terça-feira, 30 de junho de 2015

Protomártires Romanos

Hoje a Igreja celebra a memória dos cristãos que sofreram o martírio durante a perseguição de Nero, no ano 64. 
A culpa do incêndio de Roma recaiu sobre os cristãos, os quais foram cruelmente martirizados. Do lado Sul da Basílica Vaticana há um recinto pequeno, chamado ainda hoje Praça dos Protomártires (primeiros mártires) Romanos. 
As iluminações que lá se vêem na noite de 26 de Junho, evocam as fogueiras que, pelos anos 64 e 65 extinguiram, ou sublimaram, humildes e heróicas vidas humanas. Roma ardera seis dias e sete noites. 
Prendem-se primeiro os que são suspeitos de seguir o cristianismo, e depois, conforme as denúncias que se vão fazendo, prendem-se outros em massa, condenados menos pelo crime de incêndio, do que pelo ódio que outros lhes têm. Aos tormentos juntam-se as mofas, homens envolvidos em peles de animais morrem despedaçados pelos cães, ou são presos a cruzes, ou destinados a ser abrasados e acendidos, à maneira luz noturna ao anoitecer ... 

Nero oferece os seus jardins para este espetáculo; vestido de cocheiro, corre misturado com a multidão, ou em cima dum carro. A perseguição movida por Nero prolongou-se até ao ano 67. E entre os mártires mais ilustres estavam São Pedro e São Paulo.

Os mártires de hoje:


No Evangelho , Jesus anuncia aos discípulos o Espírito Santo: “Tenho ainda muito que vos dizer, mas não podeis agora suportar. Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à verdade plena” (Jo 15,26).

O Senhor, explicou o Papa, “fala do futuro, da cruz que nos espera e nos fala do Espírito, que nos prepara a dar o testemunho cristão”. Portanto, fala “do escândalo das perseguições”, do “escândalo da Cruz”.
“A vida da Igreja – observou – é um caminho guiado pelo Espírito”, que nos recorda as palavras de Jesus e “nos ensina as coisas que Ele ainda não pôde nos dizer”: “é companheiro de caminhada” e “nos defende também” do “escândalo da Cruz”. A Cruz, de fato, é um escândalo para os judeus e uma loucura para “os gregos, isto é, os pagãos”. Os cristãos, ao invés, pregam Cristo crucificado. Assim, Jesus prepara os discípulos para que não se escandalizem com a Cruz de Cristo: “Expulsar-vos-ão das sinagogas – afirma Jesus – E mais: virá a hora em que aquele que vos matar julgará realizar um ato de culto a Deus”:

“Hoje somos testemunhas dessas pessoas que matam os cristãos em nome de Deus, porque são infiéis, segundo eles. Esta é Cruz de Cristo: ‘E isso farão porque não reconheceram o Pai nem a mim’. ‘O que aconteceu a mim – afirma Jesus – acontecerá também a vós – as perseguições, as tribulações – mas, por favor, não vos escandalizeis: será o Espírito a guiar-nos e a fazer-nos entender’”.

Neste contexto, o Papa recordou o telefonema que recebeu no domingo (10/05) do Patriarca copta Tawadros, “porque era o dia da amizade copta-católica”:
“Eu recordei os seus fiéis, que foram degolados na praia porque cristãos. Esses fiéis, pela força que lhes deu o Espírito Santo, não se escandalizaram. Morreram com o nome de Jesus nos lábios. É a força do Espírito. O testemunho. É verdade, a força do Espírito. O testemunho. É verdade, o martírio é justamente isso, o testemunho supremo”.

“Mas há também o testemunho de todos os dias – prosseguiu –, o testemunho de tornar presente a fecundidade da Páscoa” que “nos dá o Espírito Santo, que nos guia rumo à verdade plena, à verdade inteira, e nos faz recordar o que Jesus nos diz”:

“Um cristão que não leva a sério esta dimensão de martírio da vida não entendeu ainda o caminho que Jesus nos ensinou: o caminho do martírio de todos os dias; de defender os direitos das pessoas; dos filhos: pai e mãe que defendem sua família; o caminho do martírio de tantos, tantos doentes que sofrem por amor de Jesus. Todos nós temos a possibilidade de levar avante esta fecundidade pascal no caminho do martírio, sem nos escandalizar”.

O Papa concluiu com esta oração: 

“Peçamos ao Senhor a graça de receber o Espírito Santo, que nos fará recordar as coisas de Jesus, que nos guiará rumo a toda a verdade e nos preparará a cada dia para oferecer este testemunho, para oferecer este pequeno martírio de todos os dias ou um grande martírio, segundo a vontade do Senhor”.

11/05/2015 - Papa Francisco

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Beato Raimundo Lulio


"Não amar é morrer
Diga-me, louco de amor
se o seu amado não te ama mais,
o que você faria então?
Eu continuaria amando
para não morrer.
Porque não amar é morrer.
Amar é viver ". 

Conhecido como "Doctor Illuminatus" (Doutor Iluminado)ou "Doctor Inspiratus"n  (Doutor Inspirado). Outro dos seus apelidos era o de "Arabicus Christianus" (Árabe Cristão).
Proveniente de uma família de boa situação financeira, eram seus pais Amat Lull e Isabel d' Erill, Raimundo casou aos 22 anos com Blanca Picany, e deste matrimônio nasceram dois filhos: Domingos e Madalena.
Depois de uma vida mundana que o levou a abandonar a mulher e os filhos, nos 30 anos de sua vida na Corte, redigia um poema a um amor ilícito. Caiu em si, resolveu deixar, a vida mundana e logo redigiu, em estilo cavaleresco, o poema Diálogo entre o Amigo e a Amiga. Nisto já espelhava o traço de São Francisco, o trovador da Dama Pobreza. Converteu-se em 1262, ingressando na então Ordem Terceira da Penitência, precursora da atual Ordem Franciscana Secular (OFS).

Após uma experiência mística, em 1275, fez o duplo propósito de se preparar para o Magistério e dedicar-se à conversão dos infiéis. Em vista das insistentes queixas da sua esposa, entendeu por bem abandonar definitivamente a vida familiar e entregar-se ao apostolado.

O lugar do seu nascimento e residência foi uma determinante nas suas decisões, pois a ilha de Maiorca era uma encruzilhada de três grandes religiões e culturas: cristã, muçulmana e judia.
Segundo alguns autores, a sua obra seria constituída por 280 livros, escritos inicialmente em árabe e catalão (seria o criador do "catalão literário", uma língua neolatina).
Viajou por Barcelona, Montpellier, Corte Papal, Paris, Gênova, Norte de África, Chipre e Palestina, com o objetivo de dar a conhecer a sua "Ars Magna" e de a pôr ao serviço da conversão dos "infiéis", especialmente judeus e muçulmanos.

Tendo feito uma viagem para Burgia, na África, foi encarcerado e, depois de muitos maus-tratos, foi apedrejado. Recolhido quase morto, por um navio, expirou quando aportava à Ilha Maiorca, aos 29 de junho de 1315.

Uma bela citação de uma de suas obras:

"Adoro o Menino abençoado, Deus e homem, a Sua divindade, a Sua humanidade e todo o bem que há n' Ele, já que a Ele toda a adoração objetiva e, finalmente, deve ser endereçada.
Adoro n' Ele a soberana bondade, a soberana grandeza e todas as demais qualidades incriadas; e, sendo Ele homem, adoro também essas mesmas qualidades tal como foram criadas; e como todas as coisas foram feitas por Ele, adoro o Seu entendimento, e a Sua boa vontade eu adoro, e qualquer outra ação Sua; e a Ele ofereço toda a minha inteligência, todo o meu poder e todo o meu agir, e, se mais pudesse, mais diria para a Sua glória e a Sua honra.

