Francisco Xavier é conhecido como o maior santo
missionário da época moderna, a ponto de Bento XV, na sua encíclica missionária
Maximum Illud (1919), o ter comparado aos apóstolos.
Foi um dos primeiros companheiros de Inácio de
Loyola; com ele, com Teresa de Ávila e com Filipe Néri, foi canonizado por
Gregório XV em 1622, no mesmo ano em que o pontífice erigia a Sagrada
Congregação da Propaganda Fide. Mais tarde foi declarado padroeiro do
Oriente pelo Papa Bento XIV, em 1748, e depois, em 1904, foi nomeado padroeiro
para a propagação da Fé por Pio X. Finamente, em 1927, com Santa Teresa do
Menino Jesus, foi proclamado padroeiro de todas as missões por Pio X.
A vida e a obra de Francisco Xavier
enquadram-se naquele período caracterizado pela reforma da Igreja, pela luta
contra o Protestantismo e também pela missão ad gentes, inaugurada na esteira
das grandes viagens oceânicas dos séculos XV e XVI e da consequente nova
compreensão da geografia mundial, primavera missionária no início da Idade
Moderna. Nesse contexto, Francisco Xavier desenvolveu uma tal obra de
evangelização que mereceu o título de «apóstolo da Índia e do Japão», título
que só se pode compreender devidamente à luz das condições de vida da época,
bem como das condições relativas às viagens, às distâncias e ao tempo que duravam
as deslocações (entre 1541 e 1552, por exemplo, Xavier percorreu 63 000 km
por mar).
A espiritualidade e a ação missionária de
Xavier tinham, portanto, por fundamento, a consciência expressa por São Paulo: “O
amor de Cristo é que nos impulsiona, quando consideramos que um só morreu por
todos e, consequentemente, todos morreram. Ora, Cristo morreu por todos, e
assim, aqueles que vivem, já não vivem para si, mas para Aquele que por eles
morreu e ressuscitou. Por isso, doravante não conhecemos mais ninguém pelas aparências.
Mesmo que tenhamos conhecido Cristo segundo as aparências, agora já não O
conhecemos assim.” (2Cor 5,14-16)
Naturalmente, tudo isto se verificava no
contexto concreto em que Francisco vivia e desenvolvia o seu apostolado. Das
cartas é possível extrair indicações significativas, como no caso da carta
dirigida a Inácio a 28 de outubro de 1542 e da carta dirigida aos companheiros
de Roma, de 15 de janeiro de 1544, da qual se transcrevem algumas passagens:
“Quando eu chegava a esses lugares,
batizava todas as crianças ainda não batizadas, de tal modo que administrava o
sacramento a uma grande multidão de bebés que não sabem distinguir a mão
direita da esquerda. Mal chegava às aldeias, as crianças nem sequer me deixavam
recitar o ofício, nem comer nem dormir, sem antes lhes ensinar algumas orações.
Comecei então a compreender por que razão delas é o reino dos céus [...].
Conheci entre elas grandes talentos e, se houvesse quem as amestrasse na santa
fé, tenho a certeza absoluta de que viriam a ser bons cristãos.” (San Francesco
Saverio. Le lettere e altri documenti, cit., pp. 102-103).
“Nestes lugares, muitos transcuram de se
tornarem cristãos, porque não têm pessoas que se ocupem de coisas tão pias e
santas. Muitas vezes sou dominado pelo pensamento avassalador de ir às
universidades e daí, gritando como um homem que tivesse perdido o juízo, e
sobretudo à Universidade de Paris, dizendo a todos os que frequentam a Sorbone,
que têm mais ciência do que vontade de fazê-la frutificar: Quantas almas não
poderiam ir para o paraíso e vão para o inferno pela vossa negligência!” (San Francesco
Saverio. Le lettere e altri documenti, cit., pp. 110-111)
Depreende-se destes textos que a
espiritualidade de Francisco Xavier está em relação constante com o apostolado
para salvação das almas: apostolado feito de movimento itinerante, de pregação
kerigmática, de instrução catequética basilar, de conhecimento e partilha do
ambiente desde as suas condições de extrema pobreza. A propósito do apostolado,
este era caracterizado por uma maneira afável e cheia de compreensão e respeito
por todas as pessoas de quem se aproximava, [que] era certamente um dos seus
dotes humanos mais belos e atraentes, mas que certamente servia para esconder,
sob um véu de discrição e do melhor dos modos, aquela vida espiritual
intensíssima e aquela união íntima com Deus que lhe ardiam no coração.
A Igreja celebra sua memória no dia 03 de dezembro.
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