sábado, 4 de maio de 2019

Christus vivit - Vós sois o agora de Deus: Os migrantes como paradigma do nosso tempo - nºs 91 a 94


Nºs 91 a 94

Como não lembrar os inúmeros jovens diretamente envolvidos nas migrações? Os fenômenos migratórios não representam uma emergência transitória, mas são estruturais.
As migrações podem verificar-se dentro do mesmo país ou entre países diferentes. A preocupação da Igreja visa, em particular, aqueles que fogem da guerra, da violência, da perseguição política ou religiosa, dos desastres naturais – devidos também às alterações climáticas – e da pobreza extrema: muitos deles são jovens. Em geral, andam à procura de oportunidades para si e para a sua família. Sonham com um futuro melhor, e desejam criar as condições para que se realize. Os migrantes lembram-nos a condição primordial da fé, ou seja, a de sermos “estrangeiros e peregrinos sobre a terra”.

Outros migrantes são atraídos pela cultura ocidental, nutrindo por vezes expetativas irrealistas que os expõem a pesadas decepções. Traficantes sem escrúpulos, frequentemente ligados a cartéis da droga e das armas, exploram a fragilidade dos migrantes, que, ao longo do seu percurso, muitas vezes encontram a violência, o tráfico de seres humanos, o abuso psicológico e mesmo físico, e tribulações indescritíveis. Há que assinalar a particular vulnerabilidade dos migrantes menores não acompanhados, e a situação daqueles que são forçados a passar muitos anos nos campos de refugiados ou que permanecem bloqueados muito tempo nos países de trânsito, sem poderem continuar os seus estudos nem expressar os seus talentos.

Em alguns países de chegada, os fenômenos migratórios suscitam alarme e temores, frequentemente fomentados e explorados para fins políticos. Assim se difunde uma mentalidade xenófoba, de clausura e retraimento em si mesmos, a que é necessário reagir com decisão.

Os jovens que migram experimentam a separação do seu contexto de origem e, muitas vezes, também um desenraizamento cultural e religioso. A fratura tem a ver também com as comunidades de origem, que perdem os elementos mais vigorosos e empreendedores, e as famílias, particularmente quando migra um ou ambos os progenitores, deixando os filhos no país de origem. A Igreja tem um papel importante como referência para os jovens destas famílias divididas. Mas as histórias dos migrantes são histórias também de encontro entre pessoas e entre culturas: para as comunidades e as sociedades de chegada são uma oportunidade de enriquecimento e desenvolvimento humano integral de todos. As iniciativas de hospitalidade, que têm como ponto de referência a Igreja, desempenham um papel importante deste ponto de vista e podem revitalizar as comunidades capazes de as praticar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário