A missão pode ser contaminada a partir de
dentro da comunidade dos discípulos de Jesus pelas tentações do orgulho, de
serem os melhores e do poder, mesmo que esteja envolta numa linguagem religiosa.
Contra a contaminação fatal de qualquer missão,
Jesus contrapõe um gesto significativo e um empenho vital: fazerem-se pequenos
como as crianças. Quem quer que se sinta chamado a desempenhar uma missão,
tanto dentro como fora da Igreja, precisa de passar por uma conversão muito
séria: tornar-se como uma criança.
Cada um de nós já foi criança e nunca mais o
voltará a ser em sentido puramente humano. Assim, cada discípulo de Jesus, que
sente um chamado para determinada missão, deve ter fé em Deus, confiar n’Ele e
abandonar-se apenas a Ele. O discípulo missionário deve ter a mesma confiança
descomedida que as crianças têm nos seus pais, certas do seu amor e proteção e,
portanto, confiantes no presente que, para eles, já é início do futuro.
Trata-se da mesma experiência que Jesus tem
como Filho do seu Pai: plenamente consciente da realidade, completamente
confiante e disponível para Se abandonar a Ele. Só assim, na total conformação
com o próprio Jesus, o discípulo pode avançar para a missão à qual se sente
chamado. O cristão que realmente se tornou criança, no sentido entendido por
Jesus, aprende com a vida que a fecundidade da sua missão está nas mãos
d’Aquele que ressuscitou Cristo da morte e que o envia.
Ai daquela comunidade cristã que considerasse
insignificante esta fé, desprezando-a ou tornando-a objeto de compaixão: Cuidado
em não desprezar nenhum destes pequeninos, pois Eu digo-vos: os seus anjos, no
Céu, estão sempre na presença do meu Pai que está no Céu.
O tornar-se criança oferece ao discípulo
missionário a forma da sua relação com Jesus, seu Mestre e Senhor. N’Ele
descobre a sua vocação filial, de filho do Pai, e a sua livre obediência, fruto
de uma pertença na fé e na missão. Filho no Filho, cada discípulo é missionário
porque é enviado a anunciar, sustentado e acompanhado pelos anjos, mensageiros
divinos que o mantêm aberto à contemplação, fundamento da sua missão, e aos
desafios do mundo, que representam o lugar da sua conversão e do seu
testemunho. Como o anjo da guarda ao qual cada um de nós é confiado, o
discípulo-criança nunca deixa de contemplar, em Jesus, o rosto do Pai, para
descobrir sempre e em cada um o rosto do irmão, a existência da irmã, a amar e
salvar.
Hoje celebramos:
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