quinta-feira, 31 de março de 2016

Beata Natalia Tulasiewicz



A fome de santidade e beleza e o perdão libertador, sintetizam a vida desta polonesa corajosa, filosofa, pesquisadora, contadora de histórias, que renunciou a um casamento e deu a sua vida a Cristo na câmara de gás. Quis defender os pilares que acompanhavam a sua vida, acompanhando os mais frágeis e necessitados.

Natalia Tulasiewicz nasceu na região de Rzeszów na Polônia em 9 de abril de 1906. Cresceu em um ambiente familiar católico e não perde os valores aprendidos no lar quando se instala na cidade de Poznan, para exercer a função de professora leiga. Pelo contrário, Natalia entendeu que a vida e a fé caminham lado a lado e que a santidade pode ser vivida no cotidiano.
     
Natalia se une ao grande movimento de apostolado laico convertendo-se em uma entusiasta animadora.
     
Em meados de setembro de 1939, a católica Polônia sofre um dos períodos mais dolorosos de sua história. Quase simultaneamente é invadida pelo oeste pela Alemanha nazista de Hitler e pelo leste pelo Exército Vermelho soviético de Stalin. Estes dois regimes eram abertamente contrários ao catolicismo e num lapso de poucos anos exterminaram mais de seis milhões de poloneses.
     
Natalia, como toda a sua geração, presencia impotente a sua nação ser aniquilada. Ela confiava em Deus e sabia que o mal nunca tem a última palavra, ainda que por momentos pareça invencível. Cheia de valor se entrega a infundir esperança entre seus compatriotas, animando-os a esperar no Senhor e a se entregar a sua proteção. Porém seu apostolado não ficou só nos conselhos ao tomar conhecimento que muitas mulheres polonesas estavam sendo enviadas para a Alemanha para realizar trabalhos forçados, ela parte livremente com elas para poder ajudá-las espiritualmente.
     
Em abril de 1944 a Gestapo, a polícia secreta política do regime nazista, descobre sua ação e a prendeu. Foi atrozmente torturada e humilhada publicamente e enviada ao campo de concentração de Rawensbrück, perto de Brandeburgo.

Era Sexta-feira Santa de 1945, suas forças são poucas devido aos maus tratos sofridos; entretanto, esta admirável mulher sai de sua barraca e proclama um emocionante discurso sobre a Paixão e Ressurreição de Nosso Senhor que enche de esperança os prisioneiros.
Nosso Senhor tem um belo gesto de ternura para com sua filha Natalia, pois dois dias depois, 31 de março, Domingo de Páscoa, ela é transladada para a câmara de gás, onde entrega sua alma.
     
Em 13 de junho de 1999, o Papa João Paulo II, beatificou 108 vitimas da perseguição nazista, entre os quais se encontrava a leiga Natalia Tulasiewicz. Ela é comemorada no Martirologio Romano no dia 31 de março


quarta-feira, 30 de março de 2016

São João Clímaco


São João Clímaco nasceu em 580, ele foi um monge do Monte Sinai, A Escada é um resumo da vida espiritual, concebida para os solitários e contemplativos.
Para Clímaco, a oração é a mais alta expressão da vida solitária; ela se desenvolve pela eliminação das imagens e dos pensamentos. Daí a necessidade da 'monologia', isto é, a invocação curta, de uma só palavra, incansavelmente repetida, que paralisa a dispersão do espírito. Essa repetição deve assimilar-se com a respiração.

Seu nome “Clímaco” é uma alusão à palavra "klímax', que em grego significa escada. São João decidiu adotar este nome em virtude do livro escrito por ele mesmo, intitulado Escada para o Paraíso.
Nesta obra ele explica que existem 30 degraus a serem galgados para que possamos atingir a perfeição moral. A Escada é um resumo da vida espiritual, concebida para os solitários e contemplativos.

Este livro foi um grande sucesso na época e chegou até mesmo a influenciar monges e outros religiosos cm sua conduta particular, tanto no Ocidente como no Oriente.
A importância desta obra literária para a época pode ser notada na utilização do símbolo escada na arte bizantina.
São João Clímaco foi muito famoso como homem santo em toda a Palestina e Arábia. Morreu por volta do ano 650 no Monte Sinai.

Conta-se que ele era palestino e na adolescência ingressou cm um mosteiro no Monte Sinai, onde passou a dedicar sua vida às orações e à meditação. Até os 35 anos viveu desta forma, mas quando seu mestre faleceu resolveu encerrar-se em uma cela e viver à moda dos monges do deserto: jejuando, orando e estudando a Bíblia.
Durante este novo período de sua vida São João Clímaco decidiu nunca mais comer carne, fosse ela vermelha ou branca. Também passou a sair de sua cela apenas para participar da Eucaristia, aos domingos.

Já com 70 anos foi eleito bispo do Monte Sinai, muito embora preferisse continuar com sua vida isolada. Nesta época construiu hospitais para a população mais pobre, ajudado pelo papa Gregório Magno.
Os últimos quatro anos de sua vida foram dedicados a viver como ermitão. Neste período de total isolamento ele escreveu Escada para o Paraíso.


domingo, 27 de março de 2016

Domingo da Páscoa na Ressurreição do Senhor


Eis o dia que o Senhor fez: passemo-lo em júbilo e alegria, porque vimos o que tínhamos desejado, tocamos o que procurávamos, compreendemos o que ouvimos, porque se levantou a Primavera dos cristãos, desabrocharam as flores dos santos, cresceram os lírios dos novos iluminados e resplandecem os filhos da piscina batismal. 
Verdadeiramente Eis o dia que o Senhor fez; passemo-lo em júbilo e alegria. 
Ó dia, dia entre todos os dias! 
Ó dia que pôs termo à obscuridade da ignorância e fez conhecer a luz do conhecimento! 
Ó dia que tornou vã a noite da Sinagoga e deixou entrever a aurora da Ressurreição! 
Ó dia que aboliu as trevas dos descrentes e pacificou a razão dos crentes! 
Ó dia que despojou o diabo e não lhe deixou nenhum devedor! 
Ó dia que consagrou antigos escravos para serem agora sacerdotes dos seus senhores! 
Ó dia que ofereceu ao altar do sacrifício tão belas pombas espirituais."


Leôncio de Constantinopla - Séc VI

sábado, 26 de março de 2016

São Ludgero


Ludgero é o protótipo do verdadeiro missionário católico. Instrumento na mão de Deus, tinha em mira só a glória de Deus, a propagação da doutrina cristã e a salvação das almas. Grandes regiões da Alemanha devem a este Apóstolo beneditino a fé católica.
Incansável no serviço de Deus, a morte colheu-o no meio dos trabalhos apostólicos, no dia 26 de março de 809.

