domingo, 27 de outubro de 2019

Mês Missionário Extraordinário: 27 de outubro - Baba Simon Mpecke


Simon Mpecke nasceu em 1906 em Log Batombé, nos Camarões. Em 1914, aos oito anos de idade, Mpecke começou a frequentar a escola primária da missão católica de Édéa. Tratava-se de uma missão aberta pela congregação dos padres palotinos, na época das colônias alemãs.
Aos onze anos, Mpecke terminou o ensino primário. A 14 de agosto de 1918, aos doze anos, Mpecke foi batizado em Édéa pelo padre Louis Chevrat, assumindo, a partir desse momento, o nome de Simon Mpecke.
No dia seguinte ao do seu Batismo, Mpecke fez a Primeira Comunhão. A seguir, Simon viria a ser professor nas escolas da savana e depois na missão central de Édéa.
Em 1920 obteve o diploma de professor nativo na missão católica de Édéa e, em 1923, tornou-se no primeiro professor da missão. A 8 de agosto de 1924, Simon Mpecke entrou no pequeno seminário de Yaoundé. De outubro de 1927 a dezembro de 1935, na sequência da abertura do grande seminário de Mvolyé, seguiu, durante dois anos, os estudos de Filosofia e, durante quatro anos, os de Teologia.

Em 8 de dezembro de 1935, Simon foi um dos primeiros camaronenses a serem ordenados sacerdotes. Esta ordenação sacerdotal constituiu uma etapa importante na história da Igreja dos Camarões, tendo inaugurado uma nova era para o país. Como seu primeiro ministério, Simon foi nomeado vigário da missão de Ngovayang, onde tomou firmemente posição contra as práticas das religiões tradicionais da região. Em 1947 foi nomeado para a paróquia do bairro New-Bell, em Douala, e no ano seguinte passou a ser o seu pároco. Impulsionou a paróquia e incrementou várias confrarias e congregações laicais. Apoiou os movimentos da Ação Católica e a escola, revelando uma grande disponibilidade e uma generosidade total.

Ainda em 1947, por acaso, o padre Simon Mpecke leu um artigo em que tomou conhecimento da existência de populações pagãs no norte dos Camarões. A partir desse momento, sentiu nascer dentro de si uma grande simpatia por essas populações. O estabelecimento das fraternidades dos Irmãozinhos e das Irmãzinhas de Jesus na sua paróquia aproximou-o da espiritualidade de Charles de Foucauld.
Em 1953, o padre Simon Mpecke ingressou no Instituto secular dos Irmãos de Jesus e partiu para fazer um ano de noviciado na Argélia. Foi um dos fundadores a nível internacional da União Sacerdotal Iesus Caritas, e viria a ser o seu primeiro responsável nos Camarões. Durante um certo período, pensou ingressar pessoalmente na sua fraternidade.
A 21 de abril de 1957, o Papa Pio XII publica a encíclica Fidei Donum; foi, portanto, com esse espírito, que o padre Simon Mpecke partiu para o norte dos Camarões como missionário e como sacerdote Fidei Donum. Em fevereiro de 1959, a pedido de Dom Plumey, o padre Simon chegou a Tokombéré para fundar uma missão e tentar chegar aos kirdi, nome que significa “pagãos”.

Embora o sul dos Camarões, na sua maioria bantu, se tivesse convertido quase todo ao Cristianismo, o norte, habitado por povos de origem sudanesa, era um feudo do Islã. O médico suíço Joseph Maggi tinha-se instalado na aldeia para fundar um hospital, num lugar onde havia apenas alguns dirigentes da administração colonial francesa e vários técnicos que estavam a introduzir a cultura do algodão. Os primórdios da missão católica de Tokombéré deram ocasião a uma experiência missionária excecional. A missão não era fácil: Simon Mpecke, com efeito, era considerado um perigo, pois não pertencia à tribo local; no entanto, o fato de ser africano facilitou as coisas.

Desde o início, a escolarização dos kirdi tornar-se-ia na sua preocupação quotidiana. A sua lendária bondade rapidamente lhe granjeou a alcunha de “Baba”, que significa papá, patriarca, sábio e guia ao mesmo tempo.

Todos – homens e mulheres, adultos e crianças, kirdi e muçulmanos – passaram a tratá-lo espontaneamente por Baba. Em Tokombéré, Baba Simon cumpriu a promessa feita por Deus a Abraão: o seu êxodo, a sua missão, permitiu o nascimento de um povo.
A fé e a amizade travada com Jesus convenciam-no de que só o amor pelo homem integral o salvaria do mal espiritual do pecado e da ignorância, e do mal material da miséria e da discriminação étnica e religiosa.

Para Baba Simon, a escola era a vida: a sua escola suscitou a esperança de fazer desabrochar o homem na sua luta contra a ignorância, a tirania e o medo e foi a sua forma de lutar em prol da dignidade humana. Decidiu levar a instrução “ao domicílio”, dando a todos a possibilidade de assistir à “escola debaixo da árvore”: uma escola à vista de todos, no próprio coração da vida dos kirdi.

Em seguida construiu a escola Saint-Joseph de Tokombéré e obteve autorização para abrir outras escolas em Bzeskawé, em Rindrimé e em Baka. Criou um internato para rapazes e outro para moças, gerido pelas Servas de Maria.

Baba Simon ensinou os kirdi a amar os muçulmanos como seus irmãos de sangue, e fez o mesmo com os muçulmanos em relação aos kirdi. Através da escola, das estruturas sanitárias, do empenho contra a injustiça e do apelo à fraternidade universal, permitiu uma verdadeira melhoria das condições de vida das populações kirdi, durante muito tempo esquecidas pelo resto do país.

A sua preocupação por um diálogo constante com os responsáveis das religiões tradicionais faz dele um precursor profético do diálogo inter-religioso professado pelo Concílio Vaticano II. Gostava muito de viajar, e a primeira razão que o impelia a fazê-lo era encontrar a ajuda necessária para as suas obras em favor dos kirdi, sobretudo para os estudantes, pertencentes ou não à comunidade. Com esse objetivo, foi a França, à Suíça, a Itália, a Espanha e a Israel. Partilhou a vida dos kirdi, a sua pobreza e a sua luta contra a miséria.

A sua evangelização era impregnada de oração, amor à Igreja e caridade para com as suas tradições. No dia 13 de agosto de 1975, esgotado pela doença, Baba Simon morreu em Édéa – depois de ter passado um período na França, para ser tratado –, longe de Tokombéré, sem poder voltar a ver os seus kirdi. Foi sepultado em Tokombéré.

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