Adoro o Menino que há-de sofrer a paixão, há-de ser sepultado e há-de ressuscitar no terceiro dia, e com toda a glória d' Ele adoro também a Bem-Aventurada Virgem Sua Sacratíssima Mãe".

domingo, 28 de junho de 2015

Santo Irineu

Irineu nasceu com toda a probabilidade em Esmirna, na Turquia por volta do ano 135-140, onde ainda jovem frequentou a escola do Bispo Policarpo, por sua vez discípulo do apóstolo João.
Não sabemos quando se transferiu da Ásia Menor para a Gália, mas a transferência certamente coincidiu com os primeiros desenvolvimentos da comunidade cristã de Lião: aqui, no ano 117, encontramos Irineu incluído no colégio dos presbíteros. Precisamente naquele ano ele foi enviado para Roma, portador de uma carta da comunidade de Lião ao Papa Eleutério.
A missão romana subtraiu Irineu à perseguição de Marco Aurélio, que causou pelo menos quarenta e oito mártires, entre os quais o próprio Bispo de Lião, Potino que, com noventa anos, faleceu por maus-tratos no cárcere. Assim, com o seu regresso, Irineu foi eleito Bispo da cidade.
O novo Pastor dedicou-se totalmente ao ministério episcopal, que se concluiu por volta de 202-203, provavelmente com o martírio.

Irineu é antes de tudo um homem de fé e Pastor. Do bom Pastor tem o sentido da medida, a riqueza da doutrina, o fervor missionário. Como escritor, busca uma dupla finalidade: defender a verdadeira doutrina contra os ataques heréticos, e expor com clareza a verdade da fé.

Irineu é o campeão da luta contra as heresias. A Igreja do século II estava ameaçada pela chamada gnose, uma doutrina que afirmava que a fé ensinada na Igreja seria apenas um simbolismo para os simples, que não são capazes de compreender coisas difíceis; ao contrário, os idosos, os intelectuais chamavam-se gnósticos teriam compreendido o que está por detrás destes símbolos, e assim teriam formado um cristianismo elitista, intelectualista.
Para explicar o mal no mundo, eles afirmavam a existência, em paralelo com o Deus bom, de um princípio negativo. Este princípio negativo teria produzido as coisas materiais, a matéria.
Radicando-se firmemente na doutrina bíblica da criação, Irineu contesta o dualismo e o pessimismo gnóstico que diminuíam as realidades corpóreas. Ele reivindicava decididamente a santidade originária da matéria, do corpo, da carne, não menos que a do espírito.
Para Irineu a "regra da fé" coincide na prática com o Credo dos Apóstolos, e dá-nos a chave para interpretar o Evangelho, para interpretar o Credo à luz do Evangelho. O símbolo apostólico, que é uma espécie de síntese do Evangelho, ajuda-nos a compreender o que significa, como devemos ler o próprio Evangelho.

De fato o Evangelho pregado por Irineu é o mesmo que recebeu de Policarpo, Bispo de Esmirna, e o Evangelho de Policarpo remonta ao apóstolo João, do qual Policarpo era discípulo. E assim o verdadeiro ensinamento não é o que foi inventado pelos intelectuais além da fé simples da Igreja. O verdadeiro Evangelho é o que foi transmitido pelos Bispos que o receberam numa sucessão ininterrupta dos Apóstolos. Eles outra coisa não ensinaram senão precisamente esta fé simples, que é também a verdadeira profundidade da revelação de Deus.

Assim diz-nos Irineu não há uma doutrina secreta por detrás do Credo comum da Igreja. Não existe um cristianismo superior para intelectuais. A fé publicamente confessada pela Igreja é a fé comum de todos. Só esta fé é apostólica, vem dos Apóstolos, isto é, de Jesus e de Deus. Aderindo a esta fé transmitida publicamente pelos Apóstolos aos seus sucessores, os cristãos devem observar o que os Bispos dizem, devem considerar especialmente o ensinamento da Igreja de Roma, preeminente e antiquíssima. Esta Igreja, devido à sua antiguidade, tem a maior apostolicidade, de facto haureorigem das colunas do Colégio apostólico, Pedro e Paulo. Com a Igreja de Roma devem harmonizar-se todas as Igrejas, reconhecendo nela a medida da verdadeira tradição apostólica, da única fé comum da Igreja.

Irineu defende a tradição apostólica, que podemos resumir em três pontos:

a)     A Tradição apostólica é "pública", não privada ou secreta.

b)     A Tradição apostólica é "única".

 Por fim, a Tradição apostólica é como ele diz na língua grega na qual escreveu o seu livro, "pneumática", isto é, espiritual, guiada pelo Espírito Santo.

sábado, 27 de junho de 2015

São Cirilo de Alexandria


Venerado como Santo quer no Oriente quer no Ocidente, em 1882 São Cirilo foi proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Leão XIII.

Sobrinho de Teófilo, que desde 385 como Bispo administrou com mão firme e com prestígio a diocese de Alexandria, Cirilo nasceu provavelmente na mesma metrópole egípcia entre 370 e 380, foi depressa iniciado na vida eclesiástica e recebeu uma boa educação, tanto cultural como teológica. Quando o tio Teófilo faleceu, em 412 o jovem Cirilo foi eleito Bispo da influente Igreja de Alexandria, que governou com grande energia durante trinta e dois anos, visando sempre afirmar o seu primado em todo o Oriente, fortalecido inclusive pelos tradicionais vínculos com Roma.

Dois ou três anos depois, em 417 ou em 418, o Bispo de Alexandria demonstrou-se realista ao recompor a ruptura da comunhão com Constantinopla, que já estava em ato desde 406. Mas o antigo contraste com a sede constantinopolitana voltou a inflamar-se cerca de dez anos mais tarde, quando em 428 foi eleito Nestório, um autorizado e severo monge. Com efeito, o novo Bispo de Constantinopla depressa suscitou oposições porque na sua pregação preferia para Maria o título de "Mãe de Cristo" (Christolókos), no lugar daquele já muito querido à devoção popular de "Mãe de Deus" (Theotókos). Motivo desta escolha do Bispo Nestório era a sua adesão à cristologia que, para salvaguardar a importância da humanidade de Cristo, terminava por afirmar a sua divisão da divindade. E assim já não era verdadeira a união entre Deus e o homem em Cristo e, naturalmente, já não se podia falar de "Mãe de Deus".

A reação de Cirilo, que aliás tencionava sublinhar fortemente a unidade da pessoa de Cristo foi quase imediata, e desenfreou-se com todos os meios já a partir de 429, dirigindo-se também com algumas cartas ao próprio Nestório. Na segunda missiva que Cirilo lhe enviou em Fevereiro de 430, lemos uma clara afirmação do dever dos Pastores de preservar a fé do Povo de Deus.
Este era o seu critério, de resto válido também hoje: a fé do Povo de Deus é expressão da tradição, é garantia da sã doutrina. Assim ele escreve a Nestório:

"É preciso expor ao povo o ensinamento e a interpretação da fé do modo mais irrepreensível, recordando que quem escandaliza um só dos pequeninos que crêem em Cristo há-de padecer um castigo intolerável".