Ele deixa para nós um testemunho de oração: não interrompia as orações, para atender a quem quer que fosse. O respeito que devemos a Deus, requer que façamos bem a nossa oração e não a interrompamos ou perturbemos por qualquer distração.

São Ludgero nasceu na Frisia por volta de 743. Seu pai, que era de família nobre, o entregou muito novo aos cuidados de São Gregório, discípulo de São Bonifácio, e seu sucessor no governo de Utrecht.
Ludgero teve a alegria de ter conhecido esse santo mártir e recebido dele impressões fortes de virtude. Gregório educou-o em seu mosteiro, e, admirando seu progresso na aprendizagem e na piedade, deu-lhe a tonsura clerical.


O jovem Ludgero, desejoso de crescer sempre mais, vai para a Inglaterra, e gasta quatro anos e meio com Alcuino, que era reitor de uma escola famosa em York. Tinha cuidado para empregar seu tempo inteiro nos exercícios de piedade e no estudo das escrituras e dos santos padres. 
    

Em 773 retornou para casa,  São Gregório morreu em 776, e seu sucessor, Alberico, ordenou-o sacerdote, e o envio para ensinar a palavra de Deus na Frísia, onde converteu grandes números de pessoas, entre os pagãos e os cristãos impuros, fundou diversos mosteiros, e construiu muitas igrejas.

Este era o estado das coisas quando os pagãos Saxons, devastaram o país, e o obrigaram a deixar a Frísia. Viajou a Roma para consultar o papa Adriano II sobre o que fazer, e o que Deus queria dele. Retirou-se então por três anos e meio em Monte Cassino, onde vestiu o hábito da ordem, e conformou-se à prática das regras durante sua estadia, mas não se fez nenhum voto religioso. 
    

Em 787, Carlos Magno lutou contra os Saxons e conquistou a Frísia e a costa do oceano germânico até a Dinamarca. Ludgero, ouvindo que por esta revolução a missão tinha sido aberta outra vez, retornou ao leste da Frísia, onde converteu o Saxons à fé; como fez também na província de Sudergou, chamada agora Westphalia. Fundou o mosteiro de Werden, no condado de La Mark, a vinte milhas de Colónia. Seu velho mestre, Alcuino, estando na França, fez seu mérito chegar ao conhecimento do Imperador Carlos Magno. 

Em 802, Hildebald, arcebispo de Colônia, ordenou-o bispo de Mimigardeford, uma cidade que mudou mais tarde este nome para Munster, por causa do grande mosteiro dos monges regulares que São Ludgero construiu lá, para ser sua catedral. Juntou à sua diocese cinco regiões da Frisia que tinha convertido, e fundou também o mosteiro de Helmstad, chamado mais tarde Ludgero-Clooster, ou Claustro de Ludgero.
    

Era muito instruído nas sagradas escrituras, e lia diariamente a seus discípulos. Jejuava e prestava atenção a tudo, e usou sempre uma corda de silício sob a roupa, mas secretamente, de modo que ninguém soubessem dela até um pouco antes de sua morte. Comeu pouca carne, quando necessário, para conformar-se principalmente aos outros, mas sempre observando uma estrita temperança. Quando convidado para algum divertimento, seu discurso era o tempo inteiro em assuntos religiosos, e retirava-se imediatamente depois. Aos pobres era afável e cortes, mas firme e resoluto com os ricos e orgulhosos. Exerceu um vigor episcopal contra os pecadores impenitentes, e recusou toda a maneira de presentes de uma senhora incestuosa, e no comprimento da lei excomungou-a. 
    
Gastava apenas o que era absolutamente necessário para sua subsistência, empregava o resto dos rendimentos de sua própria propriedade, e aqueles de seu salário como bispo, em caridade.
Foi acusado ao imperador Carlos Magno, entre outras coisas, de desperdiçar sua renda, e de negligenciar a manutenção das igrejas dentro de sua jurisdição; e este príncipe, que amava ver as igrejas magníficas, dando ouvidos à informação, requisitou-lhe para aparecer na corte.
Pela manhã após sua chegada, o oficial do imperador fez a convocação, dizendo que seu comparecimento era obrigatório. O santo, estando então em suas orações, disse ao oficial que o seguiria assim que as terminasse.
Foi chamado por três vezes antes que estivesse pronto, e o imperador, perguntou-lhe porque tinha demorado tanto, embora tivesse requisitado para que ele se apresentasse rapidamente.

O bispo respondeu que embora tivesse o respeito mais profundo por sua majestade, contudo Deus estava infinitamente acima dele; que às vezes nós estamos ocupados com Ele, e é nosso dever deixar tudo o mais para trás; e por isso julgou ter obedecido a Deus não tendo negligenciado as ordens de sua majestade, que, quando fora escolhido como bispo, lhe tinham recomendado sempre preferir o serviço de Deus àquele dos homens. Esta resposta causou uma boa impressão no imperador em favor do santo que passou a olhar suas atitudes de uma forma totalmente nova. Despediu-se dele com todas as honras, e desonrou seus acusadores.

São Ludgero foi favorecido com o dom dos milagres e da profecia. Seu grande zelo o inclinava a ir ensinar a fé às nações do norte, mas o rei não permitia. Sua última doença, embora violenta, não o impediu de continuar suas funções até o último dia de sua vida.
No dia 26 de março de 809, levantou muito cedo, rezou a missa, e outra vez antes da noite, rezou novamente a missa com homilia. Disse aqueles que estavam com ele que morreria nesta noite, e deveriam preparar um lugar na parte de cima do seu mosteiro de Werden, onde escolheu ser enterrado.


Morreu, conforme previsto, à meia-noite. Suas relíquias são mantidas ainda em Werden.

sexta-feira, 25 de março de 2016

O Bom Ladrão - São Dimas


O Bom Ladrão é o protetor dos pobres agonizantes, sobretudo daqueles cuja conversão na última hora parece mais difícil. Entregam a ele a proteção das casas e propriedades contra os ladrões. Invocam-no nas causas difíceis, sobretudo nos negócios financeiros.
Recomendemos ao grande Santo os pecadores em agonia. Invoquemos a ele para a conversão e emenda dos bêbados, dos jogadores e ladrões.

É protetor dos presos e das penitenciárias, dos carroceiros e condutores de veículos.
Enfim, grande é o poder de intercessão do Bom Ladrão convertido no Calvário. Peçamos a São Dimas, sempre a maior das graças, a perseverança final, a de não morrermos no pecado, e de nos arrependermos sinceramente antes da morte.
Segundo a tradição, Dimas foi célebre ladrão. Exerceu o banditismo na Judéia. Era de origem egípcia, pagão, e não judeu.

