segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Santo Augusto Chapdelaine

Ser missionário! Esse era o maior desejo do jovem Augusto. Partindo da França para a longínqua China no século XIX, enfrentou todos os perigos para evangelizar, anunciar Jesus. Espancado inúmeras vezes não vacilou na fé, entregou-se totalmente, dando a vida por amor ao Senhor da Vida.

Santo Augusto Chapdelaine nasceu em 1814 em Coutances (França). Seus pais tiveram nove filhos e trabalhavam em uma pequena fazenda da família. Augusto desde cedo se distinguiu por sua piedade e generosidade. No trabalho de campo, ele trabalhava por quatro. A morte arrebatou dois de seus irmãos. Isso minimizou os braços no trabalho e a família foi forçada a dividir a propriedade. Então Augusto pode satisfazer seu desejo de abraçar o sacerdócio. Em 1844, foi nomeado pároco e seu zelo efetuou maravilhas no meio de seus paroquianos.

Em 1851 ele se sentiu chamado a missões estrangeiras e após um curto período de preparação na Casa das Missões Estrangeiras de Paris, partiu para a China. Depois de mil aventuras perigosas, ele chegou ao local em que seus superiores lhe tinham enviado, tinha 38 anos de idade.

Na China a religião cristã era proibida e era perseguida em maior ou menor intensidade dependendo do Mandarim de cada província. Em dezembro de 1854, ele foi denunciado, por ciúmes, ao Mandarim (rei) da região por um homem ter se convertido. Ele foi preso e passou alguns dias de ansiedade na prisão, mas o Mandarim se mostrou bondoso e não lhe causou dano algum. Padre Chapdelaine voltou com mais impulso à sua obra apostólica, realizando muitas conversões, apesar de seu conhecimento imperfeito da língua.

Mas algum tempo depois, um novo Mandarim substituiu o primeiro. Padre Chapdelaine foi denunciado pela segunda vez e feito prisioneiro, com alguns dos seus cristãos. 
Suas respostas corajosas provocaram a ira dos juízes que o condenaram a ser chicoteado. O mártir ficou meio surdo, como resultado da punição, mas não pronunciou qualquer queixa ou protesto e um ou dois dias depois, milagrosamente  tese sua saúde restaurada. 
O Mandarim, acreditando que sua cura foi devido a mágica, ordenou que o padre fosse banhado no sangue de um cão para cancelar o feitiço.
A segunda vez que o Padre Chapdelaine apareceu perante os juízes, foi condenado a três centenas de golpes na cara com uma espécie de sola de couro pesada; na prova, ele perdeu vários dentes e teve a mandíbula quebrada. 
Finalmente, os juízes deram a entender que o iriam liberar pelo pagamento de  1.000 taels, ou mesmo de 300, mas os cristãos não conseguiram recolher esse valor. 

Assim, tendo se recusado a renunciar à sua fé, os juízes condenaram-no a morrer por asfixia lentamente numa pequena caixa de ferro no dia 29 de Fevereiro de 1856, em Xilin (Guangxi). Depois de morto, foi ainda decapitado e o seu corpo dado aos cães como alimento. Do seu pescoço brotaram três fluxos de sangue, o que convenceu a todos os presentes da presença de Deus nele. 

Foi beatificado em 27 de maio de 1900 pelo Papa Leão XIII  e o Papa João Paulo II o canonizou em 01 de outubro de 2000. 

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Beata Maria de Jesus Deluil Martiny

Filha de um brilhante advogado e excelente católico, sua mãe era descendente da Venerável Ana Madalena Remuzat, a visitandina que durante a peste de 1720 havia conseguido que Marselha se consagrasse ao Coração de Jesus. Assim, a devoção ao Sagrado Coração era considerada "patrimônio familiar".

Madre Maria de Jesus foi uma religiosa, uma contemplativa, mas não vivia nas nuvens, fora do mundo. Nem era ignorante ou ingênua. A família e o ambiente do qual provém lhe abriram os olhos a tudo. Assim, o quadro que traça nesta carta de 8 de dezembro de 1882 é completo, a visão da História do mundo é lúcida, com um conhecimento claro de quanto gera na sociedade a rebelião contra Cristo e a Sua Igreja. Na segunda parte da carta, ela escreve:
"Ao ver o triunfo do erro, a aparente legalidade com que se quer legitimar tanto mal, deveríamos nos desesperar do presente e do futuro? Não, irmãs, nunca! Jesus venceu satanás e o mundo! A Jesus Cristo pertence todo poder; ao ouvir o seu Nome todos os joelhos se dobram, inclusive nos abismos. As nações Lhe foram dadas em herança. Enquanto Ele permite que o monstro infernal se agite aos seus pés em fugazes e falsos sucessos, Ele vence e triunfa, os Anjos já cantam a Sua vitória definitiva. As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja fundada por Ele. O triunfo final não é para aqueles que trazem as insígnias do dragão, mas para nós que levamos o nome de Jesus Cristo sobre nossas frontes e o Seu amor em nossos corações!"

Maria nasceu em Marselha a 28 de maio de 1841. Foi educada pelos pais e pelas religiosas da Visitação. Um dia as Irmãs contam suas travessuras ao Monsenhor de Mazenod, fundador dos Oblatos de Maria Imaculada, que lhes responde: "Não se inquietem, são coisas de menina; verão que um dia será a Santa Maria de Marselha".
Aos 16 anos, prossegue sua formação em Lyon com as religiosas do Sagrado Coração, fundadas por Santa Sofia Barat.
Terminados os estudos superiores em 1858, fez exercícios espirituais e consultou São João Batista Vianney, o Santo Cura d’Ars, sobre a própria vocação. O Santo respondeu-lhe: “Minha filha, antes de a conheceres, terás de rezar muitos Veni, Sancte Spiritus (Vem, Espírito Santo). Sim, serás toda de Deus, mas deverás esperar longamente no mundo”. De fato, aguardou durante anos a inspiração do que Deus queria dela.
Embora ainda vivendo com a sua família, ocupando-se de seus pais, pratica as obras de apostolado, coloca-se a serviço dos pobres, ajuda os sacerdotes e as missões. Daniel Comboni, em sua viagem à França, teve a ajuda da jovem Maria.
Em 1864, providencialmente cai em suas mãos um folheto procedente da Visitação de Bourg-en-Bresse intitulado: Guarda de honra do Sagrado Coração: finalidade da obra. A jovem lê e relê essas linhas que parecem dirigidas a sua alma de fogo. A 7 de fevereiro escreve ao Mosteiro solicitando ser inscrita na Guarda de honra e oferecendo-se, cheia de entusiasmo, para trabalhar pela obra.

