padre Mark Barkworth e de outros cento e cinco mártires ingleses foi promulgado, seguido da beatificação, uma semana depois, pelo papa Pio XI, em 15 de dezembro.

27 de fevereiro - Quem se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado. Mt 23,12


Há uma humildade que vem do medo de Deus e há uma humildade que vem do próprio Deus. Há aquele que é humilde porque tem medo de Deus e o que é humilde porque conhece a alegria. Um deles, o que se humilhou porque teme a Deus, recebe a doçura no seu corpo, o equilíbrio dos sentidos e um coração permanentemente controlado. O outro, o que é humilde porque conhece a alegria, recebe uma grande simplicidade e um coração dilatado que já nada pode prender.

A providência de Deus, que vela para dar a cada um de nós o que mais lhe convém, tudo dispôs para nos conduzir à humildade. Porque, se te orgulhas com as graças da providência, esta abandona-te e voltas a cair. Recorda, pois, que não é por ti, nem pela tua virtude, que resistes às más tendências, mas que apenas a graça que te sustenta, para que não temas. Geme, chora, recorda-te dos teus pecados no tempo da prova, a fim de seres libertado do orgulho e de adquirires a humildade. Mas não desesperes. Pede humildemente a Deus que te perdoe os teus pecados.
Santo Isaac, o Sírio - séc. VII

Às vezes, nós pensamos que a humildade é ir tranquilos, ir talvez de cabeça baixa olhando para o chão... mas também os porcos caminham de cabeça baixa: isso não é humildade. Esta é aquela humildade falsa, prêt-à-porter, que não salva nem protege o coração. É bom que nós pensemos nisto: não existe verdadeira humildade sem humilhação, e se você não for capaz de tolerar, de carregar nas costas uma humilhação, você não é humilde: faz de conta, mas não é. 
Papa Francisco – 29 de janeiro de 2018

Hoje celebramos:

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

26 de fevereiro - Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. Lc 6,36



Não tem ainda o perfeito amor aquele que é ainda afetado pelo temperamento dos outros, que, por exemplo, ama uns e detesta outros ou que umas vezes ama e outras detesta a mesma pessoa pelas mesmas razões.

O perfeito amor não despedaça a única e mesma natureza dos homens só porque eles têm temperamentos diferentes mas, tendo em consideração essa natureza, ama de igual forma todos os homens.

Ama os virtuosos como amigos e os maus, embora sejam inimigos, fazendo-lhes bem, suportando-os com paciência, aceitando o que vem deles, não tomando em consideração a malícia, chegando mesmo a sofrer por eles se se oferecer uma ocasião. Assim, fará deles amigos, se tal for possível. Pelo menos, será fiel a si mesmo; mostra sempre os seus frutos a todos os homens, de igual modo.

O Nosso Deus e Senhor Jesus Cristo, mostrando o amor que tem por nós, sofreu pela humanidade inteira e deu a esperança da ressurreição a todos de igual forma, embora cada um, com as suas obras, atraia sobre si a glória ou o castigo.          

São Máximo, o Confessor – século VII

Hoje celebramos:


26 de fevereiro - Santo Alexandre de Alexandria


Alexandre que nasceu em 250. Homem de profunda cultura, unida ao zelo e bondade, foi eleito bispo em 313, para a importante sede da Igreja em Alexandria, no Egito, onde travou intensas batalhas contra a perigosa heresia propagada por Ário.

Um dos primeiros cuidados, deste bispo de sessenta anos, foi o da formação e da escolha dos religiosos entre homens de comprovada virtude. Deu início à construção da igreja de são Theonas, a maior da cidade.
Ário, sacerdote da Diocese de Alexandria, começou a espalhar entre os fiéis e religiosos uma doutrina que não concebia a divindade de Cristo. Considerava apenas o Pai como Deus, enquanto que Cristo não era divino, mas apenas um ser humano, superior aos demais.

Alexandre lutou contra o crescimento da doutrina de Ário em Alexandria convocando sínodos locais e o Concílio de Alexandria em 321 d.C., que acabou por expulsá-lo da região. Ário então fugiu para a Palestina, onde foi recebido por Eusébio de Nicomédia, que reclamou não somente a Alexandre como também ao imperador.