“Sobre a cruz dois ladrões, imagem dos judeus e dos gentios. O ladrão penitente, a imagem do paganismo, andando primeiramente no erro, e voltando para a verdade. O que permanece ladrão até a morte é a imagem dos judeus até a hora da crucifixão andaram eles pelo caminho do crime. A cruz, porém os separa”. São João Crisóstomo

Dimas foi crucificado como Jesus Cristo. Cravaram-lhe as mãos e os pés na cruz. Não há probabilidade de que tenha sido simplesmente amarrado na cruz. Não era este o modo de crucificar os grandes criminosos. A crucifixão importava na transfixão das mãos e dos pés na cruz. Era horrível tortura.
Crucificado ao lado de Jesus, Dimas percebeu logo a mansidão, a doçura, de Jesus. Dimas observou a paciência de Jesus e se comoveu. Tocado pela graça, se converte miraculosamente. Heroica foi a fé e admirável a confiança daquele pobre Ladrão naquela hora. Via ao seu lado um homem crucificado, blasfemado, insultado, de modo vil pela plebe, e pelos sacerdotes e os inimigos. Entretanto tocado miraculosamente pela graça, reconhece em Jesus crucificado, o Messias e um Deus, o Senhor de um Reino celestial.

O Martirológio Romano diz apenas no dia 25 de Março: "Em Jerusalém comemoração do bom ladrão que na cruz professou a fé em Cristo Jesus e mereceu ouvir estas palavras:
"Hoje estarás comigo no paraíso".

O Sábio Cardeal Baronio faz esta observação: "Quase todos o chamam Dimas".
O nome foi tirado dos Evangelhos apócrifos, e por isto foi omitido no Martirológio, mas não obstante, existe um certo número de altares e Igrejas com o nome e invocação de São Dimas.
Foi apenas para evitar os ataques dos hipercríticos que a Sagrada Congregação dos Ritos, em 1724, suprimiu o nome de Dimas, e diz simplesmente o bom ladrão.

Entre os Santos, São Dimas tem privilégios que outros não tiveram. Gozará de uma glória, diz Monsenhor Gaume, baseado nos Santos Padres, uma glória que muitos não possuem:

PRIMEIRO: São Dimas foi o único Santo que mereceu ser crucificado com Jesus Cristo, e como Jesus Cristo. Que há de mais semelhante a um Crucificado que outro Crucificado?

SEGUNDO: Foi o advogado do Filho de Deus na cruz. Proclama a inocência de Jesus quando os inimigos o acusam e os amigos se calam.

TERCEIRO: Único pregador da Divindade de Cristo no Calvário. – Se foi preciso muita coragem para confessar a inocência de Jesus maior foi a fé em reconhecer naquele crucificado um Deus, o Senhor de um Reino no céu.

QUARTO: Foi o Companheiro das dores de Maria no Calvário.




quarta-feira, 23 de março de 2016

Beato Álvaro del Portillo

“Obrigado, Perdão, Ajuda-me mais!”. São palavras que nos aproximam da realidade da vida interior do Beato Álvaro del Portillo e do seu trato com o Senhor, e que também podem ajudar-nos a nós a dar um novo impulso à nossa própria vida cristã.

Em primeiro lugar, Obrigado. É a reação imediata e espontânea que a alma sente perante a bondade de Deus. Não poderia ser de outro modo pois Ele sempre nos precede. Por muito que nos esforcemos, seu amor chega sempre antes, nos toca e acaricia primeiro, nos antecede sempre. Álvaro del Portillo era consciente dos muitos dons que Deus lhe concedeu, e dava graças a Deus por essa manifestação de amor paterno. Mas não ficou nisso; o reconhecimento do amor do Senhor despertou no seu coração desejos de segui-lo com maior entrega e generosidade, e de viver uma vida de humilde serviço aos demais. Destacava-se especialmente o seu amor à Igreja, esposa de Cristo, à qual serviu com um coração despojado de interesses mundanos, longe da discórdia, acolhedor para com todos e buscando sempre o lado positivo nos demais, o que une, o que constrói. Nunca uma queixa ou crítica, nem sequer nos momentos especialmente difíceis, quando, como aprendeu de São Josemaria, respondia sempre com a oração, o perdão, a compreensão, a caridade sincera.

Perdão. Frequentemente manifestava que se via diante de Deus com as mãos vazias, incapaz de corresponder a tanta generosidade. Mas a confissão da pobreza humana não é fruto da desesperança, mas de um confiado abandono em Deus, que é Pai. É abrir-se à sua misericórdia, ao seu amor capaz de regenerar a nossa vida. Um amor que não nos humilha, nem nos afunda no abismo da culpa, mas que nos abraça, nos levanta da nossa prostração e nos faz caminhar com mais determinação e alegria. O servo de Deus Álvaro sabia da necessidade que temos da misericórdia divina e dedicou muitas energias pessoais para animar as pessoas com quem se relacionava a se aproximarem do sacramento da confissão, sacramento da alegria. Como é importante sentir a ternura do amor de Deus e descobrir que ainda há tempo para amar.

Ajuda-me mais. Sim, o Senhor não nos abandona nunca, sempre está ao nosso lado, caminha conosco e cada dia espera de nós um novo amor. A sua graça não nos faltará, e com a sua ajuda podemos levar o seu nome ao mundo inteiro. No coração do novo beato pulsava o afã de levar a Boa Nova a todos os corações. Por isso percorreu muitos países fomentando projetos de evangelização, sem reparar nas dificuldades, movido pelo seu amor a Deus e aos irmãos. Quem está muito unido a Deus sabe estar muito perto dos homens. A primeira condição para lhes anunciar a Cristo é amá-los, porque Cristo já os ama antes. É preciso sair dos nossos egoísmos e comodidades e ir ao encontro dos nossos irmãos. É ali que o Senhor nos espera. Não podemos ficar com a fé só para nós mesmos, é um dom que recebemos para doar e compartilhar com os demais.
Obrigado, perdão, ajuda-me! Nessas palavras expressa-se a tensão de uma existência centrada em Deus. De alguém que foi tocado pelo maior Amor e vive totalmente desse amor. De alguém que, mesmo experimentando as suas fraquezas e limitações humanas, confia na misericórdia do Senhor e quer que todos os homens, seus irmãos, também a experimentem.
Papa Francisco – Carta por ocasião da beatificação de Álvaro Del Portillo

Dom Álvaro del Portillo nasceu em Madri (Espanha) no dia 11 de março de 1914, numa família de profundas raízes cristãs, e era o terceiro de oito irmãos. Doutorou-se em Engenharia Civil, e mais tarde em Filosofia e em Direito Canônico. A vida de Álvaro del Portillo está estreitamente unida à do Fundador da Opus Dei São Josemaria Escrivá. Permaneceu sempre ao seu lado até o mesmo momento da sua morte, em 26 de junho de 1975, colaborando com São Josemaria nas tarefas de evangelização e de governo pastoral. Viajou com ele a numerosos países, para preparar e orientar os diversos apostolados do Opus Dei. “Ao advertir a sua presença amável e discreta ao lado da dinâmica figura de Mons. Escrivá, vinha-me ao pensamento a figura de São José”, escreverá após a sua morte o Padre John O´Connor.