Inicia-se então uma ativa correspondência entre a Irmã Maria do Sagrado Coração e a "pequena Maria", como a chama carinhosamente a fundadora. Maria consegue seu primeiro êxito fazendo chegar a Guarda de Honra até Santa Sofia Barat, que se inscreve com todas suas religiosas.
No dia 5 de junho do mesmo ano, o Cardeal de Villecourt consagra solenemente a nova igreja de Nossa Senhora da Guarda, em Marselha.
Graças à direção espiritual do Padre Calage, ela vai pouco a pouco conhecendo a sua vocação. O Bem-aventurado Papa Pio IX e o Cardeal Dechamps, Arcebispo de Malines-Bruxelas, se interessaram por ela. Este último a define como “a Santa Teresa d’Ávila do nosso século”.

Finalmente, a 20 de junho de 1873, solenidade do Sagrado Coração de Jesus, com algumas amigas, funda o Instituto das Filhas do Coração de Jesus, cuja finalidade é dedicar-se, na clausura, à adoração da Eucaristia, à oração e à imolação pela conversão do mundo distante de Deus, reparação pelos sacrilégios e pela santificação dos sacerdotes. O centro é Jesus Eucarístico oferecido ao Pai em todos os altares do mundo, presente no Tabernáculo, adorado noite e dia, vivido na intimidade da graça santificante e da caridade. O seu modelo, como ela mesma explica, é Nossa Senhora.
Seguiram-se breves e densos anos. Muitas jovens acorreram e Madre Maria de Jesus – nome que adotou quando se tornou religiosa – funda mais dois mosteiros: Aix-en-Provence eLa Servianne, perto de Marselha, numa propriedade herdada de sua mãe.
Madre Maria cresce na intimidade com Jesus, educa as suas “filhas” nessa intimidade com Ele e na doação total. As suas “filhas” a amam como a uma mãe.
No mês de abril de 1882 é obrigada a fechar o mosteiro de Aix-en-Provence devido à ameaça de perseguição por parte do governo francês. As religiosas são acolhidas parte em Berchem, parte em La Servianne.

Madre Maria de Jesus escreve: “Legalmente, eles não têm nenhum poder sobre nós na La Servianne: estou na minha casa, na propriedade da minha família por quatro gerações e nenhum tribunal pode me mandar sair daqui. Mas, em nome da revolução, com o motim, os infames poderão quanto Deus permitir. Não haverá regras que os detenham. Quanto a nós, permaneçamos muito tranquilas...”.
"A Igreja prossegue de luta em luta, de conquista em conquista, até a eternidade bendita. Engana-se quem quisesse, no momento presente, julgar o conjunto das coisas. Nós temos a promessa e a certeza da vida eterna e, aquilo que conforta: Deus triunfa tão mais grandiosamente quanto mais a nós custa a vitória...."
"A nossa tarefa é lavrar a terra, trabalhar removendo penosamente o terreno! Outros colherão a seara... Mas esta, fecunda e copiosa, será colocada certamente no celeiro do Pai celeste... Modestas operárias desta grande obra, trabalhemos no silêncio e na esperança. Rezemos - é a condição para o sucesso; reparemos, porque a dor suprema é a de ver Deus ultrajado e blasfemado; soframos, lutemos, morramos, se for preciso, certas de que lá no alto a Providência vela, a Onipotência de Deus nos assiste e tornar-se-á vitoriosa..."
"Nós somos da estirpe de Maria Santíssima, a qual Deus mesmo pôs na inimizade perpétua com a raça de satanás, estirpe à qual Ele dá a vitória por meio de Jesus Cristo, sem, entretanto, eximi-la da fadiga, nem privá-la da honra e do mérito da luta".

Madre Maria de Jesus teve que vencer não poucas dificuldades até ver o seu Instituto aprovado. Governou-o apenas durante dez anos, porque no dia 27 de fevereiro de 1884 foi barbaramente assassinada por um jardineiro que havia sido despedido do Convento La Servianne por sua preguiça e desleixo. Ele era ligado a grupos anarquistas e nela o assassino descarregou o seu ódio à Fé. Suas últimas palavras são: "Eu o perdôo! Pela a Obra!" Ela se tornou virgem e mártir como sempre havia desejado.

A 22 de outubro de 1989 foi solenemente beatificada pelo Papa João Paulo II em Roma.


Beata Maria Caridade Brader

Com ouvidos atentos à voz do Senhor, entra em um mosteiro de clausura na Suíça, e, depois se oferece para partir em missão na América. Soube conjugar admiravelmente a vida contemplativa com a atividade missionária e, para promover a formação cristã, fundou as Irmãs Franciscanas de Maria Imaculada.  "Extremamente generosa, não recua diante de qualquer sacrifício... podendo prestar grandes serviços à missão".

Nasceu em Kaltbrunn (Suíça), a 14 de Agosto de 1860 e foi batizada com o nome de Maria Josefa Carolina.
Educada em uma família piedosa, ela era conhecida como uma menina muito inteligente e recebeu a melhor educação que os seus pais podiam dar. Seus pais tinham grandes planos para o seu futuro, mas em vez de continuar os estudos ela sentiu um forte chamado para a vida religiosa e entrou para o convento franciscano, recebendo o nome de Maria Caridade do Amor do Espírito Santo. Emitiu os votos religiosos no dia 22 de Agosto de 1881 e foi destinada ao ensino no colégio anexo ao mosteiro de Altstätten.

Quando Dom Pedro Schumacher, então Bispo de Porto Velho (Equador) escreveu às religiosas desse convento, pedindo voluntárias para o trabalho missionário na sua diocese, a Beata Maria Bernarda Bütler, Superiora, partiu acompanhada de cinco religiosas, entre as quais incluiu Maria Caridade, definindo-a com as seguintes palavras:  "Extremamente generosa, não recua diante de qualquer sacrifício... podendo prestar grandes serviços à missão".
Partiram para a localidade de Chone em 1888. Depois de um longo e duro trabalho de catequese às crianças, em 1893 a Madre Maria Caridade foi destinada a uma fundação em Túquerres (Colômbia), onde manifestou todo o seu ardor missionário, sem poupar qualquer esforço no serviço aos indígenas do lugar, preocupando-se sobretudo com os pobres e marginalizados que ainda não conheciam o Evangelho.

