terça-feira, 7 de abril de 2020

07 de abril - Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará”. Jo 13,21


Já o simples nome de Judas suscita entre os cristãos uma reação instintiva de reprovação e de condenação. O Verbo "trair" deriva de uma palavra grega que significa "entregar". Por vezes o seu sujeito é inclusivamente Deus em pessoa: foi ele que por amor "entregou" Jesus por todos nós. No seu misterioso projeto salvífico, Deus assume o gesto imperdoável de Judas como ocasião da doação total do Filho para a redenção do mundo.

A traição como tal aconteceu em dois momentos: antes de tudo no planeamento, quando Judas se põe de acordo com os inimigos de Jesus por trinta moedas de prata, e depois na execução com o beijo dado ao Mestre no Getsémani. Contudo, os evangelistas insistem sobre a qualidade de apóstolo, que competia a Judas para todos os efeitos: ele é repetidamente chamado "um dos Doze".
Trata-se, portanto, de uma figura pertencente ao grupo dos que Jesus tinha escolhido como companheiros e colaboradores íntimos.  A traição de Judas permanece um mistério. Jesus tratou-o como um amigo, mas, nos seus convites a segui-lo pelo caminho das bem-aventuranças, não forçava as vontades nem as preservava das tentações de satanás, respeitando a liberdade humana. 
Recordemo-nos de que também Pedro se queria opor a ele e ao que o esperava em Jerusalém, mas recebeu uma forte reprovação: "Tu não aprecias as coisas de Deus, mas só as dos homens"!

Pedro, depois da sua queda, arrependeu-se e encontrou perdão e graça. Também Judas se arrependeu, mas o seu arrependimento degenerou em desespero e assim tornou-se autodestruição. Para nós isto é um convite a ter sempre presente quanto diz São Bento: "Nunca desesperar da misericórdia divina".

Na realidade Deus "é maior que o nosso coração", como diz São João. Por conseguinte, tenhamos presente duas coisas. A primeira: Jesus respeita a nossa liberdade. A segunda: Jesus espera a nossa disponibilidade para o arrependimento e para a conversão; é rico de misericórdia e de perdão. Afinal, quando pensamos no papel negativo desempenhado por Judas devemos inseri-lo na condução superior dos acontecimentos por parte de Deus. A sua traição levou à morte de Jesus, o qual transformou este tremendo suplício em espaço de amor salvífico e em entrega de si ao Pai.

Papa Bento XVI – 18 de outubro de 2006

Hoje celebramos:


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