Imaginemos a cena: dois homens caminham
desiludidos, tristes, decididos a deixar para trás a amargura de uma
vicissitude mal sucedida. Antes daquela Páscoa estavam cheios de entusiasmo:
convencidos de que aqueles dias teriam sido determinantes para as suas
expetativas e para a esperança do povo inteiro. Era isso o que eles esperavam.
Mas não foi assim.
Os dois peregrinos cultivavam uma esperança
somente humana, que agora desabava. Aquela cruz erguida no Calvário era o sinal
mais eloquente de uma derrota que não tinham previsto. Assim, naquela manhã de
domingo, os dois fogem de Jerusalém.
Os dois discípulos prosseguem pensativos e um
desconhecido caminha ao lado deles. É Jesus; mas os seus olhos não são capazes
de o reconhecer. E então Jesus começa a sua “terapia da esperança”.
O que
acontece nesta estrada é uma terapia da esperança. Quem a faz? Jesus.
Em primeiro lugar pergunta e escuta: Quantas
tristezas, quantas derrotas, quantas falências há na vida de cada pessoa! Mas
Jesus caminha com todas as pessoas desanimadas que procedem cabisbaixas. E
caminhando com elas, de forma discreta, consegue restituir-lhes a esperança.
Jesus fala com eles sobretudo através das Escrituras.
A verdadeira esperança nunca é pouco dispendiosa: passa sempre através das
derrotas. A esperança de quem não sofre, talvez nem sequer seja tal.
Em seguida Jesus repete também aos dois
discípulos o gesto de cada Eucaristia: pegou no pão, abençoou-o e,
depois de o partir, ofereceu-o. Nesta sequência de gestos, não há porventura
toda a história de Jesus? E não há, em cada Eucaristia, também o sinal do que
deve ser a Igreja? Jesus pega em nós, abençoa-nos, “parte” a nossa vida —
porque não há amor sem sacrifício — e oferece-a aos outros, oferece-a a todos.
O encontro de Jesus com os dois discípulos de
Emaús é rápido. Todavia, nele está todo o destino da Igreja. A Igreja escuta as
histórias de todos, assim como sobressaem do íntimo da consciência pessoal;
para depois oferecer a Palavra de vida, o testemunho de amor, amor fiel até ao
fim. E então o coração das pessoas volta a arder de esperança.
Hoje celebramos:
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