No ano seguinte, fundou a Congregação das Franciscanas de Maria Imaculada, cujos primeiros membros foram algumas jovens suíças que, atraídas pelo exemplo da Madre Caridade, abraçaram o difícil trabalho missionário nessa região. Depois, as fileiras da Ordem nascente aumentaram com as vocações autóctones.

Reconciliando lindamente a contemplação com a ação, Madre Maria exortava as suas filhas espirituais a dedicar-se à preparação acadêmica sem, contudo, "deixar esmorecer o espírito de oração e devoção”.

Alma eucarística por excelência, encontrava em Jesus sacramentado os valores espirituais que davam intensidade e sentido à sua vida. Levada por este amor, obteve o privilégio da Adoração eucarística perpétua, que deixou como a maior herança para a sua comunidade, juntamente com o amor e a veneração pelos sacerdotes, ministros de Deus.
Foi a guia espiritual da Congregação de 1893 a 1919 e de 1928 a 1940, recebendo a aprovação pontifícia da sua Ordem em 1933. Depois, pressentindo a sua morte, exortou ainda as suas filhas à caridade para com os pobres e à obediência aos Bispos e sacerdotes, vindo a falecer com 83 anos, em Pasto (Colômbia), no dia 27 de Fevereiro de 1943.


Foi declarada Venerável em 29 de junho de 1999, e beatificada em 23 de março de 2003 pelo Papa João Paulo II.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Beata Piedade Da Cruz Ortiz Real

A Madre Piedade da Cruz Ortíz Rea, fundadora das Salesianas do Sagrado Coração em Alcantarilla (Múrcia), é um maravilhoso exemplo da reconciliação que nos propõe São Paulo: "Foi Deus quem reconciliou o mundo consigo, em Cristo" (2Co 5,19). Mas Deus pede a colaboração dos homens para levar a cabo a sua obra de reconciliação. A Madre Piedade reuniu as diversas jovens desejosas de mostrar aos humildes e aos pobres o amor do Pai providente manifestado no Coração de Jesus, dando assim vida a uma nova família religiosa. Modelo de virtudes cristãs e religiosas, enamorada por Cristo, pela Virgem Maria e pelos pobres, deixa-nos o exemplo de austeridade, oração e caridade para com todos os necessitados. Papa João Paulo II – Homilia de Beatificação

Tomasa Ortiz Real nasceu em Bocairente, Valência (Espanha), no dia 12 de novembro de 1842, tendo sido batizada no dia seguinte. Recebeu a Primeira Comunhão aos dez anos, sacramento que despertou nela o desejo de pertencer inteiramente a Nosso Senhor e viver para Ele.
Completou a sua formação humana e espiritual no Colégio de Loreto, que as religiosas da Sagrada Família de Burdeos tinham em Valência. Pediu várias vezes para ingressar no noviciado desse Instituto, mas seu pai, considerando a situação política da época e a pouca idade da menina, obrigou-a a voltar para casa.

Esta etapa da sua vida em Bocairente foi caracterizada por três aspectos: o espírito de piedade e de oração, a sua dedicação em fazer o bem às crianças pobres, aos idosos e aos doentes, e o empenho em dar uma resposta àquilo que sentira no seu íntimo no dia da Primeira Comunhão.

Tomasa fez sem sucesso algumas tentativas para ingressar em um convento de clausura. Ela intuiu depois que Deus não queria que ela seguisse aquele caminho. Ela então pediu a Ele que lhe indicasse claramente a Sua vontade e, retirando-se em oração, recitava assim: "Tua, meu Jesus, desejo ser tua, porém, diz-me onde".

Tendo a certeza de sentir-se chamada para uma vida de especial consagração, mas com a dúvida de onde Deus a queria, Tomasa dirigiu-se para Barcelona. Depois de muitas dificuldades, ali o Senhor respondeu à sua busca vocacional, fazendo-a viver uma profunda experiência mística na qual o Coração de Jesus, mostrando-lhe o seu lado esquerdo ensanguentado, lhe disse: "Olha como me deixaram os homens com a sua ingratidão. Queres ajudar-me a levar esta cruz?". Tomasa respondeu: "Senhor, se tens necessidade de uma vítima e me queres, estou aqui". Então, o Redentor disse-lhe: "Funda, minha filha, que sobre ti e sobre a tua Congregação concederei sempre misericórdia".
     
Esta experiência foi determinante para Tomasa, dando-lhe uma certeza tão grande que nunca a tirou de sua mente e do seu coração. Naquele momento ela compreendeu que Deus lhe pedia para dar vida a um novo Instituto. A pergunta agora era: “onde fundar?”. O Bispo D. Jaime Catalá indicou-lhe que abrisse seu coração com seu confessor e fizesse o que ele mandasse.
     
No mês de março, acompanhada de três postulantes, Tomasa saiu de Barcelona a caminho de Puebla de Soto, a 1 km de Alcantarilla, para fundar ali, com a autorização do Bispo de Cartagena-Murcia, a primeira Comunidade de Terciárias da Virgem do Carmelo.

Após a tragédia das inundações de 1884, eclodiu a cólera. Tomasa, que então havia tomado o nome de Piedade da Cruz, e suas Filhas se desdobraram no cuidado dos doentes e a das meninas órfãs em um hospitalzinho que ela chamou de “A Providência”.
     
Foram chegando mais jovens atraídas pelo modo de viver daquelas primeiras Terciárias Carmelitas. A Casa tornou-se pequena e foi preciso comprar a de Alcantarilla. Uma nova comunidade se estabeleceu em Caudete. Tudo fazia pensar que finalmente ela havia encontrado o lugar onde levaria a cabo sua vocação.

Entretanto, uma nova cruz: no mês de agosto as irmãs de Caudete foram para Alcantarilla e levaram as noviças, deixando Madre Piedade da Cruz somente com a Irmã Alfonsa. Foram dias de muita dor. A Fundadora, como sempre, se refugiou na oração; prostrando-se diante de Nosso Senhor Jesus Cristo ali permanecia horas e horas a seus pés.
     
Depois de imensas dificuldades e tribulações, no dia 8 de setembro de 1890, chegou para ela a hora de Deus. Nascia na Igreja a Congregação das Irmãs Salesianas do Sagrado Coração de Jesus na qual se devia amar, servir e reparar, ver o rosto do Senhor nas meninas órfãs, nas jovens operárias, nos doentes, nos idosos abandonados e ajudá-los a levar a cruz.
     
