sexta-feira, 10 de abril de 2020

Sexta-feira Santa - Ele tomou o vinagre e disse: — ”Tudo está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. Jo 19,30


Nosso Senhor foi calcado pela morte, mas Ele, por sua vez, esmagou a morte como quem pisa aos pés o pó do caminho. Sujeitou-Se à morte e aceitou-a voluntariamente, para destruir aquela morte que não queria morrer.  Senhor saiu para o Calvário levando a Cruz, satisfazendo as exigências da morte; mas, ao soltar um brado do alto da cruz, arrancou os mortos do abismo das sombras, vencendo a oposição da morte. A morte matou-O no corpo que assumira; mas Ele, com as mesmas armas, saiu vitorioso da morte. A divindade ocultou-se sob os véus da humanidade e assim se aproximou da morte, que matou, mas também foi morta. A morte matou a vida natural, mas foi destruída pela vida sobrenatural.

E, porque a morte não O podia devorar se Ele não tivesse corpo, nem o Inferno O podia tragar se não tivesse carne, desceu no seio de uma Virgem para tomar um corpo que O conduzisse à região dos mortos. Mas, com esse corpo que assumira, penetrou na região dos mortos, para destruir todas as suas riquezas e arruinar seus tesouros. A morte foi ao encontro de Eva, a mãe de todos os seres vivos. Ela é como uma vinha cuja sebe foi aberta pela morte, por meio das próprias mãos de Eva, para que esta pudesse saborear seus frutos: por isso Eva, mãe de todos os seres vivos, se tornou fonte de morte para todos os seres vivos.

Floresceu, porém, Maria, a nossa videira que substituiu a antiga Eva, e nela habitou Cristo, a nova vida, a fim de que, ao aproximar-se confiadamente a morte para alimentar a sua habitual fome de devorar, encontrasse ali escondida, no seu fruto mortal, a vida, destruidora da morte. E assim a morte engoliu sem receio o fruto mortal, e Ele libertou a vida, e, com ela, a multidão dos homens.

Glória a vós, que lançastes a cruz, como uma ponte, sobre a morte, para que através dela passem as almas da região da morte para a vida! Glória a voz, que assumistes um corpo de homem mortal, para transformardes num manancial de vida em favor de todos os mortais!

Santo Efrém – Diácono – século IV

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