Os seguidores de Ário em Alexandria passaram então a se dedicar à violência em defesa de suas crenças, o que estimulou Alexandre a escrever uma encíclica à todos os bispos do Cristianismo, na qual ele relatou a história do arianismo e sua opinião sobre as falhas no sistema ariano.

Alexandre também escreveu uma confissão de fé em defesa de sua própria posição e a enviou para todos os bispos do Cristianismo recebendo amplo apoio. Ele também mantinha correspondência com Alexandre de Constantinopla, protestando contra a violência dos arianos e contra a promulgação das visões de Ário sobre a influências das mulheres e muitos outros assuntos do arianismo.

Constantino I, o único reclamante ao trono após a execução de Licínio, escreveu uma carta “para Atanásio e Ário”, exigindo que Alexandre e Ário terminassem sua disputa. O herege não atendeu ao imperador Constantino. Só então Alexandre insistiu com o papa e o imperador para a convocação o concílio de Nicéia, ocorrido em 325, onde a doutrina de Ário foi oficialmente condenada.

Nessa importante reunião o bispo Alexandre, então já muito velho e enfermo, foi acompanhado por Atanásio, que ainda não era sacerdote. Este ainda adolescente, foi notado e apreciado pelo bispo, que o tomou sob sua proteção e o fez seu secretário.

Quando voltou do concílio, Alexandre foi acolhido triunfalmente em Alexandria. Cinco meses antes de morrer em 26 de fevereiro de 328, ele dignou como sucessor naquela sede episcopal, o discípulo Atanásio, para acabar com a doutrina ariana. O culto de Santo Alexandre, patriarca da Alexandria, se difundiu sendo venerado no dia de sua morte.

domingo, 25 de fevereiro de 2018

25 de fevereiro - Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. Mc 9,2


Jesus subiu à montanha com os três discípulos que escolheu. Depois foi transfigurado por uma luz fulgurante e divina, a ponto de as Suas vestes parecerem brilhar como a luz. Seguidamente, Moisés e Elias envolveram Jesus, falaram entre eles da Sua partida, que haveria de acontecer em Jerusalém, quer dizer, do mistério da Sua encadernação e da Sua Paixão salvadora, que haveria de concretizar-se na cruz. Porque é verdade que a lei de Moisés e a pregação dos profetas tinham mostrado antecipadamente o mistério de Cristo. Esta presença de Moisés e de Elias, e a conversa entre eles, tinha como objetivo mostrar que a Lei e os profetas formavam como que o cortejo de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor que tinham profetizado. Depois de terem aparecido não se calavam, falando da glória de que o Senhor ia ser cumulado em Jerusalém pela Sua Paixão e pela Sua cruz e, sobretudo, pela Sua ressurreição.

Talvez o bem-aventurado São Pedro, acreditando que tinha chegado o Reino de Deus, tenha desejado permanecer na montanha, porque disse que deviam fazer “três tendas”.  “Não sabia o que estava a dizer”. Porque ainda não tinha chegado o fim do mundo e não será no tempo presente que os santos usufruirão da esperança que lhes foi prometida. É que São Paulo afirma: “Ele transfigurará o nosso pobre corpo, conformando-o ao Seu corpo glorioso” (Fil 3, 21).

Uma vez que o projeto da Salvação ainda não estava completo, estando apenas no seu começo, não era possível que Cristo, que tinha vindo ao mundo por amor, renunciasse a querer sofrer por ele. Porque Ele manteve a natureza humana para sofrer a morte na Sua carne, e para a destruir pela Sua ressurreição de entre os mortos.

São Cirilo de Alexandria – século V

Hoje celebramos:

25 de fevereiro - São Luis Versiglia e São Calisto Caravario


Hoje a Igreja agradece ao seu Senhor, que a abençoa e a imbui de luz com o esplendor da santidade destes filhos e filhas da China. (...)Nesta plêiade de Mártires resplandecem também 33 missionários e missionárias, que deixaram a sua terra e procuraram introduzir-se na realidade chinesa, assumindo com amor as suas características, no desejo de anunciar Cristo e de servir aquele povo. Os seus túmulos estão lá, como que a significar a sua definitiva pertença à China, que eles, apesar dos seus limites humanos, amaram com sinceridade, despendendo por ela as suas energias. "Nunca fizemos mal a ninguém responde D. Francisco Fogolla ao governador que se prepara para o golpear com a espada. Ao contrário, fizemos o bem a muitos".

Papa João Paulo II – Homilia de Canonização – 01 de outubro de 2000

Luís Versiglia (1873 – 1930)

Luís Versiglia nasceu em Oliva Gessi, na província de Pavia, Itália, no dia 5 de junho de 1873. Desde pequeno ajudava na Missa. O povo já o imaginava como padre, mas Luís não queria ouvir falar disso: o que ele queria mesmo era ser veterinário. Aos 12 anos, de Dom Bosco ouviu um dia: “Vem ter comigo, tenho uma coisa para te dizer”. Este encontro nunca chegou-se a dar, porque Dom Bosco faleceu entretanto. Mas Luís foi conquistado da mesma maneira e, no fim dos estudos, pediu para “ficar com Dom Bosco”.  Luís ficou muito impressionado com a cerimônia de entrega do Crucifixo a sete missionários. Decidiu tornar-se salesiano, com a esperança de partir para as missões.

Obtida a láurea em filosofia, em pouco tempo se preparou para a ordenação sacerdotal, que ocorreu em 1895. Com apenas 23 anos de idade, Pe. Miguel Rua, sucessor de Dom Bosco, o nomeou mestre dos noviços em Genzano, Roma, missão que cumpriu com bondade, firmeza e paciência durante dez anos.

Por insistência do bispo de Macau, em 1906, seis salesianos chegaram à China, guiados pelo Pe. Versiglia: estavam realizando reiterada profecia de Dom Bosco. Estabelecida em Macau a “casa mãe” salesiana, abriu-se também a missão de Heungchow. Pe. Luís animou toda aquela região com o estilo de Dom Bosco, criando uma banda musical muito apreciada, orfanatos e oratórios.

Em 1918 os salesianos receberam do Vigário apostólico de Cantão a missão de Shiuchow. No dia 9 de janeiro de 1921, Pe. Versiglia foi consagrado bispo. Sábio, incansável e pobre, viajava continuamente para visitar e animar os irmãos e cristãos daquela região. Sua chegada era uma festa para os povoados, sobretudo para as crianças. Foi um verdadeiro pastor, dedicado por inteiro ao seu rebanho.

Deu ao Vicariato uma estrutura sólida, com um seminário e casas de formação. Ele mesmo projetou várias residências e casas para idosos e necessitados. Cuidou convictamente da formação dos catequistas. Escreveu em seus apontamentos: “O missionário que não estiver unido a Deus é um canal que se separa da fonte”. “O missionário que reza muito, também muito realizará.” Como Dom Bosco, era um exemplo de trabalho e temperança.

Calisto Caravario (1903-1930)

Calisto Caravario nasceu em Cuorgnè, na província de Turim, Itália, no dia 18 de junho de 1903. Desde pequeno, pelo seu caráter manso e reflexivo, todos o consideravam um menino bom. Por natureza, era levado à oração.
Amava ternamente sua mãe, como testemunham as numerosas cartas que se escreviam. Aos 5 anos, transferiu-se com a família para Turim, perto do oratório de Porta Nuova. Na escola salesiana era um dos primeiros da classe. Todos os dias fazia questão de ajudar na Missa.

Aconselhado pelo diretor do oratório, Pe. Sante Garelli, entrou para o noviciado e se tornou salesiano. Em 1922, Dom Luís Versiglia estava em Turim e falou aos clérigos sobre as missões. Calisto lhe disse: “Excelência, um dia eu estarei junto com o senhor na China”.
O Pe. Garelli foi para a China. Calisto tanto insistiu que, depois de pouco tempo, conseguiu partir também. A mãe disse ao Pe. Garelli: “De boa vontade deixo meu filho nas mãos de Dom Bosco”. E Calisto escreveria: “Com todo o afeto de que sou capaz, eu te agradeço, Senhor, por me teres dado uma mãe tão boa”. “Mamãe, uma notícia que te dará alegria: esta manhã dei minha primeira aula de catecismo em chinês”.