Na mesma carta a Nestório carta que mais tarde, em 451, fora aprovada pelo Concílio de Calcedónia, o IV ecumênico,  Cirilo descreve com clareza a sua fé cristológica:

"Afirmamos, assim, que são diferentes as naturezas que se reuniram numa verdadeira unidade, mas de ambas derivou um único Cristo e Filho, não por ter sido eliminada por causa da unidade a diferença das naturezas, mas sobretudo porque a divindade e a humanidade, reunidas em união indizível e inenarrável produziram para nós o único Senhor, Cristo e Filho".

E isto é importante: realmente a verdadeira humanidade e a autêntica divindade unem-se numa única Pessoa, nosso Senhor Jesus Cristo. Por isso, continua o Bispo de Alexandria,

"professaremos um só Cristo e Senhor, não no sentido que adoramos o homem juntamente com o Logos, para não insinuar a idéia da separação, ao dizer "juntamente", mas no sentido que adoramos um só e o mesmo, porque não é estranho ao Logos o seu corpo, com o qual está também sentado ao lado do seu Pai, não como se sentassem ao seu lado dois filhos, mas um só, único à própria carne".

E depressa o Bispo de Alexandria, graças a alianças prudentes, obteve que Nestório fosse reiteradamente condenado: por parte da sé romana, pelo Concílio realizado em Éfeso no ano 431, o III ecumênico. A assembléia, concluiu-se com o triunfo da devoção a Maria e com o exílio do Bispo constantinopolitano, que não queria reconhecer à Virgem o título de "Mãe de Deus" por causa de uma cristologia errônea, que trazia divisão ao próprio Cristo.

Resumindo Cirilo escreve:

"Um só é o Filho, um só é o Senhor Jesus Cristo, tanto antes como depois da encarnação. Com efeito, não era um Filho o Logos nascido de Deus Pai, e outro o Filho nascido da Santa Virgem; mas acreditamos que precisamente Aquele que existe antes dos tempos nasceu também segundo a carne de uma mulher". 

Hoje é dia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro - Leia aqui http://coisasdesantos.blogspot.com.br/2015/05/nossa-senhora-do-perpetuo-socorro.html

sexta-feira, 26 de junho de 2015

São José Maria Hobles Hurtado

José Maria Robles Hurtado nasceu no dia 03 de maio de 1888 na cidade Mascota, próximo ao Vale Sierra Madre no México. Filho do casal Antônio Robles Hurtado e Petronila, o jovem desde cedo respirou uma profunda vivência espiritual e sacramental. Batizado no dia de seu nascimento, aos oito anos fez sua primeira comunhão, sendo educado primeiramente por sua mãe e, depois, dando continuidade aos estudos na escola da paróquia.

Entrou para o seminário na cidade de Guadalajara no ano de 1900. Após quatro anos estava disposto a sair, mas por influência dos seus pais que o incentivaram a continuar sua caminhada vocacional, reconsiderou e assim, no ano de 1911 recebeu o diaconato, sendo nomeado tesoureiro e secretário do seminário. Foi ordenado sacerdote no dia 22 de março de 1913 em Guadalajara. Assumiu diversos trabalhos pastorais, dentre eles um instituto de formação.
Escreveu diversas obras espirituais, poéticas e cantos. Incansável em seu apostolado fundou em 1918 a congregação das Vítimas do Coração Eucarístico de Jesus.
A condição da Igreja no México foi muito difícil desde que entrou em vigor, em 5 de fevereiro de 1917, a nova Constituição anticlerical e anti-religiosa, depois do longo período de ditadura que a antecedeu.

O clero católico foi objeto de perseguições, ora mais ora menos intensas, com muitos religiosos, leigos e sacerdotes sendo brutalmente assassinados, exclusivamente por serem cristãos. Diga-se, mesmo, que não existia processo, o julgamento era instantâneo e a sentença sumária.

Em 1920 foi nomeado pároco de Tecolotlán em Jalisco. Destacou-se pelo zelo, simpatia e firmeza com que pregava, acolhia e conduzia seus fiéis. Confessava a muitos e pregava um amor incondicional à Eucaristia. Criou ainda um jornal para propagar a devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Uma terrível perseguição religiosa forçou José Maria a refugiar-se em sua casa e de lá continuar a alentar e socorrer os perseguidos de sua paróquia.

Alguns dias, ou horas antes de ser morto, padre José Maria escreveu uma poesia, na qual expressou seus últimos desejos: "Desejo amar o teu Coração, Jesus meu, com participação total, desejo amá-lo com paixão, desejo amá-lo até o martírio. Com minh'alma te bendigo, meu Sagrado Coração; diga-me: aproxima-se o instante da feliz e eterna união?"

No dia 25 de junho de 1927, durante a celebração da missa, foi detido e amarrado em uma árvore até a morte. Foi beatificado pelo Papa João Paulo II na Festa de Cristo Rei em 22 de novembro de 1992 e canonizado pelo Papa João Paulo II no dia 21 de maio de 2000. Sua festa ficou definida para a data de 26 de junho.

Hoje também celebramos São Josémaria Escrivá

segunda-feira, 22 de junho de 2015

São Tomás More

Tomás More viveu uma carreira política extraordinária no seu País. Tendo nascido em Londres no ano 1478 de uma respeitável família, foi colocado, desde jovem, ao serviço do Arcebispo de Cantuária, João Morton, Chanceler do Reino. Continuou depois, em Oxford e Londres, os seus estudos de Direito, mas interessando-se também pelos vastos horizontes da cultura, da teologia e da literatura clássica. Criou relações de intercâmbio e amizade com notáveis protagonistas da cultura do Renascimento, como Erasmo de Roterdan.

A sua sensibilidade religiosa levou-o a procurar a virtude através duma assídua prática ascética: cultivou relações de amizade com os franciscanos e demorou-se algum tempo na cartuxa de Londres. Sentindo a vocação para o matrimônio, a vida familiar e o empenho laical, casou-se em 1505 com Joana Colt, da qual teve quatro filhos. Tendo esta falecido em 1511, Tomás desposou em segundas núpcias Alice Middleton, já viúva com uma filha. Ao longo de toda a sua vida, foi um marido e pai afetuoso e fiel, cooperando intimamente na educação religiosa, moral e intelectual dos filhos. A sua casa acolhia genros, noras e netos, e permanecia aberta a muitos jovens amigos que andavam a procura da verdade ou da própria vocação. Além disso, na vida de família dava-se largo espaço à oração comum e à lectio divina, e também a sadias formas de recreação doméstica. Diariamente, Tomás participava na Missa na igreja paroquial, mas as austeras penitências que abraçava eram conhecidas apenas dos seus familiares mais íntimos.

Em 1504, no reinado de Henrique VIII, foi eleito pela primeira vez para o Parlamento. O rei renovou-lhe o mandato em 1510 e constituiu-o ainda como representante da Coroa na Capital, abrindo-lhe uma carreira brilhante na Administração Pública. No decênio sucessivo, Henrique VIII várias vezes o enviou em missões diplomáticas e comerciais. Constituído membro do Conselho da Coroa, juiz presidente dum tribunal importante, vice-tesoureiro e cavaleiro, tornou-se em 1523 porta-voz, ou seja presidente, da Câmara dos Comuns.

Estimado por todos pela sua integridade moral, argúcia de pensamento, caráter aberto e divertido, erudição extraordinária, foi nomeado pelo rei em 1529, num momento de crise política e econômica do País, Chanceler do Reino.
Tomás More, o primeiro leigo a ocupar este cargo, enfrentou um período extremamente difícil, procurando servir o rei e o País. Fiel aos seus princípios, empenhou-se por promover a justiça e conter a danosa influência de quem buscava os próprios interesses à custa dos mais débeis. Em 1532, não querendo dar o próprio apoio ao plano de Henrique VIII que desejava assumir o controle da Igreja na Inglaterra, pediu a própria demissão. Retirou-se da vida pública, resignando-se a sofrer, com a sua família, a pobreza e o abandono de muitos que, na prova, se revelaram falsos amigos.

