Santa Ubaldesca
Taccini é uma santa que marcou profundamente a vida espiritual de Pisa nos
séculos XII e XIII, junto com Santa Bona, São Guido da Gherardesca e São
Ranieri. Em um período histórico que viu a República Marítima de Pisa dominar o
Mediterrâneo e os seus cidadãos gozarem de um alto padrão de vida, a santa
propôs um modelo de vida separada da vida social da cidade e estritamente fiel
à mensagem de pobreza e de renúncia pregada por Jesus.
Nascida em Calcinaia
em 1136 de pais de condições humildes, Ubaldesca, filha única, desde jovem
mostrava-se humilde e dedicado aos pais e a Jesus. Diligente na prática da
oração, muitas vezes acompanhada de jejum, a Santa de Pisa se destacou
especialmente pela caridade exercida junto aos pobres.
Quando
tinha cerca de catorze anos, um dia, enquanto assava o pão da família, teve a
visão de um anjo que lhe ordenou que entrasse no convento da
Ordem de São João de Jerusalém (estabelecida alguns anos antes, em 1099, em
Jerusalém, na Igreja de São João Batista sob a regra de Santo Agostinho). Ela ficou surpresa e
disse:
"Mas
eu não tenho dote. E meus pais não podem me dar nada".
"As
freiras não precisam tanto de dotes quanto de virtudes", respondeu o anjo.
Ubaldesca
sorriu. "Mas e se eu
não tiver virtudes?"
E
o anjo no mesmo tom de voz: "O Espírito Santo suprirá". Então, gravemente: "Não há mulher em Pisa que seja mais
cheia de virtudes do que você. E por sua causa, de seus méritos, a cidade será
liberta de grandes perigos".
O
mensageiro de Deus desapareceu, e a menina, esquecendo o forno e o pão, correu
para os campos onde seus pais estavam trabalhando para lhes contar o que havia
acontecido e pedir permissão para irem embora. Sem mais reflexão ou demora, eles concordaram; os três partiram para o convento de São João do Templo de
Carraia, em Pisa.
Prevenida
pelo anjo, a abadessa e suas quarenta freiras de clausura ficaram atrás da
porta do recinto para esperar a postulante, que foi recebida assim que bateu. Todos foram à igreja onde Ubaldesca recebeu imediatamente o
vestido vermelho e o manto negro na presença de seus pais, que choraram de
alegria e tristeza e voltaram para casa depois de verem as portas do convento
fecharem-se sobre a única filha.
No
dia seguinte, com o suprimento de pão exaurido, eles se lembraram do pão no
forno, e não sem irritação. Eles acreditavam que fosse completamente carbonizado. Mas, ao remover a pedra do forno, encontraram o pão assado na
perfeição e mais dourado do que nunca. Não
acreditando em seus olhos, eles levaram para as irmãs, como um sinal de
agradecimento e uma prova do milagre.
Durante os 55 anos de
vida religiosa, Ubaldesca praticou no mosteiro e no hospital da cidade a
humildade e a caridade, mortificando continuamente seu corpo com jejuns
intensos e prolongados. A santa realizou milagres já durante sua vida e depois
de sua morte ocorrida no dia 28 de maio de 1206, Festa da Santíssima Trindade,
as curas extraordinárias ligadas ao seu nome se multiplicaram.
Os escritos da época
narram milagres como converter a água em vinho imitando ao Messias, manter
o pão durante três dias dentro do forno sem queimar-se e tirar água de um poço
seco, resultando que a representação mais comum dela é com um trigo na mão e
uma vasilha de vinho ou uvas na outra.
Atualmente algumas
relíquias de Ubaldesca Taccini são encontradas também em Malta, concedidas em
31 de junho de 1587. O Papa Sisto V (1585-1590) concedeu a indulgência plenária
a quem visitasse a Igreja de Malta no dia 28 de maio.
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