No evangelho de hoje, o tema da amizade adquire
uma grande importância. Sabemos que a amizade-amor de Jesus por Maria, Marta e
Lázaro é muito linda. Quando Jesus é informado da morte de Lázaro, diz: O nosso
amigo Lázaro adormeceu e, pouco depois, Jesus chora a morte do seu amigo; então
os judeus disseram: “Vede como Ele o amava!”. Na Última Ceia,
oferecendo-nos o mandamento de nos amarmos uns aos outros, Jesus diz: Não
existe amor maior do que dar a vida pelos amigos. Sereis meus amigos se
fizerdes o que vos mando. Não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz
o seu senhor; chamo-vos amigos, porque vos comuniquei tudo o que ouvi a meu
Pai. Não fostes vós que Me escolhestes, fui Eu que vos escolhi a vós.
Assim, Jesus manifesta a profundidade da sua
amizade-amor morrendo na Cruz por nós. Como nota São Paulo: Deus demonstra o
seu amor para conosco porque Cristo morreu por nós quando ainda éramos
pecadores. Cada um é chamado a experimentar que Jesus é o amigo, ou melhor, é o
amigo pessoal de cada ser humano. A amizade com Cristo significa crescer em
intimidade com o Mestre, bem como existir em Cristo. Essa profunda dimensão da
amizade revitaliza o Espírito Santo dentro de nós.
A amizade descrita pelo evangelho de hoje não
parece suficiente para obter aquilo que se pede. Ela deve ser sustentada pela
insistência do pedido e pela certeza da fé de quem pede e pela capacidade de
dar por parte daquele a quem se dirige o pedido, até mesmo em momentos
inoportunos. A insistência do rezar sempre, sem jamais esmorecer, põe à prova e
reforça a fé como relação de amizade, se não até de paternidade e filiação. Os
pães e o Espírito Santo, claramente mencionados na oração, remetem-nos para
evidentes conotações eucarísticas e batismais da amizade com Jesus e da relação
com o seu Pai.
A insistência da oração para poder ter três
pães para partilhar com o hóspede sublinha a comunhão que alimenta e que toma a
seu cargo o próximo. A oração, se for autêntica, abre a relação de amizade com
Deus ao próximo e impele-nos para a missão. Pede-se para si próprio e para os
outros, para a Igreja, que assim formamos, graças ao Espírito do Pai e ao pão
eucarístico que partilhamos. Nunca se pede apenas para si próprio: isso não
seria oração. Pede-se para que cresça a comunhão e se alarguem os limites da
comunidade de Jesus. Na sua exortação apostólica Evangelii Gaudium, o Papa
Francisco sublinha: A Alegria do Evangelho enche o coração e a vida
inteira daqueles que se encontram com Jesus. Francisco prossegue: Somente graças a
este encontro – ou reencontro – com o amor de Deus, que se converte em feliz
amizade, somos resgatados da nossa consciência isolada e da
autorreferencialidade [...]. Aí está a fonte da ação evangelizadora.
Hoje celebramos:
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