Constatando a firmeza irremovível com que ele recusava qualquer compromisso contra a própria consciência, o rei mandou prendê-lo, em 1534, na Torre de Londres, onde foi sujeito a várias formas de pressão psicológica. Mas Tomás More não se deixou vencer, recusando prestar o juramento que lhe fora pedido, porque comportaria a aceitação dum sistema político e eclesiástico que preparava o terreno para um despotismo incontrolável. Ao longo do processo que lhe moveram, pronunciou uma ardente apologia das suas convicções sobre a indissolubilidade do matrimônio, o respeito pelo patrimônio jurídico inspirado aos valores cristãos, a liberdade da Igreja face ao Estado. Condenado pelo Tribunal, foi decapitado.
sua cabeça foi exposta na ponte de Londres durante um mês, foi posteriormente recolhida por sua filha, Margaret Roper. A execução de Thomas More na Torre de Londres, no dia 6 de julhode 1535 "antes das nove horas", ordenada por Henrique VIII, foi considerada uma das mais graves e injustas sentenças aplicadas pelo Estado contra um homem de honra, consequência de uma atitude despótica e de vingança pessoal do rei. 

sexta-feira, 19 de junho de 2015

São Romualdo

São Romualdo nasceu numa família nobre na cidade de Ravena (Norte da Itália) por volta do ano 952. Deixou-se influenciar livremente numa vida distante do Evangelho. Sua juventude era feita de caça, exercícios bélicos e diversões. A diversão era o centro de sua vida. A vaidade era o seu deus. Uma vida sem sentido acompanhava aquele jovem.
Um acontecimento foi o ponto da “virada” em sua história: seu pai tinha um temperamento nervoso e matou, na presença de Romualdo, um inimigo pessoal. Foi nesta altura que Romualdo percebeu os caminhos e ambições que a sua família vivia, e começou a repensar sua história, ao ponto de se dirigir para uma alta montanha e lá conhecer um Mosteiro Beneditino, onde pediu acolhida para reflexão.
Foi descobrir gradualmente e com sofrimento sua verdadeira vocação de dedicar-se totalmente a Cristo, na escuta da sua Palavra, na purificação do coração e na obediência ao Espírito que guiava seus passos. Tendo deixado a Abadia de Santo Apolinário em Classe, onde tinha recebido o hábito monástico aos 20 anos, para a vida eremítica, descobriu que a solidão não o afastava dos irmãos, da vida da igreja e dos pobres, mas, pelo contrário, o enraizava numa comunhão e solidariedade mais profunda com eles.

Colocando-se com humildade na comunhão da Igreja, São Romualdo passa a viver como discípulo da tradição monástica anterior do Oriente (os padres do deserto) e do Ocidente (São Bento). Sua primeira escola foi a Abadia de Santo Apolinário em Ravena (972 – 975), e mais tarde o Mosteiro de Cuxá (montanhas dos Pireneus na Espanha, 997 -998), e em fim a Abadia mãe do monaquismo beneditino, Monte Cassino, (ano 1000).

Seguindo o ensinamento da Regra de São Bento, faz do amor ao Senhor e entre os irmãos, a sua regra suprema de vida. Solidariza-se com as dificuldades da vida da Igreja e da vida monástica do seu tempo e abraça os desafios pela sua renovação. Os discípulos chamarão este seu ensinamento de “relacionar-se segundo a lei suprema do amor fraterno” (privilégium amoris).

Com seu exemplo, mais que com seu ensino verbal, deixa a seus discípulos uma herança que se manifestará muito fecunda e ao mesmo tempo portadora de tensões.
Dá-se uma tríplice oportunidade para realizar a vocação monástica, uma em comunhão e complementariedade com outra: a vida fraterna no mosteiro, útil, sobretudo para iniciar a vida monástica; a vida na solidão do eremitério que pressupõe certa maturidade humana e espiritual; a dedicação a testemunhar o evangelho até o dom da vida, por aqueles que o Espírito impele a abandonar tudo para se unir totalmente com Cristo (triplex bonum).
“Como me confunde a vida dos Santos! Contemplando-a, queria morrer de vergonha”, ouviu-se o Santo muitas vezes dizer. Já no fim da vida, disse a um religioso de sua confiança: “Vai para vinte anos, que estou me preparando para a morte; quanto mais faço, tanto mais me convenço de que não sou digno de comparecer na presença de Deus”. Romualdo morreu em 1027.

Os Camaldolenses

Fundado em 1012 por São Romualdo, o Sagrado Eremitério e Mosteiro de Camáldoli encontra-se em meio a uma floresta milenar do Apenino toscano-romanholo na Itália central. Um cenário de extraordinária beleza que infunde serenidade e dilata o espírito.Camáldoli conjuga as duas dimensões, comunitária e solitária, próprias da vida do monge, expressas respectivamente, no Sagrado Eremitério e no Mosteiro que juntos, formam uma só comunidade. O tradicional brasão, formado por duas pombas que bebem no mesmo cálice, exprime simbolicamente esta comunhão na diversidade, alimentada no constante relacionamento com o amor de Deus.
Por sua natural vocação, Camáldoli desde suas origens desempenhou e ainda hoje desempenha a função de ponte entre as tradições monásticas do Oriente e do Ocidente. Com o Concílio Vaticano II voltou a ser um lugar privilegiado de encontro para o diálogo ecumênico e inter-religioso. Diálogo com o judaísmo e com o islamismo, com o hinduísmo e com o budismo, com homens e mulheres que formalmente não pertencem a uma religião específica, mas vivem em sincera busca interior. Camaldoli é a Casa Mãe e ponto de referência espiritual de uma rede de dez comunidades de monges que se encontram na Itália, nos Estados Unidos, no Brasil, na Índia e na África.

Cada uma delas interpreta, segundo as características próprias e a cultura de cada Igreja local, a comum inspiração romualdina e camaldolense, e juntas constituem a Congregação Camaldolense da Ordem de São Bento. Também algumas comunidades monásticas femininas, presentes na Itália, França, Tanzânia, Estados Unidos, Índia e Brasil, se refazem ao comum patrimônio espiritual de São Romualdo e de Camáldoli. Entre os dois ramos da única família camaldolense se desenvolvem atualmente, formas e iniciativas de colaboração ao nível espiritual e pastoral.


Hoje também celebramos os Santos Gervásio e Protásio.
Veja aqui: http://coisasdesantos.blogspot.com.br/2014/06/santos-gervasio-e-protasio.html



quarta-feira, 17 de junho de 2015

Beato José Maria Cassant

José Maria Cassant nasceu no dia 6 de Março de 1878 na localidade de Casseneuil (França), no seio de uma família de agricultores. Desde pequeno sente grande identificação com a Missa e a liturgia, manifestando o desejo de ser sacerdote. Prefere o silêncio e a solidão da capela às brincadeiras de criança. Sempre teve muita dificuldade em aprender e memorizar o conteúdo das aulas, embora a elas se aplicasse com afinco. Aos quinze anos ainda estuda em meio a meninos de oito a dez anos. Este obstáculo intelectual o impediu de ser aceito no seminário diocesano, após manifestar aos seus familiares o desejo de se tornar sacerdote. Seu diretor espiritual sugeriu-lhe, então, de tentar ingressar na Trapa.

Assim, no dia 5 de Dezembro de 1894 entrou na abadia cisterciense de Santa Maria do Deserto, na Diocese de Tolosa.
Contemplando Jesus na sua Paixão, o jovem monge deixava-se impregnar pelo amor de Cristo. Consciente das suas lacunas e debilidades, confiava única e totalmente em Jesus, que era a sua força.
Durante seu noviciado, desenvolve uma profunda espiritualidade contemplativa, a partir de sua devoção ao Sagrado Coração de Jesus e do lema: “Tudo para Jesus, tudo por Maria”. 
Pronunciou os votos perpétuos na solenidade da Ascensão e começou a preparação definitiva para o sacerdócio, que considerava em função da Eucaristia, em que Cristo Salvador se entrega inteiramente aos homens, e em cujo Coração traspassado na cruz, recebe todos os que a Ele recorrem com confiança. José Maria recebeu a Ordenação sacerdotal no dia 12 de Outubro de 1902.
Atingido pela tuberculose, o jovem presbítero só revelou os seus sofrimentos quando já não os podia esconder, oferecendo-os sempre por Cristo e pela Igreja e meditando assiduamente sobre a Via-Sacra do Salvador.
No leito de morte, afirmou: "Quando não poderei mais celebrar a Santa Missa, Jesus poderá levar-me deste mundo".
O Padre José Maria faleceu na madrugada do dia 17 de Junho de 1903, com apenas 25 anos de idade, dos quais 16 transcorridos na discrição em Casseneuil e 9 no claustro de um mosteiro, dedicando-se às coisas mais simples: oração, estudo e trabalho.
Coisas ordinárias, porém, que ele soube viver de maneira extraordinária, com uma generosidade incondicional.
Por isso, a mensagem do Padre José Maria é muito atual: num mundo em que reina a desconfiança, que muitas vezes é vítima do desespero, mas que é sequioso de amor e de ternura, a sua vida pode ser uma resposta para quem, sobretudo entre os jovens, se põe em busca de um sentido para a sua vida.

João Paulo II reconheceu a heroicidade das suas virtudes no dia 19 de Junho de 1984 e foi beatificado em 3 de outubro de 2004.

Hoje também celebramos São Raniero de Pisa. 
Veja aqui http://coisasdesantos.blogspot.com.br/2014/06/sao-raniero-de-pisa.html

terça-feira, 16 de junho de 2015

São Tícon

Tícon, filho de um padeiro, na ilha de Chipre, era um rapaz muito generoso. Sempre que seu pai deixava o filho sozinho na loja, o jovem santo dava o pão livremente para aqueles que precisavam. Descobrindo isso, seu pai ficou furioso, mas o filho disse que tinha lido nas Escrituras, que, ao dar a Deus você recebe de volta cem vezes mais. "Eu", disse o jovem, "dei a Deus o pão que foi tomado", e ele convenceu o pai a ir para o lugar onde o grão estava armazenado. Com espanto o pai viu que o celeiro, que antes estava vazio, agora estava transbordando com o trigo. A partir desse momento o pai não impediu seu filho de distribuir pão aos pobres.

À morte do pai, Tícon preferiu desfazer-se do forno; vendeu-o e distribuiu até o último tostão aos pobres e se pôs a serviço do bispo Amatonte, que o ordenou diácono. À morte do bispo, Tícon foi eleito pelo povo seu sucessor.

Generoso com os pobres, mas intolerante ao culto pagão, começou com um gesto audaz, destruindo o templo da deusa Ártemis, cuja sacerdotisa não só aceitou o fato consumado, mas também pediu para ser batizada e foi atendida. Também fez isso com a mais popular divindade cipriota, precisamente a Vênus Cípria, ou Afrodite, cuja estátua o zeloso bispo despedaçou druante a procissão anual do templo ao bosque sagrado, meta de ritos orgíacos.

Os devotos de Vênus não lhe perdoaram. Colocaram-no em um carro e o conduziram ao governador. O processo concluiu-se do melhor modo: grande parte dos acusadores, incluindo o governador, converteram-se.

Ao benéfico distribuidor de pão não podia faltar vinho.
Um certo jardineiro trouxe as podas secas de videiras de uma vinha. São Tícon os recolheu, plantou em seu jardim e suplicou ao Senhor que esses ramos pudessem criar raízes e dar frutos para a saúde das pessoas. O Senhor fez isso através da fé do joven santo. Os ramos se enraizaram, e seu fruto tinha um gosto especial e muito agradável. Foi usada durante a vida do santo para fazer o vinho para a Santíssima Eucaristia. A vinha plantada pelo santo bispo continuou durante anos a dar generoso vinho, com o qual se continua a festejar anualmente São Tícon.

Ele morreu no ano de 450.


sexta-feira, 12 de junho de 2015

Santo Onofre

Onofre foi um eremita que viveu no Egito no final do século IV e início do século V. Ele foi encontrado por um abade chamado Pafúncio. Acostumado a fazer visitas a alguns eremitas na região de Tebaida, esse abade empreendeu sua peregrinação a fim de descobrir se também seria chamado a vivê-la.

Pafúncio perambulou no deserto durante vinte e um dias, quando, totalmente exausto e sem forças, caiu ao chão. Nesse instante, viu aparecer uma figura que o fez estremecer: era um homem idoso, de cabelos desgrenhados e longa barba que desciam até o chão, recoberto de pêlos tal qual um animal, usando uma tanga de folhas.

Era comum os eremitas serem encontrados com tal aspecto, pois viviam sozinhos no isolamento do deserto. No final, ficavam despidos porque qualquer vestimenta era difícil de ser encontrada e reposta.

No primeiro instante, Pafúncio pôs-se a correr, assustado, com aquela figura. Porém, minutos depois, essa figura o chamou dizendo que nada temesse, pois também era um ser humano e servo de Deus.

O abade retornou ao local e os dois passaram a conversar. Onofre disse a Pafúncio o seu nome e explicou-lhe a sua verdadeira história. Era monge em um mosteiro, mas sentira-se chamado à vida solitária. Resolveu seguir para o deserto e levar a vida de eremita, a exemplo de são João Batista e do profeta Elias, e há 70 anos estava vivendo apenas de ervas e do pouco alimento que encontrasse.

Onofre falou sobre a fome e a sede que sentira e também sobre o conforto que Deus lhe dera alimentando-o com os frutos de uma tamareira que ficava próxima da gruta que era sua moradia. Em seguida, conduziu Pafúncio à tal gruta, onde conversaram sobre as coisas celestes até o pôr-do-sol, quando apareceu, repentinamente, diante dos dois, um pouco de pão e água que os revigorou.

Pafúncio falou a ele sobre seu desejo de tornar-se um eremita. Mas Onofre disse que não era essa a vontade de Deus, que o tinha enviado para assistir-lhe a morte. Depois, deveria retornar e contar a todos sua vida e o que presenciara. Pafúncio ficou, e assistiu quando um anjo deu a eucaristia a Onofre antes da morte, no dia 12 de junho.

Retornando à cidade, escreveu a história de santo Onofre e a divulgou por toda a Ásia. A devoção a este santo era muito grande no Oriente e passou para o Ocidente no tempo das cruzadas. O dia 12 de junho foi mantido pela Igreja, tendo em vista a época em que Pafúncio viveu e escreveu o livro da vida de santo Onofre, que buscou de todas as maneiras os ensinamentos de Deus.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Santo Éfrem

Efrém nasceu no ano 306, bem no início do século IV, na cidade de Nisibi, atual Turquia. Cresceu em meio a graves conflitos de ordem religiosa, além das heresias que surgiam tentando abalar a unidade da Igreja. Mas todos eles só serviram de fermento para que sua fé em Cristo e sua ardente devoção à Virgem Maria vigorassem e se firmassem.