Embora toda a vida de Madre Piedade tivesse sido uma renúncia do mundo, ela não deixou o mundo, continuou nele fazendo o bem e lutando contra o mal. São testemunha disto casamentos que ela impediu que se desfizessem, jovens que ela ia buscar nas fábricas para formá-las na escola dominical, meninas sem lar que amou entranhadamente, idosos solitários, doentes...
Viveu pobre e morreu pobre, sentada em uma cadeira, porque “Aquele – dizia indicando o Crucifixo – morreu na cruz e eu não devo morrer na cama, se não na terra”.
Madre Piedade da Cruz expirou com o crucifixo nos lábios e na santa paz de Deus, num sábado, dia 26 de fevereiro de 1916.
Depois de um estudo exaustivo sobre as virtudes praticadas por Madre Piedade da Cruz, em 1º de julho de 2000 elas foram reconhecidas como heroicas; e a 21 de março de 2004, Madre Piedade foi beatificada em Roma


quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Beata Maria Ludovica De Angelis

A Beata Ludovica nos convida a viver ardentemente a caridade e a mostrar com nossas obras uma Fé autêntica e audaz para fazer o bem, ela é um claro modelo para a vida religiosa, que pode oferecer uma notável contribuição às consagradas que trabalham em centros assistenciais.

Ensina que a consagração na Igreja, quando se vive a fundo, arraigada e edificada em Cristo, produz inevitavelmente frutos de santidade.

Os vários anos passados no Hospital de Niños de La Plata (Argentina) tiveram o lema "fazer o bem a todos, não importa a quem". Nessa tarefa, viveu para atender as crianças doentes, trabalhou junto com os médicos e foi um exemplo para as outras religiosas. Com as crianças doentes teve um amor concreto e generoso e enfrentou sacrifícios para ajudá-los. Com seus colaboradores no Hospital de La Plata foi um modelo de alegria e responsabilidade e criou um ambiente familiar.

A Irmã Maria Ludovica De Angelis nasceu no dia 24 de Outubro de 1880 na Itália, em São Gregório, uma pequena cidade do Abruzzo. Com a sua chegada, a primeira dos oito irmãos, foi batizada na mesma tarde do seu nascimento, com o nome de Antonina. Com o passar dos anos, o contato com a natureza e a dura vida do campo, a menina crescia límpida e simples, trabalhadeira e rica de sensibilidade, transformando-se ao mesmo tempo numa jovem forte e delicada, ativa e reservada como todas as pessoas daquela esplêndida terra.

No dia 7 de Dezembro do mesmo ano do nascimento de Antonina, faleceu em Savona uma Irmã, que escolheu de dar a vida em plenitude no seguimento de Cristo, que disse: «Sede misericordiosos, como é misericordioso o vosso Pai... Tudo aquilo que fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes...». Era a Santa Maria Josefa Rossello, que deu a vida em Savona, no ano de 1837, ao Instituto das Filhas de Nossa Senhora da Misericórdia: uma família religiosa que então caminhava pelas estradas do mundo e com o exemplo atraia muitas jovens ao mesmo ideal.

Era aquilo que Antonina esperava: sentia no coração que os seus sonhos encontravam eco nos sonhos da Madre Rossello. E não foi necessária outra coisa. Ingressou entre as Filhas da Misericórdia no dia 14 de Novembro de 1904. No momento da vestição recebeu o nome de Irmã Maria Ludovica.

Três anos após o seu ingresso, exatamente no dia 14 de Novembro de 1907, viaja para Buenos Aires onde desembarca no dia 4 de Dezembro do mesmo ano. Desde esse momento a Irmã Ludovica apresenta-se discreta e corajosa, com gestos humildes, silenciosos, dedicando-se inteiramente, apesar da sua pouca cultura.

Entretanto é admirável naquilo que consegue realizar sob os olhos daqueles que a rodeiam, mesmo se o seu castelhano é simpaticamente italianizado com um acento característico, sem muita dificuldade para ser compreendido. Não formula programas e estratégias, não tem tempo e nem capacidade. Mas, doar-se com toda a alma, isto sim.

O Hospital das Crianças ao qual é enviada e que imediatamente adota como sua família, a vê primeiro como solícita cozinheira, depois torna-se responsável da comunidade, infatigável anjo da guarda da obra que ao seu redor se transforma gradualmente na família unida com um único fim: o bem das crianças.

Serena, ativa, audaz nas iniciativas, forte nas provas e na doença, com o inseparável Terço entre as mãos e com o sorriso nos olhos, Irmã Luísa torna-se ela mesma às escondidas, através da sua bondade sem limites, incansável instrumento de misericórdia, para que a mensagem do amor de Deus chegue clara a cada um dos seus filhos.

O único programa expressamente formulado é a frase seguinte: «Fazer o bem a todos, não importa a quem». E se realizam assim com financiamentos que só o céu sabe como a Irmã Luísa consegue obter, salas de operação, sala para os pequenos hospitalizados, novas máquinas, um edifício no Mar do Prata para as crianças convalescentes, uma Capela que hoje é Paróquia, e uma florescente feitoria em City Bell, a fim de que os seus protegidos tivessem sempre uma alimentação sadia.

Durante 54 anos a Irmã M. Luísa será a amiga e confidente, conselheira e mãe, guia e conforto para centenas e centenas de pessoas, de qualquer classe social. No dia 25 de Fevereiro de 1962 concluiu o seu caminho aqui na terra, mas que permanece ainda hoje, — todo o pessoal, médicos em particular — não se esquecem e o Hospital das Crianças assume o nome de «Hospital Superiora Ludovica».


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Beata Ascensão Nicol Goñi

No início do século XX, aos 45 anos, Irmã Ascensão, deixa sua vida de professora e religiosa na Espanha e parte como missionária para o Peru. Vai para as regiões mais afastadas, no meio da floresta, e ali, descobre a verdadeira alegria:
"Não posso explicar o que a minha alma experimenta... Nunca me senti tão próxima de Deus, como nos meus 16 meses na montanha".

Ascensão Nicol Goñi nasceu no dia 14 de Março de 1868, na localidade de Tafalla, Navarra (Espanha), e recebeu o nome de batismo Florença.
Ainda adolescente, entrou no colégio de Santa Rosa de Lima, na cidade de Huesca. O contato assíduo com a vida religiosa dominicana levou-a a interrogar-se imediatamente sobre a sua vocação, que pouco a pouco começou a definir-se na sua alma. Depois de ter emitido os primeiros votos, começou a trabalhar como professora, função esta que desempenhou durante vinte e oito anos.

Quando o Estado confiscou as Escolas da Comunidade de Huesca, as religiosas perderam uma boa parte do seu trabalho e das suas atividades de apostolado. Desejando trabalhar em favor das missões, elas ofereceram-se para desempenhar o seu serviço religioso no Peru; em 1913, acompanhada pelo Servo de Deus Frei Ramón Zubieta, perito em viagens missionárias difíceis, Madre Ascensão partiu com a primeira expedição, formada por cinco religiosas e três missionários, estabelecendo-se primeiro em Lima, onde ficou à espera de poder partir para o Vicariato Apostólico de Urubamba y Madre de Dios (atualmente, Porto Maldonado), na selva peruana.

Depois de uma viagem longa e arriscada, através dos Andes e da navegação de rios perigosos, em 1915,  Madre Ascensão e outras duas religiosas chegaram ao seu destino, situado na confluência de dois grandes rios, Madre de Dios e Tambopata, através dos quais então se realizavam todas as comunicações locais.

As religiosas foram recebidas com demonstrações de alegria e afeto, e retribuíram com o compromisso na causa da promoção da mulher e da educação das crianças, gestos inauditos para as populações que habitavam a floresta. Madre Ascensão era a prova de que Deus estava presente nesse lugar longínquo, no meio dos pobres.

A sua vida missionária dava-lhe tanta alegria que o peso dos sacrifícios da sua nova vida tinham pouca importância. De fato, ela sentia-se feliz por viver e trabalhar nas missões, ao serviço dos pequeninos. Depois de poucos dias, as religiosas abriram um colégio para meninas e um internato para as jovens mais pobres e deserdadas, dando a sua preferência às nativas. Gradualmente, aprofundou-se nas irmãs a reflexão sobre a questão social que se vivia na selva, de modo particular o conflito entre os indígenas e os cultivadores de cauchu.
Em seguida, começaram a chegar enfermos graves, em busca de ajuda, e as religiosas passaram a abrir as portas da sua casa também a eles, enquanto esperavam uma solução melhor. Depois, elas mesmas começaram a visitar os doentes e a prestar-lhes os primeiros socorros, abrindo sempre novos campos de apostolado.
Madre Ascensão manifestava uma grande fé e vivia as práticas de oração em estreita observância. Dialogava sempre com Deus, durante as viagens de barco, no dorso de um burro, de canoa ou a pé, enquanto descobria as belezas da cordilheira dos Andes e da selva. Sobretudo, experimentava o encontro com Deus nas jovens nativas da floresta e nas mulheres mais necessitadas. A sua experiência de Deus era tão arrebatadora, que ela chegava a dizer: "Não posso explicar o que a minha alma experimenta... Nunca me senti tão próxima de Deus, como nos meus 16 meses na montanha".

No início, nem Madre Ascensão, nem D. Zubieta tinham a intenção de fundar um Instituto religioso, mas terminaram por tomar tal decisão, seguindo o conselho que receberam do Mestre da Ordem dos Pregadores. Assim, o dia 5 de Outubro de 1918, Vésperas da Virgem do Rosário, foi escolhido como data para dar início à vida da nova congregação, com uma cerimônia solenemente celebrada na igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, em Lima.

A Congregação nascente contava quatro casas, das quais uma era a sede do noviciado.
Madre Ascensão foi nomeada a primeira Superiora Geral e dedicou à congregação o resto da sua vida terrena, vindo a falecer no dia 24 de Fevereiro de 1940.


Em 24 de Setembro de 1962 teve lugar em Pamplona (Espanha) a solene abertura do Processo de Beatificação, que terminou em 1968. No dia 12 de Abril de 2003, na presença do Papa João Paulo II, leu-se o decreto sobre as suas virtudes heroicas, e no dia 20 de Dezembro de 2004, o decreto relativo a um milagre.

domingo, 21 de fevereiro de 2016

São Pedro Damião

Para combater os males que se abateram sobre a Igreja e a Cristandade no século XI, a Divina Providência suscitou Santos de envergadura incomum:  São Pedro Damião: destemido defensor da Igreja numa era de crise foi um deles.
"É justo que se alegrem aqueles que neste mundo suportam a tribulação passageira por causa de seus pecados, mas que, pelo bem praticado, têm guardada para si uma recompensa eterna no céu." 

São Pedro Damião nasceu em Ravena (Itália), em 1007, de família extremamente pobre. Era o último de muitos irmãos. Sua mãe, desesperada pelos apertos que passava para alimentar sua numerosa prole, abandonou-o certa vez em plena rua. Foi então recolhido por determinada mulher, que vivia em pecado com um sacerdote, sendo mais tarde devolvido à casa paterna.

Ficando órfão em tenra idade, um irmão encarregou-se de sua subsistência, mas tratou-o como escravo, ordenando-lhe que cuidasse dos porcos que possuía.
Outro irmão, chamado Damião, que era arcipreste de Ravena, libertou-o dessa situação e ajudou-o a iniciar os estudos. Em sinal de gratidão, Pedro juntou seu pré-nome ao dele, passando assim a ser conhecido como Pedro Damião.

Aos 28 anos ingressou na Ordem Camaldulense, fundada pouco antes por São Romualdo, após o falecimento do superior da sua casa religiosa tornou-se Abade.
Sua atuação foi altamente benéfica para a Ordem, não só pela fundação de vários mosteiros, como pela reforma da Ordem dos Monges da Santa Cruz. Vários discípulos seus atingiram a santidade, como São Rodolfo, São João de Lodi e São Domingo Loricato.

Imbuído por verdadeira caridade, Pedro Damião não se contentou em viver tranquilamente em seu mosteiro, enquanto numerosas almas se perdiam no mundo. Julgou seu dever atacar com vigor os erros e vícios da época, especialmente os disseminados nos ambientes eclesiásticos.

São Pedro Damião percebeu com clareza que a imoralidade reinante entre os sacerdotes era o primeiro inimigo a ser debelado, visto ser ela a fonte de outros pecados - avareza, inveja e soberba - que devastavam o Clero naquele tempo.
Essa luta contra a imoralidade no Clero durou toda a vida de São Pedro Damião, valendo-lhe numerosos inimigos, os quais não sentiram qualquer escrúpulo em lançar contra ele as mais variadas calúnias.

Outro campo de batalha abriu-se para São Pedro Damião, cujo zelo pela causa da Igreja era inesgotável: a luta contra a venda de cargos eclesiásticos, conhecida como simonia (palavra derivada de Simão Mago, que tentou comprar com dinheiro o poder de São Pedro para crismar, conforme narram os Atos dos Apóstolos (At. 8, 18-19).