A 15 de setembro de 1975, no congresso geral convocado após a morte do fundador, D. Álvaro del Portillo foi eleito para lhe suceder à frente do Opus Dei. Em 28 de novembro de 1982, quando S. João Paulo II erigiu o Opus Dei como prelatura pessoal, nomeou-o Prelado da nova prelatura. Oito anos depois, a 7 de dezembro de 1990, nomeou-o bispo e, em 6 de janeiro de 1991, conferiu-lhe a ordenação episcopal na Basílica de São Pedro.
Ao longo dos anos em que esteve à frente do Opus Dei, D. Álvarodel Portillo promoveu o início da atividade da Prelatura em 20 novos países. Nas suas viagens pastorais, que o levaram aos cinco continentes, pregou a milhares de pessoas do amor a Deus, a Nossa Senhora, à Igreja e ao Papa, e anunciou com persuasiva simpatia a mensagem cristã de São Josemaria sobre a santidade na vida corrente. 

Na Opus Dei ele é celebrado no  dia 12 de maio. Dia em que, o jovem Álvaro del Portillo recebeu a Primeira Comunhão na igreja de Nossa Senhora da Conceição, em Madrid, em 1921.
A biografia escrita pelo postulador da causa, indica que o Beato Álvaro "manteve muito viva, até à morte, a recordação da primeira vez que recebeu Jesus Sacramentado". Assim, por exemplo, em 1983 confiava a um pequeno grupo de pessoas: "São 62 ou 63 anos a comungar diariamente, é uma carícia de Deus".



segunda-feira, 21 de março de 2016

São Nicolau de Flüe


Nicolau de Flüe, ou Bruder Klaus (irmão Klaus), como é conhecido em sua pátria, nasceu em Sachseln, no cantão de Unterwald, na Suíça, em 1417.
Os biógrafos não são concordes quanto à sua origem: “De uma família de bons e piedosos pastores”,dizem uns, outros: “De uma das mais nobres e antigas famílias do país”, diz outro biógrafo.O que prevalece é que ele pertencia a uma abastada família, muito influente no povoado natal.

Seja como for, todos afirmam que Nicolau era um “jovem casto, bom, virtuoso, piedoso e sincero, dado à oração, mortificado, e que cumpria conscienciosamente seus deveres”. Outra nota dominante nesse privilegiado santo é a constância no humor, bondade de coração e suavidade de trato, que atraíam todos seus concidadãos.

Em 1446, aos 29 anos, Nicolau foi defender seu cantão na batalha de Ragaz. Participou de outras campanhas, inclusive a de 1460, chamada guerra de Thurgau. Demonstrou tanta bravura nessa guerra, que recebeu uma medalha de ouro. Por sua influência, salvou do furor dos confederados o convento dominicano de Santa Catarina, onde os austríacos se haviam refugiado. “Irmãos, disse-lhes, não mancheis com a crueldade a vitória que Deus nos deu”.

Na guerra Nicolau levava a espada numa das mãos e o terço na outra. Mostrou-se sempre um guerreiro corajoso e um cristão misericordioso.

Evitando a guerra civil, fez renascer a unidade da Suíça, o que lhe valeu o título de ‘Pai da Pátria’.

Para obedecer aos pais, casou-se com uma conterrânea virtuosa, Dorotéia Wyss. Tiveram dez filhos, cinco homens e cinco mulheres. Nicolau dedicou-se inteiramente à educação da numerosa prole, tanto religiosa quanto civil. Dois de seus filhos chegaram a ser sucessivamente governadores do cantão, e um terceiro, que ele fez estudar em Bâle e Paris, tornou-se piedoso sacerdote, doutor em teologia.

Em sua vida matrimonial, Nicolau não só não arrefeceu na prática da virtude, mas cresceu ainda em devoção. Para satisfazê-la, segundo seu filho João de Flüe, meu pai ia sempre se deitar na mesma hora que seus filhos e domésticos; mas todas as noites eu o via levantar-se de novo e rezar em seu quarto até a manhã”. Muitas vezes ele ia também, no silêncio da noite, rezar na vizinha igreja de São Nicolau ou caminhar pelos bosques circunvizinhos. Essas caminhadas noturnas, em que ele se sentia mais perto de Deus, eram para ele as melhores horas.

Nicolau tinha uma profunda devoção à Santíssima Virgem, terna e inflamada, e não havia conversa em que ele não entremeasse frases sobre as excelências, o poder e a bondade dessa terníssima Mãe. Ele fazia periodicamente peregrinações aos seus inúmeros santuários.
Mesmo trabalhando no campo, o santo não deixava seu rosário, que aproveitava para rezar em qualquer tempo livre.
O amor às coisas celestes e algumas visões que teve fizeram reavivar em Nicolau o desejo de se dedicar exclusivamente a Deus. Estava chegando aos 50 anos, os filhos estavam praticamente criados, e não havia mais tempo a perder. Procurou sua esposa e explicou-lhe a vocação que Deus tão prementemente lhe dava, suplicando-lhe liberdade para segui-la. Estavam casados havia 20 anos, tinham numerosa prole com alguns filhos ainda pequenos. Mas a mulher, conhecendo bem seu marido e sabendo que não se tratava de um fervor passageiro ou fantasia, com uma resignação tranqüila consentiu, prometendo terminar de educar os filhos no temor e amor de Deus.

Com exceção da esposa Dorotéia, todos os parentes foram contra essa idéia que lhes pareceu estapafúrdia, inclusive os dois filhos mais velhos, se bem que só momentaneamente.

No dia 16 de outubro de 1467, tendo posto em ordem seus negócios e dividido seus bens, Nicolau apareceu diante dos parentes e amigos descalço, com longa túnica de peregrino, bastão numa das mãos e o terço na outra. Agradeceu o bem deles recebido e pediu perdão por alguma falta involuntária. Exortou a todos a temerem a Deus e a jamais esquecerem seus mandamentos. Depois, dando a bênção a todos, partiu, com o coração dilacerado pela afeição ao que deixava.