Calisto foi mandado para Macau. Depois de dois anos seu novo destino foi a ilha do Timor, onde edificava a todos pela sua bondade e pelo seu zelo apostólico. Escreveu: “Minha boa mãe, reza para que o teu Calisto seja sacerdote por inteiro, não só pela metade”.

No dia 18 de maio de 1929, voltando para Shiuchow, Dom Versiglia o ordenou sacerdote e lhe confiou a missão de Linchow. Em pouco tempo visitou todas as famílias e conquistou a simpatia dos meninos das escolas.

O martírio.

De repente, a situação política da China entrou em ebulição. Quem mais sofria eram os cristãos e os missionários estrangeiros. As perseguições não se fizeram esperar.
No dia 13 de fevereiro de 1929, Pe. Caravario estava em Shiuchow para acompanhar Dom Versiglia na visita pastoral à sua missão de Linchow. Durante a viagem, piratas eivados de ideologia bolchevista tentam capturar as catequistas que estavam na barca dos missionários.
Pe. Calisto falou gentilmente com eles. Sem lhe dar ouvidos, espancaram os dois missionários e os obrigaram a descer da barca. Levaram-nos para uma mata. Ali, a poucos instantes da morte, Pe. Caravario se confessou com Dom Versiglia, que fez também o mesmo. Em seguida foram fuzilados.

Era dia 25 de fevereiro de 1930. Oito anos antes, Pe. Caravario dissera a Dom Versiglia: “Um dia eu estaria junto com o senhor na China”. Esteve. Na vida e na morte.

João Paulo II beatificou os mártires Luís Versiglia e Calisto Caravario em 15 de maio de 1983 e canonizou-os em 1º de outubro de 2000.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

24 de fevereiro - Beato José Mayr-Nusser

O Beato José Mayr-Nusser, pai de família e membro da Ação Católica, martirizado por se ter recusado a aderir ao nazismo por fidelidade ao Evangelho, “pela sua grande estatura moral e espiritual, ele constitui um modelo para os fiéis leigos, especialmente para os papais que hoje recordamos com afeto”. Papa Francisco – Ângelus – 19 de março de 2017

"Reze por mim, Hildelgard, para que, na hora da provação, eu possa agir sem medo e sem vacilar, assim como é meu dever diante de Deus e de minha consciência". Este foi o pedido feito por José Mayr-Nusser em sua última carta escrita para sua esposa em 27 de setembro de 1944, pouco antes de morrer.

José Mayr-Nusser nasceu em 27 de dezembro de 1910, em Bolzano, cidade do Trentino-Alto Ádige, uma cidade italiana que durante a II Guerra Mundial, foi incorporada à Alemanha, após ter pertencido, por longos anos, ao Império Austro-húngaro.

Desde muito jovem, o Beato José Mayr, sendo um bom católico praticante, tinha um pendor para a pratica das obras de caridade. Ele dispensava uma grande atenção para com os pobres e logo tornou-se membro das Conferências de São Vicente de Paulo. Participou da Ação Católica Italiana que na época era perseguida pelo regime fascista da Itália.

Em 26 de maio de 1942, José Mayr-Nusser casou com Hildegard, que era sua colega de trabalho. Dessa união tiveram um filho.
Sendo obrigado a se inscrever no Exército Nazista, recrutado, não fez o juramento que todos os recrutas deviam proferir: "Juro a ti, Adolf Hitler, Chefe e Chanceler do ‘III Reich', fidelidade e coragem. Prometo solenemente a ti e aos superiores designados, obediência até à morte. Que Deus me assista"!

