O heroísmo surpreendente da história de Vivian
reside no modo extraordinário como ela expressou a sua fé cristã, exercendo uma
grande influência sobre a vida dos outros desde a tenra idade de nove anos, e
na coragem com que pôs em prática aquilo em que acreditava quando teve
oportunidade disso, aos catorze anos, optando por ser morta a ser violada.
Vivian Uchechi Ogu nasceu em Benin City, no
estado de Edo, Nigéria, a 1 de abril de 1995, filha de Peter Ogu, de Enyiogugu.
Segunda de quatro filhos, a sua família era uma das mais empenhadas na
comunidade paroquial de St. Paul.
Ao seu pai foi confiada a missão de organizar
os leigos da Igreja Católica da Ascensão, perto das casernas da força aérea
nigeriana.
Vivian foi batizada na igreja católica de St.
Paul, a 1 de julho de 1995, e recebeu a Primeira Comunhão na mesma paróquia, a
26 de março de 2005. Frequentou a catequese para preparação do sacramento do
Crisma, previsto para 2010. Nos estudos, Vivian distinguiu-se como uma das
melhores alunas da escola elementar. Combinou o seu êxito escolar com o
objetivo fortemente sentido de levar uma vida cristã exemplar, que inspirasse
uma grande espiritualidade e um grande amor pelos irmãos e para glória de Deus.
Depois de ter frequentado a escola da Sociedade
das Mulheres da força aérea nigeriana, Vivian continuou os estudos na escola
secundária Greater Tomorrow, sempre em Benin City. Quando morreu frequentava o
liceu. Sonhava ser advogada para lutar em defesa das causas dos pobres e dos
oprimidos, sobretudo das viúvas e dos órfãos.
Tornar-se engenheira aeronáutica era outro dos
seus sonhos, para provar ao mundo que essa profissão não era apenas para os
homens.
O percurso espiritual de Vivian, depois do
Batismo, conheceu um novo impulso através da Renovação Carismática Católica, em
que começou a participar, graças aos seus pais, que eram membros do mesmo.
Era intensa a sua atividade cristã junto dos
seus colegas, mediante conselhos e experiências partilhadas.
A igreja católica de St. Paul propunha que as
crianças e os jovens participassem na Eucaristia dominical num lugar
especialmente reservado para que recebessem uma instrução bíblica adequada e
depois se pudessem juntar aos seus pais para a liturgia eucarística propriamente
dita.
Depois da missa, as crianças recebiam mais
ensinamentos dos animadores da catequese paroquial. Foi aí que Vivian, aos nove
anos de idade, começou a revelar publicamente o seu zelo e coragem ao falar com
as outras crianças da amizade com Jesus, da fé, da dignidade da pureza e da
virgindade.
Vivian ingressou na comunidade da escola
dominical, como então era conhecida, e no coro paroquial. Estava muito
empenhada, apesar da sua tenra idade.
Após o ingresso oficial no coro da comunidade
cristã, em 2005, que já frequentava, tendo notado que o maestro escolhido para
substituir a diretora do coro infantil era inconstante no seu papel, Vivian
assumiu o cargo de maestrina do coro pro tempore, sem que lhe tivessem pedido
nem tivesse sido eleita. Desejava tanto organizar um coro capaz e disciplinado
que, com a ajuda do seu pai, também elaborou um estatuto. A proposta foi
aprovada pelo responsável dos animadores paroquiais, e assim nasceu o primeiro
estatuto do coro das crianças da paróquia.
Nos quatro anos seguintes, sob a orientação de
Vivian, o coro cresceu, passando de um pequeno grupo de cerca de vinte crianças
para quase sessenta, no momento da sua morte.
Com a sua fé profunda e o seu amor a Deus e aos
seus companheiros, Vivian sugeriu a ideia do sacrifício periódico. Animou as
crianças a empenharem-se em vários atos de mortificação tendo em vista a
salvação, a sua conversão pessoal e as necessidades materiais e espirituais das
crianças mais desfavorecidas da paróquia e do mundo. Não admira, portanto, que,
quando a Pontifícia Obra da Santa Infância Missionária (OPSI) foi inaugurada na
paróquia de St. Paul, em 2006, Vivian tenha sido eleita por unanimidade sua
primeira presidente.
Entre os projetos que coordenou com o seu
empreendedorismo contou-se, por ocasião do Dia da Criança de 2008, a angariação
de fundos para cobrir as despesas médicas de algumas crianças deficientes do
Hospital Central de Benin City, e também para responder às necessidades de
algumas crianças dos orfanatos da mesma cidade.
Movida pelo seu amor à Palavra de Deus,
empenhara-se em pôr por escrito aquilo que entendia dos evangelhos. Tinha
chegado ao capítulo 16 do evangelho de São Mateus quando foi morta.
Através dos cursos de formação arquidiocesanos
organizados para as crianças da Obra Pontifícia da Santa Infância, Vivian
travou conhecimento com a história de Santa Maria Goretti. Utilizava
constantemente a história desta sua santa preferida quando convidava os seus
companheiros para uma vida de fé, travando uma amizade pura com Jesus, e os
instruía sobre o valor da virgindade.
Com a sua morte heroica, Vivian deu um exemplo
concreto de tal ensinamento, que continuou a transmitir até à manhã do próprio
dia em que morreu. Domingo, 15 de novembro de 2009, estando em casa, à noite,
ladrões armados assaltaram a sua família e depois levaram Vivian e a sua irmã
para fora da cidade, para uma zona rural anexa à área industrial governamental
da comunidade Evboriaria.
Os ladrões tentaram violá-la, mas Vivian
repeliu-os vigorosamente; dispararam contra ela, matando-a.
Depois da Santa Missa do funeral, na igreja
católica de St. Paul, o seu corpo foi levado para a sua cidade natal de Aboh
Mbaise, para ser sepultado, a 27 de novembro de 2009. Tendo tido notícia da
morte heroica da moça, o governo do Estado de Edo concedeu à arquidiocese
católica de Benim City o terreno onde Vivian morreu. Desde 2010, todos os fiéis
da arquidiocese de Benin City reúnem-se no lugar da sua morte no dia 15 de
novembro, por ocasião do Dia da Memória Anual de Vivian Ogu.
A 29 de março de 2014, o arcebispo de Benim
City, Augustine Obiora Akubeze, inaugurou o Movimento Vivian Ogu, confiando-lhe
a missão de dar a conhecer a história da sua vida exemplar, preservando a terra
onde foi morta e recolhendo testemunhos das pessoas sobre as suas virtudes e os
seus eventuais milagres, tendo em vista a possível promoção da causa da sua
beatificação.
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