Após essas lutas em defesa da Igreja, desejava São Pedro Damião retirar-se novamente para uma vida solitária, própria à sua vocação de camaldulense, de monge contemplativo, na qual pudesse retemperar a alma.

A história desse Santo, porém, é um caso característico do tratamento que Deus reserva aos que mais ama: suscita na alma o desejo de um tipo de vida e obriga a seguir outro. A exemplo de São Bernardo, esse grande contemplativo foi compelido a uma vida ativa, repleta de viagens e polêmicas, oposta à solidão e ao silêncio de um claustro.
Além das numerosas viagens que teve de empreender, não faltaram a São Pedro Damião as mais diversas cruzes.

Ele próprio chegou a ser acusado de simoníaco pelo povo de Florença, pois tendo sido chamado a julgar uma causa entre o bispado e monges locais, constatou que a justiça estava do lado do Prelado. O povo da cidade, contudo, não gostou dessa decisão...
Ademais, é preciso ressaltar que durante toda sua vida teve que suportar uma saúde frágil, sofrendo especialmente de insônia e de dores de cabeça, motivo pelo qual é invocado contra tais males.

Sua última missão em vida: a reconciliação de sua cidade natal, Ravena, com o Papa.
O Arcebispo dessa cidade tinha sido excomungado, morrendo sem ser absolvido, o que levou o povo a uma atitude de revolta contra Roma. Foi necessário o Santo empregar toda sua caridade e inteligência para tranquilizar os ânimos e restabelecer a paz.
Obtida essa, estava São Pedro Damião a caminho de Faenza, quando a morte o colheu aos 65 anos, no Mosteiro de Santa Maria dos Anjos, onde foi sepultado. Era o dia 22 de fevereiro de 1072.

Seu corpo foi trasladado várias vezes de sepultura, e pelo menos até o ano de 1595 encontrava-se incorrupto.
Leão XIII concedeu-lhe o título de Doutor da Igreja.




sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Beato Conrado Confalonieri de Placência

Na mudança de vida do Beato Conrado, vemos espelhada a misericórdia e o cuidado do Pai para com todos os seus filhos. Conrado, com as atitudes que tomou para corrigir seu erro, fez o que era agradável a Deus. Por isso sua vida e de sua esposa se tornaram fonte de virtudes. Tocados pela luz divina, eles passaram por uma mudança radical de vida. Pois como diz a Palavra em Ezequiel 18, 21-23: “Mas se o ímpio se arrepender de todos os pecados cometidos e guardar todas as minhas leis e fizer o que é direito e justo, viverá com certeza e não morrerá. Nenhum dos crimes cometidos será lembrado contra ele. Viverá por causa da justiça que praticou. Acaso tenho prazer na morte do ímpio? – oráculo do Senhor Deus. Não desejo antes que mude de conduta e viva?”

Conrado nasceu em Piacenza, ao sul de Milão, por volta do ano 1290, da nobre família dos Confalonieri. Quando jovem, tornou-se soldado e se casou com a jovem Eufrosina de Lodi.
Seus divertimentos eram os torneios, as armas e as caçadas a lebres e javalis. Certo dia, para emboscar uma presa, acabou provocando um incêndio em todo um bosque. O fogo provocou estragos também em culturas de campos vizinhos.

Os colonos se revoltaram porque tiveram muitos prejuízos. O governador, Galeazzo Visconti, para aplacar a ira dos camponeses, condenou à morte o primeiro suspeito, que na ocasião pegaram no bosque. Mas Conrado demonstrou toda a sua nobreza também de coração. Para não permitir que um inocente pagasse por um erro seu, apresentou-se ao governador e confessou sua culpa. Comprometeu-se a indenizar os prejudicados. Para isso vendeu todas as suas posses, ficando completamente pobre.

Na pobreza, ele e sua esposa buscaram refúgio em Deus. E encontraram. Após um período de sofrimentos e meditações, resolveram se dedicar, os dois, marido e esposa, ao serviço do Senhor. Era o ano de 1315. Eufrosina ingressou no convento franciscano de santa Clara de Piacenza, onde passou o resto de sua vida. Conrado retirou-se, passando a peregrinar de santuário em santuário, em busca de um lugar adequado para viver como ermitão, dedicado à penitência e oração.

En Calendasco, no ano de 1315, vestiu o hábito da Ordem Terceira de São Francisco. Mas algum tempo depois continuou sua marcha eremítica. Visitou Roma e seguiu caminhando até que um dia acampou no estreito de Messina. Perambulou pelas terras entre Catânia e Siracusa, talvez entre os anos de de 1331 e 1335, e chegou à cidade de Noto.
Ele se fixou em Noto, numa cela junto à Igreja de São Miguel. Após 30 anos de caminhada, pareceu que ele ia finalmente parar de perambular. Dedicou-se a cuidar dos enfermos no Hospital de São Martinho. Começou a crescer sua fama de santidade e ele passou a ser procurado por devotos.

Acostumado à solidão, procurou refúgio na gruta de Pizzoni, fora da cidade. Lá se encontrou com outro ermitão terciário franciscano, o beato Guillermo Buccheri de Scicli. Na gruta eles passaram a viver em oração e penitência, pedindo a Deus a conversão dos pecadores, a proteção contra desastres da natureza, e a cura da multidão de enfermos que continuou procurando por eles, oriundos de todas as regiões vizinhas. Uma de suas visitas frequentes foi a do bispo de Siracusa. Essa gruta é conhecida hoje como “gruta de são Currau, ou gruta de São Conrado”.

Conrado morreu na gruta de Pizzoni, no dia 19 de fevereiro de 1351. Foi enterrado na cidade de Noto, onde os habitantes, para homenagear o “santo que veio do continente”, o sepultaram na mais bela igreja de Noto, a igreja de são Nicolau, que em 1844 se tornou a catedral da nova diocese.
Seu processo de beatificação passou pelos papas Leão X, Paulo III e Urbano VIII. Este último o beatificou no dia 12 de setembro de 1625. Conrado é hoje, junto com São Nicolau, patrono da cidade e da diocese de Noto. É particularmente invocado para a cura de hérnias.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

São Francisco Regis Clet

O testemunho heroico de seu espírito missionário e  seu grande amor ao povo chinês fazem parte da rica herança missionária deixada por São Francisco Regis Clet para todos nós, que teve como modelo a vida de São Francisco Xavier.