Na hora em que deveria pronunciar o tal juramento, o jovem recruta, que estava com 34 anos, levantou a mão e pediu para falar. Disse ele:

-"Comandante, não posso fazer este juramento ao Chefe ("Führer").
-Por que? quê, replicou o Comandante.
-"Por motivos religiosos", respondeu.
Ainda nesta ocasião José comentou com seus camaradas:
-"Se ninguém tiver coragem de dizer o que pensa contra as ideias nazistas, nada mudará".

Depois disso, não demorou muito e ele foi preso.
Com outros prisioneiros, foi embarcado num comboio que tinha como destino, primeiro Konitz e, depois, Dantzig.
Foi em Dantzig que ele morreu no dia 24 de fevereiro de 1945. Era a véspera de sua transferência para o Campo de extermínio alemão de Dachau, onde já estava previsto seu fuzilamento por alta traição.

O novo Beato José Mayr-Nusser foi martirizado por ter renunciado firmemente - como católico - de tornar-se cúmplice de uma guerra trágica e eivada de princípios anticristãos e ateus.

Ele cumpria o que sua consciência de cristão lhe pedia: testemunhar o Evangelho.

24 de fevereiro - Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem! Mt 5,44


Deus é amor (1Jo 4,8). Foi ele quem nos deu o mandamento de nos amarmos uns aos outros e mesmo aos nossos inimigos; e é o Espírito Santo quem nos ensina esse amor. Guarda a paz do Espírito Santo e nunca a percas em troca de futilidades. 
Se provocares desgosto a teu irmão, afliges o teu próprio coração; se fizeres a paz com o teu irmão, o Senhor dar-te-á infinitamente mais… Não foi o próprio Senhor quem disse: "O Reino de Deus está em vós" (Lc 17,21)? 
É agora que começa a vida eterna, é também agora que lançamos a semente dos tormentos eternos. Peço-vos, meus irmãos, fazei a experiência! 
Se alguém vos ofender, vos caluniar, vos tirar o que vos pertence, mesmo que seja um perseguidor da Santa Igreja, rezai a Deus e dizei: "Senhor, nós somos todos tuas criaturas, tem piedade dos teus servos e conduz o seu coração à penitência". Então sentirás a graça na tua alma. 
Naturalmente que, no início, terás de te esforçar para amar os teus inimigos; mas o Senhor, ao ver a tua boa vontade, ajudar-te-á em todas as coisas e a própria experiência te mostrará o caminho. 
Aquele que, pelo contrário, meditar em coisas más contra os seus inimigos, não poderá possuir o amor nem, evidentemente, conhecer Deus.

São Siluane – século XX

Hoje celebramos:


sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

23 de fevereiro - Santa Josefina Vannini

Servir aos sofredores: este é o carisma especial de Josefina Vannini, fundadora da Congregação das Filhas de São Camilo. Ser toda de Deus, amado e honrado nos necessitados, era sua preocupação constante, traduzida para uma caridade diária sem fronteiras ao lado dos doentes, nos passos do grande apóstolo dos doentes, São Camilo de Lellis.

"Você sempre vê nos doentes a imagem do sofrimento de Jesus", repetia a mãe Vannini, convidando suas irmãs a meditar no Salvador crucificado, que o profeta Isaias apresenta como "desprezado e rejeitado pelos homens, um homem de tristeza que conhece o sofrimento" (53, 3). E é aqui, na contemplação de Cristo na cruz, a chave para a leitura da existência e da atividade da nova Beata, apontada para o povo cristão como um exemplo luminoso a ser imitado.

Quão atual é o seu testemunho e a sua mensagem! A mãe Vannini também faz um forte apelo aos jovens e aos jovens de hoje, por vezes hesitantes em assumir compromissos totais e definitivos. Ela convida a uma correspondência generosa tanto aos que são chamados para a vida consagrada como para aqueles que realizam sua vocação na vida familiar: para todos Deus tem um plano de santidade.

Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação – 16 de outubro de 1994

Judite Adelaide Vannini nasceu na Itália, no dia 7 de julho de 1859. Órfã de pai e mãe, Judite foi educada pelas Irmãs de Caridade até a idade de 21 anos. 
A data da sua Primeira Comunhão, que esperou com amor indescritível, foi também o germe de uma decisão por muito tempo pensada com especial carinho: dar-se a Deus e a Ele consagrar sua pobre vida, desejo que cultivou e fez crescer imperiosamente.