Nicolau pensou em ir para outro país para estar mais longe daquilo que amava. Mas depois, por uma inspiração do alto, voltou para uma sua propriedade, onde construiu pequena cabana para nela viver entregue à oração e à contemplação. Seu irmão Pedro foi procurá-lo, resolvido a levá-lo de volta para casa, alegando que poderia morrer de frio ou fome, isolado no terrível inverno suíço. Nicolau respondeu-lhe: 
“Saiba, meu irmão, que não morrerei de fome, pois já fazem onze dias que não como e não sinto necessidade de alimento. Tampouco morrerei de frio, pois Deus me sustém”.

E aqui está o mais impressionante milagre da vida de São Nicolau de Flüe, raro mesmo nos anais da santidade: durante os últimos 20 anos de sua vida, ele não comeu nem bebeu, mas viveu só da Sagrada Eucaristia!

Mas ele não fez isso sem aconselhamento, para não tentar a Deus. Um venerável sacerdote, o Pe. Osvaldo Isner, pároco de Kerns, deixou este relato no livro de sua paróquia, em 1488“Quando Nicolau começou a se abster de alimentos naturais, e havia assim passado onze dias, mandou procurar-me e me perguntou secretamente se devia tomar algum alimento [...]. Em seus membros não restava senão pouca carne, pois tudo estava dessecado até a pele. Quando vi e compreendi que isso não podia provir senão da boa fonte do amor divino, aconselhei ao irmão Nicolau que persistisse na prova tão longamente quanto lhe fosse possível suportar sem perigo de morte [...]. Foi o que fez: desde esse momento até sua morte — quer dizer, por volta de vinte anos e meio — continuou a se abster de qualquer alimento corporal [...]. Ele me confessou que, quando assistia à Missa e o padre comungava, recebia uma força que lhe permitia permanecer sem comer e sem beber, pois de outro modo não poderia resistir”. “Se durante 20 anos — diz o Papa Pio XII — ele se alimentou unicamente do pão dos anjos, este carisma foi o complemento e a paga duma longa vida de domínio de si mesmo e de mortificação por amor de Cristo”.

Quando começou a se propalar esse fato prodigioso, uma multidão crescente passou a acorrer de todos os cantos para ver o homem a quem Deus dava tal graça. Os magistrados da cidade enviaram guardas, que ocuparam durante um mês, dia e noite, as redondezas da cabana do irmão Nicolau e comprovaram que o piedoso eremita não tomava mesmo outro alimento que a Sagrada Eucaristia.

O bispo de Ascalão foi à própria cela de Nicolau, obrigando-o, em virtude da obediência, que comesse o alimento e tomasse o vinho que havia levado. Tentou fazê-lo, mas imediatamente começou a sentir tão violentas dores de estômago, que se temeu por sua vida. E não se insistiu mais sobre isso.

Continuando a crescer o número de peregrinos que vinham ver o irmão Nicolau, seus concidadãos lhe edificaram uma cela de pedra, com uma capela anexa, à qual a piedade dos arquiduques da Áustria assinalou as rendas necessárias para sua conservação e manutenção, com um capelão para a servir. Assim Nicolau pôde assistir diariamente ao Santo Sacrifício sem sair de sua cela.

Aumentando ainda o afluxo dos fiéis, o irmão Nicolau, para lhes fazer algum bem, começou a fazer-lhes uma prática espiritual. Com isso reformaram-se os costumes, houve grandes conversões seguidas de muitas maravilhas. Ele tinha o dom dos milagres e da profecia.

“Retirar-se do mundo não marcou todavia, para São Nicolau, o fim duma obra histórico-política. Foi antes um princípio de mais pronunciada fase. Nicolau fora juiz e conselheiro do seu cantão. Fora também deputado na Dieta federal de 1462 e recusara o cargo de chefe de Estado. O seu influxo nos assuntos federais mostra-se já evidente no tratado de paz perpétua com a Áustria em 1473. Evitando a guerra civil, fez renascer a unidade da Suíça, o que lhe valeu o título de ‘Pai da Pátria’. Em 1481, quando Unterwald estava decidido a separar-se de Lucerna e de Zurique, o que poria fim à existência da Confederação, um emissário da Assembléia, que se dispunha a homologar a ruptura, correu a trazer a notícia ao ermitão de Ranft. Nicolau passou a noite a redigir um projeto de constituição que, no dia seguinte, foi aprovado por unanimidade pela mesma Assembléia, o que restabeleceu para sempre a unidade e a paz”.

São Nicolau de Flüe faleceu no dia 21 de março de 1487, sendo canonizado por Pio XII em maio de 1947.





domingo, 20 de março de 2016

Beato Francisco Palau y Quer

A espiritualidade e  personalidade  do padre Palau se caracteriza por intensas lutas,  largas e penosas  buscas de pacificação durante quase toda a sua vida.  Empenha-se  pela paz entre os homens, que na época se debatiam em lutas fratricidas;  pregou a verdade, para desterrar a ignorância, causa de tantos desmandos;  a  liberdade, numa Espanha que, dizendo-se “liberal”,  perseguia implacavelmente a Igreja. Foi como carmelita e  sacerdote que não só trabalhou, mas comprometeu-se radicalmente na busca de solução dos problemas  de seu tempo, o que resultou-lhe sérias perseguições.  Em conseqüência de suas opiniões religiosas e políticas, foi perseguido e exilado.
Durante uma pregação,  na novena  das  almas  em Cidadela, recebe uma  especial  inspiração sobre o Mistério da Igreja.
Seu combate resoluto  pela causa de Deus e da Igreja, faz lembrar a do profeta Elias, patrono da família carmelitana. Possuía um particular discernimento do papel desempenhado pelo demônio no mundo, e empenhou-se para que a Igreja ampliasse o uso do exorcismo como arma espiritual adequada às necessidades dos fiéis. Em diversas  ocasiões praticou exorcismos, todas as  vezes  com pleno êxito. 

O Beato Francisco Palau y Quer, fundador das Carmelitas Missionárias e Carmelitas Missionárias Teresianas, nasceu em Aytona, Barcelona a 29 de Dezembro de 1811. Depois de uma infância vivida durante a ocupação francesa, o menino tornou-se num jovem na procura de um ideal que preenchesse o seu sonho de entregar-se ao Amor. Procurou no Seminário em Lérida (Barcelona)… foi ao Convento dos Frades Carmelitas Descalços onde professou… mas Deus tinha outros planos para ele e servindo-se da Revolução anticlerical que levou à exclaustração e expropriação das ordens religiosas lançou-o numa procura incansável da Sua Amada (Igreja)! Esse fogo fê-lo ordenar sacerdote em Barbastro. 

