Miguel Garicoits
nasceu no dia 15 de abril de 1797, na cidade de Ibarre, um vilarejo na França.
Era o mais velho dos cinco filhos do casal, Arnaldo e Graciana, que eram
camponeses humildes e muito piedosos. A família acolhia em sua casa inúmeros
padres fugitivos do terror da Revolução Francesa, prestando-lhes cuidados. Por
conta das atrozes perseguições, ele só foi batizado seis meses depois do seu nascimento,
seu temperamento fogoso fez-se sentir já nessa ocasião, pois quando o padre lhe
derramou na cabeça a água batismal, agarrou com suas mãozinhas a folha do
ritual e a rasgou!
O pequeno Miguel
crescia em graça e santidade. Um menino muito alegre e cheio de saúde que
contou com a providencial companhia de sua mãe que continha seu ímpeto
direcionando-o para as coisas cristãs. No coração do pequeno Miguel, ardia o
desejo pela eucaristia e quando foi morar na cidade de Oneix teve a
oportunidade de frequentar os estudos de Catecismo. Aos 14 anos fez sua
primeira comunhão. Agora o jovem Miguel aspirava ao sacerdócio e por
providência de Deus foi acolhido por um dos padres – que fora refugiado por sua
família – e que o inscreveu nos estudos no colégio Saint Palais.
Notável nos estudos,
logo concluiu o ensino superior e aos 26 anos o Bispo de Bayonne, conferiu-lhe
a ordenação presbiteral no dia 20 de dezembro de 1823. Com um mês de ordenado
foi nomeado vigário cooperador na cidade de Cambo. Com muito zelo assumiu sua
missão e deu forte testemunho de acolhimento, formação catequética e amor à
sagrada liturgia, fomentando muitas vocações e conversões na cidade.
Foi então designado
pelo Bispo para o seminário de Bétharram, como professor de Filosofia e no
intuito de realizar lá os feitos outrora realizados em Cambo. De fato, o
seminário encontrava-se em profunda desordem, mas foi energicamente reformulado
pela atuação pastoral do padre Miguel Garicoits.
Desta missão nasceu a
Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus de Bétharram no ano de
1835. Miguel e outros dezessete sacerdotes empreenderam a esplendorosa missão
em favor da evangelização e formação dos filhos de Deus.
Durante trinta anos,
dirigiu com sabedoria a nova Congregação. Percorria vilas e aldeias,
evangelizando a juventude, os operários e os trabalhadores agrícolas. Enquanto
os Bétharramistas se espalhavam pelas dioceses francesas, formava-se em torno
de seu Fundador um halo de santidade e de estima. Seu confessionário estava
sempre assediado por pessoas vindas de todas as partes. A todos acolhia com
bondade, paciência e firmeza, procurando incutir-lhes o amor à Cruz e à
Santíssima Virgem.
Bispos e outras
personalidades importantes acorriam a Bétharram para consultá-lo. Por expressa
solicitação do Bispo de Tarbes, ele teve dois encontros com Santa Bernadette
Soubirous, a fim de verificar a autenticidade dos fatos ocorridos em Lourdes.
Essas duas entrevistas com a jovem vidente reforçaram sua convicção pessoal de
que indubitavelmente a Virgem Maria aparecera na Gruta de Massabielle.
Nos últimos dez anos
de sua existência, dolorosas enfermidades vieram aumentar os seus sofrimentos.
E quando, por fim, sentiu que Deus o chamava para junto de Si, deu-Lhe a
resposta que caracterizou toda a sua vida: “Eis-me
aqui, Senhor”.
Na madrugada da festa
da Ascensão de 1863, dia 14 de maio, após receber todos os sacramentos,
entregou sua alma a Deus, pronunciando o primeiro versículo do Salmo 50: “Miserere
mei, Deus, secundum magnam misericordiam tuam” – Tende piedade de mim,
ó Deus, segundo Vossa grande misericórdia.
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