Santa Teresinha do Menino Jesus, uma vida
oferecida a Deus, unida ao sacrifício do Calvário, obtém a graça de O poder
servir com fidelidade, criatividade e energia gastas em favor dos irmãos: é
esta a parte fundamental em que se radicam o cuidado pastoral das almas e o
trabalho missionário. Uma fusão de vida ativa e contemplativa que tem lugar no
coração de quem responde à chamada do Senhor e se desenvolve no corpo místico
de Cristo, no qual os diversos membros desempenham, em harmonia, a sua missão
específica, sustentando-se e fecundando-se reciprocamente. É assim que também
um lugar reservado exclusivamente ao louvor do Senhor, o mosteiro de clausura,
se torna adequado para a obra missionária, enquanto lugar de intercessão e de
participação orante e fraterna nos trabalhos missionários.
“Gostaria, ao mesmo tempo, de anunciar o
Evangelho nas cinco partes do mundo e até nas ilhas mais remotas. Gostaria de
ser missionária, não só por alguns anos, mas gostaria de o ter sido desde a
criação do mundo e de o ser até à consumação dos séculos. Mas gostaria
sobretudo, meu amado Salvador, gostaria de derramar o meu sangue por Ti, até à
última gota... O martírio, é esse o sonho da minha juventude [...] pois não me
saberia limitar a desejar um único martírio. Para me satisfazer, gostaria de
passar por todos [...]. Jesus, se eu quisesse pôr por escrito todos os meus
desejos, teria de pegar no teu livro da vida, onde estão narradas as ações de
todos os santos, desejando ter sido eu a praticar todas essas ações por Ti.”
(História de uma alma: Manuscrito B, 251-252)
Teresa oferecia de bom grado os seus
sofrimentos para apoiar a vocação e a obra dos missionários, e explicava-o às
Irmãs que observavam os seus esforços sem compreenderem as fortes motivações
que a impeliam a envidá-los. Teresa não se poupou a si própria durante a vida,
mas o seu grande zelo levou-a a exprimir o desejo de nem sequer depois da morte
repousar, a fim de continuar a viver a sua missão pelos irmãos conduzindo-os ao
Amor, com uma determinação ainda maior na sua condição de alma profundamente
unida ao seu Senhor.
Na relação epistolar com os missionários, seus
irmãos espirituais, sublinha que as armas apostólicas que lhes foram dadas pelo
Senhor Jesus são usadas com maior desenvoltura em virtude da oração e do amor
postas à disposição deles por Teresa. Ela insiste na beleza do Pequeno Caminho
por si percorrido para chegar ao Coração do Senhor, a fim de conduzir a Ele
todos os missionários e as almas que lhes foram confiadas. Numa sua oração
particularmente carregada de referências às Escrituras, Teresa dirige-se a Deus
da seguinte forma:
“Ó meu Jesus, eu Te dou graças por
satisfazeres um dos meus maiores desejos: o de ter um irmão sacerdote e apóstolo
[...]. Tu bem sabes, Senhor: a minha única ambição é dar-Te a conhecer e a
amar, e agora o meu desejo será realizado. Eu não posso deixar de rezar e de
sofrer, mas a alma à qual Te dignas unir-me pelos doces vínculos da caridade
irá combater na planície para conquistar corações para Ti, e eu, na montanha do
Carmelo, suplicar-Te-ei que lhe dês a vitória. Divino Jesus, escuta a oração
que Te dirijo por quem quer ser teu missionário: guarda-o no meio dos perigos
do mundo; fá-lo sentir cada vez mais o nada e a vaidade das coisas passageiras
e a felicidade de as saber desprezar por teu amor. Que o seu sublime apostolado
se exercite desde já sobre aqueles que o rodeiam, que ele seja um apóstolo,
digno do teu Sagrado Coração.” (Oração de 1895)
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