O pai de Efrém era sacerdote pagão, embora sua mãe, cristã, defendesse a liberdade religiosa educando o filho dentro dos preceitos da palavra de Cristo. Ele foi educado na infância entre a dualidade do paganismo do pai e do cristianismo da mãe, pois o Edito de Milão, autorizando a liberdade de culto, só entrou em vigor quando ele já tinha sete anos de idade. Mas o patriarca da família jamais aceitou a fé professada pelo filho. Como não o venceu nem com a força, nem com argumentos, expulsou-o de casa. Efrém foi batizado aos dezoito anos e viveu do seu próprio sustento, trabalhando num balneário local.
O padre Efrém teve, quando criança, um sonho ou uma visão: saía uma videira de sua boca e crescia e enchia toda terra; e estava completamente cheia de ramos; e vieram todos os pássaros do céu e comeram do fruto da videira. Mas, quanto mais comiam, mais se multiplicavam os frutos.

No ano 338, Nisibi foi invadida pelos persas. Efrém, então diácono, deslocou-se para a cidade de Edessa, também atual Turquia. Os poucos registros sobre sua vida contam-nos que era muito austero. Ele dirigiu e lecionou uma escola que pregava e defendia os princípios cristãos, escrevendo várias obras sobre o tema. Como não sabia grego, sua obra ficou isenta da influência dos teólogos seus contemporâneos, inclinados à controvérsia da Trindade. Efrém foi um ardente defensor da genuína doutrina cristã antiga.

Com veia poética, seus sermões atraiam multidões e sua escola era muito concorrida pelo conteúdo didático simples e exortativo, atingindo diretamente o povo mais humilde. Na sua época estava-se organizando o canto religioso alternado nas igrejas. Esse movimento foi iniciado pelos bispos Ambrósio de Milão e Diodoro da Antioquia. A colaboração do diácono Efrém de Nisibi foram poesias na língua nativa próprias para o canto coletivo, o que permitiu uma rápida divulgação.
A grandeza de Santo Efrém chegou ao seu ponto mais elevado nos cantos de louvor à Mãe de Deus. Faltava ainda muito tempo para o Concílio de Éfeso e já o pensamento de Efrém sobre ela havia adquirido um grande desenvolvimento e aprofundamento. Nela contempla e celebra a extraordinária beleza e vê refulgir nela, mediante uma co-participação extremamente contínua e privilegiada, a conformidade com Cristo: o Senhor e sua Mãe são os únicos seres perfeitamente belos neste mundo contaminado; na Senhora, resplandece uma semelhança com Deus única e excepcional. Estes pensamentos são expressados de maneira repetida por Efrém, sobretudo nos Hinos para a Natividade.

Por sua linguagem poética recebeu o apelido carinhoso de "Harpa do Espírito Santo". Somente a Nossa Senhora dedicou mais de vinte poemas, transformados em hinos. Suas poesias eram tão populares e empolgantes que da Síria espalharam-se e chegaram até o Oriente mediterrâneo, graças a uma cuidadosa e fiel tradução em grego.

Um dia, enquanto Efrém passeava pelo caminho, surgiu uma meretriz de emboscada para seduzi-lo ou, ao menos, para provocá-lo, posto que ninguém o havia visto jamais preso pela ira. Ele a disse: "segue-me". Quando chegaram a um lugar muito movimentado, disse-lhe: "faz o que queres aqui, neste lugar". Mas ela, vendo a multidão disse: "como podemos fazer diante desta grande multidão sem sentir vergonha?" E ele respondeu: "se nos envergonhamos diante das pessoas, tanto mais deveríamos nos envergonhar diante de Deus que escuta no segredo das trevas. E ela, cheia de vergonha, afastou-se sem ter realizado o que pretendia.

Efrém morreu no dia 9 de junho de 373, em Edessa, sem ter sido ordenado sacerdote. Desde então, é venerado neste dia por sua santidade, tanto pelos católicos do Oriente como do Ocidente. O papa Bento XV declarou-o doutor da Igreja em 1920.

Hoje, no Iraque a Igreja chora mais uma violência: o grupo terrorista El, anunciou a iminente abertura da "mesquita dos mujaheddin", que ocupará o lugar da antiga igreja de Santo Efrém, na cidade de Mossul. http://www.zenit.org/pt/articles/iraque-a-igreja-de-santo-efrem-e-transformada-em-mesquita



segunda-feira, 8 de junho de 2015

São Medardo

São Medardo

Nasceu em 456 em Salencia, Picardia , França, filho de uma familia nobre, jovem piedoso e brilhante estudante.

Educado em Saint-Quentin e freqüentemente acompanhava seu pai em viagens de negócios a Vermand e a Tournai e freqüentava as escolas de lá.
Atraído pela vida religiosa, foi ordenado com a idade 33 anos.

Sua vida é rica de anedotas, que o mostram como um homem tolerante para com as fraquezas humanas, generoso no dar e sábio nas repostas.
Contam que um ladrão roubou-lhe uma vaca, mas o chocalho, apesar de envolvido em trapos, se pôs a tocar. Medardo acordou, fez silenciar o chocalho e deixou ir embora o ladrão com a sua vaca.
Outra historia fala que diante de um ataque de abelhas, ele ordenou que voltassem imediatamente à colméia e elas obedeceram.
Testemunhas o viram ficar sem comer para alimentar os famintos e, certa feita, tirou a roupa do corpo para dá-la a um velhinho cego e quase despido que lhe pediu uma esmola.

Com relutância aceitou ser Bispo de Vermand em 530 e em 531 moveu sua Sé para Noyon, que estava mais distante das brigas de fronteiras. Bispo de Tournai em 532 e uniu as duas Dioceses e esta união durou até 1146.

Ele foi o bispo que colocou o véu de freira a Santa Radegunda: ela era a rainha, casada com o Rei Clotário, que tinha assassinado o próprio irmão. Abandona então, o marido e pede para ser acolhida num mosteiro para ser consagrada a Deus. Aquela situação delicada não intimidou Medardo, que colocou sua vida em jogo para amparar a rainha cristã, que por motivos políticos fora obrigada a coabitar com um rei pagão. O Bispo Medardo a acolheu e depois de muita reflexão impôs-lhe o véu beneditino.

Medardus era um dos mais notáveis bispos de seu tempo e era muito venerado no norte e nordeste da França e logo tornou-se um herói com inúmeras lendas.

Todo ano, no dia de sua festa, em Rosiére uma jovem era escolhida como a mais exemplar da região e escoltada por 12 rapazes e 12 garotas para a igreja onde ela era coroada com rosas e recebia uma quantidade em dinheiro.
Era uma espécie de bolsa escolar, e teria sido instituída por São Medardo, quando bispo.

A tradição diz que se no dia de sua festa chover, os próximos 40 dias choverão e se o tempo estiver bom, os próximos 40 dias terão um clima bom.


Faleceu em 8 de junho de 545 em Noyon e suas relíquias forma trasladadas para uma propriedade real perto de Crouy, na entrada de Soissons e uma Abadia Beneditina foi construída sobre seu túmulo.

quinta-feira, 4 de junho de 2015

São Francisco Caracciolo



Seu primeiro e verdadeiro nome era Ascânio, era um italiano descendente, por parte de mãe, de santo Tomás de Aquino, portanto, como ele, tinha vínculos com a elite da nobreza. Nasceu próximo de Nápoles, na Vila Santa Maria de Chieti, em 13 de outubro de 1563. A família, muito cristã, preparou-o para a vida de negócios e da política, em meio às festas sociais e aos esportes.