O tempo amadureceu ainda mais a decisão de que seria Deus seu único e indivisível amor. Foi aos 20 anos de idade que pediu o ingresso no convento das Irmãs de Caridade. Em 2 de março de 1883, ingressou no noviciado de Siena.  Mas, por razões de saúde, foi obrigada a voltar para Roma, para o antigo pensionato onde recebera o diploma de instrutora. Esta prova causou-lhe grande sofrimento. No silêncio, teve de aplicar-se aos trabalhos manuais (bordado) para ganhar seu pão.

Posteriormente, foi novamente aceita ao noviciado e enviada à comunidade de Montenero (Leghorn), onde permaneceu até 1886, em seguida a Bracciano até 1888, quando novamente teve de retornar ao pensionato. Era mais uma prova imposta pelo Senhor, que provava a pureza deste ouro no cadinho da humilhação. Os superiores definitivamente haviam decidido que não tinha vocação e por isto decidiram que retornasse aos afazeres do mundo.

Judite tinha então 29 anos. A boa superiora do pensionato encontrou alojamento para ela nos arredores da cidade, e percebendo a piedade e a disponibilidade de Josefina, explicou-lhe que aceitariam de boa vontade que permanecesse entre elas, mas este tipo de vida não era compatível com seu caráter de profunda espiritualidade. Além de todos estes contratempos, teve de lutar contra as intenções de seu irmão Augusto, que tentava dissuadi-la da ideia de sua eventual consagração à Deus e a aconselhava a permanecer entre eles para formarem uma só família.

Aos trinta e poucos anos confiou-se aos cuidados de sua tia e madrinha Ana Maria.  A esta altura todas as suas aspirações pareciam ter caído por terra, mas o Senhor a predispunha para outros horizontes sem contudo poupá-la de muitos outros sacrifícios e renúncias. Os frutos destes dois anos em que ali permaneceu, imprimiu nela ainda mais a qualidade incontestável de seu caráter, o grande abandono em Deus e a mais perfeita obediência ao seu diretor espiritual.

Numa conversa privada que teve com o Padre Luís Tezza, Judite abriu a sua alma ao pregador.  Falou de seus projetos, dos seus malogros, das suas aspirações. Enquanto o Padre Luís a ouvia pela primeira vez, descobria nela rara sabedoria e uma grande maturidade espiritual. E viu nela um belo instrumento a ser usado em uma fundação em amadurecimento. Havia chegado o momento em que Deus realizaria nela plenamente a Sua vontade.
O Padre Tezza não perdeu tempo: expondo-lhe os detalhes de uma fundação movida pelo espírito de São Camilo de Lellis, propôs que nela colaborasse. Judite pediu um tempo para dar uma resposta definitiva. Após refletir sobre a proposta diante de Deus, finalmente aceitou o encargo, colocando-se à inteira disposição do Padre Luís Tezza.  Assim, na humildade e no silêncio, surge a nova fundação.

Obtendo permissão de seus superiores eclesiásticos, no dia 2 de fevereiro de 1892 (festa da Purificação de Nossa Senhora e aniversário da conversão de São Camilo de Lellis), Judite e duas companheiras foram empossadas em um pequeno apartamento na Rua Merulana, 141. Mantidas na solidão, no silêncio, oração e trabalho, santamente preparavam-se para receber o ingresso na Congregação Filhas de São Camilo.  Foi na festa de São José, em 19 de março de 1892, que Judite tomou o nome definitivo de Irmã Maria Josefina, tornando-se superiora da pequena comunidade.