Passou as fronteiras… Servindo a Igreja, descobriu que os homens eram explorados e não conheciam o Evangelho. Criou a Escola da Virtude onde se reuniam para a evangelização. Também se serviu das missões populares e da imprensa com o jornal ”Ermitaño”. Tornou-se incomodo e confinaram-no à Ilha de Ibiza. Aí dedicou-se à oração; a pregação pela ilha, tendo como singular companheira de caminho a Virgem do Carmo; atender por via epistolar aqueles que com ele se dirigiam. E eram muitos… núcleos de mulheres que procuravam viver segundo a sua orientação e de homens que viviam como eremitas. 

A sua alma buscadora encontrou finalmente o que há tanto tempo ansiava: o Deus dos homens e os homens de Deus numa totalidade. Assim o mistério da Igreja (Deus e o próximo) centrou o seu coração e contagiou aqueles que com ele tratavam. O seu tesouro não podia ficar escondido! Surgiram as primeiras comunidades que se identificaram com este seu sonho! Este sonho chegou até hoje e estende-se pelos cinco continentes, prolongando-se em cada carmelita missionária e carmelita missionária teresiana. A sua vida entregue à Igreja transfigura-se no dia 20 de Março de 1872. 

Francisco Palau, Homem, de traços fortes e bem marcados; de mediana estatura e de constituição forte se descobre uma figura austera e severa. Enamorado do silêncio, do retiro e da solidão, é e se sente apóstolo de atividades múltiplas e transbordantes. Pregador incansável: vê a recristianização do ambiente espanhol e europeu como uma autêntica obra de evangelização. A Direção Espiritual foi um dos meios pelos que transmitiu com maior eficácia e autenticidade o seu espírito aos membros da família religiosa que criou. Fica também expresso nas suas cartas. A sua faceta de catequista e renovador fez patente na grande obra da Escola da Virtude de Barcelona. Foi escritor, mais por exigências pastorais que por vocação. Conseguiu, no entanto, compor páginas originais que ocupam lugar privilegiado na literatura religiosa e espiritual do século XIX espanhol.

Algumas das suas obras são: a Luta da alma com Deus; A vida solitária; o Catecismo das Virtudes; Mês de Maria; A escola da Virtude Vindicada; A Igreja de Deus Figurada pelo Espírito Santo; entre outras. Menção especial merecem as páginas de índole autobiográfica como são as cartas e As minhas Relações com a Igreja. Foi considerado exorcista pela sua missão a favor dos marginalizados que o procuravam na sua residência de Santa Cruz de Vallcarca (Barcelona).
Foi beatificado a 24 de Abril de 1988.

Pensamentos do Beato Francisco Palau y Quer

“Que bem cuidado está aquele que se fia de Deus!” 
“Irei aonde a glória de Deus me chame.”
“A voz de Deus não deixa vazia a alma, enche-a e dá-lhe firmeza.” 
“A obra grande de Deus no homem lavra-se no interior.” 
“Amar a Deus e ao próximo é a finalidade da minha missão.”
“Confiemos em Deus e na Sua Mãe, e não seremos enganados nem confundidos nas nossas esperanças.” 
“Amo-te Igreja! O mínimo que te posso oferecer é a minha vida!” 

“Na oração tudo encontrarás!”

quinta-feira, 17 de março de 2016

Beato João Nepomuceno Zegri e Moreno

A vida do Padre Zegri é um desafio para todos os que seguimos sua espiritualidade, não tanto pelo que fez, mas sobretudo porque soube amar à maneira de Deus, oferecendo o Evangelho da caridade aos mais necessitados. Ele nos revelou que a ternura e a misericórdia de Deus se tornam realidade no coração dos seres humanos, pelo mistério da Redenção do Filho e caminhando com Ele. Ele fez caminho de discipulado entregando-se total e exclusivamente a Jesus Cristo crucificado, como podemos ler no seu testamento espiritual, vivendo suas mesmas atitudes e sentimentos, oferecendo-se totalmente a Ele para o bem da humanidade; perdoando àqueles que o caluniaram, não levando em conta o mal e criando laços de comunhão, de encontro e de relação; construindo uma nova humanidade em aras da caridade mais delicada e amando a Maria, a mulher nova, que sustentou sua vida na fé e sua fé no mistério de Deus. 

João Nepomuceno Zegri e Moreno, fundador da Congregação religiosa das Irmãs Mercedárias da Caridade, nasceu em Granada, no dia 11 de outubro de 1831, no seio de uma família cristã. Seus pais deram-lhe uma esmerada e cuidadosa educação. Forjaram sua rica personalidade nos valores humano evangélicos, fazendo dele um verdadeiro cristão, comprometido com a causa de Jesus Cristo e dos pobres, desde sua juventude. Foi um ótimo estudante e um grande homem. Estudou Humanidades e Jurisprudência, destacando-se por sua inteligência, mas, sobretudo, pelos seus valores humanos e por uma intensa vida cristã: dedicado à oração e à caridade para com os pobres. 

Deus o chamou a participar do sacerdócio de Jesus Cristo para oferecer aos seres humanos o Evangelho da caridade redentora. Estudou no Seminário de São Dionísio de Granada, foi ordenado sacerdote na catedral de Granada, no dia 2 de junho de 1855. Ser sacerdote de Jesus Cristo foi sua grande vocação, estava disposto aos maiores sacrifícios, para realizar este sonho, alimentado desde sua mais tenra juventude. 