Na adolescência, decidiu pela carreira militar. Aos 21 anos, foi acometido por uma enfermidade terrível na pele, semelhante a lepra, e todos acreditavam ser incurável. Então fez a Deus esta promessa: “Se me curas desta enfermidade, dedicarei minha vida ao sacerdócio e ao apostolado”.
Curado milagrosamente, decidiu cumprir com sua promessa, indo para Nápoles e a outros lugares. Assim ordenou-se sacerdote com o nome de Francisco Caracciolo, e uniu-se a um grupo de apostolado que se dedicava a atender a presidiários.
Em 1588 um grande apóstolo chamado João Adorno, dispôs edificar uma comunidade religiosa, dedicando a metade do tempo à oração e a outra metade ao apostolado.

Para isto mandou uma carta a um Ascânio Caracciolo, pedindo-lhe conselhos sobre este projeto e propondo-lhe sua colaboração. Porém, sucedeu que os que levavam a carta equivocaram-se de destinatário e em vez de entregá-la ao outro Ascânio (seu homônimo) entregaram-na a Francisco Caracciolo, que ao lê-la sentiu que esta comunidade era o que ele havia desejado por muitos anos.
Com João Adorno fundou a nova congregação, que além dos votos comuns de pobreza, castidade e obediência, teve um quarto voto: o de não aceitar dignidade alguma eclesiástica. 

Notável pelo seu trabalho junto aos pobres , era um fazedor de milagres e tinha o dom da profecia, e era um pregador muito popular em sua região, curava várias doenças apenas com sua benção e o sinal da cruz. O Papa Paulo V desejava que ele fosse Bispo, mas recusou repetidamente, citando a o voto da Congregação que proibia aceitar qualquer alta posição na Igreja. 

Durante uma estada com os padres do Oratório caiu gravemente enfermo e veio a falecer. Seu copo foi transportado para Nápoles e sepultado na igreja de Santa Maria Maior. O primeiro de seus numerosos milagres foi a de um aleijado, durante seu funeral. Foi canonizado a 24 de maio de 1807. 

quarta-feira, 3 de junho de 2015

São Carlos Luanga e companheiros

O continente africano só foi aberto aos europeus depois da metade do século XIX. Antes disso, as relações entre as culturas davam-se de forma violenta, principalmente por meio do comércio de escravos. Portanto, não é de estranhar que os primeiros missionários encontrassem, ali, enorme oposição, que lhes custava, muitas vezes, as próprias vidas.
No século XIX, Buganda era um reino independente ao norte do Lago Vitória, no centro da África. Ele se tornaria depois uma das quatro províncias do protetorado inglês de Uganda. Monarquia hereditária de tipo africano, seu monarca tinha direito de vida e morte sobre seus súditos. Governo organizado, o que era raro naquele continente, Buganda surpreendeu os europeus.
Cerca de três mil pessoas viviam no conjunto do palácio real, incluindo 400 pajens encarregados dos ofícios mais diversos ligados ao monarca. Tais pajens eram escolhidos pelos chefes locais entre os mais inteligentes e bem apessoados meninos de 12 anos do reino, e quando atingiam os 20 anos de idade passavam para a guarda pessoal do rei.
Os primeiros missionários católicos chegaram ao reino em 1878, os “Missionários da África” ou “Padres Brancos” franceses, sendo cortesmente recebidos pelo rei, Mutesa I, como o foram também protestantes e muçulmanos.
A pregação começou por Uganda, onde conseguiu chegar a “Padres Brancos”, congregação fundada pelo cardeal Lavigérie. Posteriormente, somaram-se a eles os padres combonianos. A maior dificuldade era mostrar a diferença entre missionários e colonizadores.

Os “Padres Brancos” abriram um orfanato que se tornou o núcleo da futura cristandade, mas ficaram desapontados com o fraco interesse do povo. Também os órfãos se mostraram muito arredios e difíceis de educar. De modo que, em 1882, os missionários tiveram que se retirar do país. Deixaram, entretanto, alguns conversos que não só perseveraram, mas começaram a fazer apostolado por sua conta.
Quando faleceu Mutesa I em 1884, subiu ao trono seu filho Muanga II, de 18 anos. Este não tinha o senso político do pai e era dado às práticas homossexuais, utilizando para suas ações os pajens da corte. Apesar disso, Muanga pediu que voltassem ao reino os missionários, aos quais tinha admirado em sua infância. Eles o fizeram somente dois anos depois, tendo a alegria de encontrar um núcleo de aproximadamente duzentos conversos entre rapazes e moças do palácio real, os “rezadores”, como eram chamados.

O rei Muanga tentou seduzir Muafa. Este era um dos jovens pajens que se recusou ao pecado da prática homossexual, dizendo que seu corpo era templo do Espírito Santo. Muanga soube que o rapaz estava sendo catequizado por outro pajem, Denis Sebuggwawo, de 17 anos, recém-batizado. Mandou-o vir à sua presença e o interrogou sobre o que estava ensinando a Muafa. Denis respondeu corajosamente que lhe ensinava a única Religião verdadeira. Enfurecido, Muanga matou-o com uma lançada no pescoço. São Denis foi, assim, o segundo mártir de Buganda.
Durante a noite que se seguiu ao martírio, Carlos Luanga, que tinha ficado encarregado dos pajens cristãos desde a morte de José, viu que as coisas tomavam um rumo muito perigoso e resolveu batizar quatro pajens ainda catecúmenos ­– inclusive Kizito, de apenas 13 anos – e recomendar-lhes perseverança na fé.
No dia seguinte, Muanga se reuniu com seu conselho e foi decidido exterminar de vez aqueles “fanáticos”, que não obedeciam mais ao rei. Muanga chamou os 100 carrascos reais, convocou todos os pajens para comparecer à sua presença, e disse-lhes: “Os que rezam, vão para aquele lado. Os que não rezam, fiquem aqui junto a mim”.
Carlos Luanga levantou-se, tomou Kizito pela mão e foi se colocar no local indicado para os “rezadores”. Seguiram-no mais doze, todos com menos de 25 anos de idade. Muanga perguntou-lhes se eles pretendiam permanecer cristãos. Todos responderam corajosamente que sim, e foram condenados à morte. O rei mandou vir também um soldado que se tinha tornado católico, Tiago Buzabaliawo, oferecendo-lhe o perdão se apostatasse. Tiago recusou-se terminantemente, e foi engrossar o cortejo dos confessores da fé. Foi também condenado um chefe tribal, André Kagwa, que tinha convertido toda sua família e muitos conhecidos; e Matias Kalemba, juiz suplente num tribunal de província, que primeiro se tinha tornado muçulmano, depois anglicano, convertendo-se finalmente para a verdadeira Religião.