É fácil imaginar a suprema alegria do Padre Luís, das suas primeiras filhas e dos camilianos presentes. Uma nova congregação tinha nascido, limitada, extremamente pobre, mas com plena confiança depositada em Deus, na Santíssima Virgem, em São José, escolhido como protetor específico, sob a proteção paterna de São Camilo de Lellis.
Em 1909 a fundadora atingiu a idade de cinquenta anos. Exatamente neste ano Nosso Senhor concedeu a ela a alegria desejada por muito tempo: a aprovação eclesiástica do Instituto. O cardeal vigário, Pedro Respighi, por decreto firmado em 21 de junho de 1909, criava os piedosos asilos, junto à Congregação de Direito Diocesano e aprovava as suas constituições.

Madre Josefina Vannini, frágil desde a juventude, nunca teve boa saúde. Os sofrimentos da adolescência, as desilusões da juventude, o peso da fundação, a apreensão e o amor intenso e dedicado às suas religiosas, consumiram-na sobremaneira.  Seu coração estava cansado e não batia mais regularmente.
Por ocasião de uma visita à uma comunidade, retornou extremamente esgotada e foi obrigada, pela grande fraqueza, a pôr-se de cama. Todos estavam conscientes de que a Madre tinha chegado a uma fase em que talvez não pudesse mais continuar nas suas funções de superiora. Ela mesma havia compreendido isto e com muita resignação facilmente aceitou os afetuosos cuidados de suas filhas.

Pouco tempo de vida restou-lhe depois disto. Ao final da jornada, um padre escreveu sobre ela: “Como ocorre em cada boa alma, nesta enfermidade terminal resplandecerá mais do que nunca as virtudes que a acompanharam durante sua vida religiosa. Piedade para com Deus, paciência nas suas dores, afeição para seus irmãos, docilidade aos confessores, mortificação para si mesma, gratidão em cada pequeno serviço, humildade nos sentimentos, espírito de fé e amor de Deus, eram coisas que a animavam eu diria quase continuamente”.

Estando próximo o fim, repetia aos padres que a assistiam frases de amor e de fé em Deus e na Virgem. À véspera de sua morte quis ver as suas filhas, dando-lhes as últimas instruções. Morreu serenamente na noite de 23 de fevereiro de 1911, aos cinquenta e dois anos, em Roma.

Em apenas 19 anos de trabalho, Madre Josefina Vannini conseguiu difundir o seu providencial instituto na Itália, na França, na Bélgica e na América do Sul. Hoje as Filhas de São Camilo trabalham em quatro continentes: Europa, Ásia, África, América.

A causa de canonização foi enviada ao tribunal do Vicariato de Roma em 1955. Em 16 de outubro de 1994 João Paulo II a proclamou Beata e em 13 de outubro de 2019 o Papa Francisco a canonizou.

23 de fevereiro - Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta. Mt 5,23-24


Perguntarás: «Deixarei a oferta e o sacrifício diante do altar?» E Ele responde : «Com certeza, porque o sacrifício é oferecido precisamente para viveres em paz com o teu irmão.» Assim, pois, se o objetivo do sacrifício é a paz com o teu próximo, e tu não salvaguardas a paz, de nada serve participares no sacrifício, nem sequer com a tua presença. A primeira coisa que tens a fazer é restabelecer a paz, essa paz pela qual, repito, é oferecido o sacrifício. Então tirarás bom proveito deste.

Porque o Filho do Homem veio ao mundo reconciliar a humanidade com Seu Pai. Como diz Paulo, «Agora, Deus reconciliou todas as coisas Consigo» (Col 1, 22), «levando em Si próprio a morte à inimizade» (Ef 2, 16). É por isso que Aquele que veio trazer a paz nos proclama bem-aventurados se seguirmos o Seu exemplo, e nos dá o Seu nome como herança: «Bem-aventurados os obreiros da paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9). Portanto, realiza tu, na medida das possibilidades da natureza humana, aquilo que fez Cristo, o Filho de Deus. Faz reinar a paz entre os outros como ela reina em tua casa. Não é verdade que Cristo dá o nome de filhos de Deus aos amigos da paz? É por isso que a única disposição que quer de nós quando vamos apresentar um sacrifício é que estejamos reconciliados com os nossos irmãos, mostrando-nos assim que a caridade é a maior de todas as virtudes.

São João Crisóstomo – século V

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