Como sacerdote esteve nas paróquias de Huétor Santillán e de São Gabriel de Loja (Granada). Em ambas exercitou sua vocação de pastor, a exemplo do Bom Pastor, que dá a vida pelas suas ovelhas. Quando tomou posse de uma destas paróquias, disse o que desejava ser para os demais, a partir da vocação que tinha recebido: como bom pastor, correr atrás das ovelhas perdidas; como médico, curar os corações enfermos devido à culpa e derramar sobre todos a esperança; como pai, ser a providência visível para todos aqueles que, gemendo na orfandade, bebem o cálice da amargura e se alimentam com o pão da tribulação. Sua vida sacerdotal esteve impregnada de uma profunda experiência de Deus; um profundo amor a Jesus Cristo Redentor, com quem se configurou, aprendendo a obediência, desde o sofrimento. Sempre teve um grande amor a Maria, sua  Mãe e protetora; uma vida intensa de oração, fonte de caridade; uma grande paixão pelo Reino e pelos pobres, e um intenso amor à Igreja, com quem viveu em comunhão, apesar da escuridão da fé e dos sofrimentos que lhe chegaram do seio da própria Igreja. 
Foi um evangelizador infatigável. Gostava de rezar, meditar e escrever seus sermões. Não falava o que não orava, e proclamava o que estava no centro de seu coração, inflamado pelo amor de Deus. Anunciava aquilo em que acreditava. Sua palavra convidava a todos a viver a vida cristã com radicalidade e os sagrados vínculos da religião cristã. Toda sua vida foi Eucaristia, pão partido para ser comido; celebração do amor de Deus na entrega de sua própria existência. E foi, também, reconciliação. Celebrou o sacramento do perdão tornando-se perdão, misericórdia e compaixão para todos, especialmente para sus inimigos e para aqueles que o caluniaram. 
Ocupou cargos importantes, mas sempre viveu a maravilhosa humildade de Deus, revelada no hino da Carta aos Filipenses 2,5.
Impactado pelos problemas sociais e pelas necessidades dos mais desfavorecidos, sentiu-se chamado a fundar uma Congregação religiosa para libertar os seres humanos de suas escravidões. Funda-a sob a proteção e inspiração de Maria das Mercês, a peregrina humilde da gratuidade de Deus, em Málaga, no dia 16 de março de 1878.
O objetivo: Praticar todas as obras de misericórdia espirituais e corporais na pessoa dos pobres, pedindo às religiosas que tudo quanto fizessem fosse para o bem da humanidade, em Deus, por Deus e para Deus. A Congregação, em poucos anos, estende-se por muitas dioceses espanholas como conseqüência da dinamicidade de sua inspiração carismática: Curar todas as chagas, remediar todos os males, acalmar todos os pesares, desterrar todas as necessidades, enxugar todas as lágrimas, não deixar, se possível for em todo o mundo, um só ser abandonado, aflito, desamparado, sem educação religiosa e sem recursos.
 O Pe. Zegri, inflamado no amor de Deus, chegou a dizer que a caridade é a única resposta a todos os problemas sociais e não concluirá enquanto houver uma só dor que curar, uma só infelicidade que consolar, uma só esperança que derramar nos corações ulcerados; enquanto houver regiões longínquas que evangelizar, suores que verter e sangue que derramar para fecundar as almas e engendrar a verdade na terra. 
Provado como ouro no cadinho, e enterrado no sulco da terra, como o grão de trigo, foi caluniado e afastado da obra por ele fundada, primeiro pela Igreja, e depois, pelas mesmas religiosas. Morre no dia 17 de março de 1905 na cidade de Málaga, só e abandonado, como ele tinha decidido morrer; a exemplo do Crucificado, fixo o olhar no autor e consumador de nossa fé. Morre como filho fiel da Igreja, sob o sinal da obediência da fé, como as grandes testemunhas e os grandes profetas. 
Elaborou uma rica espiritualidade na qual hoje bebemos as religiosas, os mercedários da caridade e tantas pessoas leigas que, impressionadas pela sua vida, pela caridade que derramou nos pobres e pela maneira como decidiu morrer, querem fazer seu caminho de vida cristã a partir de sua inspiração carismática. Os eixos fundamentais da mesma são: 
— a caridade redentora, para fazer benefícios à humanidade e oferecer aos pobres o Evangelho do amor e da ternura de Deus, pois a caridade, que é Deus, manifesta‑se enxugando lágrimas, socorrendo infortúnios, fazendo bem a todos e deixando a seu passo torrentes de luz 
— o amor e a configuração com Jesus Cristo Redentor, em seu mistério pascal, pois a característica do amor místico que quase identifica com Jesus Cristo o coração do homem, desinteressado de toda recompensa, é o sublime ideal da caridade 
— o amor a Maria das Mercês, pois N. Sra. das Mercês é de todos e para todos, já que não há título mais doce, invocação mais suave, nomenclatura mais ampla do que a mercê e misericórdia de Maria.  
Viveu e se apropriou de todas as virtudes cristãs de maneira heróica, sobretudo a fé, a esperança e a caridade, e todas aquelas virtudes humanas que dão elegância à caridade e a tornam entranhável no relacionamento: humildade, afabilidade, doçura, ternura, misericórdia, bondade, mansidão, paciência, generosidade, gratuidade e benevolência.
Distinguiu-se também pela sua prudência, pela sua fortaleza no sofrimento, pela sua transparência na busca da verdade e pelo sentido de justiça em todos os seus atos e decisões. A Igreja reconheceu suas virtudes heroicas proclamando-o Venerável no dia 21 de dezembro do ano 2001.  
Deus Pai, por sua intercessão, realizou um milagre, na pessoa de Juan de la Cruz Arce, na cidade de Mendoza, Argentina,  devolvendo-lhe o pâncreas, que lhe havia sido totalmente extirpado numa intervenção cirúrgica.  

Foi proclamado Beato em 09 de novembro de 2003.

Hoje a Igreja celebra o grande evangelizador da Irlanda São Patrício clique aqui

quarta-feira, 16 de março de 2016

São João de Brébeuf


Não há no mundo mar, deserto ou floresta por onde não tenham se embrenhado alegre e incansavelmente os filhos de Santo Inácio de Loyola, à procura de almas para salvar. Um deles é São João de Brébeuf, sacerdote e mártir. 

São João de Brébeuf  nasceu em 1593, na França. Entrou para a Companhia de Jesus, tornando-se Jesuíta no dia em que completava 29 anos.
Em 1625, junto com um grupo de missionários, partiu para o Canadá, com a missão era evangelizar os índios algonquinos. Impressionado pelo ardor e dedicação do jovem missionário, escreveu seu superior: "O Pe. Brébeuf é o homem escolhido por Deus para estas terras".

A região dos grandes lagos, nos confins entre os Estados Unidos e o Canadá, era habitada no século XVII por tribos, que não conheciam o Evangelho. Nossos irmãos enfrentaram as dificuldades próprias da adaptação nas terras diferentes, climas, línguas e principalmente tribos indígenas guerreiras, que faziam da missão um perigo, mas assim mesmo, os santos missionários preferiram arriscar a vida por Jesus para chegar à região dos índios algonquinos, a cerca de quatro mil quilômetros de Québec, Canadá. O percurso é estafante. Após subir o grande Rio São Lourenço até Montreal, é preciso passar para o Rio Outaouais, a fim de evitar o território dos iroqueses, indígenas aliados aos holandeses, inimigos da Fé católica. Em cada correnteza, muito numerosas nesse rio, é preciso desembarcar e carregar tudo nas costas, inclusive as canoas.