Ele nasceu em Grenoble (França), no dia 19 de agosto de 1748. Aos 21 anos ingressou na Congregação da Missão e foi ordenado sacerdote em 1773. Foi professor de Teologia no Seminário Maior de Annecy durante quinze anos. Era admirado por sua grande bondade e cultura; chamavam-no de “biblioteca viva”. Foi nomeado Diretor de Noviços na Casa Mãe – Paris, em 1788. Um ano depois, começava a Revolução Francesa, quando foi obrigado a sair da França e pediu para ser enviado em missão à China.

Durante 30 anos, evangelizou nas grandes províncias de Kiong-Si, Hou-Pe e Ho-Nan com grande entusiasmo. Em terras pobres e sofridas, a situação difícil da seca, da fome e da pobreza assolavam a todos, inclusive os missionários, que, impelidos pela caridade, além de promoverem inúmeras campanhas em favor do povo, muitas vezes tiravam de seu próprio sustento para auxiliar os indigentes que vinham até eles, clamando por socorro. Nesse apostolado, Padre Clet teve a alegria de ver a Igreja crescer na China. 

Uma violenta perseguição aos cristãos obrigou-o a fugir de sua pobre casa. Traído por um cristão apóstata, pelo preço de 30 moedas, foi submetido a uma infinidade de maus tratos e sofrimentos, os quais suportou sem a menor queixa.

Foi condenado à morte por estrangulamento. Pregado a uma cruz, a sentença foi executada no dia 18 de fevereiro de 1820. Quase 50 anos mais tarde, suas relíquias foram conduzidas à Casa Mãe – Paris, onde atualmente descansam.

Francisco Regis Clet, juntamente com outros 119 Beatos mártires mortos na China, foi canonizado no dia 1º de outubro do Ano Jubilar 2000.

Trecho de uma conferência de São Francisco Regis Clet:

Lembremo-nos destas palavras: “Aquele que é mau para si mesmo, para quem será bom?” (Eclo 14, 5). Guardemo-nos, sob o pretexto de um zelo desordenado, de deixar absorver todo nosso tempo pelas funções do ministério em favor do próximo. Sigamos as pegadas dos Apóstolos que diziam: “Nós atenderemos sem cessar à oração e ao ministério da palavra” (At 6, 4). Apliquemo-nos à piedade, a qual, como diz o Apóstolo, “para tudo é útil, porque tem a promessa da vida presente e da futura” (1Tm 4, 8). O meio para entretê-la é a fidelidade aos exercícios espirituais que estão em uso na nossa Congregação, tais como a oração mental, o exame particular, a leitura do Novo Testamento, a de algum livro de espiritualidade e, todos os anos, o retiro. Estes são efetivamente outros tantos tesouros nos quais haurimos tudo o que pode ser útil à salvação das almas. Não sejamos (a comparação é de São Bernardo) como canais que deixam escorrer toda a água que recebem, mas sim como fontes que transbordam. Sejamos, enfim, “exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, na caridade, na fé, na castidade” (1Tm 4, 12). Apascentemos “o rebanho que Deus nos confiou, mostrando-lhe na nossa alma o modelo a imitar, e, quando aparecer o Supremo Pastor, receberemos a coroa imperecível de glória” (1Pd 5, 4).


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Beato Padre Antônio Leszczewicz

A Igreja Católica na Polônia celebra a memória dos 108 mártires da segunda guerra mundial. No meio desse grupo de mártires se encontram um sacerdote: o Beato Padre Antônio Leszczewicz que movido pela fé e munido de coragem seguiu Jesus Cristo de uma forma radical, isto é, configurando-se ao Mestre, derramou, como Ele, o próprio sangue, sendo queimado vivo junto com seus paroquianos. Durante a segunda guerra mundial houveram muitos mártires. Entre eles leigos, religiosos e religiosas, sacerdotes, bispos e outros prelados cujo exemplo nos encorajam a testemunhar a fé nos tempos de hoje. Em 13 de junho 2000, João Paulo II proclamou-o beato.

Nasceu no dia 30 de setembro de 1890, em Abramowo, na Lituânia. Seus pais eram João e Carolina. Teve quatro irmãos. Em 1908 entrou no Seminário Diocesano em Mohylew em Petersburgo. No decorrer de quatro anos passou pelos estudos de filosofia e teologia. “Foi sempre um aluno aplicado e dedicava-se inteiramente aos estudos”. 
Foi ordenado diácono no inicio de 1914 e no dia 14 de abril de 1914 foi ordenado sacerdote. Após as solenidades das primícias, o jovem sacerdote dedicou-se aos trabalhos pastorais, que desempenhou por quase 25 anos no Extremo Oriente, sem nunca visitar a família nem a pátria. Já perto do seu jubileu de prata sacerdotal, o padre Antônio tomou a inesperada decisão de ingressar numa ordem religiosa. 
Conhecendo o padre André Cikoto, o qual era da Congregação dos Marianos, em Harbin (China), decidiu entrar na comunidade dos padres marianos. E, no dia 13 de junho de 1939, professou os primeiros votos religiosos. Neste período, o padre Antônio foi trabalhar em Druia – Bielo-Rússia. Passado apenas uma semana de sua estadia nessa localidade, eclodiu a segunda guerra mundial. Druia foi dominada pelos exércitos soviéticos. A igreja paroquial foi transferida para Rosica, localizada a 30 km de Druia. 

No final de outubro de 1941, o padre Antônio organizou em Rosica uma grande celebração. A partir de novembro daquele ano passou a viver permanentemente nessa paróquia. Em meados de fevereiro de 1943, Druia foi ocupada pelo estado maior alemão e em Rosica se instalaram destacamentos de expedições punitivas. No dia 16 de fevereiro de 1943, numa terça-feira, o exército queimou as casas, e os moradores, sob ameaça de fuzis, refugiaram-se na igreja paroquial de Rosica. Ali os padres confessavam, distribuíam a comunhão, batizavam, ungiam, preparavam as pessoas para a morte.

O padre Antônio foi levado pelos nazistas no dia 17 de fevereiro à tarde. As religiosas que se despediram dele, recordam que quando os nazistas o levaram ele estava alegre e sorria. Ele ordenou a elas que fossem corajosas e que rezassem sempre. Mais luz projetam sobre a sua atitude as palavras de uma das testemunhas. Nos seus paroquianos, padre Antônio queria incutir a esperança cristã na vida eterna, esperança que ele viveu: “Não chorem… Deus nos pede o sacrifício de nossas vidas. Nós temos que depositar esse sacrifício aos Seus pés. Um breve momento e a vida eterna espera por nós. E eu vos asseguro diante de Deus que está aqui conosco na igreja, garanto-vos em Seu nome, que se aceitarem a Sua vontade, receberão o Céu (…). Adeus no Céu”. Assim morreu o pastor que não quis deixar as suas ovelhas abandonadas.

