Teresa Adelaide Cesira Manetti nasceu numa
família humilde em San Martino, em Campo Bisenzio (Florença, Itália), em 2 de
março de 1846. A Fundadora das Carmelitas Terceiras de Santa Teresa era
conhecida pelo apelido carinhoso de Bettina, dado por seu pai.
Ficou órfã de pai muito cedo e logo conheceu a
dureza da vida. Apesar disso, ajudava aos pobres, privando-se até do que lhe
era mais necessário. Era uma jovem alegre, vivaz, com caráter generoso, gostava
de ser admirada e de chamar atenção, com seus belos olhos azuis e cabelos
castanhos encaracolados. Gostava de inventar moda e suas companheiras a
acompanhavam.
Aos 19 anos compreendeu que Jesus a queria para
si. Desapegada de suas vaidades, das ilusões do mundo, decide mudar de vida.
Foi muito criticada pelas pessoas, mas isso não a perturbava, o que ela queria
era ser toda de Jesus. Passou a dedicar-se aos mais necessitados.
Em 15 de julho de 1874, juntamente com duas
amigas, que agora a seguiam para fazer o bem, retirou-se numa casinha no campo situada
à beira de um rio de Bisenzio, onde começou uma vida de oração, penitência e
caridade. Ali “oravam, trabalhavam e reuniam algumas jovens para educá-las com
boas leituras e ensinar-lhes a doutrina cristã”.
Naqueles anos, foram de muita importância as
sugestões e os conselhos do jovem pároco, Pe. Ernesto Jacopozzi, que acompanhou
as atividades de Bettina até 1894.
Em 16 de julho de 1876, foram admitidas na
Ordem Terceira do Carmelo Teresiano, e mudou seu nome para Teresa Maria da
Cruz.
Em 1877, uma mãe doente disse a Bettina que
morreria feliz se ela cuidasse de suas crianças e ela viu nesse pedido um sinal
de Deus. E a partir desse momento as mãos postas em oração se abriram para o
serviço. Após receberem as primeiras órfãs, o número delas foi crescendo dia a
dia. Aquelas meninas abandonadas eram seu “maior tesouro”.
Em 12 de julho de 1888, as 27 primeiras
religiosas vestiram o hábito da Ordem das Carmelitas Descalças, às quais se
haviam juntado em 12 de junho de 1885.
O sucesso da Congregação levou a Madre, com a
ajuda de Deus e do povo de San Martino, a realizar seu sonho: construir um grande
convento e uma igreja (1880-1887). As atividades do Instituto se ampliaram e
novas sedes foram abertas na Toscana, e depois em toda a Itália e em outras
partes do mundo.
Em 27 de fevereiro de 1904, o Papa São Pio X
aprovou o Instituto com o nome de Carmelitas Terceiras de Santa Teresa.
Madre Teresa Maria da Cruz com grande alegria
viu o Instituto estender-se até a Síria e o Monte Carmelo, na Palestina.
O nome “da Cruz” assentava muito bem à Madre;
frequentemente ela dizia: “Tritura-me, Senhor, espreme-me até a última
gota!” Sua caridade não tinha limites. Entregava-se a todos e em tudo,
esquecendo-se sempre de si mesma. O bispo Andrés Casullo, que a conhecia muito
bem, afirmava a seu respeito: “Ela deixava de viver a própria vida para fazer o
bem”.
Em 1908, Madre Teresa Maria da Cruz foi atacada
por uma terrível doença que, apesar dos cuidados, levou-a a morte terrena no
dia 23 de abril de 1910. Ela havia completado a subida de seu Calvário, depois
de passar por noites escuríssimas: estava preparada pela graça de Deus. Faleceu
enquanto repetia uma vez mais: “Ó meu Jesus, eu quero sofrer mais...”
E murmurava em êxtase: “Está aberto!... Já vou!”
O Papa São João Paulo II a beatificou em 19 de
outubro de 1986, e em sua homilia ele disse:
A característica particularmente
evidente de Teresa Maria era a alegria. Mulher de excepcional ternura e
equilíbrio materno, sua palavra de sabedoria, seu próprio olhar e atitude sabia
instilar em todos tanta luz, tanto conforto e tanta esperança, que era
continuamente procurada por pessoas de todas as esferas da vida e condições,
que chegavam a esperar por horas, para serem recebidos por ela em seu pequeno
mosteiro, às margens do Bisenzio, para ouvir suas palavras de fé que sabiam
transfigurar o sofrimento e restaurar a paz.
Mas a alegria de Teresa Maria não era a
alegria ilusória deste mundo. Essa alegria foi o resultado de um preço alto,
que além disso ela pagou de bom grado, porque impulsionada pelo amor a Cristo e
às almas. Ela tinha muito a sofrer: de críticas a calúnias; do martírio de um
tumor maligno que a devorava com sofrimentos terríveis, à angústia de uma
"noite escura" de fé, que sentia nas fibras mais íntimas de seu
espírito. Mas em tudo isso perfeitamente abandonada nas mãos de Deus, ela sabia
viver em paz e parecia quase repetir as palavras de Paulo quando ele disse:
"Transbordo de alegria em toda tribulação" (2 Cor 7, 4).
Aqui está a alegria que a nova Beata nos
ensina. Uma alegria que é verdade, que é plenitude, que é fecunda e que nos
abre para a vida divina. Hoje precisamos muito dessa alegria. É a alegria que
nos chega da cruz, aquela cruz com a qual ela queria marcar seu nome religioso.
Aquela cruz sagrada que em Florença também dá nome a uma praça, um monumento,
ao mesmo tempo, de história, arte, cultura e fé.
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