Narra o santo missionário: "Cinquenta vezes ao dia, corremos risco de afundar ou de espatifar a canoa nos rochedos. Cada dia precisamos transpor cinco ou seis quedas d'água, sem ter, no final, outro reconforto do que um pouco de trigo esmagado entre duas pedras e cozido em água. Por leito, a terra, quando não rochas ásperas e irregulares".
João Brebéuf era admirado e respeitado pelos indígenas. Somente após 6 anos de trabalho duro é que conseguiram batizar o primeiro índio. Pela resistência crescente e obstinada, em clima de perseguição, o ritmo das conversões era desesperadamente lento. Em 1641, a missão não tinha mais de 60 cristãos. Vivia em extrema pobreza, dividindo comida e casa com os índios. Apesar disso, dava testemunho de alegria, de esperança e de paciência cristã, a ponto de os índios dizerem a seu respeito: "Jesus voltou"! Aprenderam rapidamente a língua indígena a ponto de escrever para eles uma gramática e livros de catequese.

No dia 16 de março de 1649, uma tribo adversária, os iroqueses, invadiu a missão. João foi amarrado num pau e tremendamente torturado, tendo inclusive suas unhas arrancadas. No meio de todos esses tormentos, a grande preocupação do Pe. Brébeuf era sustentar na Fé os índios por ele convertidos: "Meus filhos, lembrai-vos de que Deus é testemunha de nossos sofrimentos e será em breve nossa grande recompensa. Suportai com coragem os poucos sofrimentos que nos faltam. Eles acabarão com nossa vida, e nos darão a glória sem fim!"
Quanto tempo pode um homem resistir a tais torturas?
São João de Bébreuf espantou seus próprios carrascos, sofrendo "como um rochedo" durante três horas.
Impressionados com a coragem do missionário, os índios arrancaram-lhe o coração a fim de comê-lo e herdar sua força.

Com João de Brébeuf  foram martirizados seus sete companheiros: Isac Jogues, Antonio Daniel, Carlos Garnier, Gabriel Lalemant, João de la Lande, Natal Chabanel e Renato Goupil.  

Oração:

Deus todo-poderoso, que destes aos mártires Santos João de Brébeuf e companheiros a graça de sofrer pelo Cristo, ajudai também a nossa fraqueza, para que possamos viver firmes em nossa fé, como eles não hesitaram em morrer por vosso amor. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso filho, na unidade do Espírito Santo. Amém.

terça-feira, 15 de março de 2016

Beato Artemides Zatti

De doente tornou-se enfermeiro e a doença dos outros se tornou seu apostolado sua missão. Artemides Zatti, salesiano coadjutor, foi realmente um bom samaritano com o estilo de Dom Bosco. Sua compaixão, sua presença alegre que curava, seu testemunho de fé e esperança,  seu zelo apostólico aos doentes, e seu amor a Jesus levaram o servo de Deus à sua santificação. Mas foi, acima de tudo um homem de Deus. Ele O irradiava. Um médico do hospital que era ateu, dizia: "Quando eu conheci o Sr. Zatti minha descrença vacilou." E outro: "Eu creio em Deus, pois o vejo no Sr. Zatti " .

Nasceu em Boretto, (Itália) no dia 12 de Dezembro de 1880 e foi batizado nesse mesmo dia. Quando tinha 9 anos de idade os seus pais enviaram-no para trabalhar nos campos.
Considerando as inúmeras dificuldades financeiras, em 1897 a família decidiu emigrar para a Argentina. Chegaram a Buenos Aires no dia 9 de Fevereiro e, quatro dias mais tarde, partiram para Baía Branca.
Durante dois anos, Artemides Zatti trabalhou numa fábrica de tijolos, enquanto frequentava a igreja paroquial, cujo pároco, Pe. Carlos Cavalli, se tornou depressa seu grande amigo e diretor espiritual. Em 1900, constatando a intensa vida espiritual de Artemides, o Pe. Carlos propôs ao jovem que entrasse como aspirante no seminário salesiano de Bernal, nos arredores de Buenos Aires. Dois anos mais tarde, enquanto assistia um sacerdote enfermo, contraiu o vírus de uma doença e teve de adiar a ideia de entrar no noviciado.

Depois de um longo período de convalescença, que durou até 1904, Artemides tornou-se muito sensível ao problema das pessoas que sofrem nos hospitais e nas casas, sobretudo quando se trata de indivíduos desprovidos de meios financeiros para comprar os remédios de que precisam para se curar. Assim, aconselhado pelo Pe. Evásio Garrone, prometeu à Virgem Santíssima que no futuro se consagraria ao cuidado dos enfermos.
A partir dessa data, a saúde do jovem Artemides começou a melhorar visivelmente. Quando Zatti foi enviado a Viedma ainda era aspirante. A princípio, aspirava à vocação de sacerdote, porém, naquela época o salesiano que quisesse não poderia professar se tivesse alguma doença. Os superiores sugeriram que ele professasse como salesiano coadjutor. Após refletir sobre sua vida e sobre a mediação dos Superiores Zatti compreendeu a vontade de Deus. Ele percebeu que com a vocação de salesiano coadjutor ele poderia cumprir mais diretamente e mais completamente a promessa que tinha feito a Nossa Senhora. Provavelmente como sacerdote não poderia realizar doar-se de modo integral aos doentes, devido os compromissos sacerdotais.
Em janeiro de 1908 emitiu os votos religiosos como salesiano coadjutor. Nesse mesmo ano, o Pe. Garrone faleceu e a Artemides foi confiada a administração da farmácia e, gradualmente, também a gestão do hospital local. O seu interesse e a sua dedicação aos enfermos aumentavam com o passar dos anos e, à paixão pelo seu ministério, acrescentava-se também a sede pelo conhecimento da ciência e do saber, sobretudo no campo da medicina. Em 1917 obteve o título de "Idôneo em Farmácia" e o certificado de "Enfermeiro profissional".

Alguns anos mais tarde, em 1934, viajou até à sua terra natal, a Itália, para participar na cerimônia de Canonização de Dom Bosco, cujo exemplo de vida e de apostolado o marcou profundamente. Quando regressou à sua terra de adoção e de missão na América do Sul, dedicou-se ainda mais apaixonadamente aos seus doentes.
A atividade hospitalar de Artemides continuou a pleno ritmo ainda por muitos anos, até que, em Julho de 1950, os médicos descobriram que ele tinha um tumor no fígado. No início do ano seguinte, pediu e recebeu com grande lucidez a Unção dos Enfermos e o Viático, prevendo a sua morte já próxima.

De fato, viria a falecer serenamente e já com fama de santidade, na manhã de 15 de Março de 1951, entregando a alma ao Deus misericordioso e agradecendo-lhe o dom do serviço que pôde prestar ao seu Santíssimo Nome.

Foi beatificado em 14 de abril de 2002.

Hoje celebramos também Santa Luisa de Marillac clique aqui