O padre Antônio e outros cristãos foram queimados em uma velha choupana de madeira.
O Padre Antônio  foi honrados por sua fé quando o Papa João Paulo II o beatificou, no dia 13 de junho de 2000, em Varsóvia – Polônia, juntamente com o grupo de outros 106 mártires, vítimas da Segunda Guerra Mundial. Peçamos a intercessão de nosso Irmão Bem-Aventurado Antônio para que alcance junto de Deus a graça da nossa perseverança na fé.

Oração pedindo graças pela intercessão dos 108 bem-aventurados mártires
(do qual fazem parte os bem-aventurados padres Antônio Leszczewicz e Jorge Kaszyra)
Senhor e Deus nosso, que proporcionastes a graça do martírio aos Vossos Servos, filhos e filhas da terra polonesa, bendito sejais pelo dom da sua fé e amor, pela sua confiança no poder da oração, pelo ministério sacerdotal, pelo amor às pessoas e à terra pátria.
Bendito sejais porque com a Vossa palavra de misericórdia e de reconciliação eles transpuseram incansavelmente todas as fronteiras das divisões humanas, para que todos fossem um na glorificação do Vosso amor. Bendito sejais pelo seu amor heroico, pelo qual aceitaram o sofrimento e a morte de mártires, imitando o Sacrifício do Divino Mestre .
Deus uno na Santíssima Trindade, bendito seja Vosso santo Nome pelos bem-aventurados mártires da nossa terra polonesa, agora e pelos séculos. Amém.


terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Beato José Allamano

"O Beato José Allamano nos lembra que, a fim de permanecermos fiéis à nossa vocação cristã devemos aprender a compartilhar os dons recebidos de Deus, com os irmãos de todas as raças e todas as culturas; devemos anunciar com coragem e coerência o Cristo a cada pessoa que encontramos, especialmente aqueles que ainda não o conhecem”, dizia o Papa João Paulo II na homilia de sua beatificação.

De nacionalidade italiana, nasceu em Castelnuovo, a 21 de Janeiro de 1851. Vindo de uma família de camponeses, era o terceiro de cinco filhos que foram educados em esmerada e sólida fé cristã.
Sobrinho de São José Cafasso que também o formou, o jovem José Allamano também estudou na escola de Dom Bosco e após ingressar no Oratório do Seminário Diocesano de Turim, foi ordenado sacerdote no dia 20 de setembro de 1873. Jovem de profunda oração e virtudes pedia incessantemente a Deus: “Torna-me santo e não somente bom”.

Desde jovem seminarista, distinguiu-se por ter uma visão ampla dos problemas do mundo e da Evangelização. Ordenado sacerdote, inteirou-se ainda mais dos desafios da sociedade e da Igreja do seu tempo e imediatamente pôs mãos à obra com coragem e até ousadia para aquela época...

Em 1887, em Roma, encontrou-se com o velho missionário, o cardeal Massaia, expulso definitivamente da Etiópia (África). Já naquela ocasião o Pe. Allamano manifestava seu ardente desejo de ser missionário. Infelizmente, sua saúde era muito frágil e isto não lhe permitiu chegar, em termos geográficos, onde seus anseios e ideais o teriam levado.

No segredo do seu coração e para alguns mais íntimos, o Pe. Allamano tinha um grande sonho: dar início a um Instituto que agregasse padres e irmãos, dispostos a darem a vida pela Evangelização, da África inicialmente, e depois também dos outros continentes.

Superadas uma a uma as muitas dificuldades a respeito desse projeto, especialmente a mentalidade da época, chegou a hora da concretização do grande sonho. Dia 29 de Janeiro de 1901, era oficializado, o Instituto Missionário da Consolata, para padres e irmãos. Apenas dois anos mais tarde, ele já estava enviando os primeiros quatro missionários (2 padres e 2 irmãos) para as missões do Quênia, país do Sudeste da África.

O primeiro campo de evangelização foi em terreno "virgem": num território ainda não tocado pela ação de outros missionários, no coração do Quênia, na África Oriental, e no seio de uma tribo que se revelou ótimo parceiro para a inauguração de um novo método de trabalho missionário. A total inexperiência e o indomável entusiasmo dos missionários novatos, por um lado, e a curiosidade e acolhimento dos Kikuyu, por outro, juntaram-se para forjar um estilo de fazer missão que na época causou alguma surpresa e não poucas críticas à sua volta, mas que o Instituto veio a assumir como patrimônio e característica própria e adotar nos outros territórios aonde levou a sua ação. Uma combinação fecunda, mas nada fácil de definir ou equilibrar nas respectivas proporções, entre evangelização, na sua vertente pastoral, e promoção humana, na vertente das iniciativas para o desenvolvimento. Esta dupla componente estava já refletida na primeira equipe constituída paritariamente por sacerdotes e leigos. 

O trabalho de Evangelização expandia-se e as forças não eram suficientes. Bem cedo os missionários sentiram a necessidade da presença missionária feminina e pediram ao Fundador que enviasse religiosas para um trabalho complementar. Não era tão simples atender a este pedido, tendo em vista também, que as congregações femininas de então, não haviam despertado ainda para o carisma missionário além-fronteiras. Diante do impasse, o Pe. Allamano, indo para Roma, expôs a dificuldade ao Papa Pio X. Este logo lhe perguntou:

"Por que não funda você mesmo um instituto missionário feminino?"

"Eu não tenho vocação para isto, Santidade".

"Não a tem? Pois bem, eu lha dou. Vá e comece a pensar nisto".

Para o Pe. Allamano aquela ordem manifestava a vontade de Deus e imediatamente começou a tomar as devidas providências. O novo projeto custou-lhe vários anos de trabalho árduo, muita reflexão, dificuldades e sacrifícios. Mas, os santos são assim. Diante do que sentem ser vontade de Deus, nada os detém.

A 16 de Fevereiro de 1926, o Pe. Allamano foi chamado à Casa do Pai; mas sua obra, que tinha sólidos alicerces, foi continuando. Muitos outros caminhos se foram  abrindo e o Instituto foi alargando suas fronteiras.