“Fica conosco, Senhor, pois a noite vai
caindo”.
Foi este o insistente convite que os dois discípulos, que iam a Emaús na tarde
do próprio dia da ressurreição, dirigiram ao Viajante que se lhes tinha juntado
no caminho. Carregados de tristes pensamentos, não imaginavam que aquele
desconhecido fosse precisamente o seu Mestre, já ressuscitado. Mas sentiam “arder”
o seu íntimo, quando Ele lhes falava, explicando as Escrituras. A luz da
Palavra ia dissipando a dureza do seu coração e abria-lhes os olhos. Por entre
as sombras do dia que findava e a obscuridade que pairava na alma, aquele
Viajante era um raio de luz que fazia despertar a esperança e abria os seus
ânimos ao desejo da luz plena. “Fica conosco” — suplicaram. E Ele
aceitou. Pouco depois o rosto de Jesus teria desaparecido, mas o Mestre permaneceria
sob o véu do pão partido, à vista do qual se abriram os olhos deles.
O ícone dos discípulos de Emaús presta-se
bem para nortear a Igreja particularmente empenhada na vivência do mistério da sagrada
Eucaristia. Ao longo do caminho das nossas dúvidas, inquietações e às vezes
amargas desilusões, o divino Viajante continua a fazer-se nosso companheiro
para nos introduzir, com a interpretação das Escrituras, na compreensão dos
mistérios de Deus. Quando o encontro se torna pleno, à luz da Palavra segue-se
a luz que brota do “Pão da vida”, pelo qual Cristo cumpre de modo supremo a sua
promessa de estar conosco todos os dias até ao fim do mundo.
A fração do pão — tal era ao início a
designação da Eucaristia — sempre esteve no centro da vida da Igreja. Por ela
Cristo torna presente, no curso do tempo, o seu mistério de morte e
ressurreição. Nela, Cristo em pessoa é recebido como o pão vivo que desceu do
céu e, com ele, é-nos dado o penhor da vida eterna, em virtude do qual se
saboreia antecipadamente o banquete eterno da Jerusalém celeste.
Papa São João Paulo II –
Mane Nobiscum Domine
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