Tranquilidade ante a perspectiva do martírio

A execução seria em Namungongo, a 60 km de distância. Em cada encruzilhada era imolado um cristão aos deuses locais.
Os condenados passaram perto da casa dos “Padres Brancos”. O Pe. Lourdel, que tinha batizado a vários deles, ficou pasmo diante da tranquilidade e alegria com que se dirigiam ao local do suplício, inclusive o menino Kizito. Quando o sacerdote ergueu sua mão para dar-lhes a absolvição, Tiago Buzabaliawo ergueu suas mãos imobilizadas apontando para o céu, como que a dizer que lá esperava o sacerdote.
Chegados ao local da imolação, os prisioneiros foram atados fortemente, divididos em grupos e trancados em cabanas, amarrados a postes. Os mais velhos de cada grupo encorajavam os mais novos a perseverarem. Assim permaneceram durante uma semana, até que uma gigantesca fogueira terminou de ser montada.
Em 3 de junho, dia da Ascensão, os pajens foram deitados de costas em esteiras de caniço seco, com as mãos amarradas, e colocados na fogueira.
Um dos pajens, Mubaga Tuzinde, de 17 anos, filho do carrasco-mor, teve que enfrentar a pressão do pai, que insistia em que apostatasse. Como Mubaga se mantivesse firme na fé, o pai mandou dar-lhe violenta pancada na nuca para matá-lo antes de pô-lo na fogueira.
Sem prantos nem gritos, mas rezando em alta voz, os mártires entregaram suas almas a Deus, dizendo aos seus carrascos: “Vocês podem matar nosso corpo, mas não nossa alma, que a Deus pertence”.
Os carrascos ficaram perplexos com a atitude tranquila e alegre dos mártires frente à morte, comentando entre si: “Nós já matamos muita gente, mas a nenhum como estes, que não gemem nem choram, nem dizem más palavras. Tudo o que ouvimos é um suave murmúrio de preces. Eles rezam até morrer”.
Entretanto, para Carlos Luanga fora preparada morte ainda mais terrível: ser assado vivo a fogo lento! Um dos pajens católicos, dos três que por motivos ignorados foram poupados, declarou que um dos carrascos separou Carlos Luanga dos outros, dizendo:“Ele será minha vítima”. Carlos foi deitado numa pira em que o fogo foi mantido bem baixo para o ir queimando lentamente. O fogo porém consumiu-lhe as pernas sem tocar no resto do corpo.


O último mártir foi um pajem de nome João Maria, decapitado no dia 27 de janeiro de 1887. No total foram 22 mártires que foram beatificados por Bento XV e canonizados por Paulo VI no dia 18 de outubro de 1964, na presença dos padres do Concílio Vaticano II, e o próprio Paulo VI consagrou em 1969 o altar do grandioso santuário que surgiu em Namugongo, onde os três pajens guiados por Carlos Lwanga quiseram rezar até a morte.




terça-feira, 2 de junho de 2015

Santos Potínio, Blandina e Companheiros

Em 177 começou em Lyon uma perseguição contra os cristãos, de acordo com os decretos do imperador Marcos Aurélio. O Martirológio Romano recorda no dia 2 de junho um grupo de 48 mártires mortos mais ou menos ao mesmo tempo em ódio à fé cristã, seja em Lyon ou em Vienne, mas que são chamados normalmente de Mártires de Lyon.
     
Seu glorioso martírio é narrado por testemunhas da época, absolutamente confiáveis; a história completa está contida em uma carta que a Igreja da Gália enviou, logo após os eventos, à Igreja de Esmirna, aos cristãos da Ásia e da Frígia, e que o historiador Eusébio de Cesareia incluiu integralmente em sua "História Eclesiástica", que chegou assim até nós.
     
Referido grupo é liderado por São Potínio, Bispo nonagenário, e o segundo nome é o de Blandina, que era uma escrava cristã que foi presa juntamente com sua senhora. Blandina era originária da Ásia Menor, mais especificamente a região central da atual Turquia. Apesar dos temores que os outros cristãos alimentavam com relação à sua fidelidade na fé, ela mostrou uma firmeza bastante extraordinária ao enfrentar o martírio, em que não lhe foi poupada a crueldade. Ela repetia: "Eu sou um cristã e entre nós não há mal nenhum".
     
Ela foi conduzida inicialmente ao anfiteatro Trois Gaules, que ainda existe na cidade de Lyon, França, e foi pendurada em um poste em forma de cruz; ela rezou em voz alta e as feras não a atacaram. Em seguida, ela foi levada para a arena, juntamente com outros fiéis, sobreviventes de várias torturas, onde ela foi forçada a testemunhar a terrível morte de seus companheiros, enquanto ela superava mais uma vez o tormento da grelha ardente.
     
Ficando sozinha, caiu sobre ela a ferocidade pagã: desnuda e coberta com uma rede foi exposta às vaias dos espectadores e à fúria de um touro, que a golpeou com os chifres, jogou-a para o ar várias vezes e, finalmente, foi morta pela espada. Os pagãos mesmos declararam que jamais uma mulher sofrera tantos e tão duros tormentos.
     
Santa Blandina, escrava na vida, mas mártir heroica e gloriosa na morte, é representada na arte, ao longo dos séculos, com os atributos de seu suplício: a rede, o touro, a grelha e o leão. Blandina é a santa padroeira da cidade de Lyon. É também, com Santa Marta, padroeira das empregadas. Ela é comemorada dia 2 de junho junto com os outros mártires de Lyon.
 
Etimologia: Blandina, diminutivo de Blanda, do latim Blandus = branda, suave, meiga.

Hoje a Igreja celebra também Santos Pedro e Marcelino Clique aqui


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Beato João Batista Scalabrini

JOÃO BATISTA SCALABRINI nasceu em Fino Mornasco (Itália), no dia 8 de Julho de 1839. Terminado o curso de Filosofia e Teologia no Seminário de Como, recebeu a Ordenação sacerdotal a 30 de Maio de 1863. Nos primeiros anos de sacerdócio foi professor e depois reitor do Seminário; em seguida assumiu a paróquia de São Bartolomeu. Com apenas 36 anos de idade foi consagrado Bispo de Placência, no dia 30 de Janeiro de 1876.
A sua atividade pastoral e social foi bastante vasta: realizou pessoalmente cinco visitas pastorais às 365 paróquias da diocese, muitas delas localizadas longe e em situações de difícil acesso; celebrou três Sínodos, um deles dedicado ao culto eucarístico para incentivar a adoração perpétua; reorganizou os Seminários, cuidando da reforma dos estudos eclesiásticos; foi infatigável na administração dos sacramentos, na pregação e na educação do povo ao amor ativo à Igreja e ao Papa, no culto da verdade, da unidade e da caridade. Nesta virtude, em particular, desvelou-se na assistência aos doentes de cólera, na visita às famílias empobrecidas e na generosidade ao perdão.
Definido por Pio IX «apóstolo do catecismo », quis que este fosse ensinado em todas as paróquias, incentivando a catequese dos adultos; fundou a primeira revista catequética italiana.
Impressionado, desde o início do seu episcopado, pelo desenrolar dramático da emigração italiana, Dom Scalabrini fez-se apóstolo dos milhões de italianos que abandonavam a própria pátria. Com a aprovação de Leão XIII, no dia 28 de Novembro de 1887 fundou a Congregação dos Missionários de São Carlos (Escalabrinianos), para a assistência religiosa, moral, social e legal dos emigrantes.
Em 1895 fundou, com esta mesma finalidade, a Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos, e abriu o campo da emigração também para as Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração.

A enorme atividade de Dom Scalabrini tinha origem e encontrava inspiração profunda na ilimitada fé em Jesus Cristo, presente na Eucaristia e em oferta contínua na Cruz; extraordinária também foi a sua devoção a Nossa Senhora, sempre recordada nas suas homilias e muitas vezes visitada nos santuários marianos.
Morreu no dia 1 de Junho de 1905, tendo pronunciado estas palavras: «Senhor, estou pronto, vamos!».
De fato tinha cumprido o seu programa: «Fazer-se tudo para todos».


Neste dia a Igreja celebra também São Justino